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Guerra comercial provoca pânico nos mercados

Foto: Timothy A. Clary/AFP

A reafirmação pelo governo dos Estados Unidos da imposição de tarifas comerciais generalizadas e a reação da China lançaram os mercados internacionais em queda livre neste fim de semana, dando eco a críticas até mesmo entre apoiadores do presidente Donald Trump. No domingo, o Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista Chinês, publicou um editorial afirmando que o país tem uma “forte capacidade de enfrentar a pressão do bullying tarifário dos EUA”, indicando que Beijing não vai recuar da imposição de tarifas retaliatórias de 34% sobre os produtos americanos. A bolsa de Frankfurt, na Alemanha, abriu nesta segunda-feira em queda de 9%, enquanto o índice FTSE, de Londres, recuava 5%. A situação na Ásia foi ainda pior, com a Bolsa de Tóquio tendo de acionar o circuit breaker (a interrupção das operações diante um movimento extremos nos negócios) quando o índice Nikkei 225 desabou 12,4% – ao fim do pregão, a queda foi de 7,68%, com a gigante Sony caindo 10%. Na China, a situação não foi diferente. As ações da Alibaba afundaram 14%, contribuindo para que as bolsas de Xangai e Hong Kong fechassem em baixas de, respectivamente, 7,3% e 13,22%. (CNN)

E a perspectiva para o mercado americano também é de terra arrasada, com os índices futuros desabando e prenunciando o pior para as operações nesta segunda-feira. Os contratos do S&P 500 apontavam uma queda de 4,7%, enquanto os da Nasdaq, mais voltada para tecnologia, caíram 5,2%. O banco de investimento Goldman Sachs elevou de 35% para 45% a possibilidade de a economia americana entrar em recessão, ao que Donald Trump respondeu dizendo que “às vezes é preciso tomar um remédio para consertar algo errado”. (Financial Times)

Em publicação no X, o bilionário e investidor Bill Ackman, um dos mais ardorosos defensores de Trump em Wall Street, reclamou das tarifas, afirmando que elas quebram a confiança do comércio internacional e desestimulam os investimentos externos nos EUA. “Qual CEO se sentiria confortável para fazer grandes investimentos de longo prazo em nosso país no meio de uma guerra nuclear comercial?”, indagou, pedindo que o presidente adie por 90 dias a cobrança das tarifas a fim de negociar com parceiros comerciais. (X)

O fim de semana em Wall Street foi de pouco descanso e de muita raiva, ansiedade, frustração e medo. A não ser pelo pânico no início da pandemia em 2020, a velocidade do declínio do mercado na semana passada, quando as ações caíram 10% em apenas dois dias, só foi superada pelo colapso do Lehman Brothers em 2008. A diferença em relação à última crise é que, em vez de contar com o governo para juntar os pedaços, o setor financeiro vê pouca esperança de um resgate imediato. “A dor é auto infligida” por Trump, disse Mike Edwards, consultor de um investidor privado, que passou o fim de semana em ligações com outros investidores. (New York Times)

Autoridades do governo Trump bombardearam as redes de televisão no domingo para defender as tarifas, alegando que os impostos de importação já estão forçando dezenas de países a se sentarem à mesa de negociações. Segundo a secretária de Agricultura, Brooke Rollins, em entrevista à CNN, 50 países estavam “queimando as linhas telefônicas para a Casa Branca” a fim de negociar com o presidente. Já o conselheiro sênior da Casa Branca Peter Navarro pediu na Fox News, que a população e os investidores “não entrem em pânico”, e o secretário do Tesouro, Scott Bessent, falando à NBC, rejeitou as previsões de economistas e bancos de que haverá uma recessão. (Washington Post)

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Vilões de topete

Spacca

Pesquisa da Quaest divulgada no domingo mostra que 56% dos brasileiros são contrários à anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023, enquanto 34% defendem que os presos sejam soltos. O segundo grupo, porém, se divide em dois: 18% acreditam que as prisões nem deveriam ter ocorrido. E 16% entendem que elas já duram tempo demais. O restante (10%) não sabe ou não respondeu. Entre os eleitores de Bolsonaro, 61% defendem a anistia. Os que votaram branco, nulo ou não compareceram são 31%. Junto aos eleitores de Lula a ideia tem o apoio de 15%. Em relação ao envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a percepção não se alterou em comparação à pesquisa divulgada em dezembro: 49% dos brasileiros continuam acreditando que o ex-presidente participou da tentativa de golpe, enquanto 35% dizem que não. (g1)

