Kamala deixa Trump na defensiva e vence debate

A vice-presidente Kamala Harris usou sua experiência como promotora pública na Califórnia para vencer o esperado debate (íntegra) com o ex-presidente Donald Trump. O candidato republicano passou a maior parte do tempo na defensiva, tanto pelas perguntas da democrata quanto pela rápida resposta da equipe de checagem da emissora ABC, que contestou a veracidade de diversas de suas afirmações. “Vamos ouvir esta noite as mesmas velhas mentiras, lamentações e xingamentos”, afirmou Kamala, logo no início. Quando Trump trouxe o assunto do aumento da criminalidade, sua adversária rebateu que o comentário era curioso, vindo de alguém com tantas condenações e processos. A principal estratégia do republicano foi tentar associar Kamala às políticas de Joe Biden. “Ela é Biden”, afirmou. “A pior inflação que já tivemos”, disse Trump, que mais uma vez se recusou a reconhecer a derrota em 2020. (ABC News)

Após um aperto de mão cordial, a democrata partiu logo para o ataque, dizendo que o projeto tributário de Trump taxaria mais a classe média e que ele protagonizou a maior investida contra a democracia do país desde a Guerra Civil. O ex-presidente foi se mostrando cada vez mais irritado, mas insistiu em seus temas preferidos, a inflação e os imigrantes, que, segundo ele, estão “destruindo o tecido” do país e “comem animais de estimação”. Trump também acusou a vice-presidente de voltar atrás em posições progressistas, dizendo que ela é uma “falsa moderada”. Os dois enfatizaram suas diferenças em pontos-chave, como o direito ao aborto. (AP)

Uma pesquisa realizada logo após o encontro pela SSRS para a CNN com eleitores registrados (nos EUA o voto não é obrigatório) apontou que Kamala se saiu melhor para 63% dos entrevistados, contra 37% que preferiram Trump. O resultado é quase o inverso (67% a 33%) do debate entre o republicano e Joe Biden em junho. A performance desastrosa do presidente deu início às pressões para que ele desistisse da candidatura. (CNN)

A campanha democrata já começou a pedir um segundo debate entre Kamala e Trump antes da eleição de 5 de novembro. Sem dizer se aceita ou não, o republicano afirmou que os democratas querem um novo confronto por “saberem que perderam este”. (Washington Post)

Logo após o debate, Kamala ganhou uma adesão de peso. A cantora Taylor Swift, uma das mais populares do país, anunciou seu apoio à vice-presidente. “Acho que ela é uma líder talentosa e de mão firme, e creio que podemos fazer muito mais se o país for conduzido pela calma e não pelo caos”, escreveu a artista, que ainda criticou o uso pela campanha de Trump de imagens falsas dela geradas por IA sugerindo seu apoio ao republicano. (Variety)

Jeff Greenfield: “Harris fez com que fosse ‘a noite de Trump’ da pior forma possível. Ele não apenas caiu em todas as armadilhas dela, como ainda armou algumas para si mesmo. É possível ver como se sentem os apoiadores de Trump por sua reação à checagem dos fatos pelos mediadores.” (Politico)

Doug Schoen: “Está bem claro que Kamala Harris venceu o que deve ser o único debate com Donald Trump. Ela teve ajuda. Os dois moderadores da ABC pareciam sentir a necessidade de checar cada declaração do ex-presidente. Mas não creio que a eleição já esteja decidida.” (Fox News)

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Um ataque ucraniano lançou pelo menos 144 drones contra várias regiões da Rússia, incluindo Moscou, na noite de segunda-feira. O Ministério da Defesa russo disse que interceptou a maioria, sendo 20 apenas na capital. O ataque destruiu áreas militares e civis. Edifícios residenciais foram atingidos em Ramenskoye, em Moscou, causando a morte de uma mulher e ferindo outros três moradores de apartamentos que pegaram fogo. Aeroportos próximos a Moscou foram temporariamente fechados. (Kiev Post)

Por iniciativa própria, o Ministério Público do Trabalho abriu um inquérito civil para investigar relatos de assédio sexual e moral no Ministério dos Direitos Humanos sob o comando de Silvio Almeida, demitido na última sexta-feira. As acusações de assédio sexual, que são negadas pelo ex-ministro, envolvem inclusive a titular da pasta da Igualdade Racial, Anielle Franco. (Folha)

