Trump, Le Pen e o risco do Brasil
Se você é brasileiro, devia estar preocupado com a política do mundo. Muito preocupado.
O STF está certo sobre maconha
O presidente Lula, na entrevista que deu ao UOL hoje, disse o seguinte. Abre aspas:
O buraco em que o Brasil está
Quais são as grandes pautas políticas desses últimos dias? Teve o PL do Aborto, evidentemente. Houve o presidente Lula reclamando do tamanho da renúncia fiscal à qual o governo se submete. E, claro, vamos jogar na colcha de retalhos o fim da greve das universidades federais. Vamos amarrar as três numa só?
O que a Bíblia fala de aborto
Qual a participação de brasileiros conservadores em frustrar os planos da extrema direita de prender vítimas de estupro que abortam após 22 semanas? O que, afinal, pensavam os escritores do Velho Testamento sobre aborto? E ainda: o Banco Central é mesmo técnico?
PL do Aborto: há conversa com a direita
Ninguém esperava o que aconteceu ontem. De repente, sem anúncio prévio, o presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira convocou os líderes de partido para se enfileirarem atrás dele e fez um anúncio à nação. Disse que o projeto de lei que equipara aborto após a vigésima segunda semana a homicídio não vai ser votado em urgência, que sua intenção sempre foi de que os debates na Câmara fossem tocados com toda a transparência perante a sociedade. Disse, ainda, que em agosto, com muita calma, vai organizar uma comissão na Casa para fazer o debate. Foi além, tá? Afirmou que nada, nesse projeto, vai “retroagir direitos já garantidos e nada vai avançar que traga qualquer dano às mulheres”.
Os reacionários erraram no aborto
O projeto de lei que manda prender quem faz aborto após a vigésima segunda semana não é um projeto de lei contra mulheres. Eu sei que parece, mas não é.
Dá para conversar com a direita?
Existe um problema no mundo: a radicalização do eleitorado de direita. É preciso reconhecer que há um movimento fascista. Mas, ainda assim, descartar seus eleitores como fascistas todos, tratar como inimigos por derrotar, recusar-se a ouvir seu pleito é o caminho para acirrar o problema. Não para resolvê-lo.
Quem ainda vota em Lula?
Está caindo, no Palácio do Planalto, uma ficha importante. Não é a esquerda que vai reeleger Lula. Que, na verdade, sem Bolsonaro no páreo sua campanha para reeleição em 2026 vai ser até bastante mais difícil. Está caindo a ficha de que Lula precisará cada vez mais de votos do centro e, sim, da direita não radicalizada para se eleger. A ficha já está caindo no Planalto, mas é aquele caindo mais ou menos. Já tem gente que verbaliza isso nos corredores, gente que o presidente ouve. O próprio Lula já ensaiou começar a falar mais de Deus nuns discursos aqui, criticar Nicolás Maduro ali. Mas ele logo volta. Hoje mesmo já estava dizendo que vai aumentar impostos e conta com a queda das taxas de juros para controlar a dívida pública. Ele sabe perfeitamente que não controla o Banco Central, portanto não controla a taxa de juros. Sabe, igualmente, que este é o discurso que a esquerda quer ouvir mas que todo o resto odeia. Ou seja, ouve aplauso da esquerda enquanto a economia dá aquela saída básica dos trilhos. Não tem jeito. Quem trabalha profissionalmente fazendo transações de dinheiro entende exatamente o que o recado diz. Haverá descuido com as contas públicas, haverá déficit, então a Bolsa cai, o dólar sobe. E esses discursos do presidente fazem com que aquela ficha, a de que não tem eleitor de esquerda o suficiente no país para garantir a eleição de Lula, não chegue a ninguém da esquerda. E isso, para Lula, é um problema que não está claro ainda como resolver. Porque resolver é delicado.
A onda fascista encobre a Europa
Não é só Donald Trump, nos Estados Unidos. A onda da extrema direita se tornou, neste fim de semana, uma ameaça também na Europa. As eleições para o Parlamento Europeu aconteceram nos últimos dias em 27 países. Na maioria dos países membros, foi uma eleição normal, de vitória conservadora. Só que, na Alemanha, a AfD de extrema direita passou o Partido Social Democrata do premiê Olaf Scholz e se tornou o segundo maior partido do país. Os Irmãos da Itália, partido da premiê Giorgia Meloni, manteve-se o número um em votos. E, na França, a Reunião Nacional comandada por Marine Le Pen deu uma surra no grupo do presidente Emmanuel Macron.
Brasília é antidemocrática
Como fazer com que grandes mobilizações sociais tenham impacto político agora que sabemos que os números não estão mais na casa dos milhões?