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Sonho e pesadelo na Casa Branca

Com quase 250 anos de ininterrupta – até o momento – tradição democrática, os Estados Unidos colecionam presidentes com as mais diversas biografias, inclinações políticas e graus de competência. Esse amplo catálogo de exemplos faz com que, especialmente ao longo do século 20, mandatários fossem buscar no passado uma espécie de declaração de princípios, um apanhado do que consideravam relevante na História do país e uma inspiração para o que pretendiam ser seu próprio legado. Ser associado a um “bom presidente” é o desejo de todo inquilino da Casa Branca, enquanto ninguém quer ser lembrado, por exemplo, como um “novo Richard Nixon”, que renunciou em 1974 para não sofrer um impeachment.

Ao mesmo tempo 45º e 47º presidente dos Estados Unidos, Donald Trump deixa bem clara sua principal inspiração: William McKinley, que governou o país entre 1897 e 1901. Tanto que o citou nominalmente em seu discurso de posse, afirmando que ele era “um homem de negócios nato” e “fez o país muito rico por meio de talento e tarifas [comerciais]”. McKinley não fez o país apenas rico, o fez maior. Foi o último presidente a ampliar o território, e esse feito paira sobre as pretensões de Trump em relação à Groenlândia, por exemplo.

O problema é que a História nem sempre aceita o combinado ou desejado. Com menos de três meses de mandato, Trump vem entregando a agenda populista, reacionária e disruptiva que prometeu ao longo da campanha eleitoral, mas nas últimas duas semanas se viu diante de um problema justamente em uma das marcas de McKinley: as tarifas comerciais. Com pânico nos mercados atingindo até os estabilíssimos títulos do Tesouro e o presidente preso em um aparente “quem piscar primeiro perde” com a China, analistas falam abertamente em uma recessão local ou global. E isso joga sobre Trump uma sombra que ele detesta, a de Herbert Hoover, que entrou para a História como “o presidente da Grande Depressão”.

Mas quem foram esses homens e por que pairam sobre o sujeito do topete dourado?

De soldado a presidente

William McKinley (1843-1901) está longe de ser um presidente lembrado, para bem ou para mal. Em uma pesquisa do Gallup feita em 2011 sobre os melhores presidentes que o país já teve, ele ficou na multidão que não chegou a meio ponto percentual. O que não deixa de surpreender, uma vez que seu legado moldou o que os Estados Unidos viriam a ser no século 20.

Trump tem McKinley como modelo, mas suas biografias são bem diferentes. O atual presidente é o único ocupante do cargo a jamais ter servido em algum ramo das Forças Armadas – nem mesmo na Guarda Nacional, onde George W. Bush foi se refugiar para escapar do Vietnã – ou exercido um cargo público. McKinley, por sua vez, foi o último presidente a ter combatido na Guerra Civil (1861-1865), alistando-se aos 18 anos como soldado da União em seu Ohio natal e terminando o conflito como major honorário.

Passada a guerra, estabeleceu-se como advogado, casou-se e iniciou uma carreira política, elegendo-se para o Congresso em 1877 pelo Partido Republicano.

Cabe aqui uma explicação. Diferentemente do que acontece hoje, os republicanos eram então mais urbanos e progressistas que os democratas. Abraham Lincoln, que liderou a União na Guerra Civil e levou ao fim a escravidão, era republicano.

A economia foi um ponto marcante de sua atuação política desde o início. No melhor estilo nacional-desenvolvimentista, defendia o uso de tarifas comerciais como proteção para que a indústria local florescesse. Também se viu envolvido no grande debate da época – que só seria resolvido em seu governo – sobre a cunhagem de dólares na mais barata prata em vez do padrão ouro, o que injetaria mais dinheiro na combalida economia, mas teria efeitos inflacionários.

Salvo um breve período em que ficou de fora do Congresso, McKinley cresceu politicamente até se eleger governador de Ohio em 1892. Seu governo foi marcado por uma política de conciliação de capital e trabalho, criando comitês para arbitrar disputas trabalhistas e multando empresas que demitiam empregados por se sindicalizarem, ao mesmo tempo em que oferecia incentivos para que negócios se instalassem no estado. De família tradicionalmente abolicionista e ex-soldado da União, adotou políticas que beneficiaram a população negra, tornando-se muito popular nesse grupo.

