Prezadas leitoras, caros leitores —
Reeleito com 78% dos votos para a prefeitura do Recife, o bisneto de Miguel Arraes e filho de Eduardo Campos detesta o apelido de príncipe. Seus adversários sabem disso e tentam fazer a alcunha colar desde que ele decidiu seguir na vida pública. Após vencer no primeiro turno, o jovem político tem rodado cidades nordestinas emprestando seu prestígio a outras candidaturas do partido e do leque de alianças que construiu. Deseja se tornar um Ironman e, eventualmente, vai correndo de sua casa, em Boa Viagem, até a prefeitura, quase 12 quilômetros ao norte. Politicamente, vem ganhando musculatura para se fortalecer como potencial candidato nas eleições presidenciais de 2030. Na Edição de Sábado, exclusiva para assinantes premium, Luciana Lima traça o perfil de João Campos, o mais novo expoente da dinastia nordestina e promessa de liderança mais moderna de centro-esquerda.
Na nossa parceria com a Lupa, que monitora grupos públicos de WhatsApp e Telegram, vemos que está crescendo nas redes um culto a Michele Bolsonaro. E Heinar Maracy conta a história da Epic Games, criadora do game de batalhas online Fortnite, que também coleciona embates judiciais, tretando nos tribunais com Apple, Google e outras empresas de tecnologia.
Entender como a política se movimenta e se aprofundar sobre seus principais personagens é algo muito caro ao Meio. Aproveite que neste mês estamos liberando uma Edição de Sábado por dia e veja como vale a pena contribuir para a feitura de um jornalismo instigante e plural.
— Os editores.
Israel mata arquiteto do 7 de Outubro, mas descarta cessar-fogo
Yahya Sinwar, líder do Hamas e um dos arquitetos dos ataques de 7 de outubro do ano passado a Israel, está morto. O governo israelense confirmou que ele foi executado pelo Exército em Gaza. “Hoje o mal sofreu um duro golpe, mas a tarefa que temos pela frente ainda não está concluída”, afirmou o premiê israelense, Benjamin Netanyahu. “Às queridas famílias dos reféns, digo: este é um momento importante na guerra. O regresso dos nossos reféns é uma oportunidade para alcançar todos os nossos objetivos e deixar o fim da guerra mais próximo.” Sinwar, de 61 anos, estava à frente do braço militar do Hamas desde 2017 e era considerado o principal responsável pelos ataques terroristas que mataram 1.200 pessoas há um ano. Dois meses após assumir a liderança política do grupo, ele estava em um prédio em Rafah, no Sul de Gaza, e foi encontrado por acaso em uma operação de rotina. O desafio agora é resgatar os quase 100 reféns que seguem sequestrados. Autoridades israelenses temem que combatentes do Hamas possam vingar a morte de Sinwar executando os prisioneiros. (Politico)
Sinwar passou boa parte do último ano escondido nos túneis sob a Faixa de Gaza com guarda-costas e um “escudo humano” de reféns. Até que soldados que patrulhavam Tal al-Sultan, em Rafah, na quarta-feira, viram três militantes e os mataram. Os soldados só voltaram ao local na manhã de ontem e, ao inspecionarem os corpos, notaram que um deles parecia com o líder do Hamas. O cadáver permaneceu no local devido a suspeitas de armadilhas. Parte de um dedo foi removida e enviada a Israel para teste, que confirmou a identidade do líder terrorista, que passou mais de 20 anos preso no país. (BBC)
O presidente americano, Joe Biden, parabenizou Netanyahu, mas afirmou que é preciso avançar. “Disse a ele que estávamos satisfeitos com suas ações e, além disso, é hora de seguir em frente”, comentou ao desembarcar em Berlim. “Seguir em frente, avançar em direção a um cessar-fogo em Gaza, garantir que estamos avançando numa direção em que estaremos em posição de melhorar as coisas para o mundo inteiro.” (CNN)
Em nota, o Irã, principal financiador do Hamas, afirmou que a morte de Sinwar vai fortalecer o “espírito de resistência”. “E vai se tornar um modelo para jovens e crianças que seguirão seu caminho até a libertação da Palestina”, diz o texto. (Guardian)
Thomas L. Friedman: “A morte de Sinwar, por si só, não é condição suficiente para pôr fim à guerra em Gaza e colocar israelenses e palestinos no caminho para um futuro melhor. Sim, Sinwar e o Hamas sempre rejeitaram uma solução de dois Estados e estiveram empenhados na destruição violenta do Estado judeu. Mas, embora sua morte fosse necessária para que o próximo passo fosse possível, nunca seria tudo. A condição suficiente é que Israel tenha um líder e uma coalizão governamental pronta para aproveitar a oportunidade que a morte de Sinwar criou”. (New York Times)
Jason Burke: “O assassinato de Sinwar aumentará ainda mais a confiança dos militares, dos serviços de informação e das autoridades políticas israelenses, que já se sentiam encorajados pelos sucessos recentes. Grande parte do pensamento estratégico de Israel é dominado pela necessidade de restaurar o que considera ser a dissuasão necessária à sua sobrevivência e de enfraquecer permanentemente o Irã. A eliminação de Sinwar será emocionalmente satisfatória para muitos israelenses, politicamente útil para Netanyahu e seus apoiadores e um grande golpe para o Hamas, mas é pouco provável que traga um fim repentino aos múltiplos conflitos no Oriente Médio”. (Guardian)
The Economist: “No fim, Sinwar morreu brutalmente nos escombros de Gaza, como dezenas de milhares de vítimas da guerra que ele iniciou um ano antes. Sua morte surpresa abalará novamente o destino da região, deixando o Hamas sem liderança, Gaza sem governo e Israel capaz de afirmar que um objetivo de guerra fundamental foi alcançado. Tudo isso levanta a possibilidade, anteriormente escassa, de um cessar-fogo e da libertação de reféns. Se isso acontecer, haverá um caminho estreito para contenção em toda a região. Sinwar detestaria ouvir isto, mas sua morte cria uma oportunidade para Israel tomar uma saída que poderá, talvez, levar ao fim da guerra”.
