Edição de Sábado: Golpe ou Revolução? A Ucrânia em 2014

Na madrugada de 30 de novembro, um sábado em 2013, a temperatura se aproximava do zero grau na Praça da Independência, centro de Kiev. Desde a tarde anterior, aproximadamente dez mil pessoas se concentravam ali em protestos que pareciam querer se ampliar. O primeiro, ainda miúdo, havia sido no dia 21. No dia 24, 200 mil pessoas chegaram a ocupar a rua com faixas e bandeiras, incentivando a ex-premiê Yulia Tymoshenko, presa acusada de corrupção, a iniciar uma greve de fome em apoio. Mas o governo parecia decidido a não permitir que a manifestação alcançasse seu décimo dia. Eram 4h, havia poucas luzes na rua, quando começaram a desembarcar dos caminhões os homens da Berkut. A tropa de choque da polícia federal, com seus uniformes em camuflagem azul e cinza, coletes negros à prova de balas, balaclavas cobrindo o rosto, capacetes de grau militar, no ombro a insígnia da águia dourada. Escudos. E, nas mãos, cassetetes de ferro. Os quase 300 policiais então avançaram.

Rússia toma a maior usina nuclear da Europa

Além do horror da guerra, o mundo viveu durante a madrugada o temor de um desastre nuclear na Ucrânia. Após horas de combate, tropas russas tomaram a usina atômica de Zaporíjia, a maior da Europa. Mais cedo, o prefeito da cidade vizinha de Energodar disse que parte da usina estava em chamas devido a um ataque da artilharia russa. Agências de energia nuclear de todo o mundo passaram a noite monitorando os níveis de radiação na área, mas nenhum vazamento foi detectado, e o fogo, que teria atingido uma instalação de treinamento, foi contido. Autoridades locais ucranianas confirmaram a tomada, mas disseram que as equipes da usina seguem trabalhando para garantir o funcionamento e a segurança. Zaporíjia fornece um quinto de toda a energia consumida na Ucrânia. (Reuters)

Como as mídias digitais estão mudando a guerra

Durante uma guerra, a informação é essencial. Para saber desde quando se deve lutar ou fugir e até ter esperança de boas notícias. Na guerra digital entre Rússia e Ucrânia, a tecnologia aliada à informação está fazendo a diferença e pode nos ajudar a compreender seu impacto neste conflito.

Nessa guerra precisamos ter lado

É difícil escolher em que lado estar na Segunda Guerra Mundial? Também não é difícil escolher o lado nesta guerra. Esqueçam Estados Unidos ou mesmo a OTAN. A invasão da Ucrânia mexe com todo mundo, inclusive nós aqui no Brasil. E o que existe de real é simples: a maior potência nuclear do planeta invadiu o vizinho que abriu mão de todo seu arsenal nuclear faz trinta anos. Abriu mão para não ser atacado.

Agenda Cultural para 04-03-22

Entre 7 e 14 de março, a editora Boitempo realiza uma série de debates em torno do Dia Internacional da Mulher com a participação de pesquisadoras como Eunice Ostrensky e Maria Lygia Quartim de Moraes. Antes, nessa sexta, a filósofa Isabel Loureiro oferece uma palestra sobre a intelectual e revolucionária Rosa Luxemburgo.

Isolado pelo mundo, Putin encara baixas altas nas tropas

O isolamento do presidente russo Vladimir Putin ficou claro ontem com a aprovação, na Assembleia Geral da ONU, de uma resolução “deplorando” a invasão da Ucrânia. Embora o termo tenha sido suavizado e a decisão não tenha efeito no mundo real, o placar não deixou dúvidas. Foram 144 votos a favor, incluindo EUA, os países da União Europeia e o Brasil, e apenas cinco contra – a própria Rússia, Belarus, que está servido de base para as tropas de Putin, Síria, Coreia do Norte e Eritreia. Potências como a China e Índia estão entre os 35 países que se abstiveram. (g1)

Curadoria: Chega de viver momentos históricos?

Segundo ano pandêmico. Mais um ano sem carnaval – de rua. E semana passada, a Rússia invadiu a Ucrânia. E quem falou muito bem sobre o assunto foi um streamer brasileiro, o Casimiro.

Paraquedistas russos tentam controlar segunda maior cidade da Ucrânia

O governo ucraniano confirmou que paraquedistas russos entraram em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, e lutam por seu controle. Durante a terça, o centro urbano já havia sido alvo de um pesado bombardeio, que destruiu a sede do governo local, matando dez pessoas e deixando pelo menos 20 feridos. Já na capital, Kiev, as bombas russas tiveram como alvos a principal antena de TV da cidade, resultando em cinco mortes de civis, e o memorial em homenagem às vítimas ucranianas do Holocausto. O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, classificou os ataques como terrorismo e acusou o russo Vladimir Putin de crimes de guerra. “Os russos sabiam em quem estavam atirando. Ninguém vai perdoar vocês pelo assassinato do povo ucraniano”, afirmou. (UOL)

Edição Extra: Putin levanta a ameaça nuclear

Pela quarta noite seguida, os ucranianos conseguiram resistir nesta madrugada de segunda-feira ao poderio militar russo. O Exército invasor tem sido mantido a 30 quilômetros da capital, Kiev, e com dificuldades de avançar. Outras duas cidades importantes, Kharkiv e Chernihiv, também seguem de pé. Ainda hoje de manhã, no horário brasileiro, devem começar em Belarus, fronteira com a Ucrânia, negociações de paz propostas por Moscou. O presidente ucraniano Volodymyr Zelenski enviou uma delegação, mas com ceticismo. A Rússia exige como pré-condições que a Ucrânia se “desmilitarize e se denazifique”, o que é lido como exigência de capitulação completa. Isto não ocorrerá agora — as forças de Zelenski começaram a ser armadas pelos países europeus. E o tom beligerante russo escalou. Mesmo com as conversas já convocadas, o presidente Vladimir Putin lembrou ontem ao mundo que tem o maior arsenal nuclear do planeta. E Belarus, espera-se, deve se juntar ao esforço de guerra russo nos próximos dias. Ainda assim, a resistência ucraniana pegou Moscou de surpresa e o primeiro dia útil da semana será de choque no país de Putin. O Banco Central elevou os juros básicos da economia de 9,5% a 20% para tentar evitar que sua moeda, o rublo, desmorone perante sanções internacionais num nível jamais visto. Ainda assim, a perda de valor já estava em 30%, no fechamento desta edição. (Washington Post)

Edição de Sábado: A Esfinge Putin

É um truque antigo de marketing. Quando preparou uma pesquisa informal para entender as aflições políticas da população russa, Gleb Pavlovsky não perguntou aos leitores do diário Kommersant quem gostariam de ver no comando do Kremlin. O experiente cientista político perguntou sobre personagens de ficção. Qual seria o presidente dos sonhos. O jornal, que Pavlovsky havia dirigido nos tempos da queda da União Soviética, tinha por dono seu chefe, o oligarca Boris Berezovsky. E Berezovsky estava aflito por respostas. Ele e todos da Família.