Quem ainda vota em Lula?

Está caindo, no Palácio do Planalto, uma ficha importante. Não é a esquerda que vai reeleger Lula. Que, na verdade, sem Bolsonaro no páreo sua campanha para reeleição em 2026 vai ser até bastante mais difícil. Está caindo a ficha de que Lula precisará cada vez mais de votos do centro e, sim, da direita não radicalizada para se eleger. A ficha já está caindo no Planalto, mas é aquele caindo mais ou menos. Já tem gente que verbaliza isso nos corredores, gente que o presidente ouve. O próprio Lula já ensaiou começar a falar mais de Deus nuns discursos aqui, criticar Nicolás Maduro ali. Mas ele logo volta. Hoje mesmo já estava dizendo que vai aumentar impostos e conta com a queda das taxas de juros para controlar a dívida pública. Ele sabe perfeitamente que não controla o Banco Central, portanto não controla a taxa de juros. Sabe, igualmente, que este é o discurso que a esquerda quer ouvir mas que todo o resto odeia. Ou seja, ouve aplauso da esquerda enquanto a economia dá aquela saída básica dos trilhos. Não tem jeito. Quem trabalha profissionalmente fazendo transações de dinheiro entende exatamente o que o recado diz. Haverá descuido com as contas públicas, haverá déficit, então a Bolsa cai, o dólar sobe. E esses discursos do presidente fazem com que aquela ficha, a de que não tem eleitor de esquerda o suficiente no país para garantir a eleição de Lula, não chegue a ninguém da esquerda. E isso, para Lula, é um problema que não está claro ainda como resolver. Porque resolver é delicado.

Com Haddad na berlinda, fala de Lula amplia incerteza sobre política fiscal

Em meio a incertezas sobre a condução do ministro Fernando Haddad na Fazenda, o presidente Lula afirmou em um evento nesta quarta-feira que o Brasil tem estabilidade política e econômica “de sobra para oferecer”. E afirmou que o governo está “arrumando a casa e colocando as contas públicas em ordem para assegurar o equilíbrio fiscal”. Em seguida, defendeu o aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros para permitir “a redução do déficit sem comprometer a capacidade de investimento público”. A percepção de enfraquecimento político de Haddad e os ruídos sobre a condução da política fiscal brasileira, contribuíram para a alta do dólar nesta quarta-feira, que fechou cotado a R$ 5,405. Pouco mais de uma semana após inaugurar um novo modelo de articulação política, o governo se vê em mais uma crise, que incluiu devolução de parte da MP da Compensação pelo Congresso, além do cancelamento do leilão do arroz, cuja expectativa era a de trazer louros ao Palácio do Planalto. A desarticulação entre ministros e auxiliares de Lula continua como antes. E a insatisfação de deputados e senadores chegou a Haddad, até então poupado do arsenal de críticas dirigido à equipe de Lula, por enviar ao Congresso uma medida sem negociar antes com os principais nomes da Câmara e do Senado. Até os mais fiéis aliados do governo têm reclamado do sucessivo envio de propostas da Fazenda sem prévio debate, sempre com a justificativa de serem fundamentais para a saúde da economia. (Folha)

Ex-funcionários da SpaceX processam Elon Musk por assédio sexual e retaliação

Elon Musk está sendo processado por oito ex-engenheiros da SpaceX sob alegação de assédio sexual e retaliação. Em uma ação judicial movida nesta quarta-feira, os ex-funcionários dizem que o CEO da empresa “criou consciente e propositalmente um ambiente de trabalho hostil e indesejável com base em sua conduta de inserir no local de trabalho fotografias, memes e comentários sexuais vis que humilhavam as mulheres e/ou a comunidade LGBTQIA+”. Segundo a denúncia, ele teria fomentado “uma cultura perversamente sexista” na companhia. Ao colaborarem em uma carta aberta de 2022, que levantou preocupações quanto ao comportamento de Musk e a cultura empresarial mais ampla da SpaceX, os funcionários foram demitidos e, segundo alegam em processo, a ordem teria partido diretamente do bilionário. A SpaceX não comentou o caso. (The Verge)

Empreiteiras da Lava-Jato têm 48 horas para dizer se aceitam novo acordo de leniência

As empreiteiras envolvidas na Lava-Jato têm 48 horas para responder se aceitam a proposta do governo de novo acordo de leniência, conta Renata Agostini. Caso não haja retorno no prazo estipulado, a Controladoria-Geral da União entenderá que a oferta não foi aceita. Na nova proposta, considerada insuficiente pelas empreiteiras, a CGU e Advocacia-geral da União ofereceram reduções de até 30% sobre o saldo devedor das multas. As empresas argumentam que a legislação permite abatimento de até 70% e pedem que o percentual seja aplicado sobre a multa total e não sobre o que falta ser pago. O movimento do governo foi entendido como um ultimato sob risco de anulação dos acordos em vigor. Isso porque o prazo dado pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, termina somente no próximo dia 26. As empreiteiras devem responder até esta quinta-feira que não concordam com a proposta. E planejam provocar o STF, pedindo a Mendonça que atue para uma conciliação. Membros do governo afirmam que a anulação dos atuais acordos não está no radar e que a intimação foi necessária porque, caso as empresas concordem com os novos termos, será necessário um tempo para cumprir todo o rito de formalização da renegociação. (Globo)

Lira recua para aprovar proposta de suspensão de deputados brigões

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), precisou dar um passo atrás em sua proposta de punir, de maneira cautelar, deputados que infringem o decoro e tumultuam sessões no plenário e nas comissões da Casa. Na proposta inicial, Lira dava à Mesa Diretora o poder de decidir pelo afastamento ou suspensão de parlamentares, usurpando uma função que hoje é do Conselho de Ética e do plenário. A proposta ajustada foi aprovada nesta quarta-feira por 400 votos a favor, 29 contra e uma abstenção. Logo após a votação, a proposta o texto foi promulgado pelo próprio Lira.

