Eleições, atentados, tentativa de golpe e crise climática marcaram 2024 | Central Meio
Uma tentativa de golpe vindo à tona, generais presos e um ex-presidente indiciado: em 2024, a democracia brasileira apanhou, mas também bateu. As eleições municipais mostraram um país de centro-direita e a necessidade de seguir combatendo discursos de ódio e teorias da conspiração, como as que levaram um homem a tirar a própria vida num atentado na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Tarefa difícil quando o cargo mais importante do mundo volta a ser ocupado por Donald Trump, um entusiasta de fake news e negacionista das mudanças climáticas. Mudanças que, aliás, atingiram o Brasil em cheio, seja em secas ou em inundações. No último Central Meio de 2024, Pedro Doria, Luiza Silvestrini, Flávia Tavares e Carô Evangelista analisam o ano e falam sobre expectativas para 2025.
Projeto de lei apoiado por Trump para manter governo funcionando é rejeitado
A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos votou contra uma medida de financiamento apoiada por Donald Trump, aproximando ainda mais a paralisação do governo neste fim de semana. Um plano de gastos revisado não conseguiu atingir a maioria de dois terços necessária na câmara baixa do Congresso, com 38 republicanos votando contra o projeto ontem à noite e desafiando o presidente eleito. Trump frustrou um acordo anterior de financiamento entre partidos que a liderança republicana da Câmara havia fechado com os democratas — ele fez isso após Elon Musk criticar a medida. Após o projeto de lei ser rejeitado por 174 votos a 235, o presidente republicano da Câmara, Mike Johnson, disse que encontraria outra solução antes que o financiamento do governo acabasse à meia-noite de sexta-feira. O projeto de lei de substituição aprovado por Trump vincularia o financiamento do governo a uma suspensão de dois anos do limite da dívida federal, que determina quanto a Casa Branca pode tomar emprestado para pagar suas contas. Os republicanos se opuseram porque são contra aumentos nos gastos do governo, enquanto os democratas votaram contra porque disseram que o empréstimo extra seria usado para cortar impostos dos ricos. Entenda em cinco pontos a possível paralisação. (BBC)
Cresce o número de jovens investidores no Banco do Brasil
O Banco do Brasil registrou um aumento de 13% no número de clientes com até 18 anos que possuem saldo em investimentos em 2024. Esse crescimento foi impulsionado por estratégias voltadas para atrair o público jovem, resultando em um avanço de 126% no patrimônio investido em fundos destinados a essa faixa etária, que agora soma R$ 77 milhões. Atualmente, 86% dos cotistas desses fundos têm menos de 18 anos, sinalizando uma mudança no perfil dos investidores e reforçando o potencial de longo prazo do Banco do Brasil. (Globo)
Indulto de Lula deve excluir condenados por abuso de autoridade
A minuta de indulto natalino encaminhada nesta semana pelo Ministério da Justiça ao Palácio do Planalto exclui do perdão do presidente da República penas por abuso de autoridade e crimes contra a administração pública previstos na Lei de Licitações – que abarca fraude em contratos, por exemplo. É a primeira vez que condenados por abuso de autoridade devem ser excluídos do perdão natalino em um governo Lula. De acordo com fontes a par do decreto, que será publicado no Diário Oficial da União nos próximos dias, também ficarão fora do alcance do benefício condenados por crimes hediondos, corrupção, violência contra a mulher, tráfico de pessoas e crimes contra crianças e adolescentes, que já haviam sido excluídos no ano passado pelo presidente. Previsto na Constituição, o indulto é uma prerrogativa do chefe do Executivo, que pode levar à extinção total de uma pena, desde que se enquadre em condições e requisitos previstos no decreto. A proposta pretende priorizar a concessão do benefício para idosos, gestantes, mães de crianças e adolescentes, pessoas com deficiência e vítimas de tortura durante o cumprimento da pena, com o objetivo de assegurar “maior humanidade na execução penal”. (Globo)
Cubanos fogem da crise e migração para o Brasil bate recorde
Nunca tantos cubanos emigraram para o Brasil. Ao longo deste ano e até novembro, mais de 19,7 mil chegaram ao país, a maioria pedindo refúgio para fugir da crise crônica do país. Isso é mais que o triplo do que o observado há dez anos. A ilha viu a crise econômica se agravar nos últimos anos e, agora, sofre com apagões elétricos constantes que deixam a população sem luz por dias. As desgastadas usinas termelétricas de Cuba já não dão conta de abastecer a população, e uma crise no fornecimento de combustível piorou o que já não estava bom. A cifra de cubanos chegando ao país, que ainda não computa dezembro, já supera com distância os números mais recentes. Em 2023, foram 13,1 mil cubanos. Em 2022, quando fluxos migratórios voltaram a crescer após a pandemia, foram 7,6 mil. O último mês de novembro registrou número recorde de pedidos: 2.700. Com isso, os cubanos superaram os venezuelanos, usualmente os que mais pedem refúgio no Brasil (2.200). (Folha)
Consumo das famílias cresce 4,4% em novembro na base anual
