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Meta abandona verificação de fatos e Zuckerberg acena a Trump

Aproximando-se do presidente eleito Donald Trump, Mark Zuckerberg anunciou que a Meta encerrará o programa de checagem de fatos em suas plataformas para “restaurar a liberdade de expressão”. Ele será substituído por um sistema de “notas de comunidade” semelhante ao utilizado pelo X, de Elon Musk. Com a mudança, os próprios usuários adicionam notas às publicações, contextualizando conteúdos enganosos ou polêmicos. O CEO da Meta afirmou em vídeo que a mudança visa reduzir erros e censura, repetindo um discurso da extrema direita sobre o trabalho de fact-checking e moderação de conteúdo, e disse que a empresa trabalhará em parceria com o governo Trump. “Vamos voltar às nossas raízes e nos concentrar em reduzir erros, simplificar nossas políticas e restaurar a liberdade de expressão em nossas plataformas.” Além de criticar o governo de Joe Biden por ter, segundo ele, perseguido as companhias do Vale do Silício, criticou a Europa por leis que institucionalizam a censura e a América Latina por suas “Cortes secretas” que obrigam empresas a derrubarem conteúdos, em referência velada ao Brasil. Trump elogiou o anúncio e, perguntado se acreditava que Zuckerberg estaria respondendo diretamente a ameaças feitas pelo presidente eleito no passado, respondeu: “Provavelmente”. (CNBC)

Dono do X, Musk classificou a mudança como “incrível”. Políticos brasileiros de direita também celebraram a decisão. “Zuckerberg detona Alexandre de Moraes sem citá-lo. O dono da Meta cita América Latina dizendo que comumente tribunais censuram silenciosamente, sem que os usuários saibam. O efeito de Donald Trump só está começando e muito mais fatos serão revistos. Aguardem. A esquerda vai sucumbir!”, postou o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). (UOL)

Reservadamente, membros do Supremo Tribunal Federal rechaçaram a afirmação sobre “Cortes secretas” e reiteraram a transparência de suas decisões. Além disso, avaliaram que o embate recente do tribunal com Musk impôs novas barreiras para a circulação de desinformação e pode ter inibido a Meta de fazer uma mudança no Brasil. Já o advogado-geral da União, Jorge Messias, disse que a decisão intensifica a “desordem informacional” e reforça a necessidade de uma nova regulamentação das redes sociais no país. (Globo)

O secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação, João Brant, criticou o anúncio, afirmando que a Meta vai dar “total peso à liberdade de expressão individual” e deixará de “proteger direitos individuais e coletivos”, abrindo espaço para o que chamou de “ativismo da extrema direita”. (g1)

Embora a Meta tenha anunciado que as mudanças ocorrerão inicialmente apenas nos Estados Unidos, o Ministério Público Federal vai oficiar a plataforma para verificar se as novas regras serão implementadas no Brasil. (CNN Brasil)

Robert Reich: “Zuckerberg descartou a verificação de fatos das plataformas Meta. Ele também incluiu Dana White, aliado de Trump, ao conselho da Meta e está ajudando a financiar sua posse. Por que ele está beijando o anel de Trump? Talvez seja por causa do processo antitruste da FTC (Federal Trade Commission) contra sua empresa. Siga o dinheiro”. (X)

Chris Stokel-Walker: “As decisões de poucas pessoas importam mais do que as de Zuckerberg. O que no início dos anos 2000 era uma busca online pitoresca por diversão se tornou a ‘praça pública de fato’, para usar palavras de Musk. Aonde a Meta vai, o mundo — online e offline — segue. E a Meta acaba de decidir dar uma guinada drástica e dramática no freio de mão para a direita”. (Guardian)

Brian Stelter: “A Meta está claramente tentando se aproximar da nova administração. Zuckerberg, abordando dois temas populares de direita, disse que a empresa vai ‘se livrar de um monte de restrições em tópicos como imigração e gênero que estão fora de sintonia com o discurso mainstream’”. (CNN)

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