Fomc mantém juros americanos inalterados e prevê apenas um corte neste ano

Pela sétima vez seguida e como esperado pelo mercado, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), do Federal Reserve (Fed, banco central americano) decidiu manter as taxas de juros inalteradas, no intervalo entre 5,25% e 5,50% ao ano — maior nível desde 2001. E o chamado “gráfico de pontos” das projeções do Fomc indica que a mediana das expectativas é de apenas um corte neste ano, de 0,25 ponto percentual, abaixo da estimativa de março de três reduções. Para o ano que vem, as autoridades do Fed preveem quatro cortes em vez de três, com a taxa de juros em 4,1% ante os 3,9% de antes. Em comunicado, o Fomc afirmou que indicadores recentes sugerem que a atividade econômica “continuou a se expandir em um ritmo sólido”. “O Comitê não espera que seja apropriado reduzir a faixa-alvo até que tenha maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção a 2%”, diz o texto. (Bloomberg Línea)

Brasil investe em ônibus elétrico, mas frota é inferior a de vizinhos latino-americanos

Na busca por descarbonizar o transporte coletivo e colaborar com o processo de frear as mudanças climáticas, o Brasil tem apostado na troca de ônibus convencionais, movidos a combustíveis fósseis, por uma frota elétrica. Mas, o alto custo dos veículos e a infraestrutura para sua operação tem feito com que o país encontre dificuldades para avançar no setor, ficando atrás de vizinhos e outros países latino-americanos. Segundo a plataforma E-BUS RADAR, o Chile liderava a frota de ônibus elétricos na América Latina em dezembro de 2023 com 2.310 veículos, seguido por Colômbia (1.590) e México (654), enquanto o Brasil tinha apenas 444.

Kevin Spacey admite ter ‘ultrapassado os limites’ por seu comportamento sexual

Em uma nova entrevista concedida ao programa de Piers Morgan no YouTube, Kevin Spacey admitiu ter sido “muito pegajoso” no passado e “ultrapassado os limites” em relação à sua conduta que levou a processos na Justiça por comportamento sexual inadequado, que paralisaram sua carreira. Ao explicar como ultrapassou os limites, o ator disse “tocar alguém sexualmente de uma forma que eu não sabia na época que eles não queriam”. Spacey alegou querer ser “gentil com as pessoas” e que se elas não queriam ser tocadas, “então elas deveriam avisar que não querem fazer isso, para que você possa entender que não é consensual e parar”. No ano passado, ele foi inocentado de todas as acusações de agressão sexual contra quatro homens entre 2001 e 2013, em Londres, e teve uma acusação semelhante rejeitada por um tribunal de Nova York em 2022. (BBC)

PEC das Praias pode beneficiar 295 parlamentares, prefeitos e governador

A lista de políticos que irão se beneficiar da aprovação da "PEC das Praias" é extensa e abrange todos os níveis do poder. Cento e dezesseis vereadores, 41 deputados estaduais, 31 federais, oito senadores, 65 prefeitos, 31 vice-prefeitos, um governador e dois vice-governadores - no total, 295 representantes do Executivo e do Legislativo são proprietários de 410 imóveis nos chamados terrenos de marinha, que pertencem à União. A proposta que está no Congresso Nacional (PEC 3/2022), sob relatoria do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), prevê alterar a Constituição para transferir o domínio das áreas a estados, municípios e proprietários privados — o que implicará aumento no valor do patrimônio e possibilidade de exploração econômica desses locais. Somente os prefeitos da lista são donos de mais de 1 milhão de metros quadrados (quase um Parque Ibirapuera de São Paulo). Já aprovada na Câmara dos Deputados, a PEC tramita no Senado e precisa ser aceita pela Comissão de Constituição e Justiça e pelo plenário da casa para entrar em vigor. Embora o texto não preveja a privatização das praias, seus críticos apontam que, ao transferir os terrenos para proprietários privados, estados e municípios, o acesso às faixas de areia pode ser dificultado. (UOL)

PF indicia ministro Juscelino Filho por suspeita de corrupção em caso Codevasf

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil-MA), foi indiciado pela Polícia Federal nesta quarta-feira pelos crimes de corrupção e organização criminosa nas investigações sobre desvio de verbas federais da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). A suspeita surgiu durante as obras em uma estrada de Vitorino Freire (MA), cidade comandada pela irmã do ministro, Luanna Rezende. Um relatório da Controladoria-Geral da União afirmou que 80% da pavimentação da estrada, que custaria R$ 7,5 milhões e foi bancada com dinheiro de emenda parlamentar do então deputado federal, beneficiaria a fazenda do atual ministro das Comunicações e de seus familiares. Até a paralisação da obra, foram empregados R$ 2 milhões do total, dinheiro destinado à Construservice, investigada pela PF por sua relação com o ministro. Além da pavimentação, o mesmo trecho da estrada já havia sido beneficiado por investimentos de R$ 2,5 milhões anos antes. (Estadão)