Com alta recorde do dólar, governo cede para votar pacote fiscal
A última semana antes do recesso parlamentar começou agitada em Brasília. Para acelerar a tramitação do ajuste fiscal no Congresso, o presidente da Câmara, Arthur Lira, anexou a PEC do corte de gastos a uma outra Proposta de Emenda à Constituição, de reforma tributária, que já está apta para ir à votação no plenário. Com isso, a PEC do ajuste, que prevê restrições ao abono salarial e medidas para combater supersalários, não precisará passar pela análise da Comissão de Constituição e Justiça nem por uma comissão especial. Já o governo federal avançou na liberação de indicações para agências reguladoras com a intenção de fortalecer sua base no Senado e destravar o pacote fiscal. As nomeações saíram no Diário Oficial da União, e as escolhas foram alinhadas em reunião com o presidente Lula, antes de sua cirurgia, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o senador Davi Alcolumbre (União-AP). O movimento é uma estratégia do governo para garantir apoio em temas prioritários, a começar pelo pacote fiscal. (g1)
A aprovação do pacote fiscal é essencial para tranquilizar os agentes financeiros. Os dois leilões extraordinários de câmbio feitos pelo Banco Central (BC) ontem, injetando US$ 4,6 bilhões no mercado, não foram suficientes para segurar a escalada do dólar. A moeda americana fechou no maior valor nominal da história, com alta de 1,03%, a R$ 6,091. Já o Ibovespa encerrou o dia com baixa de 0,84%, aos 123.560 pontos. Em um leilão extraordinário à vista, o BC vendeu US$ 1,6275 bilhão — maior valor em uma única intervenção desse tipo desde 10 de março de 2020 (US$ 2 bilhões). Em seguida, vendeu US$ 3 bilhões com compromisso de recompra, no chamado leilão de linha. Apesar das intervenções, o real foi a moeda que mais se desvalorizou entre os países emergentes e as principais moedas do mundo. (Folha)
Além disso, o foco também está na aprovação da reforma tributária. O fim da desoneração de 60% das contas de água e esgoto e a volta das bebidas açucaradas ao Imposto Seletivo estão entre as principais mudanças feitas pelo relator do texto na Câmara, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), que divulgou nova versão do projeto de regulamentação. A expectativa era iniciar a votação em plenário na noite de ontem. Como já passou pelo Senado, se aprovado, segue para sanção presidencial. A maior parte das mudanças tem o objetivo de aproximar a alíquota de referência para bens e serviços sem benefícios fiscais dos 26,5% definidos no texto original do governo. Segundo simulação do Banco Mundial, as mudanças feitas pelo Senado elevaram a alíquota-base a mais de 29%. (Folha)
Fernando Haddad reuniu-se com Lula em São Paulo, onde o presidente se recupera da cirurgia de emergência. Após o encontro, o ministro da Fazenda afirmou que o governo está empenhado em evitar alterações significativas nas propostas ao longo da tramitação na Câmara e no Senado. “O apelo que o presidente está fazendo é para que as medidas não sejam desidratadas. Temos um conjunto de medidas que garantem uma robustez do arcabouço fiscal. Estamos convencidos de que vamos continuar cumprindo as metas fiscais nos próximos anos.” (CNN Brasil)
Sérgio Vale: “Com a inflação com dificuldade para se manter no teto da meta, que é 4,5%, o Banco Central terá um trabalho mais que solitário, quase impossível de se fazer sem a ajuda do fiscal. Para se atingir a Selic de 6,5% que tivemos em 2019, o governo teria de dar um choque fiscal nos moldes da regra do teto no final de 2016. Como não vai fazer isso, temos de nos preparar para dois anos difíceis na economia”. (Estadão)
Meio em vídeo. O cientista político Carlos Pereira, da Fundação Getulio Vargas, é o convidado desta terça-feira no Central Meio. Ao vivo, às 12h45. (YouTube)
