Supremo enfrenta retaliações de Lira e Musk
O Supremo Tribunal Federal (STF) está no olho do furacão, enfrentando ao mesmo tempo retaliação do Congresso, acusações contra o ministro Alexandre de Moraes e agora uma briga explícita com Elon Musk. No sábado, o bilionário sul-africano anunciou o encerramento das atividades do X no Brasil e a demissão dos 40 funcionários em retaliação a decisões de Moraes, ressaltando que a medida não afeta o uso das redes pelos brasileiros. Foi mais um capítulo da escalada de tensões entre Musk e o ministro pelos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos. No último dia 8, Moraes determinou o bloqueio de sete perfis de bolsonaristas na rede, incluindo o do senador Marcos do Val (Podemos-ES), mas a rede descumpriu, alegando ser alvo de censura. Segundo documento divulgado pelo X, o ministro impôs uma multa de R$ 20 mil por dia de descumprimento e ameaçou de prisão a administradora da empresa, Rachel de Oliveira Villa Nova Conceição. (g1)
O inquérito das fake news vem sendo uma frente de ataques a Moraes. A investigação, aberta à revelia do Ministério Público, está para completar 2 mil dias, tramitando em sigilo e sem previsão de conclusão. As críticas se tornaram mais fortes com a divulgação de mensagens de auxiliares do ministro discutindo a produção de relatórios pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na época presidido por ele, para abastecer o inquérito no STF. Mas ministros do Supremo e juristas dizem que, mesmo sem o pedido formal, a troca de informações foi legal. (Estadão)
Essa não é a única fonte de tensão na Corte. Na sexta-feira, seus integrantes decidiram, por unanimidade, manter a liminar do ministro Flávio Dino suspendendo a execução das chamadas emendas PIX e de emendas impositivas incluídas por parlamentares no Orçamento da União até que sejam aplicados mecanismos para aumentar a transparência. Ato contínuo, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tirou da gaveta duas Propostas de Emenda à Constituição (PECs) que limitam decisões individuais de ministros do STF e dão aos parlamentares poder de reverter decisões do Supremo. As duas medidas serão analisadas pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). (UOL)
Elio Gaspari: “O Supremo virou vidraça. Esse é o jogo jogado, mas é um mau jogo. O combate à corrupção perdeu vigor pela onipotência da República de Curitiba e da blindagem que lhe foi dada, inclusive pela imprensa. O combate às mentiras e armações do bolsonarismo perdeu com a blindagem dada a Alexandre de Moraes”. (Globo e Folha)
Se políticos mudam de partido, por que não de cor? De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ao menos 42 mil candidatos que disputaram as eleições de 2020 e estão concorrendo ao pleito deste ano alteraram a declaração de cor e raça – praticamente um em cada quatro políticos registrados nas duas eleições. A maior parte, 40,4%, alterou a declaração de cor de branca para parda, o que permite ao candidato usufruir de cotas eleitorais. Mas 27,6% fizeram o caminho inverso e agora se declaram brancos, perdendo o benefício. As mudanças de pardo para preto e vice-versa não têm efeito para fins de cotas. (Folha)
Para ler com calma. Começa nesta segunda-feira em Chicago a convenção do Partido Democrata que vai formalizar a já consolidada candidatura da vice-presidente Kamala Harris à Casa Branca, tendo o governador Tim Walz como companheiro de chapa. Além da injeção de entusiasmo que a desistência de Joe Biden deu à campanha democrata, a ascensão de Kamala é uma virada na carreira política dela, marcada pela tentativa frustrada de ser cabeça de chapa em 2019 e por críticas a sua atuação como vice-presidente, algumas do próprio Biden. (BBC)
Na sexta-feira, Kamala anunciou uma agenda econômica de forte apelo popular, propondo cortar impostos para mais de 100 milhões de americanos de classe média e baixa renda. A plataforma – que inclui medidas destinadas a tornar a habitação, os alimentos, os cuidados de saúde e a educação mais acessíveis – vem num momento em que Donald Trump tenta culpá-la pela inflação. A candidata disse que um “objetivo definidor da sua presidência” é construir o que chamou de “economia de oportunidades” para a classe média. E também prometeu controlar a inflação e combater a manipulação de preços. (CNN)
