Haddad quer conter falas de Lula perante alta do dólar

Depois de atribuir a alta do dólar a um “jogo de interesse especulativo contra o real” em nova entrevista, o presidente Lula afirmou que fará uma reunião em Brasília hoje para debater como conter a depreciação da moeda brasileira. O dólar chegou a ser cotado a R$ 5,70 e, no fim do dia, fechou a R$ 5,66. “É um absurdo. Obviamente me preocupa essa subida do dólar. (...) Não é normal o que está acontecendo”, disse Lula, que deve se encontrar com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e com a Junta de Execução Orçamentária, equipe do ministério que assessora o presidente na condução da política fiscal do governo. O desempenho do câmbio, no entanto, tem respondido às reiteradas críticas do presidente nas últimas semanas, além de incertezas com o cenário externo. Mesmo quando defende a autonomia do Banco Central — ontem ele disse que a autarquia deve funcionar com liberdade para não ceder às pressões políticas —, Lula critica seu presidente, Roberto Campos Neto, que deixará o cargo em dezembro de 2024. (Estadão e Meio)

Fernando Haddad negou a possibilidade de reduzir o Imposto Sobre Operações Financeiras no câmbio para conter a disparada do dólar e voltou a dizer que a equipe econômica pode melhorar a comunicação sobre a autonomia do BC e o arcabouço fiscal. “É isso que vai tranquilizar as pessoas. É mais em comunicação do que de outra coisa.” (g1)

No encontro de hoje, Haddad deve dizer a Lula que o presidente está errando sobre o dólar e o BC, conta Kennedy Alencar. Deve explicar também que as declarações do presidente podem contratar mais inflação para 2025 e 2026, que é o último biênio do mandato do petista, tornando mais difícil o trabalho do próximo chefe do BC, a ser indicado por Lula. (UOL)

Já Campos Neto afirmou, durante fórum do Banco Central Europeu em Portugal, que “muitos ruídos” relativos às expectativas sobre a trajetória fiscal e monetária criaram “incerteza suficiente” para levar o Comitê de Política Monetária a interromper o ciclo de corte dos juros — alvo de queixas de Lula. Questionado sobre as críticas do petista, o economista disse que o presidente do BC “tem que sair da arena política” e “avançar com o trabalho técnico”. (Folha)

E aliados do presidente têm defendido a antecipação da indicação do novo chefe do BC com o objetivo de frear a disparada do dólar, segundo a Coluna do Estadão. O diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, é o favorito. O senador Renan Calheiros (MDB-AL) está entre os que defendem essa antecipação para diminuir tensões e incertezas. (Estadão)

Fernando Exman: “Além de parecer disposto a manter uma permanente rixa com Campos Neto, Lula está insatisfeito com a forma com que auxiliares têm defendido os resultados obtidos em seu terceiro mandato. Acha que a percepção do brasileiro sobre a qualidade de vida está impactando negativamente a sua popularidade, a despeito de indicadores positivos observados há meses, e portanto há que contar ‘uma história melhor’ para a população. Esse não é um desafio exclusivo do petista. O presidente americano, Joe Biden, enfrenta um semelhante. Lula parece acreditar que é capaz de reverter esse quadro escalando o tom do discurso”. (Valor)

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Depois de amargar o desgaste por ter colocado em votação, de forma escamoteada, a urgência do Projeto de Lei Antiaborto, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tentou melhorar sua imagem com as mulheres, propondo uma política de cota feminina para as vagas do Parlamento. O alagoano, entretanto, propôs uma fatia de 15% dos assentos, que é menor do que os 17,7% das cadeiras da Câmara que hoje são ocupadas por 91 deputadas. Ao encerrar o 1º Encontro de Parlamentares Mulheres do G20, que ocorreu segunda e terça-feira em Maceió, Lira disse que a proposta deve adotar um critério gradual, partindo de 15% dos assentos até chegar a 20% em 5 anos. (Meio)

