Moraes enquadra Meta após empresa acabar com checagem de fatos
No dia seguinte à decisão da Meta de encerrar a checagem de fatos e remover restrições de conteúdo sobre temas como imigração e gênero, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes afirmou que as redes sociais só continuarão a operar no país se respeitarem as leis. “As redes sociais não são terra sem lei. No Brasil, só continuarão a operar se respeitarem a legislação brasileira. Independentemente de bravatas de dirigentes irresponsáveis das big techs”, disse em resposta à decisão da dona do Instagram e do Facebook. Durante a cerimônia que marcou os dois anos do 8 de Janeiro, Moraes afirmou que as plataformas digitais contribuíram para disseminar discursos de ódio e movimentações golpistas, que culminaram nos ataques de 2023 em Brasília. A responsabilização das redes é tema de um julgamento no STF iniciado em 2024. (g1)
Mais de 60 entidades, centros de pesquisas universitários e coletivos ao redor do mundo assinaram uma carta aberta contra o fim da checagem de fatos nas plataformas da Meta. No documento, os pesquisadores reforçam a necessidade de uma regulação nas redes sociais que “priorize os direitos humanos e a segurança digital”. E afirmam que as mudanças propostas por Mark Zuckerberg colocam em riscos grupos vulnerabilizados e representam um retrocesso de anos de esforços globais para promover um ambiente digital mais democrático. (Estadão)
Para a ganhadora do prêmio Nobel da Paz Maria Ressa, a decisão da Meta significa que “tempos extremamente perigosos” estão chegando para o jornalismo, a democracia e os usuários de redes sociais. Segundo a jornalista e autora filipino-americana, isso levará a um “mundo sem fatos”, o que seria “adequado para um ditador”, refutando a alegação de que o afrouxamento na moderação é uma questão de liberdade de expressão. (Guardian)
O alinhamento da Meta – dona do Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp – com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, provoca temores no Palácio do Planalto e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de retrocesso no enfrentamento das fake news. “Essa decisão não auxilia a democracia e o respeito à diversidade. É um retrocesso para a humanidade”, diz um ministro do TSE ouvido pela coluna de Malu Gaspar. Nas eleições de 2024, a Meta assinou um memorando com o TSE prevendo a adoção de medidas para combater notícias falsas, mas a nova política da empresa coloca o acordo em risco. (Globo)
Com as novas diretrizes, caso um usuário de uma plataforma da Meta se sinta ofendido por uma publicação homofóbica ou contra imigrantes, por exemplo, ele precisará acionar os tribunais para remover o conteúdo. Desde a mudança nas regras de moderação feita na terça-feira, a empresa deixou de excluir de forma proativa posts homofóbicos, transfóbicos e xenófobos. Especialistas avaliam que a mudança deve provocar uma alta de ações judiciais. (Folha)
“Hoje é dia de dizermos em alto e bom som: ainda estamos aqui”, disse o presidente Lula no ato do governo em Brasília que marcou os dois anos dos ataques golpistas à Praça dos Três Poderes. “Estamos aqui para dizer que estamos vivos e que a democracia está viva, ao contrário do que planejavam os golpistas.” Lula reafirmou que os responsáveis pelos atos serão punidos, inclusive os suspeitos de um plano para matar o vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro Alexandre de Moraes e ele próprio. A cerimônia também marcou a reintegração de obras de arte danificadas. Ao todo, 21 peças foram restauradas em um laboratório montado no Palácio da Alvorada, entre elas uma tela de Di Cavalcanti, enquanto um relógio do século XVII trazido ao Brasil por Dom João VI precisou ser recuperado na Suíça. (g1)
Lula minimizou ausências de autoridades. Os presidentes do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso; do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), não participaram e enviaram representantes. O chefe do Executivo também destacou a presença dos militares na cerimônia. (CNN Brasil)
Futuro ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira já começou a definir as trocas que fará e busca para o seu time nomes da equipe do prefeito do Recife, João Campos (PSB-PE). Com 2,8 milhões de seguidores no Instagram e 898 mil no TikTok, as redes sociais do pernambucano foram um dos principais pilares de sua estratégia para vencer a eleição de 2024 com 78% dos votos. O publicitário vai priorizar trocas sobretudo em duas áreas: relações com a imprensa e mídias digitais. (Globo)