E uma pesquisa feita em parceria entre a Siena e o New York Times mostrou Kamala em empate técnico com Donald Trump em quatro estados cruciais antes considerados garantidos para o republicano. Ela aparece à frente no Arizona (50% a 45%) e na Carolina do Norte (49% a 47%) e atrás em Nevada (48% a 47%) e na Geórgia (50% a 46%). Em maio, quando Biden ainda era o candidato democrata, a mesma pesquisa mostrou Trump vencendo por 50% a 41% nesses estados. (New York Times)
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Cultura
O Brasil inteiro ficou de luto no sábado com a morte, aos 93 anos, do apresentador e empresário Silvio Santos, um dos maiores ícones da nossa TV. Ele estava internado desde o dia 1º deste mês e morreu devida a uma broncopneumonia após infecção por influenza (H1N1). Seu corpo foi sepultado na manhã de domingo no Cemitério Israelita do Butantã, na Zona Oeste de São Paulo. Silvio deixou, além da viúva Íris, seis filhas, 14 netos e quatro bisnetos. Carioca da Lapa, Senor Abravanel, seu verdadeiro nome, foi camelô e locutor no Rio até se mudar para São Paulo em 1954 e trabalhar na emissora local da Rádio Nacional. Logo foi convidado para atuar como animador no programa de Manuel da Nóbrega, seu grande incentivador e de quem comprou sua primeira empresa, o Baú da Felicidade. Foi para a TV Paulista em 1958 onde comandou diversas atrações até estrear, em 1963, o Programa Silvio Santos, que redefiniu as tardes de domingo na TV com bordões inconfundíveis, shows de calouros e uma sintonia perfeita com o gosto das camadas populares. Àquela altura a emissora já pertencia à Rede Globo, mas Silvio também era apresentador da Tupi. Em 1975, criou no Rio a TVS, para a qual levou seu programa no ano seguinte. Com novas emissoras em outras praças, fundou em 1981 o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT). Seu programa só deixou de ser produzido durante a pandemia, com reprises em 2020 e 2021. Silvio bem que tentou retomar as gravações em agosto daquele ano, mas contraiu a doença e foi internado. Em abril de 2022, reassumiu o programa em ritmo mais leve, até passar o comando da atração e o nome para a filha Patrícia, em março do ano passado. (g1)
Um momento dramático de sua vida aconteceu em 2001, quando Patrícia foi sequestrada, mantida em cativeiro por uma semana e libertada após o pagamento de RS 500 mil. Dias depois, Fernando Dutra Pinto invadiu a mansão da família e manteve Silvio e Patrícia sob a mira de uma arma até se render. (CNN Brasil)
Seu sucesso na TV cresceu em paralelo a seus negócios. Com um patrimônio estimado em R$ 1,6 bilhão, era dono do Grupo Silvio Santos, atuando nos segmentos de cosméticos, capitalização, mídia e comunicação, incorporação imobiliária e hotelaria, entre outros. Nem todos foram tranquilos. Em 2010 foi descoberto um rombo de quase R$ 4 bilhões no Banco Panamericano, que pertencia a ele. Silvio não foi considerado responsável pela fraude na empresa, vendida no ano seguinte para o BTG. (InfoMoney)
Silvio tentou trocar a TV pela política em 1989, como lembra Eliane Cantanhêde. Incentivado por senadores, lançou-se candidato a presidente pelo hoje extinto PMB, mas o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou a candidatura a apenas seis dias da votação, alegando irregularidades no registro do partido. (Estadão)
O governo federal decretou luto oficial de três dias, mesma atitude do governo paulista e das prefeituras do Rio e de São Paulo. No X, o presidente Lula disse que o apresentador foi “a maior personalidade da história da televisão brasileira”. Artistas, especialmente os que trabalharam com Silvio, lembraram do apresentador com carinho. “Só gratidão por todos os ensinamentos”, escreveu Larissa Manoela, que começou a carreira na infância no SBT. Para Rodrigo Faro, que interpreta o apresentador em uma cinebiografia que estreia em setembro, “Silvio foi uma inspiração para mim e para todos aqueles que trabalham com comunicação nesse país”. (UOL)
