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Bolsonaro no banco dos réus

Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Pela primeira vez na história do Brasil, uma investigação por tentativa de golpe torna réus um ex-presidente e militares. Jair Bolsonaro e sete dos seus aliados mais próximos agora respondem a um processo penal que pode levá-los à prisão por até 43 anos. A decisão unânime foi proferida nesta quarta-feira pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Entre os agora réus, há cinco oficiais das Forças Armadas – os ex-ministros e generais do Exército Augusto Heleno, Walter Braga Netto e Paulo Sérgio Nogueira, o ex-comandante da Marinha e almirante de Esquadra Almir Garnier e o ex-ajudante de ordens e tenente-coronel do Exército Mauro Cid –, além de Bolsonaro, do também ex-ministro Anderson Torres e do deputado federal e ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem (PL-RJ). Os magistrados aceitaram a denúncia da Procuradoria-Geral da República com os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa, dano qualificado ao patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. Quatro ex-presidentes - Fernando Collor de Mello, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer - já foram réus, mas por crimes como organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro, e os casos acabaram rejeitados por falta de provas ou anulados por questões processuais. Veja momentos importantes do julgamento. (g1)

A decisão do Supremo abre caminho para julgar o mérito da denúncia contra o ex-presidente e seus asseclas até o fim do ano e evitar que o caso seja contaminado pelas eleições presidenciais de 2026. O recebimento da denúncia também impacta a situação política de Bolsonaro. Com o avanço do processo que pode levá-lo à cadeia, aliados se dividem sobre a antecipação da escolha de um outro candidato para a corrida eleitoral do próximo ano. Nessa nova fase do processo, os réus deverão apresentar provas, pedir perícias e selecionar testemunhas. Já a PGR terá o papel de comprovar a participação dos suspeitos na trama golpista. (Folha)

Alexandre de Moraes, relator do caso, disse não haver “nenhuma dúvida de que Bolsonaro conhecia, manuseava e discutiu a minuta do golpe”. Segundo a votar, Flávio Dino comparou a intentona golpista ao golpe civil-militar de 1964. “Golpe de Estado mata, não importa se no dia ou anos depois.” Luiz Fux acompanhou os colegas e formou maioria para a abertura da ação penal, mas divergiu de ambos em relação à pena de 14 anos para a cabeleireira Débora Santos, que escreveu “perdeu, mané” com batom na estátua em frente ao STF em 8 de janeiro. O ministro disse que vai revisar a dosimetria aplicada, alegando que “debaixo da toga bate o coração de um homem”. A decana Cármen Lúcia deu um voto contundente em defesa da democracia ao afirmar que “ditadura vive da morte da sociedade, da democracia, de seres humanos de carne e osso”. Presidente da turma, Cristiano Zanin votou por último e disse “considerar que há materialidade e indício de autoria”. (Jota)

Pouco após virar réu, Bolsonaro convocou a imprensa e falou por 49 minutos. Chamou de “grave e infundada” a acusação contra ele. Também disse que, se for preso, vai “dar trabalho”. Um dos argumentos (leia os principais) enfileirados para alegar inocência foi a ajuda que ele teria dado ao ministro da Defesa do presidente Lula, José Múcio, para que o mesmo conseguisse dialogar com os comandantes das Forças Armadas no período de transição de governo. Múcio disse que foi ao Palácio da Alvorada para uma reunião e foi “atendido em tudo”. O próprio ministro confirmou a informação em fevereiro deste ano. A entrevista foi interrompida por um militante petista tocando ao trompete a Marcha Fúnebre. (CNN Brasil)

A fábrica de memes que é o Brasil operou a pleno vapor. Ao assistir ao vídeo sobre o 8 de janeiro produzido pela equipe de Moraes, e exibido durante a sessão no Supremo, o humorista e apresentador Paulo Vieira disse no Instagram que “Xandão chamou o VAR”. No X, o bordão “grande dia”, de Bolsonaro, entrou nos trending topics com milhares de menções. Confira alguns dos memes postados. (Meio e Poder360)

Bernardo Mello Franco: “Na primeira fala pública após virar réu no Supremo, o ex-presidente exerceu o que juristas chamam de ‘jus sperniandi’. A brincadeira usa uma falsa expressão em latim para descrever o ‘direito de espernear’. É o que cabe aos acusados que não encontram mais álibis para se defender”. (Globo)