Alemanha e França alertaram Donald Trump contra ameaças às “fronteiras soberanas” da União Europeia depois que o presidente eleito dos Estados Unidos se recusou a descartar uma ação militar para assumir o controle da Groenlândia, território autônomo da Dinamarca. O ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Noël Barrot, disse não haver dúvida de que a UE não deixará “outras nações do mundo, sejam elas quem forem, atacarem suas fronteiras soberanas”. O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, disse que as observações de Trump desencadearam “incompreensão” entre líderes europeus. Cada Estado, disse ele, deve respeitar “o princípio da inviolabilidade das fronteiras”. (Guardian)
Em resposta à fala de Trump sobre rebatizar o Golfo do México como Golfo da América, a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, sugeriu ironicamente que os EUA passem a se chamar América Mexicana, exibindo um mapa de 1607 que utiliza esse termo. (CNN Brasil)
Jonathan Chait: “Trump fez uma curiosa mudança para um tipo de imperialismo performático. Ele usa seu bullying internacional para sua base enquanto a agenda política real e concreta de sua presidência consiste em grande parte em favores regulatórios e fiscais para doadores ricos e interesses comerciais — prioridades com as quais a maioria de seus eleitores não se importa. Trump entende a necessidade de dramas públicos para entreter a base Make America Great Again”. (The Atlantic)
Trump vai invadir a Groenlândia, o Panamá, o Canadá e mais 14 territórios à sua escolha? Tentar entender a política mundial pelas redes sociais é uma tarefa impossível e deve piorar. Neste Meio, acompanhamos com seriedade o que acontece de mais importante no mundo e nos esforçamos para separar a informação da contrainformação e da desinformação, tão comuns nas redes sociais. Quer ajudar nesta batalha? Assine o Meio Premium. Somente R$ 15 por mês.
IA no próximo nível
IA na Justiça? O uso de inteligência artificial generativa no Judiciário brasileiro já é realidade, mas há uma preocupação sobre o viés discriminatório e a ética dessa utilização. Ano passado, no ExpoJud, maior congresso de tecnologia e inovação no direito, especialistas destacaram os desafios e benefícios dessa tecnologia. O juiz auxiliar do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e professor da Uerj Valter Shuenquener alertou que pode haver “discriminação algorítmica” se a ferramenta de IA estiver baseada em dados enviesados em seus modelos. Mas o problema começa com os humanos. “Se a IA é tendenciosa, é porque nós somos preconceituosos. No entanto, o risco de preconceito na máquina ainda é menor do que no ser humano”, afirmou. Já o juiz Anderson Paiva classificou a IA generativa como a “grande invenção do século” e essencial para lidar com o volume crescente de informações no Judiciário. (Próximo Nível)
Para ler com calma. Segundo um estudo da Coursera, 97 milhões de novos empregos devem ser criados até o final deste ano com a digitalização e o avanço da inteligência artificial. Em contrapartida, 85 milhões de vagas tradicionais devem ser substituídas pela tecnologia, conforme dados do Fórum Econômico Mundial de 2020. No Brasil, a plataforma de emprego Infojobs apontou um crescimento de 97% em vagas que exigem conhecimento em IA nos últimos três anos, sendo a maioria voltada para especialistas. Veja profissões que podem ser mais afetadas. (g1)
Meio em vídeo. Desde 1947, a Feira de Hannover acontece todos os anos na cidade do norte da Alemanha. É uma das maiores vitrines do mundo para mostrar as tendências tecnológicas que estão transformando a indústria. Foi ali que, em 2011, surgiu o termo “Indústria 4.0”. Mas no novo episódio do Meio Digital, Pedro Doria explica o que é a “Indústria 5.0”, já realidade no mundo com a inteligência artificial. Assista. (YouTube)
Viver
Os incêndios florestais que atingem Los Angeles já deixaram ao menos cinco mortos e mais de 1.100 estruturas destruídas pela tempestade de fogo, uma das mais destrutivas da história. Bombeiros lutavam contra vários focos, enquanto rajadas de vento de até 160 km/h alimentavam três grandes incêndios florestais. Em Palisades, as chamas destruíram mais de 6,3 mil hectares em direção a Malibu, além de outros 4 mil hectares em Eaton e 283 hectares em uma área ao redor de Sylmar. A velocidade do fogo deu poucas horas para que até 70 mil pessoas deixassem às pressas suas casas. (Los Angeles Times)
O presidente Joe Biden aprovou uma declaração de grande desastre para a Califórnia, desbloqueando recursos federais para os afetados. Devido à proporção do fogo, diversos eventos foram cancelados na região, além do fechamento de escolas e estradas. Como muitos membros do Oscar moram em Los Angeles, o período de votação do prêmio foi estendido e a lista de indicados será anunciada no próximo dia 19, dois dias após o previsto. (CNN)
Panelinha no Meio. Pão de cada dia é bom, claro, mas pão do dia anterior não deve ser jogado fora (alimento nenhum, aliás). Cortado em cubinhos e temperado com alho e ervas, o pão dormido passa pela frigideira para virar croûtons que vão valorizar saladas e sopas.
