Na véspera da eleição, Kamala e Trump disputam voto a voto

Roberto Schmidt/AFP
Roberto Schmidt/AFP

Amanhã milhões de americanos irão às urnas escolher o próximo presidente. Os candidatos Kamala Harris e Donald Trump disputam voto a voto nos chamados estados-pêndulo, aqueles que, tradicionalmente, não apresentam uma preferência por republicanos ou democratas, como ocorre no restante do país. Uma pesquisa publicada neste domingo pelo New York Times, em parceria com o Siena College, mostra Kamala ligeiramente à frente em Nevada, Carolina do Norte e Wisconsin. Trump, por sua vez, lidera no Arizona. Os dois aparecem empatados em Michigan, Geórgia e Pensilvânia. Os resultados nos sete campos de batalha, porém, estão dentro ou muito próximos da margem de erro de 3,5 pontos percentuais. (New York Times)

Os estados-pêndulo correspondem a 93 dos 538 delegados em disputa. Para vencer, é preciso obter 270 delegados, isto é, maioria simples do total. Kamala já tem apoio de 226, ante 219 de Trump. A pesquisa Exame/Ideia realizada na Pensilvânia, mais importante dos sete estados pelos seus 19 delegados, mostra empate – cada um deles soma 48% dos votos. No sistema eleitoral americano, a votação é indireta. Assim, o voto popular não escolhe o novo presidente, mas sim o Colégio Eleitoral. O candidato que vence em um estado conquista todos os votos dos delegados daquele local no Colégio Eleitoral. Assim, a disputa presidencial é feita estado a estado. (Exame)

Em Iowa, a candidata democrata ultrapassou o republicano na pesquisa Des Moines Register/Mediacom Iowa divulgada no sábado, com o apoio das mulheres sendo o principal fator para a mudança em um local que Trump venceu facilmente em 2016 e 2020. A pesquisa, realizada com 808 prováveis eleitores, mostra Kamala à frente de Trump por 47% a 44%. (g1)

Neste último dia de campanha, Kamala passará o dia na Pensilvânia. Visitará áreas da classe trabalhadora e, à noite, fará um comício na Filadélfia com Lady Gaga e Oprah Winfrey. Trump planeja quatro comícios em três estados, começando em Raleigh, Carolina do Norte, e parando duas vezes na Pensilvânia, com eventos em Reading e Pittsburgh. O ex-presidente encerra sua campanha em Grand Rapids, Michigan. (AP)

No fim de semana, a democrata surpreendeu o público ao aparecer no programa Saturday Night Live imitando a versão de Maya Rudolph em um espelho duplo na abertura. “É ótimo te ver, Kamala”, disse a vice-presidente a Rudolph, exibindo um sorriso largo que manteve durante todo o esquete, que teve trocadilhos com o nome da candidata. A atriz e comediante interpreta Kamala desde 2019 e arranca elogios inclusive da própria. Após a participação no programa ao vivo, Kamala voou para o Michigan. (The Guardian)

Já o republicano participou neste domingo de um comício em Lititz, Pensilvânia. Ele abriu o comício com a pergunta: “Você gosta mais de agora ou de quatro anos atrás?”, indagou, antes de mergulhar em temas como imigração e economia. (CNN Brasil)

O presidente Lula declarou publicamente sua preferência por Kamala. Em entrevista ao canal de TV francês TF1, ele afirmou que a vitória da atual vice-presidente é a “opção mais segura para o fortalecimento da democracia nos EUA”. (Folha)

Guga Chacra: Foi equivocada a manifestação de apoio à Kamala Harris feita pelo presidente Lula. Não cabe a um chefe de Estado estrangeiro se posicionar abertamente sobre o processo eleitoral democrático em um outro país. (...) O correto seria esperar pelo resultado, parabenizar o vencedor ou vencedora e dizer estar disposto a manter o diálogo entre os dois países”. (Globo)

Meio em vídeo. É a reta final das eleições americanas e os democratas miraram um público específico: os gamers. A campanha de Kamala Harris investiu num mapa em Fortnite para espalhar seus ideais. Será que cola com os jovens? É o que pergunta Bruna Buffara na Curadoria. (YouTube)

Mais Meio em vídeo. E a eleição nos Estados Unidos é um dos temas de hoje do Central Meio, nosso programa diário de notícias, análises e entrevistas. Não perca, ao vivo, às 12h45. (YouTube)

E o Meio preparou uma lista com filmes, séries e livros sobre as eleições americanas, entre eles a comédia Mera Coincidência, de Barry Levinson, estrelada por Dustin Hoffman e Robert De Niro. Veja a lista completa em nosso site. (Meio)

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Com que roupa?...

