Prezadas leitoras, caros leitores —

O bolsonarismo vazou para a imprensa, ontem, imagens do general Gonçalves Dias, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, circulando entre golpistas no dia 8 de janeiro. Até então, o Planalto informava que as imagens dos arredores da sala do presidente não estavam disponíveis. Além do efeito desejado — GDias acabou a quarta-feira demitido —, os vídeos fizeram os líderes governistas mudarem de posição e se tornarem a favor da instalação da CPMI para apurar os atos antidemocráticos.

O tão antecipado “primeiro teste de Lula no Congresso” deve vir não na votação do arcabouço, mas numa investigação e numa disputa de narrativa ainda ligada ao bolsonarismo e suas consequências. Neste sábado, o Meio mergulhará na crise.

Amanhã, sexta-feira 21 de abril, a edição regular não vai circular. É feriado nacional, dia de Tiradentes. Mas, também no sábado, vamos reconstruir os momentos finais do alferes Joaquim José da Silva Xavier. Há documentos e testemunhos públicos os suficientes que permitem narrar como se fosse cinema cada detalhe da procissão humilhante, o estado dos cariocas perante a forca de um homem que, não, não tinha barba alguma.

E vamos contar ainda como Elon Musk quer com sua Starship, maior foguete do mundo, não só levar turistas à Lua, mas nada menos que “colonizar” Marte.

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— Os editores.

General do GSI é a primeira baixa no ministério de Lula

Após 109 dias, o governo Lula perdeu seu primeiro ministro. O general Marco Edson Gonçalves Dias pediu demissão ontem da chefia do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), depois da divulgação, pela CNN Brasil, de imagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto, mostrando que ele não confrontou os golpistas que invadiram o prédio em 8 de janeiro. As cenas mostram o general sozinho na antessala do gabinete do presidente. Minutos depois, ele aparece caminhando no mesmo corredor com alguns invasores. Nas imagens, ele parece indicar a saída de emergência ao grupo. Outros integrantes do GSI também aparecem no vídeo. Logo após a divulgação, GDias, como é conhecido, alegou estar com uma crise hipertensiva para não comparecer a uma audiência na Comissão de Segurança Pública da Câmara sobre o 8 de janeiro. Lula convocou uma reunião de emergência com o general e seus ministros mais próximos e aceitou o pedido de demissão. A função de Gonçalves Dias já havia sido esvaziada devido às desconfianças surgidas com o 8 de janeiro e à transferência da segurança presidencial para policiais federais. Ricardo Capelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública e homem de confiança do ministro Flávio Dino, assumiu interinamente o cargo. Ele atuou como interventor federal na segurança do DF, durante o afastamento do governador Ibaneis Rocha. (Estadão e CNN Brasil)

A nova crise política fez o governo e a cúpula do PT mudarem a estratégia adotada até a véspera, aceitando a instauração de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), no Congresso, para investigar os atos golpistas. Agora, para a base governista, a CPMI é inevitável e necessária para contrapor o discurso de que infiltrados de esquerda teriam sido responsáveis pelo vandalismo. Antes, o temor era de que a CPMI desviasse o foco e atrasasse votações importantes, como a do arcabouço fiscal. (Folha)

Um fato complicou ainda mais a situação de Gonçalves Dias: Lula havia pedido a ele imagens da frente do gabinete presidencial durante a invasão. O general, no entanto, respondeu que as gravações estavam indisponíveis, disseram fontes a Gerson Camarotti. Além disso, o GSI impôs sigilo aos vídeos das câmeras de segurança do Palácio do Planalto, recusando-se a entregar o material à CPI dos atos golpistas da Câmara Distrital do DF e à deputada federal Adriana Ventura (Novo). (g1 e Globo)

Após o pedido de demissão, Gonçalves Dias afirmou, em entrevista à TV Globo, que estava no Palácio do Planalto em 8 de janeiro para retirar os golpistas. “Eu entrei no palácio depois que foi invadido e estava retirando as pessoas do 3º e 4º piso, para que houvesse a prisão no 2º”, disse. Ele alega que sua imagem ao lado de manifestantes foi tirada de contexto. A Polícia Federal vai intimar o general. A oitiva já estava prevista, mas ganhou outra dimensão. (g1 e Valor)

Aliás... O STF formou maioria para tornar réus cem denunciados pela tentativa de golpe. Votaram pela aceitação da denúncia Alexandre de Moraes (relator), Dias Toffoli, Edson Fachin, Cármen Lúcia, Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes. Rosa Weber, Luiz Fux, Nunes Marques e André Mendonça devem registrar os votos até o dia 24. (UOL)

