Bendito seja o fruto

“Existe mais de um tipo de liberdade, dizia Tia Lydia. Liberdade para, a faculdade de fazer ou não fazer qualquer coisa, e liberdade de, que significa estar livre de alguma coisa. Nos tempos da anarquia, era liberdade para. Agora a vocês está sendo concedida a liberdade de. Não a subestimem.”
O Conto da Aia, Margaret Atwood

Governo gasta alto para impedir CPI do MEC

Com quatro assinaturas a mais que as 27 exigidas, a oposição protocolou ontem no Senado o pedido de criação de uma CPI para investigar denúncias de corrupção e tráfico de influência no MEC durante a gestão do ex-ministro Milton Ribeiro. A reação do Planalto não demorou e veio em duas frentes. De um lado, o líder do governo, Carlos Portinho (PL-RJ), ameaça recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF), caso do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), instale a CPI, alegando que há outros pedidos na fila e que a ordem cronológica deve ser respeitada. De outro, o governo vem acelerando a liberação de verbas via “orçamento secreto” para esvaziar a comissão. Desde a prisão de Ribeiro, no último dia 22, já foram liberados R$ 3,2 bilhões, cerca de 20% do total previsto para este ano. (Globo)

A responsabilidade do jornalismo

Esta semana no Conversas com o Meio, uma Conversa com o Meio. Os convidados de hoje são os editores executivos do Meio Flávia Tavares e Leonardo Pimentel. Como estamos encarando o debate sobre ética jornalística, num ambiente de sensacionalismo? Como que encaramos o fazer jornalismo num ambiente em que um candidato na eleição é antidemocrático? Vem com a gente nesse papo sobre jornalismo. __ CONVERSAS COM O MEIO

Bolsonaro muda regras para se blindar da Justiça Eleitoral

Pressionado de um lado pela desvantagem nas pesquisas e de outro pela proibição legal à criação de programas de auxílio financeiro em ano eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro (PL) reagiu ontem com um decreto que amplia os poderes da Advocacia-Geral da União (AGU) e, segundo especialistas, busca blindá-lo contra ações no TSE. Pelo texto, a AGU, ora ocupada por Bruno Bianco, passa a dar previamente parecer sobre a constitucionalidade de medidas de âmbito eleitoral no último ano do mandato, em vez de opinar quando provocada por uma ação na Justiça. O governo estuda decretar estado de calamidade para conceder um “auxílio-caminhoneiro” mensal de R$ 1 mil reais à categoria, proibido em condições normais pela Lei Eleitoral. O aval prévio da AGU serviria para dar mais respaldo jurídico às medidas quando estas fossem contestadas no TSE. (Estadão)

Viramos bárbaros

Quando chegamos ao ponto de botar no centro dos holofotes uma mulher em seu ponto de maior fragilidade na vida é porque nos tornamos uma sociedade sádica. Como foi que chegamos até aqui?

Quando o vírus invade mais que o nosso corpo

Com a Cora em Chicago e uma pandemia que ainda não terminou, todo cuidado é pouco. Porém, o que acontece quando você precisa fazer um teste de covid-19 mas ao mesmo tempo sofre uma invasão de privacidade no seu celular por conta desse teste?

Ministro da Justiça nega vazar para Bolsonaro ação da PF contra Ribeiro

O ministro da Justiça, Anderson Torres, negou ontem ter repassado ao presidente Jair Bolsonaro informações sobre as investigações que levaram à prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. Em escuta telefônica feita pela Polícia Federal no último dia 9, Ribeiro disse à filha que Bolsonaro lhe telefonara dizendo “ter um pressentimento” de que fariam uma “busca e apreensão” (ouça a gravação). Naquele dia, Torres, a quem a PF é subordinada, estava com o presidente nos EUA. (g1)

Edição de Sábado: A máquina que sente

Na cena que marca o clímax de Blade Runner, o filme icônico de Ridley Scott lançado em 1982, o policial caçador de androides fugidos Rick Deckard está pendurado por um pilar no alto de um arranha-céu quando é salvo por um dos robôs que perseguia. “É uma sensação forte viver em medo, não é?”, pergunta Roy Batty, o personagem de Rutger Hauer. Para o espectador, é a descoberta de que, sim, androides sentem. Batty tem programado em si o momento da morte. Um momento que se aproxima acelerado. “Vi coisas que vocês não acreditariam”, ele conta. Os androides, afinal, foram criados para trabalhar em mundos distantes que humanos não tolerariam. “Naves de ataque em chamas em Órion, vigas reluzentes no Portão de Tannhäuser.” O texto foi escrito pelo próprio Hauer, que o interpretou com emoção ímpar, discreta, citando lugares fictícios que soavam propositalmente alienígenas. Distantes. “Todos estes momentos se perderão como lágrimas na chuva.” Ele, o robô, está emocionado mas não vemos suas lágrimas. Chove. Sua vida tem apenas segundos de sobra. E acaba de salvar o homem que procurava mata-lo. “É hora de morrer.”

Delegado denuncia interferência no caso de Ribeiro

Responsável pelo inquérito que levou à prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, o delegado da Polícia Federal Bruno Callandrini denunciou ontem, em mensagem a colegas, “interferência na condução das investigações”. Segundo ele, Ribeiro, preso em Santos (SP), deveria ter sido transferido para a sede da PF em Brasília. A defesa tentou mantê-lo em São Paulo e teve o pedido negado. Mesmo assim, sob alegação de questões financeiras, a corporação não fez a transferência, e ontem ele foi solto por ordem do desembargador federal Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). O magistrado argumentou que Ribeiro não integra mais o governo e que os fatos denunciados são antigos. (Folha)

E se fosse a sua filha?

Não vamos perder o foco principal de toda essa história: uma menina de 11 anos chegou grávida ao hospital e teve negado o direito garantido por lei de interromper a gravidez.