Spacca

A pedido de Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cancelou viagem que faria à Europa para se dedicar ao desenho do pacote de corte de gastos a ser implementado pelo governo. O embarque estava previsto para a tarde de hoje com retorno no sábado. Segundo a assessoria da pasta, Lula pediu que o ministro ficasse em Brasília “dedicado aos temas domésticos”. Haddad teria compromissos em Paris, Londres, Berlim e Bruxelas. O cancelamento da viagem ocorre após estresse do mercado financeiro e alta do dólar com a demora do anúncio das medidas de corte de gastos, que elevou as incertezas fiscais sobre a sustentabilidade da dívida pública num cenário de alta dos juros no Brasil. O dólar fechou na sexta com alta de 1,52%, cotado a R$ 5,869, o maior patamar para a moeda norte-americana desde o início da pandemia. (Folha)

E o presidente está preocupado com a “lavação de roupa suja” no PT e o futuro do partido após o mau desempenho nas eleições municipais. Lula cobra um freio de arrumação no discurso da sigla, que precisa conquistar os chamados empreendedores, atraídos pela retórica bolsonarista. Não é de hoje que ele também tem criticado a falta de aproximação com a nova classe média, os evangélicos e a juventude, embora seu governo também não tenha conseguido aumentar a popularidade nesses segmentos. (Estadão)

Meio em vídeo. No Diálogos com a Inteligência desta semana, Christian Lynch recebe a cientista política Argelina Figueiredo. No papo, o que é o presidencialismo de coalizão, as questões da constituição relacionadas às demandas parlamentares, as negociações políticas e a grande pressa por mudança do Brasil. (YouTube)

Eleições. Sejam brasileiras ou americanas, elas são o momento onde este Meio, modéstia à parte, brilha. Cobertura feita por gente que entende do assunto e tem anos de experiência acompanhando a festa da democracia (e lutando para ela não acabar). Uma equipe de primeira que só existe graças ao apoio dos nossos assinantes premium. Gosta de ler, ouvir e assistir aos nossos especialistas falarem sobre eleições e política em geral? Então assine o Meio Premium.

Viver

A edição deste ano do Enem teve início ontem com o tema da redação: “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”. Mais de 4,3 milhões de candidatos se inscreveram no exame, que teve 26,6% de abstenção. A prova incluiu 90 questões, divididas igualmente entre linguagens (língua portuguesa, literatura e língua estrangeira) e ciências humanas (história, geografia, filosofia e sociologia). O segundo dia de prova, marcado para 10 de novembro, terá outras 90 questões sobre matemática e ciências da natureza, que incluem química, física e biologia. (UOL)

Lula e o ministro da Educação, Camilo Santana, comemoraram o aumento de 27% nas inscrições em relação ao ano de 2022. Os dois consideraram que parte desse número se deve ao programa Pé-de-Meia, do governo federal, que pagará incentivo financeiro de R$ 200 para estudantes do 3º ano do ensino médio que se inscreveram no Enem e participarão dos dois dias do exame. Santana apontou que a taxa de adesão desses alunos do último ano chegou a 100% em alguns estados do Norte e do Nordeste, e passou dos 80% no Rio Grande do Sul, onde os estudantes foram isentos da taxa de inscrição. O programa já paga mensalmente R$ 200 para estudantes de baixa renda com o objetivo de reduzir a evasão escolar. (Veja)

E a Polícia Federal vai investigar imagens da prova que passaram a circular em redes sociais depois do início da aplicação, mas antes de 18h, horário em que estudantes podem sair com a prova na mão. As imagens mostravam o tema da redação e os textos motivadores, além da íntegra das outras questões aplicadas. O jornal O Globo disse ter recebido as primeiras imagens às 16h29 e notificou o Inep, organizador da prova. (Globo)

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Em uma visita às áreas afetadas pelas enchentes na Espanha, o rei Filipe VI foi recebido com hostilidades, lama e gritos de “assassinos” dirigidos à comitiva, que contava com a presença da rainha Letizia, do premiê socialista Pedro Sánchez e do governador conservador da Comunidade Valenciana, Carlos Mazón. As autoridades passaram por Paiporta, um dos locais mais atingidos pela tragédia. O rei e a rainha tentaram conversar com as pessoas, mas diante do clima tenso, a visita precisou ser suspensa. O número de mortos em decorrência das enchentes aumentou neste domingo para 214, sendo 211 em Valência. Na região, os trabalhos de resgate e limpeza continuam com alertas da Agência Meteorológica do estado devido à ameaça de fortes tempestades. (El País)

