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O próximo governo precisa representar mais do que o fim da presidência de Jair Bolsonaro. Precisa ser um governo de união nacional, um governo que a população unida possa se tornar otimista como foi um dia. Mas é possível replicar um JK, um FH do real, um Lula de 2002? Talvez. Mas antes vai ser preciso parar de pedir mea culpas.

Começou a circular, ontem, um manifesto pela consciência democrática que é assinado por seis pré-candidatos à presidência da República. Mas não é assinado por Lula. Que é um democrata. Qual, então, é intenção de Ciro Gomes, Eduardo Leite, João Amoêdo, João Doria, Luciano Huck e Luiz Henrique Mandetta?

Não é simples dar um golpe de Estado em 2021 — em 1964 era mais fácil. Isso quer dizer que Jair Bolsonaro não pode tentar? Pode. Ao menos por enquanto, não contará com o apoio do alto-comando do Exército. Este é um dos recados que veio ontem. Há outros. Quer entender quais os obstáculos para um golpe dar certo? Confira no vídeo!

O chanceler Ernesto Araújo caiu e o Senado ganhou a batalha, certo? Não. Esta é uma disputa de poder. O Centrão quer espaço, Bolsonaro não quer dar.

Tem tanta coisa acontecendo que você talvez tenha se perdido. Mas existe a possibilidade de que estejamos num ponto de inflexão. É. Tudo na política pode vir a mudar desde o momento em que o presidente da Câmara, Arthur Lira, sugeriu a possibilidade de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. É. Lira fez mais em um mês do que Rodrigo Maia em dois anos. E a última vez em que um presidente da Câmara fez essa ameaça, era Eduardo Cunha e no Planalto estava Dilma Rousseff.

PT e PSDB travaram uma trégua, um pacto de não agressão. Seus governadores têm um problema grande nas mãos e ficar discutindo o passado só atrapalha. Custa vida. Enquanto isso, nas redes, a violenta guerra entre militâncias continua. Precisaremos ter paz, um acordo para o futuro. Porque, na pancadaria, com metade do país odiando a outra metade, nenhum governo futuro será viável.

Tem dois assuntos sobre os quais precisamos falar com urgência. Um é genocídio. O outro é impeachment. Porque não importa muito, politicamente, se o presidente Jair Bolsonaro se enquadra na definição legal de genocida. No momento em que ele tentou calar aqueles que o acusaram de sê-lo, ele levantou o debate. E Bolsonaro é, sim, responsável por um número grande de mortes na pandemia. O impeachment é necessário.

O que Jair Bolsonaro fez com a médica Ludhmila Hajjar é muito maluco. Porque ele não aprontou só com ela, aprontou também com Arthur Lira, que saiu muito mal da história. Foi um ataque direto contra o líder do Centrão. Não faz nenhum sentido, mas é Bolsonaro sendo Bolsonaro.

Esqueça o que você sente pelo ex-presidente Lula — sim, no Brasil de hoje, é difícil. Mas o ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin, acaba de anular por uma questão técnica todos os processos que corriam contra Lula na Lava Jato em Curitiba. Se está certo, a decisão vem com atraso demais e impactou a última eleição de forma irreversível. Se está errado, impactará a próxima. É brincar com a democracia.

Virou tudo de cabeça para baixo. É impossível, agora, não imaginar um cenário em que Luís Inácio Lula da Silva não seja candidato à presidência em 2022. Isso facilita a polarização — o cenário mais fácil é de dar Bolsonaro contra Lula no segundo turno. Mas não é certo. Um terceiro candidato ainda pode surgir…