‘A democracia é um regime de prontidão’

A ideia de um gigante poderoso deitado em berço esplêndido para representar o Brasil é evocada sempre que interessa a um determinado grupo chamar para si a responsabilidade de acordá-lo. “O gigante acordou” pode dar arrepios ou nostalgia, a depender dos olhos de quem lê. As manifestações de junho de 2013 e a forma como elas foram se transformando ao longo dos anos seguintes confundiram o senso do que é uma mobilização ampla e democrática. A história, porém, encontra meios de reencenar esses momentos de uníssono. De um som alto o suficiente não para acordar o tal gigante, que sequer tem conseguido dormir com seu estômago vazio. Mas para assustar e afastar aqueles que querem terminar por sufocá-lo.

Relator quer Bolsonaro inelegível por oito anos

“Declaro sua inelegibilidade por oito anos seguintes ao pleito de 2022.” Esse foi o primeiro voto do julgamento de Jair Bolsonaro (PL) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, por atacar o sistema de votação e as urnas eletrônicas em reunião com embaixadores em julho do ano passado. O relator, ministro Benedito Gonçalves, disse não ser possível fechar os olhos para discursos antidemocráticos, criticou a banalização do golpismo e destacou os ataques do ex-presidente com uso da imagem das Forças Armadas. Ele pediu a condenação de Bolsonaro por “sua responsabilidade direta e pessoal pela conduta ilícita em benefício de sua candidatura à reeleição”. O general Braga Netto, candidato a vice, foi absolvido pelo ministro. “A reunião [com os embaixadores] não é uma fotografia na parede, mas um fato inserido em um contexto”, afirmou. Ele defendeu a inclusão da “minuta do golpe” entre as provas, criticada pela defesa de Bolsonaro. Segundo o ministro, o ex-presidente assumiu uma “antagonização injustificada” ao TSE. O relator defendeu que seu voto seja encaminhado ao Tribunal de Contas da União e a inquéritos criminais em curso no Supremo Tribunal Federal para apurar se cabem investigações das condutas em debate fora da Justiça Eleitoral. (Folha)

Lira se equilibra entre investigações e disputa de poder no Congresso

Rebelião dos mercenários mostra fragmentação de governo russo, diz Fernanda Magnotta

No Conversas Com o Meio desta semana, a jornalista Andrea Freitas entrevista Fernanda Magnotta, doutora em Relações Internacionais e coordenadora do curso de RI da FAAP. Nesta verdadeira aula, a professora explica como o conflito entre o presidente Vladmir Putin e os mercenários do Grupo Wagner deixou a Rússia à beira de uma guerra civil, com suas rachaduras expostas. Como Putin sai desse embate? Como serão seus próximos passos? Cautelosos ou agressivos? E a guerra da Ucrânia pode ter seu fim antecipado por essa crise? __ CONVERSAS COM O MEIO

TSE retoma julgamento de Bolsonaro, que diz ter ‘bala de prata’ para 2026

Com o aguardado voto do relator Benedito Gonçalves, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), retoma hoje o julgamento que pode deixar inelegível o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Caso nenhum dos ministros peça vista, a estimativa é que o processo seja encerrado até quinta-feira, antes do recesso judiciário. A ação, proposta pelo PDT, se refere à reunião com embaixadores estrangeiros por Bolsonaro para disseminar informações falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro. Em entrevista a Mônica Bergamo, ele admitiu que pode ser condenado, mas não falou eventuais sucessores, dizendo ter uma “bala de prata” para as eleições de 2026. Bolsonaro voltou a negar a acusação. “Eu mostrei como é o sistema eleitoral. Eu perguntei ‘alguém tem esse sistema no seu país?’ Não tem”, diz, afirmando ainda que está sendo julgado “pelo conjunto da obra” e que o TSE ignora a própria jurisprudência, incluindo fatos novos na denúncia. “O Michel Temer, em 2017, foi julgado no TSE e mantido no cargo. O ministro Gilmar Mendes disse, na época, que a Justiça Eleitoral não existe para cassar o mandato de ninguém. Muito menos de presidentes. Mas a jurisprudência de 2017 já não vale, [e o julgamento no TSE] é de acordo com a cara do freguês”, diz ele. Bolsonaro voltou a dizer, sem apresentar provas, que os ataques a prédios públicos no dia 8 de janeiro foram obra de apoiadores do atual governo. “No Brasil o golpe foi de senhorinhas com uma Bíblia debaixo do braço. De senhorzinhos com a bandeira do Brasil nas costas”, disse. (Folha)