Cultura

Músico, compositor, arranjador e produtor, Quincy Jones, um gigante da música americana, morreu na noite deste domingo aos 91 anos. Com 70 anos de carreira, ele é reconhecido por trabalhos com artistas como Frank Sinatra e Count Basie, e pela reformulação da música pop ao colaborar com Michael Jackson. Sua eminência na música era tão grande que ele era conhecido por um apelido de uma letra: “Q”. Criado no mundo do jazz, deixou sua marca em trabalhos diversos, influenciando até o hip hop. Uma de suas produções mais celebradas é o disco Thriller (Spotify), de Jackson, que entrou para a história como um dos mais vendidos de todos os tempos. O produtor recebeu 80 indicações ao Grammy — venceu 28 — e foi o primeiro compositor negro a assumir um alto cargo em uma grande gravadora, a Mercury. Seis de seus 28 prêmios Grammy foram vencidos com seu álbum de 1990 Back on the Block, e foi homenageado três vezes como produtor do ano. Foi pioneiro também no cinema e recebeu títulos honorários de Harvard e da Berklee School of Music. Jones morreu em sua casa, na região de Bel Air, em Los Angeles, ao lado da família. A causa não foi informada. Nascido em Chicago, trabalhou com Ray Charles na adolescência e, como músico, viajou com as big bands de Lionel Hampton e de Dizzy Gillespie. Era fã da música brasileira e chegou a desfilar na Portela em 2006, no alto de um carro alegórico, quando o enredo foi Brasil, Marca a tua Cara e Mostra Para o Mundo. Na década de 1960, compôs Soul Bossa Nova, uma canção instrumental de jazz, após voltar de uma turnê no Brasil com Gillespie. (Variety)

Após uma década fora de catálogo no Brasil, a história em quadrinhos argentina O Eternauta, escrita por Héctor Germán Oesterheld (1919-1977) e ilustrada por Francisco Solano López (1928-2011), está sendo relançada em uma edição de luxo pela editora Pipoca & Nanquim. Assim como Mafalda, de Quino (1932-2020), e os protagonistas da tira Macanudo, de Liniers, O Eternauta é um dos mais emblemáticos heróis das HQs argentinas e foi inspirado no autor, perseguido e morto pela ditadura no país. Além do novo livro, os fãs ainda poderão ver O Eternauta no streaming: a Netflix prepara uma série que será protagonizada pelo astro Ricardo Darín. O Eternauta conta a história de Juan Salvo, que, com sua família e amigos, luta para sobreviver após uma nevasca mortal atingir Buenos Aires. (Globo)

Para ler com calma. Projetado pelo arquiteto alemão Friedrich von Thiersch e concluído em apenas dois anos, entre 1907 e 1909, o Festhalle Frankfurt é um verdadeiro ícone da arquitetura na Alemanha. Entre os dias 16 e 20 de outubro, o local sediou a 76ª Feira do Livro de Frankfurt, o maior encontro mundial do setor, que teve presença recorde do Brasil. A delegação nacional incluiu 28 empresas e dez editoras. Em entrevista ao Meio, o fundador da casa, Leopoldo Cavalcante, falou sobre como o evento pode influenciar a cultura literária brasileira. (Meio)

Cotidiano Digital

Um estudo da Universidade de Amsterdã publicado na revista científica Science Advances mostra que curtidas e comentários nas redes sociais influenciam mais o comportamento e humor em jovens da geração Z, entre 13 e 24 anos, do que entre os demais adultos. Baseando-se em dados reais de uso do Instagram e experimentos, os pesquisadores descobriram que esse grupo é mais propenso a postar novamente em um curto período quando recebem muitas curtidas, mas podem se engajar menos com a plataforma, em caso de posts mal sucedidos. (UOL)

A adoção da IA em Hollywood tem gerado desconfiança por parte da indústria cinematográfica, por conta do corte de empregos e desaparecimento de funções que a tecnologia pode gerar. Mas nem todos estão temerosos: o setor de efeitos visuais tem utilizado IA para produzir cenas melhores com menores custos e orçamento. Um exemplo é o longa Here, recém-lançado nos Estados Unidos. Dirigido por Robert Zemeckis e estrelado por Tom Hanks, o filme se passa em uma sala de estar acompanhando um casal em vários estágios da vida. Zemeckis afirma que o filme não poderia ter sido realizado três anos atrás sem a IA. (New York Times)


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