A morte de Silvio também repercutiu na imprensa internacional, com destaque para seus célebres bordões, em especial o “Quem quer dinheiro?”. (Terra)
Confira imagens marcantes da carreira de Silvio Santos. (Meio)
Joaquim Ferreira dos Santos: “Silvio Santos morria de rir de si mesmo, de suas gafes, da incapacidade de se controlar diante das mulheres bonitas e, para que ficasse clara sua disposição de apostar na gandaia, a música que abria o programa dizia ‘Da vida não se leva nada/vamos sorrir e cantar’. Cada brasileiro tem o seu Silvio Santos, cada um de nós carrega um baú da felicidade repleto de memórias com ele”. (Globo)
Henrique Artuni: “Como maestro do SBT, Silvio Santos conseguiu um epíteto que pode parecer grandioso: fez a televisão da família brasileira. Algo difícil num Brasil de tantos Brasis. Mas sua figura, seu carisma e tino para os negócios orquestraram o visual e a linguagem de uma emissora que traduziu os brasileiros por seus afetos e sonhos, refletidos em caóticos programas de auditório, atrações e novelas infantis, sorteios, doações, jogos angustiantes e no humor – intencional ou involuntário”. (Folha)
E morreu neste domingo na França, aos 88 anos, o ator Alain Delon, um dos maiores nomes do cinema mundial, estrela de filmes como O Sol por Testemunha, O Leopardo e Rocco e seus Irmãos. Em um comunicado, os filhos disseram que o artista “morreu em paz em sua casa em Douchy, cercado da família”, mas não especificaram a causa. “Ele era mais que um astro. Era um monumento francês”, escreveu nas redes o presidente Emmanuel Macron. Entre a estreia em 1957 e a aposentadoria em 1997 (interrompida por uma participação em um filme da franquia Asterix, em 2008), protagonizou alguns dos mais significativos filmes do cinema europeu. (Guardian)
Oeste Outra Vez, de Erico Rassi, foi o grande vencedor do 52º Festival de Cinema de Gramado, encerrado na noite de sábado. A produção que retrata a fragilidade de homens abandonados pelas mulheres no sertão de Goiás, ganhou três Kikitos: Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante (Rodger Rogério) e Melhor Fotografia (André Carvalheira). Confia todos os vencedores. (g1)
Viver
Há 200 anos, a fazenda de café São José do Pinheiro, localizada a 120 km do Rio de Janeiro, era uma das maiores propriedades do Brasil, com cerca de 500 pessoas escravizadas por José de Souza Breves, um dos homens mais ricos do país. Hoje, a cidade de Pinheiral, com 24 mil habitantes, ocupa a área onde ficava a fazenda, e o que sobrou da sede é um espaço público chamado Parque das Ruínas. Descendentes dos escravizados na fazenda conseguiram financiamento do governo brasileiro para transformar o parque em um museu e uma escola de jongo. (Guardian)
Meio em vídeo. Marcos Benchimol, professor e cardiologista, é o entrevistado de Christian Lynch no Diálogos com a Inteligência desta semana. Passados pouco mais de quatro anos desde que a pandemia da covid-19 foi declarada, o médico faz um resumo de como a doença se desenrolou no mundo. Será que sabemos quais são todos os efeitos do coronavírus e quais, de fato, ainda permanecem na população? Diálogos com a Inteligência é uma parceria do Meio com a revista Insight Inteligência. (YouTube)
Cotidiano Digital
Especialistas alertam para os riscos à saúde mental e física e ao comportamento de crianças e adolescentes expostos demasiadamente a telas. Entre os problemas estão distúrbios cognitivos, sedentarismo, privação de sono e exposição a conteúdos nocivos. A Unesco destacou os efeitos negativos das telas no desempenho escolar, revelando que um em cada quatro países já restringe o uso de celulares nas escolas. (Globo)
A Premier League, o principal campeonato de futebol da Inglaterra, usará iPhones para detectar impedimentos nos jogos. O app com a “tecnologia de impedimento semiassistida” (SAOT, na sigla em inglês) da Genius Sports cria renderizações tridimensionais precisas dos jogadores, superando os limites do sistema de VAR atual, que usa menos pontos de dados e câmeras 4K. (Estadão)
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