De olho na concorrência ao Oscar
Se você está totalmente na torcida por Ainda Estou Aqui no Oscar, é bom saber um pouco mais sobre os filmes que concorrem com o longa de Walter Salles, indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Filme de Língua Estrangeira e, claro, Melhor Atriz, pela interpretação de Fernanda Torres, que já levou o Globo de Ouro.
Quase todos os filmes que concorrem com o brasileiro poderão ser vistos no cinema ou nas plataformas de streaming até a data da cerimônia do Oscar, que acontece em 2 de março, um domingo de Carnaval. Por isso preparamos um pequeno guia para você conseguir se programar.
Anora, de Sean Baker.
Vencedor da Palma de Ouro em Cannes no ano passado, é uma história de Cinderela moderna. O filme acompanha Ani (Mikey Madison), uma dançarina erótica de Brighton Beach, Nova York, que se casa com Ivan (Mark Eidelshtein), filho mimado de um oligarca russo. A trama se divide em duas partes: a primeira, que apresenta o universo luxuoso e irresponsável de Ivan, e a segunda, que explode em humor e tensão quando a família de Ivan tenta anular o casamento. Com uma estética que alterna entre luzes neon e tons diurnos, Anora equilibra comédia, drama e crítica social.
Indicações no Oscar: Melhor Filme, Melhor Atriz (Mikey Madison), Melhor Direção (Sean Baker), Melhor Ator Coadjuvante (Yura Borisov), Melhor Roteiro Original e Melhor Montagem.
Onde assistir: em cartaz nos cinemas.
O Brutalista, de Brady Corbet.
Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme de Drama e de Melhor Direção, é um épico de 3h36min que narra a trajetória de László Tóth (Adrien Brody), um arquiteto húngaro judeu que migra para os EUA no pós-Segunda Guerra Mundial. Apesar de sua genialidade no movimento arquitetônico brutalista, Tóth enfrenta miséria, preconceito e vícios até ser descoberto por um magnata (Guy Pearce), que o contrata para um projeto ambicioso. O Brutalista explora a ascensão e queda do protagonista, sua luta por reconhecimento e a subversão de sua arte como reparação histórica.
Indicações no Oscar: Melhor Filme, Melhor Direção (Brady Corbet), Melhor Ator (Adrien Brody), Melhor Ator Coadjuvante (Guy Pierce), Melhor Atriz Coadjuvante (Felicity Jones), Melhor Roteiro Original, Melhor Montagem, Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Design de Produção.
Onde assistir: em cartaz nos cinemas.
Um Completo Desconhecido, de James Mangold.
Timothée Chalamet encarna Bob Dylan nessa cinebiografia do maior poeta da música americana. Com um roteiro escrito por James Mangold e Jay Cokes com base no livro Dylan Goes Electric, de Elijah Wald, o filme do mesmo diretor de Johnny & June pinta um Dylan obcecado pela música. Talvez por isso o ator apareça em cena quase o tempo todo, capturando com maestria todos os detalhes físicos e os trejeitos de Bob Dylan, numa atuação hipnotizante. Um dos trunfos do filme vem da direção de Mangold, que fez o ator cantar de verdade, o que imprime uma autenticidade que não se vê sempre em cinebiografias.
Indicações no Oscar: Melhor Filme, Melhor Ator, (Timothée Chalamet), Melhor Ator Coadjuvante (Edward Norton), Melhor Atriz Coadjuvante (Monica Barbaro), Melhor Direção (James Mangold), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Figurino e Melhor Som.
Onde assistir: estreia nos cinemas em 27 de fevereiro.
Conclave, de Edward Berger.
O diretor vencedor do Oscar por Nada de Novo no Front recria a tensão e o suspense por trás da eleição de um novo papa, adaptando o livro de Robert Harris. O filme mergulha no ambiente fechado e intrigante do Vaticano, onde cardeais de todo o mundo se reúnem para escolher o próximo líder da Igreja Católica. A trama ganha contornos de thriller político com a morte repentina do papa, a revelação de segredos e a chegada de um misterioso cardeal mexicano. Ralph Fiennes, no papel de um cardeal responsável por organizar a votação, está brilhante ao transitar entre disputas internas e manobras nos bastidores.
