#MesaDoMeio analisa os resultados do primeiro turno das eleições

Passou o primeiro turno, mas não passou a Eleição. Apesar de um novo Congresso Nacional já estar formado, a disputa agora é entre o ex-presidente Lula e o presidente Bolsonaro. Que Brasil o vencedor desse duelo irá receber para governar? Conseguirá governar? E como aproveitar as eleições parlamentares na corrida ao Executivo? Pedro Doria, Mariliz Pereira Jorge e Christian Lynch debatem os resultados do pleito deste ano, aguardado com tanta ansiedade no país inteiro.

O fascismo se apresenta

Hoje temos três conversas para ter. Uma com eleitores de Simone, outra com eleitores de Ciro e uma terceira com eleitores de Lula. Nenhuma destas conversas é fácil. As três são essenciais.

PT avalia o Xadrez do segundo turno

Mal teve tempo de digerir a disputa que se dará no 2º turno e resultado da eleição para a Câmara e para o Senado, da qual o campo da direita bolsonarista saiu fortalecido, a cúpula da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já está reunida nesta segunda-feira (3/10), às 10h, em São Paulo, para traçar os caminhos possíveis de apoios mútuos. Desta primeira reunião participam Lula, a presidente da legenda, Gleisi Hoffmann (PR) e coordenadores do núcleo duro de Lula. À tarde, a partir das 15h, haverá uma reunião de todos os coordenadores, incluindo os partidos da frente de apoio (PT,PV, PCdoB, PSB, Rede, PSol, Solidariedade, Avante, Pros, Agir). Entre os caminhos possíveis a serem tomados está, por exemplo, a busca de um acordo com o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB-RS) que disputará o segundo turno com o ex-ministro bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL). Lorenzoni teve 37,50% dos votos e Leite 26,81%. Pelo acordo pretendido pelo PT, Lula e Edegar Pretto (PT) entregariam a Leite os votos petistas com o objetivo de virar o jogo sobre Onyx. Pretto saiu derrotado, mas com 26,77% dos votos gaúchos e com apenas 2.441 votos a menos que Leite. Os petistas esperam do tucano a defesa de Lula em terras gaúchas. Publicamente, Leite já sinalizou disposição para o “diálogo”: "Temos diferenças do ponto de vista programático bastante fortes com o PT. Mas no campo do como fazer, o nosso campo é do diálogo. Aqueles que estão dispostos a dialogar conosco, nós vamos dialogar, como sempre fizemos no governo", disse. Atrelado a essa negociação, o PT quer com o PSDB do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), o apoio à candidatura de Fernando Haddad (PT-ST), que enfrentará o ex-ministro Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) nesta segunda fase da eleição. O PT já descarta buscar o presidente do PSD, Gilberto Kassab. Um dirigente petista informou que Kassab já avisou que manterá a sua “neutralidade”. Essa posição é um obstáculo para a missão do PT de conseguir os votos do campo de centro-direita necessários para Lula. Aliás, petistas estavam estranhado o comportamento de Kassab no primeiro turno da eleição, mais especificamente, a falta de apoio do presidente do PSB a candidatos de seu próprio partido, em Minas Gerais. “Achávamos que Kassab estaria presente na campanha de Kalil (PSD) ao governo e de Alexandre Silveira ao Senado e isso não aconteceu”, disse o petista da cúpula da campanha, referindo-se ao candidato ao governo de Minas Alexandre Kalil (PSD) e ao Senado, Alexandre Silveira (PSD). Vale lembrar que o acordo de apoio a Kalil exigiu a renúncia de deputado federal Reginaldo Lopes, que já havia se lançado ao Senado e, em nome da candidatura de Lula, optou por não dividir votos com Silveira. Mesmo assim, a vaga ao Senado ficou com Cleitinho Azevedo (PSC), aliado de Bolsonaro. A omissão de Kassab pode até ser compreendida pelo fato de que um apoio a Lula seja motivo de um racha no PSD, mas a omissão de Kassab em um dos estados mais importantes deixou clara a possibilidade de diálogo com o PT agora no segundo turno. Até porque, o PSD que saiu vitorioso das urnas é aquele mais próximo de Bolsonaro, tanto no Congresso, quanto no governo dos estados, como é o caso da reeleição de Ratinho Júnior, no Paraná, em 1º turno, com 69,64% dos votos, sobre o ex-governador Roberto Requião (PT) que ficou em segundo lugar, com 26,23%. Quanto a Ciro, a postura do PT deverá ser de esperar primeiro uma manifestação. Dirigentes petistas avaliam que qualquer busca agora seria desastrada visto que, na campanha, Ciro se mostrou beligerante em relação ao partido e contribuiu para reascender um dos principais obstáculos a Lula: o antipetismo. Na avaliação de petistas, o PDT, partido de Ciro, deverá vir primeiro que Ciro para o apoio. Essa impressão de petistas não é gratuita. Na manhã desta segunda-feira, o partido de Ciro já se movimentou no sentido de buscar um alinhamento. O presidente da legenda, Carlos Lupi, deverá convocar uma reunião da comissão executiva da legenda, hoje a tarde ou no mais tardar, na terça de manhã”, para definir sobre apoio a Lula. Um aguerrido defensor da candidatura de Ciro dentro da legenda disse ao Meio que o sentimento é de tentar “unir esforços contra o fascismo”. “Vamos seguir Brizola e tapar o nariz para engolir o sapo barbudo. Ciro é a pessoa que mais ama o Brasil e nunca admitirá que o país caminhe para o fascismo”. Junto com a negociação nacional, o PDT também está disposto a colocar na mesa de negociações o apoio a Fernando Haddad (PT) em São Paulo, contra o bolsonarista Tarcísio. Já em relação à Simone Tebet, o PT avalia como mais fácil a busca pela candidata do MDB. Essa investida não deve ser somente por apoio no segundo turno. O MDB, partido que mais se beneficiou com o impeachment de Dilma Rousseff, passou a ser a chance de Lula, caso seja eleito, melhorar sua base no Congresso. Lula não descarta a possibilidade de oferecer uma pasta em um eventual novo governo para Simone.