O coach e a ideologia da morte

Se essa história não lhe pareceu política, acredite, ela é puro suco de política. A história do rapaz que morreu por excesso de esforço seguindo os ensinamentos de um coach é também a história de uma ideologia que destrói sociedades.

Relatórios da PF colocam presidente da Câmara na mira de investigação

No #MesaDoMeio desta terça, 27, Mariliz Pereira Jorge recebe os cientistas políticos Christian Lynch e Luiz Augusto Campos para analisar as investigações que envolvem o deputado Arthur Lira, presidente da Casa baixa. Além disso, o trio analisa a retomada do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no TSE, marcado para esta noite.

Jogo político do país é tema de livro de Conrado Corsalette

Pedro Doria e Cora Rónai recebem o jornalista e escritor Conrado Corsalette, autor do livro "Uma crise chamada Brasil!". Conrado conta um pouco sobre o livro e sobre como a situação politica do Brasil vem em crise muito antes de 2013. Uma crise chamada Brasil: https://a.co/d/5QuYu71

Polícia Federal chega perto de Lira

Na investigação sobre desvios que podem chegar a R$ 8 milhões em contratos de kits escolares de robótica, a Polícia Federal encontrou documentos com registros de pagamentos atrelados ao nome “Arthur”. Um deles, que estava com Luciano Cavalcante, auxiliar direto do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), lista R$ 834 mil em valores pagos entre dezembro de 2022 e março de 2023, com ao menos 30 desembolsos, totalizando R$ 650 mil, para “Arthur”. Com Wanderson de Jesus, motorista de Cavalcante, os policiais apreenderam um livro-caixa, com saldos, repasses, destinatários e datas. As anotações, referentes a abril e maio deste ano, foram escritas à mão e estavam em um carro. O nome “Arthur” aparece 11 vezes em gastos totais de cerca de R$ 265 mil. O motorista afirmou à PF que os pagamentos foram feitos a pedido de Cavalcante, que seria o proprietário do veículo onde as anotações foram encontradas. Com a descoberta, a PF encaminhou a investigação para o Supremo Tribunal Federal (STF). A assessoria de imprensa do deputado afirmou que “toda movimentação financeira e pagamentos de despesas do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, seja realizada por ele e, às vezes, por sua assessoria, tem origem nos seus ganhos como agropecuarista e da remuneração como deputado federal”. (Folha e piauí)

Edição de Sábado: Transinfância

Antes dos quatro anos de idade, Lucas (o nome foi alterado para preservar a intimidade da criança) já chegava à escola de olho em um cabideiro repleto de fantasias. Como o hábito diário de escovar os dentes, ele tirava sua bermuda e já se dirigia aos cabides enfileirados, onde sempre sacava a mesma saia, vestia e, só depois, partia para a aula e brincadeiras com os coleguinhas de turma. A vestimenta só voltava a ser pendurada no fim do turno, quando se despedia da professora. Saía da escola, de calção, meio desajeitado. Nessa época, Lucas ainda não havia expressado aos pais o que já compreendia sobre si mesmo. Mas sabia que era preciso lavar a saia, surrada pelas brincadeiras. “Está suja. Posso levar para minha mãe lavar?”, perguntou a criança, dirigindo-se à professora. Mas foi entre quatro e cinco anos que Lucas surpreendeu a mãe: “Eu sou uma menina, mamãe!”.