A prisão do general Walter Braga Netto aumentou a pressão nos bastidores para que personagens centrais da trama golpista sigam o caminho do tenente-coronel Mauro Cid e contem o que sabem. Militares e até investigadores não acreditam que o general opte por uma delação premiada. Além de achar que conta com apoio político de parlamentares bolsonaristas que já saíram em sua defesa, ele recebeu um aceno público de Jair Bolsonaro (PL) após a prisão, questionando a medida do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. “Como alguém pode ser preso por obstruir investigações já concluídas?”, publicou o ex-presidente em suas redes sociais. Para o entorno militar, a postagem é um gesto para que Braga Netto não delate. Investigadores também acham difícil um acordo de colaboração premiada, conta Andréia Sadi. Outras fontes próximas ao militar, no entanto, dizem que, embora seja muito difícil, uma delação não é impossível. (g1)
E Moraes prorrogou por 180 dias o inquérito das fake news, que apura a disseminação de conteúdo falso na internet e ataques a ministros e instituições. Ele também determinou que mais 20 pessoas sejam ouvidas no inquérito. O objetivo é aprofundar as investigações sobre o chamado “gabinete do ódio” do governo Bolsonaro, que seria formado por aliados do ex-presidente e, segundo as investigações, atuaria até mesmo dentro do Palácio do Planalto. O inquérito das fake news foi aberto em 14 de março de 2019 e o prazo inicial das investigações estava previsto para terminar em janeiro de 2020. (Correio Braziliense)
Meio em vídeo. Não é verdade que Braga Netto seja o primeiro general preso na história. Não é verdade, nem que seja o primeiro general quatro estrelas preso. Ele não foi, sequer, o primeiro general preso por ter tentado dar um golpe de Estado que fracassou. Ainda assim, o que está ocorrendo é uma novidade monstro no Brasil. Assista ao Ponto de Partida, com Pedro Doria. (YouTube)
Mais Meio em vídeo. Militares dão golpes (ou tentam dar) desde a Proclamação da República, um golpe, aliás. Como um governo civil pode colocar a caserna no seu lugar e fazê-la respeitar a Constituição? Pedro Doria e Christian Lynch explicam no Central Meio. (YouTube)
O governo do chanceler Olaf Scholz perdeu a votação de uma moção de confiança no Parlamento da Alemanha. O resultado abre contagem regressiva para a dissolução da atual legislatura e convocação de eleições federais antecipadas, provavelmente em 23 de fevereiro, além de marcar o fim da era Scholz após três anos. Ao todo, 394 dos 735 deputados votaram contra o governo. Scholz deve permanecer no posto interinamente, mas caso a vitória conservadora no próximo pleito seja confirmada, ele se tornará o chanceler federal menos longevo desde a reunificação do país. (Deutsche Welle)
Viver
O Brasil teve 29,7 milhões de hectares queimados entre janeiro e novembro deste ano, um aumento de 90% em relação a 2023 e a maior extensão dos últimos seis anos. Segundo levantamento do MapBiomas, a Amazônia foi o bioma mais afetado no período, perdendo 16,9 milhões de hectares, 7,6 milhões só de florestas, seguido por Cerrado (9,6 milhões) e Pantanal (1,9 milhão). O Pará foi o estado com mais queimadas, com 6,9 milhões de hectares, seguido por Mato Grosso (6,8 milhões) e Tocantins (2,7 milhões). Já São Félix do Xingu (PA) e Corumbá (MS) foram as cidades com maiores áreas sob o fogo: 1,47 milhão e 837 mil hectares queimados, respectivamente. (UOL)
Com a aceleração das mudanças climáticas, as estações de esqui têm aberto cada vez mais tarde e fechado cada vez mais cedo. Uma alternativa para continuarem sobrevivendo é a construção de pistas secas, em especial as sustentáveis. Esse é o caso do CopenHill, um edifício de forma curva que abriga uma usina de conversão de resíduos em energia com emissão zero, coberta por um parque urbano. Projetado pelo arquiteto dinamarquês Bjarke Ingels, o CopenHill conta com trilhas para caminhadas, uma parede de escalada e um café na cobertura. Mas a atração principal é uma pista de esqui de 400 metros criada com Neveplast, uma superfície sintética que imita neve compactada usando hastes cônicas concêntricas para fornecer aderência. Cerca de 10 mil moradores e turistas já praticaram snowboard ou aprenderam a esquiar na pista artificial desde sua fundação, em 2019. (BBC)
Panelinha no Meio. Chega de brigas na ceia de Natal por conta da uva-passa no arroz. Vamos brigar por causa dela no salpicão de frango. Mas essa receita é especial: o frango é cozido, a maionese é caseira e mal afamada passa é hidratada no caldinho da assadeira. Pronto, está tudo pacific... Oh, não! Ainda tem os cubinhos de maçã!
