Aras facilitou movimento golpista, diz procurador
Responsável por acompanhar, no Ministério Público Federal em Brasília, as providências de autoridades de segurança pública em relação às manifestações contra o resultado das eleições presidenciais de 2022, o procurador da República Anselmo Cordeiro Lopes afirma, em despacho do último dia 25, que Augusto Aras, procurador-geral da República no governo de Jair Bolsonaro, contribuiu para que o avanço da trama golpista. Semanas antes do 8 de Janeiro, a primeira instância do MPF na capital recomendou que os órgãos de segurança agissem para evitar manifestações violentas e monitorassem “conjuntamente e continuamente” possíveis pontos de tensão. Mas, segundo o despacho de Lopes, conta Rodrigo Rangel, Aras impediu que o documento chegasse às autoridades militares que deveriam cumprir as medidas. O então PGR ordenou que a recomendação fosse devolvida por extrapolar as atribuições dos procuradores de primeira instância que a assinavam. Aras também mandou encerrar grupos de trabalho montados para monitorar os movimentos golpistas. No despacho, Lopes solicita, via PGR, o compartilhamento das provas obtidas nas apurações do Supremo Tribunal Federal contra Bolsonaro e generais das Forças Armadas. (Metrópoles)
Presença de diplomatas em reunião golpista gera mal-estar no Itamaraty
O vídeo da reunião em que a cúpula do governo de Jair Bolsonaro debateu a “dinâmica golpista” mostra a presença de embaixadores brasileiros. Fernando Simas, então secretário-geral do Itamaraty, era um dos presentes na sala, assim como o embaixador André Chermont de Lima, chefe do cerimonial da presidência. E isso gerou um mal-estar e acusações dentro do Itamaraty, conta Jamil Chade. Parte dos diplomatas exigem que a instituição se distancie de qualquer ato ou trama pró-golpe, posicionando-se. Outra parte questiona o motivo de os embaixadores, funcionários de Estado, não terem denunciado o conteúdo antidemocrático do encontro de 5 de julho de 2022. Parte da indignação se refere ao fato de Simas ter sido transferido pelo governo Lula e hoje é o representante do Brasil em Haia, inclusive para os debates e processos no Tribunal Penal Internacional. Já Chermont é cônsul-geral em Tóquio. (UOL)
Venezuela expulsa agência de direitos humanos da ONU
O governo do presidente Nicolás Maduro determinou nesta quinta-feira que a agência de direitos humanos da ONU saia da Venezuela. A medida extraordinária reduz a supervisão estrangeira no país, que tem sido acusado de intensificar a repressão contra a oposição. O anúncio do ministro das Relações Exteriores, Yvan Gil, ocorre dias depois da detenção e desaparecimento temporário de Rocío San Miguel, uma proeminente especialista em segurança e defensora dos direitos humanos. Após sua detenção, várias entidades das Nações Unidas emitiram declarações online expressando preocupação e classificando a situação como parte de um padrão do governo para tenta silenciar os críticos por meio da intimidação. Gil deu 72 horas aos funcionários do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos para “abandonar” o país. (New York Times)
Empresários pressionaram Bolsonaro a ‘virar o jogo’, disse Cid em delação
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, afirmou em sua delação homologada pela Polícia Federal, que os empresários Luciano Hang, dono da Havan, e Meyer Nigri, fundador da Tecnisa, pressionaram o então presidente para que o Ministério da Defesa produzisse um relatório “mais duro” sobre o processo eleitoral com o objetivo de “virar o jogo”. A conversa, conta Paulo Cappelli, ocorreu em novembro de 2022. Em janeiro, Hang foi condenado a pagar mais de R$ 85 milhões por coagir os empregados da Havan a votarem em Bolsonaro em 2018.