Francisco Leali: “No atual cenário, não há quem arrisque apostar que Bolsonaro consiga se livrar da condenação futura. O voto de Moraes e de seus pares são como a crônica de morte anunciada no campo jurídico. No político, o ex-presidente ainda tem passe livre: janelas virtuais para protestar, atos para participar e ruídos a fazer no futuro processo eleitoral de 2026, mesmo sendo inelegível”. (Estadão)

Laura Greenhalgh: “Vale lembrar que há outras frentes de investigação envolvendo o ex-presidente e aliados. Moraes não perdeu a chance de falar em fake news, no ‘gabinete do ódio’ e nas milícias digitais, alvos de inquéritos da PF. Há um universo a ser desvendado. Talvez Bolsonaro tenha se perguntado intimamente se fez bom negócio atacando o STF desde antes do início do seu governo”. (Folha)

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Fuad Noman (PSD), prefeito de Belo Horizonte, morreu nesta quarta-feira, aos 78 anos, após quase três meses internado devido a um grave quadro de insuficiência respiratória. Ele havia sido reeleito em outubro do ano passado e tomou posse remotamente, já debilitado. Servidor de carreira do Banco Central e economista, Noman só entrou na política em 2016, como parte da equipe de transição de Alexandre Kalil na prefeitura de BH. Foi secretário de Fazenda e vice-prefeito, assumindo a prefeitura quando Kalil renunciou. Em 2024, mesmo tratando um linfoma abdominal, disputou a reeleição e venceu, tornando-se o prefeito de capital mais idoso do país. O vice Álvaro Damião (União Brasil), interino desde janeiro, assume o cargo em definitivo. (Globo)

Donald Trump prometeu implementar uma tarifa de 25% sobre as importações de automóveis, expandindo a guerra comercial do seu segundo mandato e preparando o terreno para uma pressão ainda maior sobre as taxas na próxima semana. “O que vamos fazer é impor uma tarifa de 25% sobre todos os carros que não forem fabricados nos Estados Unidos”, disse Trump na Casa Branca nesta quarta-feira, classificando a medida como ‘muito modesta’. “Vamos cobrar dos países para fazerem negócios no nosso país e levarem nossos empregos, levarem nossa riqueza, levarem muitas coisas que eles têm levado ao longo dos anos”, afirmou. Trump disse que as tarifas vão entrar em vigor em 2 de abril e que os EUA começariam a cobrá-las um dia depois. As taxas se somarão aos impostos já vigentes, disse o secretário da equipe da Casa Branca, Will Scharf, e o governo projeta que as taxas resultarão em US$ 100 bilhões de novas receitas anuais para os EUA. (New York Times)

“Alerta extremo: chuva forte com risco de alagamento. Mantenha-se em local seguro”. Essa mensagem da Defesa Civil te apavora? Fique calmo. Você não está sozinho. O videocast Bom Dia, Fim do Mundo, da Agência Pública, te ajuda a compreender esses acontecimentos, sem apatia ou derrotismo, analisando as notícias da semana sob a ótica das mudanças climáticas, com informação e humor. Nesta quinta-feira, Giovana Girardi, Marina Amaral e Ricardo Terto falam sobre a criminalização do ativismo ambiental e social nos EUA e como isso pode afetar o Brasil, caso os ventos políticos mudem de direção. Bom Dia, Fim do Mundo vai ao ar às quintas-feiras no YouTube e em tocadores de podcasts.

Viver

As florestas tropicais estão se adaptando em um ritmo mais lento do que o progresso do aquecimento global, de acordo com estudos recentes publicados nas revistas científicas Science e Nature. As pesquisas mostram que as espécies de grande porte, que desempenham papel fundamental na estrutura da floresta e na captura de carbono, estão sendo substituídas por espécies menores e de menor densidade. (Folha)

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Uma equipe médica chinesa realizou um transplante inédito: de um fígado de porco geneticamente modificado para um humano. Pesquisadores da Quarta Universidade Médica Militar, em Xian, realizaram o procedimento em um homem com morte cerebral em 10 de março, encerrando o experimento após dez dias, a pedido da família. Por serem mais compatíveis, os xenotransplantes de outros órgãos suínos, como rins e coração, têm sido realizados nos últimos anos. Mas o fígado tem se demonstrado mais difícil de transplantar, motivo pelo qual não havia sido realizado até então. (Globo)