Suas ambições, claro, eram maiores. Os republicanos haviam amargado uma derrota nas eleições de 1892, quando o impopular presidente Benjamin Harrison foi batido pelo democrata Grover Cleveland, mas uma depressão econômica iniciada no ano seguinte animou o partido a retomar o poder em 1896. Harrison queria ser candidato, mas terminou atropelado na convenção republica por McKinley, tendo à frente de sua campanha o hábil e rico empresário Mark Hanna, que o acompanharia por toda a carreira.

A situação também era complicada no lado democrata. Diante do caos na economia, o partido não apoiou a natural candidatura de Cleveland à reeleição, apostando em William Jennings Bryan, mas não adiantou. Na disputa entre os xarás, McKinley levou a melhor.

Nasce um império

A vitória não representou apenas a volta dos republicanos à Casa Branca. O resultado redesenhou o mapa político do país de uma forma virtualmente inversa à que vemos hoje. Sob o comando de McKinley, o partido arrebatou o Norte industrializado e a Costa Oeste, com os democratas relegados ao Sul agrário e menos rico, um realinhamento que duraria quase quatro décadas.

Empossado em 4 de março de 1897, o novo presidente se viu enredado em uma disputa externa. Cuba, joia da coroa imperial espanhola no Caribe, estava havia dois anos em franca rebelião, apoiada por empresários e pela população dos Estados Unidos, onde ecoava forte a doutrina estabelecida em 1823 pelo presidente James Monroe contra a presença de potências coloniais europeias nas Américas. Com o agravamento das tensões, McKinley enviou em fevereiro de 1898 um navio de guerra, o USS Maine, para o porto de Havana, onde a embarcação explodiu e afundou, matando 266 homens.

O clamor popular só fez aumentar quando, em março, uma comissão de investigação concluiu que a explosão foi causada por uma mina submersa, possivelmente colocada pelas forças espanholas para bloquear o porto. Não querendo se comprometer, o presidente deferiu ao Congresso a decisão sobre como reagir, ao que os deputados responderam declarando guerra à Espanha no dia 20 de abril. O conflito não ficou restrito ao Caribe, estendendo-se às possessões coloniais espanholas na Ásia.

Modernizadas e profissionalizadas desde a Guerra Civil e contando com avanços tecnológicos como telefones e ampla cobertura por telégrafo, as Forças Armadas americanas não deram chance aos espanhóis, que perderam boa parte de sua frota naval na Batalha da Baía de Manila, nas Filipinas. No dia 22 de junho, uma força expedicionária desembarcou em Cuba, dominando a ilha em menos de um mês. Em julho, tropas americanas invadiram Porto Rico, cortando as linhas de abastecimento espanholas e selando o conflito.

A guerra foi encerrada de fato em 12 de agosto, e, em 18 de dezembro, um tratado de paz foi assinado em Madri. As colônias espanholas das Filipinas, de Porto Rico e de Guam, uma ilha na Micronésia, passaram a ser territórios americanos, enquanto Cuba se tornou um protetorado dos Estados Unidos até sua independência formal em 1902. Em troca, a Espanha recebeu US$ 20 milhões, cerca de US$ 750 milhões em valores atuais. As Filipinas se tornaram independentes em 1946, enquanto Guam e Porto Rico pertencem aos EUA até hoje.

Uma vez provado, o imperialismo era irresistível. Em 1898 o Congresso aprovou um antigo desejo do presidente, anexar a República do Havaí, criada cinco anos antes com a derrubada da monarquia local por forças americanas. Desde a marcha para o Oeste, nenhum presidente havia acrescentado tantos territórios ao país, e nenhum o faria depois. A intervenção americana na Rebelião dos Boxers na China, em 1900, colocou o país de vez como um jogador de peso na política internacional.