Democratas de peso começaram a criticar forte e agressivamente o desempenho do presidente Joe Biden no debate eleitoral da semana passada e a reagir ao que chamam de uma resposta pouco convincente de sua campanha às preocupações de que ele não esteja preparado para a disputa e uma reeleição. A ex-presidente da Câmara Nancy Pelosi disse que é legítimo questionar se o desempenho de Biden no debate foi “um episódio ou é uma condição”. O deputado Lloyd Doggett, do Texas, pediu a Biden que desista da corrida eleitoral. “O presidente Biden salvou a nossa democracia ao nos libertar de Trump em 2020. Ele não deve nos entregar a Trump em 2024”, afirmou. Os governadores democratas planejam se reunir com Biden, possivelmente hoje. (Politico)

Deirdre Nansen McCloskey: “O presidente dos EUA e eu temos 81 anos. Nós dois gaguejamos. Nós dois somos, eu garanto, pessoas muito legais. Biden tem sido uma pessoa de ação, um senador, um vice-presidente e um presidente bem-sucedido. Eu seria uma escolha particularmente ruim para presidente de qualquer coisa que envolvesse ação. Teorias, sim; ações, não. No entanto, Biden se recuperará de seu desempenho desastroso no debate e vencerá em novembro. Trump não atraiu novos eleitores. Nenhum, quero dizer, além daqueles que votaram nele em 2020”. (Folha)

Enquanto isso... Foi adiado para até 18 de setembro o anúncio da sentença de Donald Trump pela condenação criminal por fraude fiscal e falsificação de documentos para encobrir suborno à atriz pornô Stormy Daniels durante a campanha de 2016, a fim de que ela não revelasse ter sido sua amante. Seus advogados tentarão convencer o juiz de que sua condenação deveria ser rejeitada após a decisão da Suprema Corte, que deu imunidade a presidentes em atos oficiais. (Washington Post)

Em todo o mundo, democratas se sentem em uma gangorra: ora o movimento do mundo parece fazer os autoritários avançarem, ora recuarem. O mau desempenho de Biden no debate, a vitória da extrema direita na França e a tese de impunidade do presidente Trump defendida pela Suprema Corte dos Estados Unidos geram expectativas de retrocesso democrático. Mas ao recorrer a explicações mais sedimentadas da ciência política, o democrata desalentado pode encontrar consolação, argumenta Christian Lynch no Meio Político, que sai às 11h para assinantes premium. Não assina? Ainda dá tempo de fazer sua assinatura premium e não perder esse artigo.

O prazo para registro de candidaturas para o segundo turno das eleições parlamentares francesas terminou ontem às 18h (hora local). E muitos concorrentes da esquerda e do centro abandonaram a disputa em nome de adversários melhor posicionados para tentar bloquear uma vitória dos ultradireitistas do partido Reunião Nacional (RN). Ainda sem uma lista oficial, a imprensa local informou que entre 214 e 218 candidatos desistiram. Isso significa que haverá cerca de 108 concorrentes — antes seriam mais de 300. O primeiro turno no domingo passado deu uma grande vitória ao partido de Marine Le Pen, que, com seus aliados, obteve cerca de 33% dos votos, mas as chances do RN obter maioria absoluta na Assembleia Nacional, que tem 577 cadeiras, foram prejudicadas pela tática dos opositores. (BBC)

Carona

Orlando Pedroso

 

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Viver

O Brasil deixa de movimentar R$ 167,81 bilhões por ano por não explorar a indústria da maconha. Além da indústria farmacêutica, com a cannabis medicinal, também poderia existir produção de plástico e concreto biodegradáveis, caso houvesse regulamentação. A Associação Brasileira das Indústrias de Cannabis calcula que 21 setores da economia seriam beneficiados e 400 mil empregos diretos seriam criados. Atualmente, tramitam no Congresso dois projetos de lei sobre o tema. Um quer regulamentar o uso da erva para fins medicinais e o outro, instituir uma política nacional de fornecimento gratuito de medicamentos à base de substâncias da maconha. Ambos estão parados desde o ano passado, sem previsão de votação. (CNN Brasil)

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O novo edital do Programa Mais Médicos terá cotas para pessoas com deficiência e grupos étnico-raciais, como negros, indígenas e quilombolas, anunciou o governo federal. As cotas seguirão as mesmas normas para concursos públicos, sendo no mínimo 20% das vagas para grupos raciais e 9% para PcD. E será concedida bolsa-formação de R$ 14.058 mensais por até dois anos para os selecionados. No total, serão mais 3,1 mil vagas destinadas a regiões prioritárias e de vulnerabilidade social. Poderão participar profissionais brasileiros formados no país ou no exterior, e estrangeiros, que continuarão atuando com registro do Ministério da Saúde. Médicos brasileiros formados no país vão ter preferência na seleção. (Globo)