Com o objetivo de se tornar uma das primeiras fabricantes a emitir zero carbono até a próxima década, a Toyota pretende reciclar e reutilizar carros velhos para a produção de veículos novos. A Fábrica Circular Toyota estreará no Reino Unido a partir do final de 2025, podendo reutilizar até 10 mil automóveis por ano nessa primeira fase do projeto. A montadora pretende vender peças recondicionadas que estejam intactas, ou utilizá-las em novo ciclo de fabricação, como é o caso de baterias e rodas de liga leve. (UOL)

Panelinha no Meio. A pressa nem sempre é inimiga da perfeição. Pão amanhecido, filés de frango, vagem e abobrinha rapidamente formam um jantar italiano, atendendo pelo nome chique de frango com crosta de parmesão e panzanella de frigideira.

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Cultura

Com um cardápio rico e variado, as estreias nos cinemas desta quinta-feira passeiam por fatos reais, como o conflito entre estudantes de esquerda e direita em São Paulo durante a ditadura, a vida da atriz Maria Schneider, marcada por Último Tango em Paris, e as viagens de Mário de Andrade. Mas também há longas nos quais as fronteiras entre os gêneros (cinematográficos) se tornam tênues, com dramas de suspense, suspenses engraçados e comédias sobre assuntos sérios, além da versão restaurada de um clássico do cinema erótico brasileiro. Confira todas as estreias e veja os trailers no site do Meio.

O dono de uma loja de discos em Vancouver descobriu uma fita de audição que os Beatles gravaram em 1962 para a Decca Records, mas que foi rejeitada pela gravadora. A fita de rolo foi produzida oito meses antes de Ringo Starr se juntar à banda, substituindo o baterista original Pete Best. Rob Frith, dono da Neptoon Records, compartilhou em sua rede social um trecho da gravação, que demonstra a qualidade do material. (Louder)

Por falar em Beatles... Yoko Ono teve sua vida conjugal com John Lennon analisada pela imprensa e os fãs ao longo das décadas, mas poucas vezes seu lado pessoal foi levado em consideração. Na biografia escrita pelo jornalista David Sheff, Yoko traz a vida da artista japonesa desde a infância, passando pelos desafios que ela resolveu e também para os mundos da música e da arte, e sua relação ambivalente com a maternidade. (ARTnews)

Cotidiano Digital

Depois dos anúncios da OpenAI e do Google, a Microsoft revelou dois novos agentes de “deep research” para o Microsoft 365 Copilot, batizados de Researcher e Analyst. Ambos começam a ser implementados em abril para usuários do programa de acesso antecipado. O Researcher, apoiado pelo modelo avançado da OpenAI, é voltado para buscas complexas e integra dados de ferramentas da Salesforce. (The Verge)

A partir do dia 31 de março, o YouTube vai alterar como contabiliza as visualizações no Shorts, os vídeos curtos da plataforma. Agora, quando um vídeo começar a ser reproduzido ou repetido, contará como uma visualização. Antes, só entrava na conta se o vídeo fosse assistido por alguns segundos. Segundo o YouTube, a mudança foi motivada por pedidos de criadores que desejam ter uma noção mais clara de quantas vezes seus vídeos são realmente vistos. A expectativa é que os números aumentem e passem a refletir o alcance bruto dos conteúdos, seguindo o mesmo padrão já adotado por concorrentes como TikTok e Instagram Reels. Apesar disso, os ganhos com a monetização e a elegibilidade para o Programa de Parcerias do YouTube continuarão baseados nas chamadas “visualizações engajadas”, que medem quem de fato decidiu assistir até o fim. (TechCrunch)

Se você perdeu a aula inaugural do curso Política Brasileira: Origens, com o cientista político Christian Lynch, mas ainda dá tempo de assistir — ela está disponível gratuitamente no canal de YouTube do Meio. Nela, Lynch traça uma linha surpreendente entre as revoluções inglesa e francesa e a formação do pensamento político brasileiro, ajudando a entender como ideias antigas ainda moldam a conjuntura atual. É também uma amostra do que os Cursos do Meio oferecem: conteúdo instigante, profundo e acessível, feito para quem quer pensar o Brasil além dos clichês. E tem mais: quem se inscrever no curso até segunda-feira ganha 30% de desconto. Aproveite.

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