A guerra com a Espanha ressaltou um problema enfrentado pelos americanos desde a conquista da Costa Oeste: a dificuldade de movimentar navios entre o Atlântico e o Pacífico, contornando a América do Sul e o Estreito de Magalhães. Havia décadas que Estados Unidos e Inglaterra negociavam a construção de um canal na América Central, e coube a McKinley assinar os tratados para sua construção, mas ele não viveu para ver o Canal do Panamá ser aprovado e construído.

Ouro e tarifas

No campo econômico, William McKinley disse logo a que veio, sancionando com cinco meses de mandato uma lei elevando tarifas de importação sobre lã, açúcar e artigos de luxo. Em um movimento semelhante ao que Trump diz buscar agora, seus negociadores se sentaram com franceses e depois britânicos para fechar acordos comerciais bilaterais, intensificando o comércio entre os países e aquecendo a economia americana.

Outro tema sobre a mesa era a adoção do “padrão prata” para aumentar a circulação de moeda na economia. O presidente dizia aceitar a medida somente no âmbito de um acordo internacional com outras potências econômicas, o que não foi conseguido. Mas o aumento da extração de ouro no Canadá e na Austrália fez com que a pressão pela moeda de prata arrefecesse. Em 1900, o Congresso aprovou uma lei atrelando o dólar ao ouro, o que só seria mudado por Nixon em 1971.

Um aspecto do governo de McKinley que deixou a desejar foi a situação da população negra, justamente a que tinha mais esperanças com sua presidência. Disposto a pacificar de vez a relação com os estados do Sul, o presidente, ao contrário do que fizera como governador, silenciou sobre linchamentos e outras ações violentas de supremacistas brancos. Fora determinar que militares negros fossem promovidos para além da patente de tenente, ele foi uma nulidade na luta contra a discriminação racial.

Má hora para uma visita

Ancorado em conquistas territoriais e prosperidade econômica, William McKinley teve a candidatura à reeleição aprovada com facilidade na convenção republicana de 1900. Como Garret Hobart, seu colega de chapa na disputa anterior, havia morrido um ano antes, foi escolhido para vice Theodore Roosevelt, um jovem (42 anos) e altamente popular ex-militar. Pelo lado democrata, William Jennings Bryan tentou de novo, mas perdeu por uma margem ainda maior e não conseguiu vencer no próprio estado, Nebraska.

Ora, com uma presidência tão bem-sucedida e uma reeleição fácil, como é possível que McKinley acabasse relegado ao “baixo clero” dos ex-presidentes americanos? Dois fatores pesaram – aliás, três, se contarmos individualmente os dois tiros que o mataram.

A virada dos séculos 19 e 20 foi marcada por intensa agitação e violência política. Não, não era o comunismo, mas o anarquismo que pegava em armas pelo mundo. Em 1898, a imperatriz Elisabeth da Áustria (a Sissi dos filmes e séries) foi morta a facadas durante uma visita a Genebra por um militante anarquista. Dois anos depois foi a vez de Umberto I, rei da Itália, morrer baleado também por um anarquista.

A expansão do movimento nos Estados Unidos deixou autoridades em alerta, mas não o bastante. No dia 6 de setembro de 1901, William McKinley visitava o Templo da Música na Exposição Panamericana em Búfalo (NY), quando o operário anarquista Leon Czolgosz se aproximou com uma arma escondida em um guardanapo e fez dois disparos a queima-roupa. Os médicos que o atenderam conseguiram localizar e retirar uma das balas, mas não a segunda, e oito dias depois o presidente morreu em decorrência de uma gangrena.

O assassinato em si não seria o bastante para jogar McKinley para o rodapé da História, mas entrou em cena seu sucessor. Teddy Roosevelt herdou uma economia nos trilhos, o que lhe permitiu levar a cabo o Canal do Panamá, expandir o poderio externo americano e implementar políticas de forte apelo popular. Tudo isso aliado a uma imagem de jovem aventureiro, ao mesmo tempo caçador e conservacionista, responsável pela criação de parques nacionais e monumentos. Para completar, ganhou o Nobel da Paz em 1906 ao atuar pelo fim da guerra entre Japão e Rússia. Enfim, era difícil competir.

Com esse, não!

