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Tanto se fala que Lula é um animal político que muitas vezes não percebemos que ele está organizando uma campanha eleitoral como se fazia no mundo pré-Zap. É mais que um erro tático, um erro estratégico do PT que pode abrir espaço para seu maior adversário. E este não é Bolsonaro.

Foi um desastre a votação das prévias do PSDB. Mas isso não pode servir de distração para o problema maior dos tucanos: os pré-candidatos do partido não passam dos cinco pontos nas pesquisas, em 2018 Geraldo Alckmin já havia ficado para trás nos 5%, e ainda assim os tucanos fazem o mesmo discurso que já não atrai mais eleitores.

Qual o tamanho do antipetismo em 2022? Aliás, você entende o que é e de onde vem o antipetismo? Conforme Bolsonaro despenca, entender essa força é fundamental para compreender o que vai acontecer no ano que vem.

A eleição presidencial do ano que vem não está definida. Pelo menos metade dos brasileiros diz que não tem ideia de em quem vai votar. E um número muito grande não quer nem Lula, nem Bolsonaro. O antipetismo é grande, o antibolsonarismo é ainda maior. A questão, no final, é definir qual a força maior. Se o bolsonarismo ou o antipetismo. Se o antipetismo for maior, possivelmente Bolsonaro perderá eleitores e não chega ao segundo turno. Se o bolsonarismo ainda for forte, Lula e o presidente disputarão o Planalto.

O Moro que se lançou pré-candidato é outro, tomou um banho de marketing profissional. Já entrou mudando a estrutura da campanha e a corrida eleitoral. A notícia é ruim para dois candidatos — o próprio Bolsonaro, e também para Ciro Gomes. Agora: é bom para o Brasil?

O Supremo vai decidir essa semana se o Centrão continua controlando todas as peças do jogo na Câmara para controlar, ao mesmo tempo, o Planalto. É, a democracia derreteu. Mas a história de como chegamos aqui não começa no governo Bolsonaro. Ela tem décadas de vida.

Bolsonaro vai conseguir pagar o Auxílio Brasil? Ciro Gomes vai mesmo deixar a corrida presidencial? Os tucanos podem ainda defender rigor fiscal? Muitas perguntas, nenhuma resposta simples. O que aconteceu na Câmara dos Deputados explica muito do Brasil hoje e pode definir a eleição do ano que vem.

Sérgio Moro se demitiu em Washington, semana que vem se filia ao Podemos, lança livro em dezembro e se prepara para candidatura. Pode sair a presidente ou ao Senado — tem mais pinta de senador eleito do que candidato a presidência com qualquer rastro de chance. Ainda assim preparem-se. O conservadorismo brasileiro vai entrar em guerra civil no primeiro semestre.

Homofobia é livre expressão e não devia ser apontada? Uma demissão é forma de censura? O caso do jogador Maurício Souza, da Seleção Brasileira de vôlei, gerou assunto. Esta não devia ser uma conversa complicada. Afinal, lidamos com o livre debate faz já algum tempo.

Existe um pedaço da elite brasileira que não entende o que é uma democracia liberal. O banqueiro que diz que Lula, Bolsonaro ou qualquer outro dá mais ou menos no mesmo não entende o que é o Brasil. E enquanto uns deliram em ataques de cinismo, a fome se espalha.