Cultura
Chico Bento, o menino da roça que conquista os corações urbanos e rurais do Brasil há mais de seis décadas, ganha vida nos cinemas nesta quinta-feira, interpretado pelo simpático Isaac Amendoim – o próprio nome já parece o de um personagem de Mauricio de Sousa. Mas essa não é a única estreia importante. Nicole Kidman vive uma CEO bem casada que se envolve com um estagiário no thriller que teria lhe dado o Globo de Ouro se não houvesse uma Fernanda Torres no caminho. Confira todos os lançamentos e veja os trailers no site do Meio.
Por falar nela, Fernanda Torres ficou fora da disputa do SAG Awards, prêmio do sindicato dos atores de Hollywood e um dos termômetros para as categorias de atuação do Oscar. As cinco finalistas são Pamela Anderson, Cynthia Erivo, Karla Sofía Gascón, Mikey Madison e Demi Moore. Mas já era algo esperado: a Variety, que apostou na vitória da brasileira no Globo de Ouro, não a citou nem entre as dez candidatas mais fortes por se tratar de um sindicato americano, que costuma esnobar estrangeiros. Os vencedores serão anunciados em 23 de fevereiro em Los Angeles. (Folha)
A Television Academy revelou algumas alterações nas regras do Emmy Awards para categorias de atuação que já valem neste ano. Conforme o novo regulamento, um artista que já venceu, foi indicado em uma categoria principal ou coadjuvante não pode concorrer como artista convidado pelo mesmo papel nos anos seguintes. Isso se tornou comum em séries de sucesso nos quais atores interpretam personagens de destaque por anos e retornam em temporadas seguintes fazendo pequenas participações especiais. (Variety)
Cotidiano Digital
A Comissão Europeia foi condenada pelo Tribunal Geral da União Europeia a pagar uma indenização de 400 euros a um cidadão alemão por não cumprir seu próprio regulamento de proteção de dados. A CE transferiu dados pessoais para os EUA sem a devida proteção, quando o indivíduo usou a opção “Entrar com o Facebook” para se registrar em uma conferência. O tribunal concluiu que a transferência do endereço IP do usuário para a Meta nos EUA violou as regras de proteção de dados do bloco. (Reuters)
A Indonésia manteve a proibição de venda do iPhone 16, alegando que a oferta da Apple de investir US$ 1 bilhão na criação de uma fábrica para produzir seu dispositivo de rastreamento AirTag não é suficiente para atender aos requisitos de conteúdo local. A venda do mais novo telefone da companhia foi proibida em outubro por não cumprir uma regulamentação que exige que 40% do conteúdo em aparelhos e tablets seja local. O país é o quarto mais populoso do mundo e utiliza seu mercado consumidor para atrair investimento estrangeiro. (Financial Times)
A Microsoft planeja transformar o Windows em uma plataforma integrada ao Xbox com jogos portáteis. Jason Ronald, vice-presidente da empresa, afirmou que mudanças significativas serão implementadas ainda este ano, para simplificar a interface. O objetivo é esconder elementos como a barra de tarefas e o menu Iniciar, criando uma experiência mais fluida, semelhante à de consoles. A companhia deve compartilhar mais detalhes no fim do ano. (The Verge)