No Meio Político, disponível às 11h para assinantes premium, Wilson Gomes se debruça sobre a apologia de Silvio Almeida, lembrando que, na antiguidade clássica, esse era um discurso de autodefesa em resposta a uma acusação pública que envolvesse um ataque ao caráter do acusado, uma defesa moral da própria integridade. Com desfecho político rápido, o filósofo argumenta que o escândalo atingiu diretamente o coração identitário do governo. Assine o Meio e tenha acesso a opiniões originais que ampliam o entendimento dos fatos.

Aquecendo a disputa pela sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, reuniu-se ontem, no Palácio do Planalto, com o deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA), candidato ao cargo. Os ministros Juscelino Filho (Comunicações) e Celso Sabino (Turismo), ambos do União Brasil, participaram da conversa. Nascimento deve se reunir hoje com Lula, que também deve se encontrar com Antônio Brito (PSD-BA), mais um no páreo. Lula recebeu na semana passada Hugo Motta (Republicanos-PB), que entrou de surpresa na briga. (g1)

Relator do projeto de lei para anistiar os condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro, o deputado Rodrigo Valadares (União Brasil-SE) apresentou ontem uma nova versão do texto que pode beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A proposta prevê que casos relacionados a atos golpistas deixem o gabinete do Supremo Tribunal Federal e tramitem na primeira instância. O projeto da anistia foi debatido na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara ontem sob pressão dos deputados bolsonaristas pela aprovação imediata e tentativas de aliados do governo de postergar a votação para depois das eleições municipais. A sessão foi suspensa e será retomada hoje. (Estadão)

Custará R$ 15 mil a acusação equivocada do presidente Lula e da primeira-dama, Janja da Silva, de que 261 móveis teriam desaparecido do Palácio da Alvorada quando o casal Bolsonaro deixou o imóvel. Lula chegou a dizer que o ex-presidente e sua esposa haviam levado tudo, mas os móveis foram encontrados em setembro de 2023. A condenação foi da 17ª Vara Federal no Distrito Federal. Na decisão, o juiz Diego Câmara afirma que houve dano à honra objetiva e subjetiva de Jair e Michelle Bolsonaro. A Advocacia-Geral da União disse que vai recorrer. (g1)

Fumaça pra todo lado

Orlando Pedroso

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Viver

Sob pressão pelo recorde de queimadas e pela seca no país, o presidente Lula anunciou ontem, em visita ao Amazonas, que vai criar uma Autoridade Climática para enfrentar as tragédias provocadas pelas mudanças climáticas. A nova estrutura era uma promessa de campanha. “Nosso foco precisa ser a adaptação e preparação para o enfrentamento desses fenômenos. Vamos estabelecer uma autoridade climática e um comitê técnico-científico que dê suporte e articule a implementação das ações do governo federal”, disse durante encontro com prefeitos para anúncio de medidas de combate à seca no estado. O objetivo é estabelecer as condições para ampliar e acelerar as políticas públicas. (Globo)

Em audiência de conciliação sobre o plano de prevenção e combate ao fogo na Amazônia e no Pantanal, o ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino chamou as queimadas de uma “autêntica pandemia de incêndios florestais” e determinou a convocação imediata de mais bombeiros, um mutirão das polícias Federal e Civil e da Força Nacional para investigação e combate de queimadas por causa humana, e a ampliação do número de aeronaves no prazo de dez dias. (g1)

Em 24 horas, o Brasil registrou 5.132 focos de incêndio, sendo responsável por 75,9% das queimadas na América do Sul, segundo o Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. (CNN Brasil)

De acordo com o médico patologista Paulo Saldiva, a poluição atmosférica de São Paulo atingiu níveis tão nocivos que equivale ao consumo involuntário de quatro a cinco cigarros por dia. (CNN Brasil)