Indicações no Oscar: Melhor Filme, Melhor Ator (Ralph Fiennes), Melhor Atriz Coadjuvante (Isabella Rossellini), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Montagem, Melhor Figurino, Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Design de Produção.
Onde assistir: em cartaz nos cinemas.
Duna Parte 2, de Denis Villeneuve.
O diretor mantém a abordagem centrada em Paul Atreides (Timothée Chalamet), priorizando seu conflito interno e jornada messiânica em detrimento de elementos políticos e arcos de personagens coadjuvantes. O filme expande a cultura Fremen, explorando temas como fanatismo religioso, tribalismo e profecias, com cenas perturbadoras e ritualísticas que envolvem alucinações e previsões. Visualmente, é uma obra-prima, com a fotografia transformando o deserto de Arrakis em um personagem vivo e o mundo Harkonnen em um cenário monocromático e cruel. As cenas de ação intensificam a experiência épica, e tornam o filme uma celebração da ficção científica e da fantasia.
Indicações no Oscar: Melhor Filme, Melhor Fotografia, Melhor Som, Melhores Efeitos Visuais, Melhor Design de Produção.
Onde assistir: Max (streaming), Apple TV, Prime Video e YouTube Movies (aluguel).
Emilia Pérez, de Jacques Audiard.
O filme que tem tido a disputa mais polêmica com Ainda Estou Aqui mistura thriller e musical em uma narrativa surpreendente e hipnotizante. Acompanha Rita (Zoe Saldaña), uma advogada subestimada recrutada pelo chefe do narcotráfico mexicano Juan “Manitas” Del Monte (Karla Sofía Gascón) para ajudá-lo em sua transição de gênero e desaparecimento do mundo do crime, assumindo a identidade de Emilia Pérez. Com números musicais inteligentes e coreografias discretas, o filme aborda temas como identidade de gênero, preconceito e redenção, enquanto explora a complexidade psicológica de seus personagens.
Indicações no Oscar: Melhor Filme, Melhor Filme de Língua Estrangeira, Melhor Atriz (Karla Sofía Gascón), Melhor Atriz Coadjuvante (Zoe Saldaña) Melhor Direção (Jacques Audiard), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Montagem, Melhor Fotografia, Melhor Cabelo e Maquiagem, Melhor Som, Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Canção Original (El Mal e Mi Camino).
Onde assistir: estreia nos cinemas em 6 de fevereiro.
Flow – À Deriva, de Gints Zilbalodis.
Única animação indicada a Melhor Filme de Língua Estrangeira nessa edição do Oscar, é bastante minimalista. A história acompanha um grupo de animais — um gato independente, um cachorro brincalhão, uma garça orgulhosa, uma capivara e um lêmure — que, após uma inundação devastadora, embarcam juntos em uma jornada de sobrevivência em um mundo pós-humano repleto de ruínas e elementos fantásticos. Sem diálogos, o filme explora a natureza instintiva dos animais, combinando humor, tensão e descobertas, enquanto a animação em 3D, com texturas chapadas e cores desbotadas, cria uma atmosfera misteriosa e envolvente.
Indicações no Oscar: Melhor Filme de Língua Estrangeira e Melhor Animação.
Onde assistir: estreia nos cinemas em 20 de fevereiro.
A Garota da Agulha, de Magnus von Horn.
Um conto de fadas sombrio e perturbador inspirado no expressionismo alemão, que retrata a luta de Karoline (Vic Carmen Sonne), uma jovem grávida e abandonada na Copenhague pós-Primeira Guerra Mundial. Após ser rejeitada pelo pai de seu filho e perder seu emprego como costureira, Karoline é lançada em uma espiral de miséria e isolamento, vivendo em condições sub-humanas. O filme, em preto e branco, explora temas como a crueldade social, o patriarcado e a luta pela sobrevivência, enquanto a protagonista tenta encontrar luz em meio ao caos.