O Brasil amanheceu mais bolsonarista — mas Lula é o favorito

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou à frente na contagem de votos do primeiro turno, mas o grande vitorioso foi o bolsonarismo, enquanto as pesquisas eleitorais despontaram como as maiores derrotadas, por subestimarem em muito o tamanho real do presidente. Em vez disso, com a apuração em 99,99%, Lula obteve 48,43% dos votos e vai para o segundo turno no dia 30 contra Jair Bolsonaro (PL), que chegou a 43,20%. A votação de Lula ficou dentro da margem de erro das pesquisas, mas elas não anteviram a performance do presidente. O Datafolha previa que Bolsonaro chegaria a 36%, dos votos válidos; no Ipec, eram 37%; no Ipespe, 35%. Mas não foi só isso. Candidatos bolsonaristas, especialmente ex-ministros, tiveram desempenhos inesperados em praticamente todas as esferas de governo. As urnas mostraram também uma inversão no segundo pelotão. Simone Tebet (MDB) chegou em terceiro lugar, com 4,16%, enquanto Ciro Gomes (PDT) amargou 3,05%. O ex-ministro só ficou à frente da senadora no Ceará, seu reduto eleitoral, onde obteve 6,80%, contra 1,22% de Tebet.

Edição de Sábado: A desigualdade vai às urnas

Luciana Lima e Flávia Tavares

Exército vai aprontar na eleição?

Estamos na véspera da eleição presidencial mais tensa da Nova República. Neste cenário, o Estadão afirmou que o Exército já combinou o jogo, que não vai questionar as eleições. Aí o próprio Exército afirma que não tem nada disso. O que que isso tudo quer dizer? Onde está a verdade? E quais as chances, enfim, de a eleição terminar com vitória já no primeiro turno. Hoje tem Ponto de Partida especial.

Não vai ter golpe, mas e violência?

Se você está com medo de ir votar neste domingo pode ter certeza de que não é o único. 40% dos eleitores acham que há grandes chances de violência. 9% admitiram ao Datafolha que podem deixar de votar. Não vai ter golpe, mas Bolsonaro continua a estimular confusão.

Após debate baixo, Brasil vai às urnas decidir se dá a Lula vitória no 1º turno

Considerado o último evento capaz de determinar se a eleição presidencial será decidida no primeiro turno, o debate (veja a íntegra) realizado na noite de ontem pela TV Globo foi marcado por troca de acusações, protagonismo de candidatos nanicos e um número incomum de direitos de resposta concedidos. Logo no início, respondendo a uma pergunta do Padre Kelmon (PTB), que mais uma vez atuou como sua linha auxiliar, o presidente Jair Bolsonaro (PL) fez ataques pesados ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem chamou de “chefe de uma grande quadrilha”. A ofensa deu início a uma sequência de direitos de resposta, na qual Lula prometeu revogar todos os decretos de Bolsonaro impondo sigilo de 100 anos a informações sobre seu governo. Lula também obteve direito de resposta quando Bolsonaro, em pergunta a Simone Tebet (MDB), o chamou de “mentor” da morte, em 2002, do prefeito petista de Santo André Celso Daniel. A senadora reclamou com o presidente: “Eu acho que falta ao senhor coragem de perguntar isso ao candidato do PT. E vamos tratar do Brasil. Vamos tratar dos reais problemas”, disse Tebet. A constante troca de direitos de resposta entre Lula e Bolsonaro também foi criticada pela senadora Soraya Thronicke (União Brasil). “Enquanto eles brigam, a boiada passa. Enquanto eles brigam, nos distraindo, o Brasil passa fome, o Brasil ainda encara escândalos de corrupção”, disse ela, que protagonizou um dos momentos cômicos da noite ao se confundir com o nome de Padre Kelmon e chamá-lo apenas de “candidato Padre”. A corrupção foi um tema recorrente, com Ciro Gomes (PDT) dizendo que deixou o ministério de Lula “por conta das contradições graves de economia [...] e, mais grave ainda, das contradições morais”. Ele também questionou Bolsonaro sobre o “Orçamento secreto” e outras denúncias contra seu governo. Felipe D’Ávila (Novo) e Lula discutiram as políticas de cotas, e o petista ainda se envolveu em um embate com Padre Kelmon, a quem chamou de “candidato-laranja”. (g1)

Lula a um cisco do 1º Turno

As pesquisas todas na reta final estão apontando um só movimento. Ciro Gomes está em queda e periga terminar atrás de Simone Tebet. Lula está em alta com chances de vencer no primeiro turno. Vai ser com emoção até o final.