Apesar de ter dominado o debate político nesta semana, o apagão não mudou de forma significativa a disputa pela prefeitura de São Paulo. Pesquisa do Datafolha divulgada ontem mostra que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) mantém a liderança com 51% das intenções de voto, enquanto o deputado Guilherme Boulos (PSOL) aparece com 33%. Já a rejeição de Nunes oscilou de 37% para 35% e a de Boulos passou de 58% para 56%. A margem de erro é de três pontos percentuais. (Folha)
Sozinho no debate promovido por Rede TV, Folha e UOL (íntegra), Boulos criticou a ausência de Nunes e o acusou de fugir das discussões, responsabilizando-o pelos apagões na capital paulista. Nunes alegou, em nota, que não pôde comparecer devido a uma reunião extraordinária com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para tratar das chuvas previstas para hoje no estado. (g1)
Dois vídeos do prefeito Ricardo Nunes (MDB) criticando a Enel e o governo federal pela falta de luz em São Paulo levaram a seta dupla da Meta por terem sido amplamente compartilhados no WhatsApp nesta semana. As gravações alimentam a falsa narrativa de que a concessionária de energia elétrica estaria sabotando a reeleição de Nunes em favor de Guilherme Boulos (PSOL). O psolista, no entanto, já fez várias críticas públicas à Enel. Já em BH, POA e Fortaleza, o debate eleitoral está divertido: gira em torno de livro erótico e depilação. Assine aqui a Ebulição, da Lupa, e acompanhe as conversas digitais.
Pela primeira vez, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apontou, em manifestação no inquérito da Polícia Federal que apura a discussão de um plano golpista por aliados de Jair Bolsonaro (PL), um vínculo entre essas articulações e os atos de 8 de janeiro de 2023, conta Aguirre Talento. “Os elementos de convicção até então colhidos indicam que a atuação da organização criminosa investigada foi essencial para a eclosão dos atos depredatórios”, escreveu. A PF deve concluir o inquérito até o fim deste ano, e Gonet decidirá se apresenta denúncia ao STF. (UOL)
O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou que a anistia a Bolsonaro é a condição para o apoio da legenda nas eleições para as presidências da Câmara e do Senado. O objetivo é garantir a retomada da elegibilidade do ex-presidente para 2026. (CNN Brasil)
Este Meio existe graças aos seus assinantes premium. Sabemos que a imensa maioria deles apoia este veículo porque ele é útil na sua vida pessoal e importante para o país. Nos esforçamos para retribuir esse apoio criando produtos que tornem o Meio ainda mais útil e importante. Edição de Sábado, Meio Político, Meio Perspectiva, serviço de streaming. Muita coisa, não? E vem mais por aí, acredite. Assine e venha com a gente fazer um Meio ainda melhor.