O Observatório de Greenwich divulgou ontem os finalistas do 16º prêmio Fotógrafo do Ano de Astronomia. Segundo a organização, mais de 3.500 fotógrafos profissionais e amadores de todo o mundo se inscreveram. Entre as imagens escolhidas, estão paisagens repletas de estrelas e galáxias, auroras boreais e detalhes impressionantes do Sol. A lista de vencedores será divulgada em setembro. (Mashable)

Cultura

A continuação de Beetlejuice abrirá o Festival de Cinema de Veneza, em 28 de agosto, antes de chegar aos cinemas globais em 4 de setembro. A estreia será fora da competição oficial, com presença de Tim Burton e do elenco, que tem a volta de Michael Keaton, Winona Ryder e Catherine O'Hara. Na nova trama, três gerações do clã Deetz se mudam de volta para a casa de Winter River após uma morte repentina na família. A filha adolescente e rebelde de Lydia, personagem de Ryder, descobre um portal para o mundo dos mortos escondido no porão. Na mostra competitiva, um dos favoritos é Joker 2: Folie à Deux, continuação de Coringa, estrelado por Joaquim Phoenix e Lady Gaga. (Variety)

O clássico Diário de Anne Frank impactou o mundo com a narração de uma menina judia escondida dos nazistas em um porão holandês. A partir do dia 17, outro relato ganha forma em uma exposição online do Instituto YIVO de Pesquisa Judaica, em Nova York. O diário em que a mostra se baseia foi escrito por Yitskhok Rudashevski, que tinha 13 anos quando os alemães tomaram Vilnius, na Lituânia, confinando 55 mil judeus. As descrições de Rudashevski se destacaram entre outras 85 escritas por adolescentes sobre o Holocausto. A exposição tem animação, histórias em quadrinhos e dramatizações em vídeo. (New York Times)

Os britânicos vão às urnas amanhã e é provável que os conservadores deixem o poder após 14 anos. Para marcar essa passagem de tempo, o Guardian escolheu uma música para cada ano entre 2010 e 2024. A lista conta a história do país com seus temas, humores e medos. Entre elas, estão Running Up That Hill (Spotify), de Kate Bush, remixada para o encerramento dos Jogos Olímpicos de Londres 2012, e a performance de Dave em Black (YouTube), no Brit Awards 2020, com seu teor racial. (Guardian)

Cotidiano Digital

O governo federal publicou um despacho no Diário Oficial da União em que a Autoridade Nacional de Proteção de Dados determina que a Meta, dona de Facebook, Instagram e WhatsApp, suspenda a validade no Brasil da nova política de privacidade da empresa sobre o uso de dados pessoais dos brasileiros. A decisão proíbe a empresa de usar dados de usuários de suas plataformas para “treinar” sistemas de inteligência artificial generativa e prevê multa de R$ 50 mil por dia em caso de descumprimento. A prática já havia sido contestada na Europa. Em nota, a Meta disse estar “desapontada” com a decisão e que sua política para a inteligência artificial está de acordo com a legislação brasileira. (g1)

E a Meta planeja aplicar IA generativa em jogos, especificamente os de realidade virtual, aumentada e mista, enquanto busca revigorar sua estratégia de metaverso, que está em declínio. De acordo com uma lista de vagas em aberto, a big tech estaria buscando pesquisar e gerar protótipos de “novas experiências de consumo” com jogos impulsionados por IA generativa, que “mudam cada vez que você joga” e seguem caminhos “não determinísticos”. (TechCrunch)

A Netflix está começando a excluir a versão mais barata de seu plano mensal sem anúncios para assinantes de países como Canadá e Reino Unido. Usuários postaram no Reddit que a plataforma de streaming está pedindo a alguns clientes que escolham um novo plano para permanecerem ativos. Em janeiro, a companhia já havia anunciado a intenção de remover a categoria básica para atuais clientes no segundo trimestre deste ano. (The Verge)

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