Se William McKinley é o sonho de Donald Trump – fora, provavelmente, a parte do assassinato e a substituição pelo jovem vice –, Herbert Hoover é seu pesadelo. E, de certa forma, foi ele quem trouxe para si a comparação. Em janeiro do ano passado, já pré-candidatíssimo à Casa Branca, previu que a economia americana caminhava para um colapso e disse esperar que isso acontecesse ainda em 2024 para que não fosse “um novo Hoover”. No dia seguinte, o presidente Joe Biden o fustigou em um vídeo, afirmando que ele já o era. “É o primeiro presidente desde Hoover a ver terminar o mandato com menos empregos no país”, completou.

A má fama do 31º presidente dos Estados Unidos pode nem ser de todo justa, mas é compreensível. Último representante do ciclo de dominação republicana iniciado por McKinley, Hoover era quase um recém-chegado no partido, tendo participado ativamente do governo do democrata Woodrow Wilson no comando da Agência de Alimentos dos Estados Unidos, responsável pelo racionamento, o controle de preços e a gestão de provisões durante a participação do país na Primeira Guerra. Internacionalista, defendia a Liga das Nações, precursora da ONU, e criticava as sanções duríssimas impostas à Alemanha após o conflito. Acreditava na ciência e tinha uma participação ativa em sua alma mater, a Universidade de Stanford. Já republicano, serviu como secretário (ministro) do Comércio de Calvin Coolidge e, quando este decidiu não concorrer em 1928, conquistou a indicação do partido.

No meio do caminho havia um crash

Tomou posse em 4 de março de 1929 imaginando que teria pela frente a intensa prosperidade vista no mandato de seu antecessor e pretendia, segundo seu discurso de posse, usá-la para erradicar a pobreza do país. Era contra a intervenção direta do Estado na economia, defendendo o chamado “voluntarismo”, uma parceria entre governo, população e setor privado.

O problema é que já havia rachaduras no arranha-céus da economia. Boa parte dos ganhos nos anos de prosperidade foi direto para a especulação no mercado de ações. Pouco ou nada regulados, os bancos emprestavam à larga para quem queria aplicar na bolsa por meio dos próprios bancos, com casas, empresas e fazendas sendo dadas como garantia. O que poderia dar errado? Muita coisa. Com excesso de produção e competição com importados, o setor agrícola vinha enfrentando quedas nos preços; o consumo e a poupança vinham declinando paulatinamente, tanto pelo achatamento de salários quanto pelo direcionamento de dinheiro para a especulação em ações.

O castelo de cartas desmoronou na última semana de outubro, com uma sucessão de quedas acentuadas na Bolsa de Nova York e a consequente quebra de confiança no sistema bancário. Grandes investidores, prevendo o movimento, haviam começado a vender seus papéis em setembro, mas a grande massa de novos aplicadores foi pega de calças arriadas. Após o primeiro crash, no dia 24, os grande bancos se uniram para tentar inflar o preços das ações e salvar o mercado, mas o esforço não impediu uma nova grande quebra no dia 29. Começada a Grande Depressão estava.

Empresas quebraram, famílias perderam suas economias, suas casas, suas fazendas. Na esteira do desastre americano, outras economias que dependiam dos Estados Unidos foram ladeira abaixo. Uma delas foi a alemã, provocando uma crise que ajudou na ascensão ao poder dos nazistas. Medidas foram tomadas, como a separação entre bancos comerciais e bancos de investimento e a adoção do hoje comum circuit breaker, sistema que interrompe os negócios nas bolsas diante de altas ou baixas muito acentuadas. Mas não foram suficientes para conter a derrocada do mercado.

Alertas ignorados

No período anterior ao crash, Hoover havia recebido alertas de que havia uma crise potencial em gestação, mas temia intervir no setor bancário para conter a especulação. Nos dias seguintes à primeira quebra, reuniu-se com empresários e sindicatos para negociar a manutenção de salários e empregos e evitar greves. Imaginava que crise, embora séria, seria breve. Ao mesmo tempo, era contra iniciativas governamentais de auxílio aos desempregados e falidos. Ainda acreditava que o voluntarismo era a saída.