Igor Gielow: “O vídeo em que o agora ex-ministro do GSI aparece no Planalto no dia 8 complicou sua já frágil posição. A peça não é clara sobre o que ele fazia por lá, e de todo modo foi bem depois que as portas estavam arrombadas. Mas toda a narrativa tortuosa de que tais imagens não existiriam, e depois sua colocação sob sigilo, sugere que Dias poderia até estar operando uma limpeza dos bolsonaristas de seu antecessor, o saturnino general Augusto Heleno, mas queria fazê-lo de forma discreta. O conceito da ‘família militar’ é muito caro às corporações de coturno.” (Folha)

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A avaliação positiva do governo Lula caiu de 40% em fevereiro para 36% este mês, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada ontem. O percentual de pessoas que têm uma visão negativa do governo pulou de 20% para 29% no período, mesmo percentual de “regular”, que estava em 24% há três meses. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais. A maior avaliação positiva foi no Nordeste, mas com recuo de 62% para 53%. (CNN Brasil)

Meio em vídeo. O governo Lula continua errando muito na comunicação digital. Alguém aí já conseguiu entender se é para taxar ou não é as lojas chinesas? Pois é. O vaivém, a falta de organização e disciplina causam confusão. E quem não é militante sai sem entender o que o governo quer. Confira a análise de Pedro Doria no Ponto de Partida. (YouTube)

O clima esquentou ontem na Comissão de Trabalho da Câmara. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) avançou na direção de Dionilso Marcon (PT-RS) acusando-o de dizer que o atentado a faca contra o então candidato Jair Bolsonaro foi “fake”. O sistema de som, porém, não captou essa fala. Os dois foram mantidos separados por outros parlamentares. (g1)

A rotina de bate-bocas está incomodando o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Segundo Vera Magalhães, ele acha difícil cassar deputados que tiveram votações expressivas, mas pretende suspendê-los sem salário nem verba de gabinete. Nas palavras de Lira, “punir no bolso”. (Globo)

Enquanto isso... Letícia Firmo, de 20 anos, filha mais velha da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, ganhou do governador bolsonarista de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), um cargo de confiança em Brasília com salário-base de R$ 13 mil. É a quarta pessoa ligada a Michelle nomeada por aliados — o namorado de Letícia, por exemplo, virou motorista do senador Jorge Seif (PL-SC). (UOL)

A Eucatex, fundada pela família Maluf, e o BTG Pactual, depositaram R$ 152,8 milhões para a Prefeitura de São Paulo, como parte do acordo com o Ministério Público do estado para recuperar US$ 60 milhões desviados na gestão de Paulo Maluf (1993-1996). Além disso, em breve, serão liberados mais R$ 35 milhões. A Eucatex foi usada para lavar recursos desviados da prefeitura. Em 2017, o ex-prefeito foi condenado a nove anos e sete meses de prisão pelo caso. Aos 91 anos, ele cumpre prisão domiciliar. (Folha e Globo)

Loja do Meio

Viver

Uma força-tarefa do Ministério da Justiça apreendeu dez jovens entre 11 e 17 anos em cinco estados ontem. Eles são investigados por atos infracionais equiparados aos delitos de ameaça, incitação e apologia ao crime, associação criminosa, além de incorrerem nos artigos 12 e 14 do Estatuto do Desarmamento. Os policiais civis também cumpriram 13 mandados de busca e apreensão e 11 afastamentos de sigilo de dados. A Operação Escola Segura é um desdobramento das investigações que tiveram início após o ataque em uma creche de Blumenau (SC), que deixou quatro crianças mortas e outras cinco feridas no último dia 5. (CNN Brasil)

Meio em vídeo. O debate sobre a regulação das redes se torna mais urgente a cada dia. Como regular as redes sociais diante da necessidade de proteger a sociedade, mas com o cuidado de não abrir precedentes perigosos? Francisco Brito Cruz, do InternetLab, é nosso convidado do Conversas com o Meio para responder essa e muitas outras questões sobre o assunto. (YouTube)

O presidente Lula anunciou ontem a liberação de R$ 2,44 bilhões para recomposição orçamentária de universidades e institutos federais. Em evento no Palácio do Planalto, com a presença do ministro da Educação, Camilo Santana, de reitores e estudantes, o governo explicou que 70% desse valor devem ser utilizados para recomposição direta dessas instituições e o restante será destinado a obras e outras despesas abandonadas pelo governo anterior, como o pagamento de bolsas de permanência. (Folha)