Viver
O cartão do Bolsa Família não poderá ser usado como meio de pagamento de apostas online. “O cartão do Bolsa Família tem liberdade de uso para acessar as necessidades da família, alimentação e outras. Certamente, jogos não são uma necessidade”, disse o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias. Segundo ele, a restrição ainda está em fase de implementação e não explicou quando o bloqueio começa. (g1)
Já o presidente Lula disse ontem que, se a regulação das bets não for eficaz, ele poderá proibi-las no país. (Poder360)
O presidente da Enel Brasil, Guilherme Lencastre, anunciou ontem o fim da crise relacionada ao apagão que afetou 3,1 milhões de clientes na Grande São Paulo — número maior do que os 2 milhões estimados anteriormente. Apesar da normalização no fornecimento para a maioria dos imóveis, cerca de 36 mil unidades ainda estavam sem energia, o que, segundo Lencastre, está “perto da normalidade”. (Folha)
O governo federal vai abrir um edital que disponibilizará mais de R$ 100 milhões para que os estados solicitem câmeras corporais para fardas. O valor é suficiente para comprar até 5 mil equipamentos. Os estados que se inscreverem deverão seguir as diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Justiça em portaria publicada em maio, como a recomendação de manter as câmeras ligadas durante todas as ocorrências e não quando o agente preferir. (CNN Brasil)
Meio em vídeo. No De Tédio a Gente Não Morre, Mariliz Pereira Jorge fala do caso da influenciadora antifeminista Cíntia Chagas, que foi beneficiada por leis garantidas pelos movimentos feministas. Assista! (YouTube)
Sábado à tarde acontece em São Paulo a terceira edição do Festival Confluentes – Conversas sobre um Brasil Plural e Democrático, com ingressos gratuitos. Pedro Doria fala sobre inteligência artificial e entrevista a antropóloga Monique Lemos sobre as interseções entre IA e raça.
Cultura
Dois brasileiros estão entre os finalistas do Astrid Lindgren Memorial Award (Alma), prêmio sueco que reconhece os melhores autores da literatura infantojuvenil: o escritor Daniel Munduruku, expoente da literatura indígena, e Roger Mello, um dos ilustradores mais premiados do país. O vencedor será anunciado em 1º de abril e receberá 5 milhões de coroas suecas, cerca de R$ 2,7 milhões. Lygia Bojunga é a única brasileira ganhadora do Alma, em 2004. (Folha)
Lançado pela Apple Original Films, Bread & Roses, da diretora afegã Sahra Mani, acaba de ganhar um trailer. O documentário sobre a situação das mulheres no Afeganistão após a volta do Talibã é produzido pela atriz americana Jennifer Lawrence e pela ativista paquistanesa e vencedora do Nobel da Paz, Malala Yousafzai. O filme teve sua estreia mundial no ano passado, no Festival de Cannes, onde recebeu ótimas críticas. O longa entra no catálogo da Apple TV+ em 22 de novembro. (The Hollywood Reporter)
Guilherme Werneck: “A despeito da música e da direção de arte primorosas, é difícil atravessar as duas horas de Maria, filme de Pablo Larraín, por causa da interpretação de Angelina Jolie no papel da maior diva do canto lírico de todos os tempos, Maria Callas. Não apenas pela dissemelhança entre atriz e cantora, mas sobretudo pela atuação inexpressiva, que não faz jus a uma das mulheres mais carismáticas da história, mesmo levando em conta que a personagem estaria em um momento em que sua estrela se apaga lentamente. Jolie tem culpa no cartório, mas o roteiro de Steven Knight não ajuda muito”. Confira a crítica completa. (Meio)
Cotidiano Digital
O Instagram anunciou uma série de novos recursos de segurança para proteger os usuários de golpistas de extorsão sexual. Entre as principais novidades está a desabilitação das capturas ou gravações de tela em imagens ou vídeos enviados nas mensagens privadas (DMs). A plataforma também vai impedir que imagens ou vídeos enviados como “ver uma vez” ou “permitir repetição” sejam abertas no desktop para garantir que as medidas de segurança não sejam burladas. Como esses golpistas usam as listas de seguidores para chantagear os jovens, a rede social vai impedir que contas suspeitas vejam os seguidores dos adolescentes. (TechCrunch)
Há novas regras incluídas pelo regulador de mídia britânico na Lei de Segurança Online que farão com que grandes empresas de tecnologia se esforcem mais para combater conteúdo ilegal na internet. A partir de dezembro, o regulador publicará a primeira edição de códigos e orientações sobre danos ilegais. As plataformas terão três meses para concluir uma avaliação de risco. Caso não cumpram a legislação, as big techs poderão receber multas de até 10% da receita anual global. Em caso de recorrência, gerentes seniores podem até ser presos. Nos episódios mais graves, o serviço pode ser bloqueado no Reino Unido. (CNBC)
Aniversário do Meio. A indústria dos videogames é maior do que a da música e a do cinema juntas. Na Edição de Sábado que liberamos para todos os assinantes hoje, Pedro Doria volta aos anos 1970 para contar a história dos primeiros visionários desse universo e apontar para onde ele caminha.
Meio em vídeo. Pedro Doria e Cora Rónai falam sobre o novo modo avançado de voz do ChatGPT e o lançamento do Kindle colorido. Como conversar com a inteligência artificial e as possibilidades de ler livros coloridos nos novos modelos do leitor digital. (YouTube)
Hoje é o dia de assistir a um Ponto de Partida como você nunca viu antes. Ponto de Partida - A Série traz Pedro Doria em um programa mais longo, mais elaborado e mais produzido. A Sociedade que o Algoritmo Criou é o título do primeiro episódio. Somente no Meio Premium. Assine e assista!