A quebra da bolsa não foi o único elemento da crise – e aí voltamos ao paralelo com Trump. Embora entusiasta da cooperação entre os países, Hoover aceitava a ideia de impor tarifas limitadas à importação de produtos agrícolas, diante das dificuldades enfrentadas pelo setor no país, e já havia um movimento nesse sentido no Congresso. O descarrilamento da economia, porém, ligou o modo protecionista completo no Legislativo.

Em março de 1930 foi aprovada a Lei de Tarifas – conhecida como Lei Smoot-Howley devido ao nome de seus autores no Senado e na Câmara –, que elevou as taxas de importação para mais de 20 mil produtos. Mais de mil economistas de renome escreveram uma carta aberta apontando os riscos que a lei representava e pedindo que Hoover a vetasse, iniciativa endossada por barões da indústria e do setor bancário. Mas a pressão política foi mais forte, e o presidente sancionou a medida em junho.

O resultado foi o previsto pelos especialistas. Países atingidos pelas taxações criaram ou elevaram tarifas em retaliação, derrubando as exportações americanas, que cairiam 66% até 1933. A queda na demanda provocou demissões em todos os setores exportadores, agravando o desemprego e desaquecendo ainda mais a economia. Não se faz História contrafactual, mas é impossível não imaginar que a Depressão seria menos intensa se o comércio global tivesse sido preservado.

Outro detalhe importante que faz a ponte entre os dois presidentes é que Hoover combateu com vigor a imigração ilegal, especialmente do México, sob a justificativa de proteger empregos americanos. Estima-se que entre 300 mil de dois milhões de mexicanos tenham sido repatriados em seu governo, o que não impediu que o desemprego passasse de 11% em 1933 – daí a referência feita por Joe Biden no vídeo que citamos lá em cima.

Para completar o quadro, o presidente defendia que a população cumprisse a 18ª Emenda à Constituição, conhecida nos EUA como Prohibition e no Brasil como Lei Seca, que criminalizava a produção, transporte, venda, compra e consumo de bebidas alcoólicas. Aprovada em 1919, durante uma onda moralista, a lei vinha se tornando cada vez mais impopular, tanto por manter na ilegalidade um importante setor da economia como por impedir que uma vítima da Grande Depressão afogasse as mágoas sem correr o risco de ir preso.

Um passeio eleitoral

Vamos combinar que o democrata Franklin Roosevelt, primo distante de Theodore Roosevelt, não teve muito trabalho nas eleições de 1932. Com uma plataforma que podia se resumir a “não ser Herbert Hoover”, ele venceu em 42 dos 48 estados – Alasca e Havaí ainda eram territórios. Roosevelt botou em prática o New Deal (Novo Acordo), um amplo programa socioeconômico com pesada intervenção estatal para estimular a economia focado nos “três Rs” (em inglês): alívio (relief) para os desempregados e pobres, recuperação dos níveis normais da economia e reforma do sistema financeiro para evitar uma nova depressão.

Em seu primeiro governo, negociou uma série de amplos acordos comerciais que repuseram em movimento o comércio global, criou um sistema de regulação da produção agrícola para garantir os preços e a lucratividade das fazendas e estimulou frentes de trabalho para desempregados. É bem verdade que a corrida armamentista da segunda metade da década de 1930 e a Segunda Guerra deram o estímulo final de que a economia americana precisava, mas Roosevelt, que morreu em abril de 1945, em seu quarto mandato, entrou para a História como um dos mais festejados presidentes dos Estados Unidos, enquanto Herbert Hoover se tornou anátema.

Em que pese a comparação de Biden, Donald Trump não é Hoover, que era um homem ilustrado, administrador público experiente, tinha reservas às tarifas e pegou o país já com uma crise em gestação. Mas o atual presidente caminha numa trilha já malsucedida de desmonte do sistema internacional de comércio, dando sustos nos mercados globais com suas idas e vindas e dobrando dia após dia a aposta de confronto com a China, a segunda maior economia do planeta – e uma ditadura, onde o povo não pode dizer nas urnas que o governante está errado. Caso pague para ver, pode jogar seu país e mundo numa crise séria e ter o destino de Hoover, que, pensando bem, ainda foi melhor que o de McKinley.

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