‘Pessoal está criando muita coisa’, diz Tarcísio sobre investigação de Bolsonaro
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta quinta-feira que não vê elementos que justifiquem a responsabilização de Jair Bolsonaro, investigado por envolvimento em uma trama golpista. Ele disse que muita coisa está sendo criada e reafirmou que estará sempre ao lado do ex-presidente. “Sinceramente, eu não consigo ver — e essa não é uma opinião minha, tem muitos juristas divididos — nada que traga uma responsabilização para ele (Bolsonaro). Não vejo. Acho que o pessoal está criando muita coisa. Com o tempo, tudo vai ser esclarecido. Confio muito num cara que eu aprendi a admirar, que eu trabalhei junto, que a única coisa que eu vi nesse tempo todo que eu trabalhei com ele foi preocupação com as pessoas, mais nada. Vou estar junto dele. Sempre”, afirmou. “Uma coisa que a gente tem que entender: lealdade e gratidão não vão embora nunca. Eu vou estar do lado do Bolsonaro seja em que momento for.” (Globo)
Aliados de peso desistem ou silenciam sobre ato pró-Bolsonaro na Paulista
O ato convocado por Jair Bolsonaro na Avenida Paulista, em São Paulo, no próximo dia 25, ainda não animou alguns dos principais líderes políticos que estiveram a seu lado nas eleições de 2022. De 20 lideranças procuradas pela Folha, apenas três confirmaram presença —o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e os senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Marcos Pontes (PL-SP). Quatro já afirmaram que não comparecerão: as senadoras Tereza Cristina (PP-MS) e Damares Alves (Republicanos-DF) e os governadores Jorginho Mello (PL-SC) e Antonio Denarium (PP-RR). Os demais não responderam ou disseram que ainda não definiram a agenda. Entre os que não responderam estão o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o prefeito paulistano Ricardo Nunes (MDB-SP), o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e os governadores Ibaneis Rocha (MDB-RF), Cláudio Castro (PL-RJ), Mauro Mendes (União Brasil-MT), Marcos Rocha (União Brasil-RO), Ratinho Junior (PSD), Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e Wilson Lima (União Brasil-AM). (Folha)
Justiça marca para março o primeiro julgamento criminal de Trump
Numa derrota para o ex-presidente Donald Trump, a Justiça de Nova York rejeitou o pedido de arquivamento do processo a que ele responde por fraude fiscal e marcou para 25 de março o início do julgamento. Trump é acusa de maquiar sua contabilidade para esconder pagamentos à ex-atriz pornô Stormy Daniels em troca do silêncio dela sobre um relacionamento extraconjugal entre ambos. Esse será o primeiro julgamento criminal do ex-presidente, e analistas acreditam que uma eventual condenação tenha forte impacto sobre suas pretensões de voltar para a Casa Branca. Neste momento, Trump avança praticamente sem rivais pelas primárias do Partido Republicano. (BBC)
Tropas israelenses invadem o último grande hospital de Gaza
Israel anunciou nesta quinta-feira que suas forças especiais invadiram o Hospital Nasser, última grande unidade de saúde a funcionar na Faixa de Gaza. A invasão, sob a justificativa de “prender suspeitos”, aconteceu após dias de cerco ao prédio e a expulsão de centenas de refugiados palestinos abrigados no hospital. Israel afirma que o grupo terrorista Hamas “se esconde atrás de pacientes”, enquanto os extremistas islâmicos negam ter qualquer atuação no hospital. Em nota, a ONG Médicos Sem Fronteiras, que atua no Nasser, exigiu o fim imediato do ataque israelense, disse que seus profissionais tiveram de deixar às pressas o prédio e relatou a existência de mortos na ação, o que não foi confirmado por fontes independentes. (CNN)
PF quer investigar omissão de comandantes que não aderiram ao golpe
Embora as investigações que precederam a Operação Tempus Veritatis indiquem que os ex-comandante do Exército e da FAB, general Freire Gomes e brigadeiro Baptista Junior, recusaram-se a aderir a uma tentativa de golpe, a Polícia Federal quer apurar uma eventual omissão desses oficiais. “Considerando a posição de agentes garantidores, é necessário avançar na investigação [...] pelo fato de terem tomado ciência dos atos que estavam sendo praticados para subverter o regime democrático e mesmo assim, quedaram-se inertes”, diz o relatório da PF. (g1)
No Egito, Lula volta a criticar ação israelense em Gaza
Em seu primeiro dia de compromissos oficiais no Egito, o presidente Lula voltou a criticar a invasão israelense à Faixa de Gaza, iniciada após os ataques do grupo terrorista Hamas, em 7 de outubro, e reclamou da falta de poder da ONU para impor suas resoluções. “A única coisa que se pode fazer é pedir paz pela imprensa, mas me parece que Israel tem a primazia de descumprir, ou melhor, de não cumprir nenhuma decisão emanada da direção das Nações Unidas”, disse Lula, ao lado do presidente egípcio Abdul Fatah Khalil al-Sisi. O brasileiro defendeu ainda a reforma do Conselho de Segurança da ONU, com mais voz para “países que não fomentam a guerra”. (Poder360)