Movimento de Zuckerberg é adesão ao trumpismo, diz Pablo Ortellado
Pablo Ortellado: “A Meta está anunciando várias mudanças no seu processo de moderação que incluem regras muito mais lenientes para publicações envolvendo gênero e imigração. Ela vai deslocar as equipes de moderação da Califórnia (estado americano progressista) para o Texas (estado conservador). A medida pretende pôr fim ao viés ‘esquerdista’ da moderação de conteúdo, mas provavelmente vai apenas trocá-lo por um viés ‘direitista’. A Meta vai abandonar seu programa de parceria com empresas de fact-checking. A big tech também vai alterar seu algoritmo para voltar a priorizar conteúdos políticos, se os usuários optarem por isso. Essa última medida, que não tem sido destacada em análises, vai ter enorme impacto na polarização política. Desde 2017, a companhia alterou algumas vezes seu algoritmo para diminuir o alcance de conteúdos políticos, enquanto ampliava o alcance de conteúdos pessoais direcionados a família e amigos. Pesquisas mostraram que a despeito do desestímulo do algoritmo, os conteúdos políticos explodiram na plataforma. Agora, com a retirada desse desestímulo, a presença de conteúdos políticos deve disparar ainda mais. Mas a medida de maior impacto é o anúncio de que a Meta vai fazer uma parceria com o novo governo para combater a regulação na Europa. Zuckerberg também disse que pretende combater práticas de censura judicial secreta na América Latina, o que deve ser lido como uma mensagem para o STF brasileiro, que tem sido opaco em suas medidas de suspensão de contas de usuários”. (Globo)