Indicações no Oscar: Melhor Filme de Língua Estrangeira.
Onde assistir: Mubi (streaming) e Apple TV (aluguel).
Nickel Boys, de RaMell Ross.
Baseado no livro de Colson Whitehead, retrata a história real da Dozier School, um reformatório na Flórida marcado por abusos, segregação e violência. Ambientado em 1962, o longa acompanha Elwood Curtis (Ethan Herisse), um jovem negro injustamente enviado para a Nickel Academy, onde enfrenta brutalidade e exploração. A narrativa em primeira pessoa aproxima o espectador da experiência traumática de Elwood e de outros internos, como Turner (Brandon Wilson), enquanto saltos temporais revelam as consequências desses eventos. Com uma abordagem crua, explora temas como racismo, abuso infantil e resiliência.
Indicações no Oscar: Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado.
Onde assistir: sem previsão de estreia no Brasil.
A Semente do Fruto Sagrado, de Mohammad Rasoulof.
Em Teerã, durante uma crise política, Iman, um novo juiz de instrução, luta contra a paranoia e o esgotamento mental. Quando sua arma desaparece, ele suspeita de sua família e impõe medidas extremas, prejudicando os laços familiares. A trama explora poder, desconfiança e os efeitos psicológicos de crises sociais. Iman tenta equilibrar seu papel profissional com as consequências de suas escolhas pessoais. O desaparecimento da arma revela segredos e o impacto de sua paranoia nas relações familiares. A história questiona os limites da pressão sobre um indivíduo e seus efeitos na dinâmica familiar durante crises.
Indicações no Oscar: Melhor Filme de Língua Estrangeira.
Onde assistir: em cartaz nos cinemas.
A Substância, de Coralie Fargeat.
O filme que transcende o rótulo de terror para explorar medos contemporâneos de forma visceral e crítica. Centrado na personagem Elisabeth Sparkle (Demi Moore), uma estrela da aeróbica dos anos 1980 enfrentando o declínio de sua carreira, o longa aborda temas como o narcisismo, a ditadura da beleza, o envelhecimento e a relação entre criador e criatura, ecoando clássicos como Frankenstein e O Retrato de Dorian Gray. Com uma estética que homenageia o cinema experimental e mestres como David Cronenberg, Brian De Palma e Stanley Kubrick, o filme combina horror corporal e crítica social. Além disso, marca a melhor atuação da carreira de Demi Moore, tornando-se uma experiência cinematográfica ousada e reflexiva, que vai muito além do gênero de terror.
Indicações no Oscar: Melhor Filme, Melhor Atriz (Demi Moore), Melhor Direção (Coralie Fargeat), Melhor Roteiro Original e Melhor Cabelo e Maquiagem.
Onde assistir: Mubi (streaming) e Apple TV (aluguel).
Wicked, de Jon M. Chu.
Baseado no musical da Broadway, é um prelúdio à história do Mágico de Oz. Elphaba, uma jovem de pele verde, e Glinda, uma garota popular e privilegiada, se tornam amigas improváveis na Universidade de Shiz. Suas diferenças de personalidade e objetivos afetam seu relacionamento e como são vistas em Oz. A história explora as origens da Bruxa Boa e da Bruxa Má do Oeste, revelando eventos que precedem a chegada de Dorothy. Cinemão hollywoodiano que surfa no carisma pop de Ariana Grande.
Indicações no Oscar: Melhor Filme, Melhor Atriz (Cynthia Erivo), Melhor Atriz Coadjuvante (Ariana Grande) Melhor Montagem, Melhor Som, Melhor Trilha Sonora Original, Melhores Efeitos Visuais, Melhor Figurino e Melhor Design de Produção.
Onde assistir: em cartaz nos cinemas e Apple TV, Prime Video e YouTube Movies (aluguel).