Outra pesquisa, mostra que Bolsonaro, declarado inelegível pelo TSE, deveria desistir de tentar disputar as próximas eleições na opinião de 67% dos entrevistados, contra 28% que defendem sua estratégia. Há uma divisão sobre quem deveria substitui-lo como nome da direita em 2026. A ex-primeira-dama Michele Bolsonaro (PL) é preferida 23%, empatada tecnicamente com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com 21%. (Folha)

Enquanto isso, apoiadores de Bolsonaro participaram de um ato na Avenida Paulista, em São Paulo, para pedir anistia aos golpista. Além do ex-presidente e de Tarcísio, compareceram os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), o do Paraná, Ratinho Junior (PSD); do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil); de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), do Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil); e de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), além de parlamentares. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que chamou os ministros do Supremo Tribunal Federal de “ditadores de toga”. (g1)

O Monitor do Debate Político do CEBRAP e a ONG More in Common calcularam 44,9 mil pessoas na manifestação.  A contagem foi feita no momento de pico, às 15h44, a partir de fotos aéreas analisadas com software de inteligência artificial. Na manifestação pela anistia, em 16 de março, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, foram contabilizadas 18,3 mil pessoas. (Meio)

Octávio Guedes: “Uma das principais sinalizações políticas do ato pela anistia aos envolvidos no 8 de janeiro foi a de que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), entrou no radar dos bolsonaristas. O ataque coube ao pastor Silas Malafaia, organizador do encontro. Em seu discurso, ele chamou Hugo Motta de ‘vergonha da Paraíba’. O parlamentar havia prometido que apresentaria o requerimento para urgência da votação do projeto da anistia no fim de março, mas não cumpriu a promessa, porque não conseguiu a assinatura dos líderes partidários”. (g1)

Meio em vídeo. No Diálogos com a Inteligência, Christian Lynch recebe Rodrigo Oliveira, historiador e analista político. No papo, Rodrigo explica sobre o que é o tal “lugar de fala” diante de aspectos políticos e da sociedade, além de explicar como o identitarismo influencia no campo político, tanto na esquerda, quanto na direita.  O Diálogos com a Inteligência é uma parceria da Insight, editora da revista Insight Inteligência, com o Meio. (YouTube)

Construir pensamento crítico exige disposição para ouvir o que incomoda. Num país cada vez mais polarizado, buscar informação plural é um ato de responsabilidade. Porque ouvir os dois lados não é relativizar a verdade. É defender a democracia. E o Meio acredita muito nisso: na manutenção do diálogo para garantia do estado democrático de direito. Quer ver na prática o que estamos falando? Assine o Meio Premium e delicie-se com nossas reportagens especiais da Edição de Sábado, que trazem vozes diversas para você navegar pelo que realmente importa. Você também terá acesso a outros benefícios, como nosso catálogo diferenciado do streaming. Vem pro Meio.

Viver

O papa Francisco fez sua primeira aparição pública desde que recebeu alta do hospital Gemelli, em Roma, há duas semanas. O pontífice cumprimentou a multidão na Praça São Pedro, no Vaticano, neste domingo, sentado em uma cadeira de rodas e usando o que parecia ser uma cânula nasal para auxiliar sua respiração. Além de parecer estar de bom humor, Francisco demonstrou estar com melhor saúde do que quando foi visto publicamente pela última vez, quando lutava para falar e levantar os braços em aceno aos fiéis. (CNN)

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Milhares de espanhóis foram às ruas para protestar contra a especulação imobiliária e exigir moradias acessíveis. De acordo com os organizadores, 150 mil pessoas compareceram às manifestações em Madri e outras 40 cidades pelo país. O sindicato dos inquilinos de Madri afirma que 1,4 milhão de famílias espanholas gastam mais de 30% de sua renda em moradia. A especulação imobiliária e apartamentos turísticos elevaram o custo dos aluguéis. Estatísticas oficiais apontam que há pelo menos 15 mil apartamentos turísticos ilegais em Madri. (Guardian)

