Campos Neto: para ter juros mais baixos no longo prazo, é preciso fazer um choque fiscal
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a relacionar períodos da história recente do Brasil nos quais houve melhora na percepção fiscal a uma queda mais consistente dos juros, destacando que, para que o país consiga conviver com taxas mais baixas de maneira duradoura, é preciso que haja um choque positivo. “Toda vez que o Brasil conseguiu cortar os juros nos últimos anos e mantê-los baixos por algum tempo, tivemos medidas fiscais que permitiram isso”, apontou, lembrando do primeiro mandato do presidente Lula, quando o governo entregou superávits consecutivos, e da aprovação do teto de gastos no governo de Michel Temer. Para o presidente do BC, há uma falta de confiança em parte do mercado de que o arcabouço fiscal conseguirá entregar suas promessas. “Está ficando claro que, se o Brasil quiser ter juros baixos de modo estrutural, precisa criar algum tipo de choque fiscal positivo.” (Valor)
O mercado financeiro prevê que a inflação deve ser um pouco maior neste ano, segundo o Boletim Focus divulgado ontem pelo BC. A estimativa do IPCA subiu pela terceira semana seguida, de 4,39% para 4,50% — no limite da meta, cujo centro é 3%, podendo variar 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Apesar do avanço na expectativa de inflação, não houve mudança na previsão para a Selic deste ano: 11,75%. Para 2025, a taxa básica de juros esperada passou de 11% para 11,25%. Os analistas elevaram também a expectativa para o PIB, de 3,01% para 3,05%. (g1)