Enquanto isso... O Brasil foi o segundo país com maior número de homicídios de defensores ambientais, 25 em 2023, ficando atrás apenas da Colômbia (79). Em todo o mundo, houve 196 mortes, o que equivale a uma a cada dois dias. Os dados da ONG Global Witness revelam que a América Latina é a região mais perigosa para ativistas, concentrando 85% das mortes. (Folha)

Meio em vídeo. Tem incêndio criminoso, tem pior seca histórica, tem Congresso agindo contra. Mas tem também um governo com 20 meses de trabalho e uma das maiores ambientalistas do planeta como ministra. Então, por que estamos sufocando? É hora de fazer política séria ambiental e com o agronegócio brasileiro. Assista ao Cá Entre Nós, com Flávia Tavares. (YouTube)

Cotidiano Digital

O Tribunal Superior da União Europeia impôs duras derrotas às gigantes da tecnologia Apple e Google ontem. A Justiça confirmou uma ordem de 2016 para que a Apple pague 13 bilhões de euros em impostos à Irlanda, após ser constatado que a empresa havia feito acordos com o governo irlandês de isenção sobre seus lucros. A Apple criticou a decisão, argumentando que a UE estava impondo uma dupla tributação, uma vez que seus lucros já são taxados nos Estados Unidos. No caso do Google, o tribunal manteve a multa de 2,4 bilhões de euros imposta em 2017 por dar tratamento preferencial ao seu serviço de comparação de preços em detrimento de seus concorrentes. (The New York Times)

Alexander B. Howard: “Três grandes eventos abalaram o mundo das mídias sociais. As autoridades francesas detiveram Pavel Durov, do Telegram. Um juiz suspendeu o serviço do X no Brasil. E um tribunal na Pensilvânia decidiu que a mãe de uma criança de 10 anos que morreu ao copiar um vídeo de autoasfixia pode processar o TikTok, contornando uma imunidade que a empresa reivindica. Embora cada um desses eventos tenha ocorrido num país diferente com suas próprias leis, juntos demonstram uma mudança no equilíbrio de poder. Estamos mais perto do fim da impunidade para os titãs da tecnologia”. (New York Times)

A Sony revelou ontem um PS5 mais poderoso. O modelo melhora a qualidade dos jogos com uma GPU maior, com 67% mais unidades de computação do que o console atual, além de memória 28% mais rápida, ray tracing (que simula o comportamento da luz no mundo real) avançado e upscaling (adaptação de resolução) personalizado e orientado por IA. O console não vem com unidade de disco, que pode ser adquirida separadamente por US$ 79,99. O PS5 Pro será lançado em 7 de novembro, a US$ 699,99. A pré-venda começa no próximo dia 26. (The Verge)

Meio em vídeo. Pedro Doria e Cora Rónai comentam o evento de lançamento da Apple, que apresentou o novo iPhone 16, com a Siri 100% integrada à IA, quatro microfones para efeito de áudio 3D e botão para controlar a câmera. (YouTube)

Cultura

Um terceiro filme de Duna, baseado no romance O Messias de Duna, de Frank Herbert, não está sendo desenvolvido como a conclusão de uma trilogia, afirmou o diretor Denis Villeneuve. O novo longa foi confirmado pela Legendary após Duna - Parte 2 arrecadar US$ 711 milhões em todo o mundo no início deste ano. “Se eu fizer o terceiro, que está em processo de escrita, não é como uma trilogia. É estranho dizer isso, mas se eu voltar lá, é para fazer algo que pareça diferente e tenha sua própria identidade”, afirmou. Apesar de ser seu último longa sobre Duna, Villeneuve pretende deixar espaço para continuação da franquia com outro diretor. (Variety)

Beyoncé abraçou a música country com o álbum Cowboy Carter (Spotify) e, particularmente, o single Texas Hold ’Em, primeiro lugar nas paradas do gênero, mas a recíproca não foi verdadeira. A artista não foi indicada em qualquer categoria do Country Music Awards (CMA), a maior premiação do gênero nos EUA. Os fãs esperavam que ela se tornasse a primeira mulher negra concorrendo a melhor álbum, mas não só ficaram frustrados, como viram o maior número de indicações ir para Morgan Wallen, que chegou a ser suspenso de sua gravadora por ofensas racistas. (Deadline e NBC News)

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