Faltando pouco mais de sete meses para a realização da COP30, em Belém, pesquisadores alertam para os riscos ambientais que duas obras para a construção de estradas representam para as poucas unidades de conservação ainda existentes no Pará. Uma delas atravessa uma área onde existem mais de 800 espécies, algumas delas ameaçadas de extinção. A outra passa pelo Parque Ambiental Gunnar Vingren, onde há dezenas de espécies da flora e fauna. Segundo o governo, o objetivo das obras é escoar o trânsito na capital paraense, que receberá uma alta demanda de visitantes. (UOL)

Cultura

O cineasta Walter Salles revelou seu novo projeto em um workshop do Instituto de Cinema de Doha, no Catar: uma série documental de cinco partes sobre o jogador de futebol e ativista político brasileiro Sócrates. “É sobre migração interna no Brasil desde o começo. Então se torna um projeto sobre futebol, e como ele logo percebeu que o futebol era um veículo extraordinário para transformação política”, explica. A expectativa é que o projeto seja concluído ainda esse ano. O diretor também conta que o filme vencedor do Oscar Ainda Estou Aqui foi “adotado por jovens gerações de brasileiros”. Eles “foram às redes sociais para narrar suas próprias histórias e as histórias de suas famílias durante a ditadura no Brasil”. (Variety)

Bruce Springsteen anunciou o lançamento de Tracks II: The Lost Albums, uma coletânea de sete álbuns com 83 músicas, 74 delas nunca lançadas de maneira oficial. As músicas foram compostas e gravadas entre 1983 e 2018, tendo sido finalizadas durante a pandemia, quando o músico decidiu concluir e organizar o conteúdo. Entre o material, estão Streets of Philadelphia Sessions, álbum que chegou a ser finalizado nos anos 1990, mas engavetado por Springsteen; e Perfect World, único disco montado durante a curadoria da coletânea. O box chega às lojas e plataformas digitais no dia 27 de junho. (Rolling Stone)

Aproveitando-se de obras de restauração, a casa onde Jorge Amado (1912-2001) viveu até os 18 anos, em Ilhéus (BA), foi atacada por assaltantes na sexta-feira. De acordo com a prefeitura da cidade, os criminosos levaram aparelhos eletrônicos e quebraram vitrines. Por sorte, a maior parte do acervo do imóvel, que funciona como centro de memória do escritor, estava emprestada à Câmara Municipal para uma exposição durante a restauração da casa. (Globo)

Cotidiano Digital

A Meta lançou neste sábado uma nova coleção de modelos de IA, o Llama 4, nas versões Scout, Maverick e Behemoth. Enquanto os dois primeiros estão disponíveis no Llama.com e nos parceiros da Meta, incluindo a plataforma de desenvolvimento de IA Hugging Face, o último ainda está em treinamento. A companhia afirma que o Meta AI, seu assistente com tecnologia de IA em aplicativos como WhatsApp, Messenger e Instagram, foi atualizado para usar o Llama 4 em 40 países. Por enquanto, os recursos multimodais estão limitados aos EUA e em inglês. Os pontos fortes do Scout estão em tarefas como resumo de documentos e raciocínio sobre grandes bases de código, chegando a 10 milhões de tokens, executado em uma única GPU Nvidia H100. (TechCrunch)

Já a Microsoft anunciou algumas novidades em seu serviço de IA, o Copilot. Entre elas está uma função que conclui tarefas online para o usuário usando apenas um prompt no bate-papo. Segundo a companhia, essas ações podem ser executadas em segundo plano, fazendo coisas como reservar restaurantes, ingressos para eventos e comprar itens, enquanto o usuário trabalha em outras atividades. Antes liberado apenas para web, agora o Copilot Vision também está disponível para Windows e dispositivos móveis nos sistemas Android e iOS, podendo analisar vídeos em tempo real de uma câmera móvel. (The Verge)

Um dia antes de uma proibição do TikTok entrar em vigor nos Estados Unidos, o governo Trump decidiu adiar a aplicação da lei por mais 75 dias. Com a extensão do prazo, o aplicativo continuará disponível no país até 19 de junho. “Minha Administração tem trabalhado muito duro em um acordo para salvar o TikTok, e fizemos um progresso tremendo”, afirma o presidente Donald Trump, em uma postagem em sua rede TruthSocial. O aplicativo teria sido banido neste sábado, caso descumprisse a lei que exige o desligamento da plataforma de sua controladora chinesa, a ByteDance. “O Acordo requer mais trabalho para garantir que todas as aprovações necessárias sejam assinadas”, explica Trump. (Mashable)

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