Quero conversar com bolsonaristas
Se você acha que o ex-presidente Jair Bolsonaro está sendo perseguido, que de alguma forma é injustiçado, quero conversar com você. Se você acredita que a libertação do presidente Lula foi um absurdo, se considera que vivemos uma ditadura do Supremo, acho que é importante conversarmos. Veja, não quero enganar você. Nós discordamos a respeito desses temas. Mas não, eu não sou uma pessoa de esquerda. Sou um liberal. Um liberal progressista, sim, mas certamente Lula está muito, muito distante de ser meu presidente ideal. Não sou social democrata, muito menos socialista. O que estou pedindo a vocês é só dez, doze minutos do seu tempo.
Por que ainda há bolsonaristas?
Muitas razões diferentes fazem pessoas se sentirem atraídas por candidatos anti-sistema. Para uns, é a sensação de que a vida está dura, outros estão ganhando ajuda e eles, não. Para outros, há o rancor de perceber que a sociedade está mudando e as velhas hierarquias que os privilegiavam caem por terra. Há os autoritários puramente. São grupos muitas vezes muito distintos, com buscas até opostas, que de alguma forma se encontram num mesmo movimento.
Lobo solitário é o bolsonarismo
Tem uma discussão bem maluca acontecendo na internet brasileira que põe dois grupos em oposição. Um diz que o Tiu França era um lobo solitário. O outro, que ele é, na verdade, fruto do radicalismo bolsonarista no mundo digital. E aí está lá, o Bolsonaro, todo animado, dizendo que o terrorista do STF é um lobo solitário e não tem nada a ver com isso enquanto a esquerda, indignada, diz de presto: nada disso! Não é lobo solitário!
Viva o 4×3!
Se a estratégia de negociação é pedir 32 horas semanais para ganhar 40, ela nasceu morta porque todo mundo já leu as redes sociais e sabe que o plano é esse. Negociação assim só funciona quando o outro lado não sabe que há predisposição para ceder. Ainda: foi o identitarismo branco que ganhou nos EUA?
As contas da semana 4×3
A equipe da deputada federal Erika Hilton propõe que os empregados da CLT passem a trabalhar quatro dias por semana, não mais que oito horas por dia. Dá, no horário normal, trinta e duas horas semanais. Contando horas extras, que não pode ser recorrente, pode chegar a trinta e seis. Ou seja, mais quatro horas, só quando precisar.
O que a direita daqui aprende com Trump
O ex-presidente Jair Bolsonaro publicou ontem, na Folha de S. Paulo, um artigo com o seguinte título: “Aceitem a democracia”. A pegada dele é a seguinte: progressistas, a gente, não estaríamos nos conformando com a eleição de pessoas como Donald Trump, como Javier Milei. A afirmação é engraçada. Sabe por quê? Quando Javier Milei foi eleito presidente da Argentina, a imprensa argentina se encheu de artigos de gente de esquerda, de gente de centro, se perguntando: onde foi que erramos? Com esta eleição de Trump, mesma coisa na imprensa americana. Onde foi que erramos? Alguém viu alguma pessoa que preferia que estas eleições não houvessem ocorrido questionando as urnas? Não. A sociedade votou, escolheu, quem perdeu se recolheu, foi lamber as feridas e tentar entender por que perdeu.
Trump ameaça a democracia?
É possível dizer que os eleitores de Donald Trump não tenham sequer ideia de quanto ele ameaça a democracia — e, ainda assim, tenham votado compreendendo exatamente quem estavam escolhendo? Sim. É.
Quem votou em Trump
Donald Trump é o novo presidente americano. Eleito para voltar à Casa Branca quatro anos após tê-la deixado. Trump não venceu por desinformação. Não venceu por alguma artimanha russa. Não houve qualquer conspiração. Os eleitores que votaram nele sabiam exatamente no que estavam votando. Ele foi presidente por quatro anos. E o escolheram para presidir os Estados Unidos.
Edinho e o buraco entre o PT e o povo
Minha amiga Malu Gaspar publicou ontem, no Globo, uma excelente entrevista com Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara e mais provável sucessor de Gleisi Hoffmann na presidência do PT. Vai ser bom para o partido. Edinho é um cara bastante mais moderado e muito mais disposto a conversar com quem não é de esquerda do que Gleisi. E é por isso mesmo que a entrevista de Edinho é muito boa. Porque deixa claro como o PT mais moderado pensa a respeito do que aconteceu nas eleições deste ano.