A presidente do STF, ministra Rosa Weber, informou ontem que o julgamento sobre o marco temporal para demarcação de terras indígenas será retomado no dia 7 de junho. O caso retornará à pauta após o pedido de vista do ministro Alexandre de Moraes. Segundo a interpretação atual, os indígenas têm direito apenas às terras das quais tinham posse em 5 de outubro de 1988, dia em que foi promulgada a Constituição Federal. Por enquanto, apenas o relator, ministro Edson Fachin, votou contra o marco, enquanto Nunes Marques sinalizou a favor. (Metrópoles)

Panelinha no Meio. Verduras em geral nos remetem a saladas, mas a escarola assada com queijo meia cura é uma variação rápida de fazer, deliciosa e muito nutritiva, especialmente para uma refeição sem carne.

Cultura

Já vão quase 200 anos desde que Alexandre Dumas publicou Os Três Mosqueteiros, mas o apelo do clássico continua, tanto que estreia hoje mais uma versão para o cinema (trailer), primeira parte de dois longas filmados simultaneamente. François Civil é D’Artagnan e Eva Green, a vilã Milady de Winter. Pelo Brasil, dois dramas merecem destaque. Ninguém é de Ninguém (trailer), baseado no livro de Zíbia Gasparetto, traz Carol Castro como vítima do ciúme doentio do marido, Danton Mello. Já Pará’i (trailer) conta a história de uma menina guarani em busca de sua identidade.

Veja toda a programação nos cinemas da sua cidade. (AdoroCinema)

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O Foo Fighters lançou ontem Rescued (Spotify e YouTube), sua primeira gravação desde a morte do baterista Taylor Hawkins, em março do ano passado. A canção faz parte do álbum But Here We Are, que tem lançamento previsto para 2 de junho. “É uma resposta brutalmente honesta e emocionalmente crua a tudo que [a banda] suportou nos últimos anos”, diz uma fonte ligada ao grupo. O Foo Fighters inicia nova turnê em 24 de maio, mas ainda não divulgou o nome de quem comandará as baquetas. (NME)

Premiada por livros como Nem Vem e O Fim da História, a escritora americana Lydia Davis tomou uma decisão ousada. Seu próximo título, a antologia de contos Our Strangers (Nossos Estranhos) não estará disponível na Amazon. A obra só estará à venda em livrarias físicas, no e-commerce Bookshop.org e nos sites de livrarias independentes selecionadas. Segundo a editora, é um “sinal de apoio aos livreiros independentes”. Davis vai além, dizendo não crer que “corporações deveriam ter tanto controle sobre nossas vidas quanto têm”. (Globo)

Cotidiano Digital

E a Epic Games, dona do jogo Fortnite, comprou o estúdio brasileiro Aquiris Games Studio. Em 2022, a Epic Games já havia iniciado uma parceria com a empresa criada em 2007, dona de títulos como Wonderbox: The Adventure Maker e Horizon Chase. Com a compra, o estúdio de Porto Alegre se funde e passa a se chamar Epic Games Brasil, sendo o primeiro da norte-americana na América Latina. (Jovem Nerd)

A Snap, dona do Snapchat, é a mais recente empresa a lançar sua própria inteligência artificial (IA) generativa. A companhia anunciou que seu chatbot será capaz de responder às mensagens dos usuários com uma imagem totalmente gerada por IA. A Snap também pretende usar a tecnologia, chamada de My AI, para acelerar o desenvolvimento de recursos de realidade aumentada (AR). A ideia é que ela ajude os usuários do Snapchat a explorar mais partes do aplicativo, como adicionar efeitos a fotos e vídeos, escrever poemas e até buscar informações. Segundo a empresa, o chatbot foi criado usando a tecnologia ChatGPT, da OpenAI. O My AI está disponível gratuitamente para os usuários. (Época Negócios)

A Meta fez ontem uma nova rodada de demissões. O número de atingidos não foi divulgado. No mês passado, a dona do Facebook anunciou uma segunda rodada de dispensas em massa: 10 mil profissionais em três fases ao longo de vários meses. A primeira rodada de cortes em massa da Meta atingiu mais de 11 mil pessoas no ano passado, ou 13% de sua força de trabalho na época. As divisões que enfrentarão cortes incluem equipes que trabalham no Facebook, WhatsApp, Messenger e Instagram e a divisão de realidade virtual Reality Labs. Atualmente, a companhia de Mark Zuckerberg enfrenta diversas ameaças comerciais, incluindo a concorrência por contratos de publicidade e usuários da rede social chinesa de vídeos curtos, o TikTok. (Estadão, g1)

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