Cultura
Autor do samba Mulheres, consagrado na voz de Martinho da Vila (YouTube), Toninho Geraes comemorou a decisão da Justiça do Rio de Janeiro, que mandou as plataformas retirarem do ar a música Million Years Ago, da cantora Adele (Spotify), enquanto julga uma ação por plágio. O tribunal baseou a decisão por considerar haver uma semelhança “indisfarçável” entre as canções. As plataformas de streaming deverão retirar a faixa após serem notificadas, sob pena de multa diária no valor de R$ 50 mil em caso de descumprimento. (UOL)
O System of a Down (Spotify) anunciou nesta segunda-feira três shows no Brasil em maio do ano que vem, em Curitiba, Rio e São Paulo. Os ingressos já estão a venda. (Rolling Stone)
A Amazon divulgou sua lista de livros mais vendidos do ano. E o maior best-seller de 2024 na varejista foi Café com Deus Pai 2024: Porções Diárias de Paz, do pastor Junior Rastiola. O ranking também tem A Biblioteca da Meia-Noite (2º), de Matt Haig, Tudo é Rio (6º), de Carla Madeira, e três títulos de Colleen Hoover — entre eles É Assim que Começa (4º) e É Assim que Acaba (3º). O Pequeno Príncipe (17º), de Antoine de Saint-Exupéry, e A Hora da Estrela (20º), de Clarice Lispector, também estão listados. (Estadão)
Para ler com calma. O Festival Internacional de Documentários de Amsterdã deste ano trouxe o debate sobre o uso de inteligência artificial em longas do gênero. O evento teve na abertura a estreia mundial de About a Hero, um experimento híbrido do sueco Piotr Winiewicz, baseado em roteiro totalmente escrito por IA. Os debatedores concordaram que é preciso compreender a tecnologia como uma ferramenta que exige pensamento crítico e trabalho para ser utilizada de forma eficaz. (Globo)
Cotidiano Digital
O TikTok entrou com um recurso emergencial na Suprema Corte americana, pedindo o bloqueio da lei federal cujo texto obriga a rede social chinesa a ser vendida sob pena de ser proibida nos Estados Unidos. A companhia esperava um apelo semelhante de produtores de conteúdo e alguns dos mais de 170 milhões de usuários no país, com base na preservação do direito à liberdade de expressão garantido pela Primeira Emenda. Na sexta-feira, o pedido havia sido recusado pelo Tribunal de Apelações do Distrito de Columbia. A lei entra em vigor em 19 de janeiro, véspera da posse de Donald Trump. A ideia é protelar os efeitos da lei até que o republicano, que prometeu durante a campanha que “salvaria o TikTok”, assuma a Casa Branca. (Yahoo!)
A OpenAI anunciou que o mecanismo de busca de IA do ChatGPT já está disponível para todos os usuários. A pesquisa no ChatGPT foi lançada pela primeira vez para assinantes pagos em outubro. Agora, para utilizar a ferramenta, basta criar uma conta e fazer o login. Uma das melhorias na pesquisa em dispositivos móveis faz o chatbot parecer um mecanismo de busca tradicional, exibindo uma lista de resultados com imagens. Também foi revelada uma versão “otimizada” do recurso no celular e a capacidade de pesquisar com o Modo de Voz Avançado, mas essa última apenas para usuários pagos. (The Verge)
A Apple estaria se preparando para entrar no mercado de dispositivos dobráveis. Segundo o Wall Street Journal e a Bloomberg, a empresa desenvolve um iPhone dobrável com tela maior que o iPhone 16 Pro Max e um dispositivo maior, descrito como um “iPad gigante” com uma tela dobrável de 19 polegadas, que poderia competir com monitores de mesa. Mas o iPhone dobrável seria a prioridade, com previsão de lançamento para 2026, embora essa data possa ser adiada para 2027. Analistas também especulam que a empresa busca aproveitar o momento de maturação da tecnologia para lançar produtos mais robustos e bem acabados. (TechCrunch)
Meio Perspectiva é mais um produto do Meio exclusivo para assinantes premium. Um relatório trimestral sobre um tema relevante, trazendo pesquisas e textos aprofundados para deixar nossos leitores prontos para qualquer discussão, seja na mesa de reunião ou do bar. A primeira edição foi sobre inteligência artificial. A segunda, que chega nesta sexta na caixa postal de nossos assinantes, vai ser sobre o papel do Brasil na transição energética, mostrando a revolução que vem chegando com combustíveis sustentáveis, energia solar e parques eólicos offshore. Ainda não é premium? Então assine e receba sua edição de Meio Perspectiva: Energia em Transição.