O consumo nos lares brasileiros registrou alta de 4,4% em novembro de 2024, na comparação com o mesmo mês de 2023, segundo estudo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). No acumulado do ano até novembro, o consumo cresceu 2,85%, superando a projeção de 2,5% para 2024. Já a cesta Abrasmercado, composta por 35 produtos de largo consumo, apresentou aumento de 3,02% em novembro em relação a outubro e acumulou alta de 8% no ano. Entre os 12 alimentos básicos dessa cesta, houve alta acumulada de 11,95% de janeiro a novembro, chegando a 13,74% no acumulado de 12 meses. O vice-presidente da Abras, Marcio Milan, comentou que, apesar do aumento nos preços ao longo do ano, houve uma queda significativa de 7,25% nos preços da cesta de produtos natalinos, por conta de promoções de fim de ano. Segundo ele, esse movimento busca amenizar os impactos da inflação para os consumidores. (CNN Brasil)
Pacote fiscal desgasta relação do governo com PSOL e gera crise interna no PT
Imprescindíveis para o governo conter despesas, os projetos que fazem parte do pacote fiscal dividiram o PT e desgastaram a relação do Palácio do Planalto com o PSOL. O principal recado da crise interna que atravessa a legenda do presidente Lula foram os votos do deputado Rui Falcão (SP), um dos quadros mais influentes da sigla que presidiu. Após votar contra a alteração de regras como a do abono salarial, ele alegou que não é "funcionário do governo". Enquanto isso, parlamentares do PSOL fizeram questão de discursar contra os projetos impopulares para o campo da esquerda — como um Projeto de Lei (PL) que muda a forma de reajuste do salário mínimo e faz ajustes na concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC), último ponto do pacote a ser votado pelo Senado nesta sexta-feira, antes de ir para a sanção presidencial; um Projeto de Lei Complementar (PLP) que permite o bloqueio de emendas; e uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que muda regras do abono salarial. Nenhum deputado do PSOL votou a favor da PEC ou do PLP. Na bancada do partido, foram 12 votos contrários e uma ausência nas duas iniciativas. Para efeitos de comparação, o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro entregou 18 votos favoráveis à PEC e dez votos no PLP. No PT, a maioria votou a favor das iniciativas, mas também houve dissidências. Além de Rui Falcão, Natália Bonavides (RN) e Marcon (RS) se posicionaram contra a PEC. (Globo)
Robô da Toyota bate recordes em arremessos de basquete
Robô atleta? O CUE6, robô humanoide desenvolvido pela Toyota, utiliza Machine Learning para ajustar sua postura e movimentos do braço, e alcançou um padrão de arremessos de basquete quase perfeito (veja). O robô já detém dois recordes mundiais: o de maior número de lances livres consecutivos, com 20 acertos em 2020, e o do arremesso mais longo já registrado, atingindo uma cesta a 80 pés e seis polegadas de distância. A tecnologia, portanto, pode ser aplicada até mesmo em esportes e outros trabalhos físicos, ajustando detalhes como ângulo e força em tempo real para atingir os resultados projetados. (TechCrunch)
Moraes concede liberdade condicional ao ex-deputado Daniel Silveira
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, concedeu liberdade condicional ao ex-deputado Daniel Silveira. A defesa de Silveira entrou com pedido de liberdade alegando que o ex-parlamentar cumpriu um terço da pena. Silveira foi condenado pelo Supremo em 2022 a 8 anos e 9 meses de prisão por estímulo a atos antidemocráticos e ataques aos ministros do tribunal. Ele perdeu o mandato, os direitos políticos e foi multado em R$ 212 mil. Em outubro, Moraes já havia permitido que Silveira fosse para o regime semiaberto. Na decisão, o ministro afirma que o ex-deputado atende os requisitos para liberdade condicional. No entanto, “em respeito ao princípio da individualização da pena, há, portanto, circunstâncias fáticas que recomendam uma especial cautela na aferição do mérito do condenado para fins de progressão do regime prisional e de livramento condicional”. Silveira terá que usar tornozeleira eletrônica e está proibido de deixar o país, acessar redes sociais, conceder entrevistas e frequentar clubes de tiro e boates. Também não poderá manter contato com investigados, como os indiciados na tentativa de golpe de Estado. (g1)
Dívida pública pode ultrapassar 100% do PIB até 2030, diz estudo
A Instituição Fiscal Independente do Senado (IFI) apontou que a dívida pública pode continuar subindo até chegar em 100% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2030. No Relatório de Acompanhamento Fiscal, a estimativa projeta que o endividamento alcance 102,3% do PIB ao final da década e 116,3% até 2034, caso medidas robustas não sejam tomadas. Para estabilizar o crescimento da dívida, seriam necessários superávits fiscais de 2,4% ao ano, destacou o relatório. No entanto, sem mudanças, a dívida bruta do governo geral pode atingir 86,3% ao final do atual mandato de Lula e ultrapassar 90% até 2027. O relatório ainda criticou o pacote fiscal anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em novembro. Segundo o órgão, as medidas foram consideradas superestimadas e insuficientes, e as receitas extraordinárias previstas no orçamento de 2025 estariam infladas em R$ 72 bilhões. Apesar das incertezas, o relatório destaca avanços como a aprovação da reforma tributária e o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia.