Prezadas leitoras, caros leitores —

Nesta sexta-feira, feriado nacional, a edição diária do Meio faz uma pausa e não circula. Mas voltamos com nossa Edição de Sábado olhando para Donald J. Trump.

Pode ter parecido auge, clímax, mas o desfile de Trump diante da Justiça nesta semana foi só o começo de uma longa e capitulada novela que o ex-presidente americano vai protagonizar. Sua prisão na terça-feira, procedimento obrigatório e normal nessa fase do processo que corre em Nova York, inaugurou o que deve ser uma série de acusações formais contra Trump nos próximos meses.

Por um lado, as multidões convocadas por ele não compareceram às ruas de Nova York. De outro, ele segue sendo, mesmo depois de assombrar o planeta com seu voluntarismo e seus crimes contra a democracia americana, o favorito a disputar a presidência pelos Republicanos. O que isso revela de como a aclamada “maior democracia do mundo” lida com sua extrema direita e o que pode ensinar às demais?

Vamos contar ainda de uma visita à Hardt Hyperloop, startup holandesa que planeja revolucionar o transporte terrestre de passageiros e de carga implementando uma ideia de Elon Musk. E da desolação dos torcedores apaixonados por seus times quando eles perdem os campeonatos estaduais e ficam o resto do ano sem jogar.

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— Os editores.

Massacre em Blumenau expõe escolas como alvo da violência

Mais uma tragédia no ambiente educacional. Dessa vez, em uma creche em Blumenau (SC). Na manhã de ontem, um homem de 25 anos invadiu o Cantinho Bom Pastor com uma machadinha, matou quatro crianças, todas entre quatro e sete anos, e deixou outras cinco feridas. As vítimas, diz a prefeitura, eram filhas únicas. Após deixar a cena do crime, o agressor se entregou à PM, que o encaminhou à Polícia Civil. Inicialmente, os investigadores veem um “caso isolado”, sem indícios de ação coordenada por redes sociais ou jogos online. Ainda assim, dizem psiquiatras, um meio violento e uma sociedade intolerante potencializam o risco desses atos. Desde 2002, 41 pessoas foram mortas em ataques a escolas, incluindo a professora esfaqueada há dez dias por um aluno de 13 anos em São Paulo. (Estadão)

Nota. O Meio optou por não divulgar nem o nome do assassino, sua imagem, tampouco links para vídeos do ataque de ontem ou de quaisquer outros do tipo. Não se trata de proteger a identidade de um criminoso. O estudo a respeito deste tipo de crime ainda tem muitas perguntas sem respostas, mas uma coisa é clara. Ocorre neles o chamado ‘efeito contágio’. Estes assassinos buscam a fama, ainda que na infâmia. Buscam reconhecimento. Glorificam os crimes passados. A recomendação dos especialistas à imprensa é de que sigamos noticiando, mas sem lhes conceder aquilo que buscam. É o que faremos.

Professores da creche tentaram trancar os bebês em uma sala de aula para evitar que fossem atacados. Segundo a PM, 40 crianças estavam no local, e os alvos foram escolhidos aleatoriamente. O delegado Ulisses Gabriel, responsável pela investigação, afirmou que o agressor já teve quatro passagens pela polícia. De 2016 a 2022, ele foi detido por esfaquear o padrasto e um cachorro, brigar em uma casa noturna, além de estar em posse de cocaína. Agora, o homem responderá por quatro homicídios triplamente qualificados e outras quatro tentativas de mesma tipificação. (CNN Brasil)

Após uma reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com alguns de seus ministros, o governo federal prometeu apresentar em 90 dias um plano de ação para conter a violência nas escolas. Uma das primeiras medidas anunciadas foi a liberação de R$ 150 milhões do Fundo Nacional de Segurança Pública para que os estados possam reforçar as rondas escolares. O ministro da Justiça, Flávio Dino, também vai ampliar de dez para 50 o número de profissionais trabalhando no monitoramento da internet, principalmente na chamada deep web. A preocupação é que haja novos ataques no próximo dia 20, quando faz 24 anos do Massacre de Columbine, nos Estados Unidos, que deixou 13 mortos e 21 feridos. (Meio)

Políticos e autoridades utilizaram as redes sociais para manifestar solidariedade às vítimas do ataque. O presidente Lula chamou o atentado de “monstruosidade” e “covardia”, enquanto o governador de Santa Catarina pediu “que Deus conforte o coração de todas as famílias neste momento de profunda dor”. Já o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, classificou o ato como “repugnante, deplorável e injustificável”, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, enalteceu a ação dos professores para que fosse evitada uma tragédia maior. (Poder360)

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Panelinha no Meio. Diz um post nas redes que a Páscoa é a festa do cordeiro, não do coelho. Quem somos nós para discordar? Nossa sugestão para o próximo domingo é este cordeiro com batata ao murro e molho de ervas. O corte usado é o carré, um dois mais nobres do animal. Importante: deixe a carne descansar entre o forno e o corte. Isso garante a suculência.

Política

Em três horas de depoimento, Jair Bolsonaro explicou ontem à Polícia Federal o caso das joias presenteadas pelo regime saudita. De acordo com a defesa, o ex-presidente só soube da existência do conjunto feminino em dezembro de 2022, mais de um ano após sua apreensão pela Receita Federal, em outubro de 2021. A afirmação contradiz documentos do governo, já que, só em 2021, houve três tentativas de recuperar as joias. Ele disse que sempre buscou verificar a regularidade dos procedimentos, das normas aplicadas ao caso, que visavam, segundo ele, evitar um “vexame diplomático”. Na visão dele, se as joias ficassem perdidas, retidas na Receita Federal, isso poderia chegar aos ouvidos da Arábia Saudita, causando constrangimento. Bolsonaro ficou com outras duas caixas, de peças masculinas, também presenteadas pelos sauditas. Os três conjuntos estão avaliados em R$ 18 milhões. (g1)

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, também depôs ontem. Ele foi ouvido na superintendência da PF em São Paulo por cerca de duas horas. Ele afirmou que buscar presentes recebidos por Bolsonaro era algo “normal”. Mas, ao ser perguntado se tinha ordenado a retirada de outros presentes apreendidos pela Receita Federal, como no caso das joias, ele disse que aquela havia sido a primeira vez. O militar afirmou que Bolsonaro não deu uma ordem enfática para que mandasse retirar as joias, mas teria pedido para “verificar” a situação do conjunto apreendido. (Metrópoles)

Vera Magalhães: “Bolsonaro voltou num momento que, para ele, não poderia ter sido pior. Sua chegada ao país coincidiu não apenas com o escândalo das joias sauditas, como também com os indícios de que a estrutura de seu governo foi usada para influenciar as eleições de 2022. Seu amigo Donald Trump acabou por se tornar o primeiro ex-presidente a ser réu por acusações criminais. É certo que o famoso establishment não deixará impunes, nem lá nem aqui, tentativas de conspiração para solapar a democracia.” (Globo)

Meio em vídeo. Donald Trump, Benjamin Netanyahu e Jair Bolsonaro. Três chefes de Estado investigados por corrupção aberta, aquele tipo de corrupção mais pessoal, que não é pelo partido, pela causa, por nada, é para seu ganho pessoal de poder. Os três casos ensinam muito sobre nossas democracias. Confira a análise de Pedro Doria no Ponto de Partida. (YouTube)

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou ontem que o novo arcabouço fiscal elimina o risco de a dívida pública seguir uma trajetória mais explosiva, mas não garante queda imediata da taxa básica de juros. “Não existe relação mecânica entre o fiscal e taxa de juros na forma como é colocada. O importante para a gente é atuar dentro do sistema de metas. Nós temos uma meta de inflação e olhamos as expectativas. O mais importante é como as medidas que estão sendo anunciadas afetam o canal das expectativas.” (Folha)

Já o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), considera que o novo arcabouço fiscal tem regras frouxas. Ele afirmou que os senadores da oposição vão trabalhar para “apertá-las” durante a tramitação da proposta no Congresso. (Estadão)

A Procuradoria-Geral da República apresentou ontem denúncia contra mais 203 pessoas por incitação à tentativa de golpe de Estado no dia 8 de janeiro. O grupo foi preso em frente ao QG do Exército em Brasília e, segundo os procuradores, insuflava as Forças Armadas a agirem contra os Poderes Constitucionais. Ao todo, já são 1.390 denunciados, e a PGR diz ter concluído a análise dos detidos nos dias 8 e 9, cabendo agora ao STF transformá-los ou não em réus. (UOL)

Enquanto isso... O governo exonerou o corregedor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Wendel Benevides Matos. Ele havia sido nomeado durante o governo Bolsonaro e era responsável pelas investigações internas na corporação. A PRF é suspeita de tentar dificultar o acesso de eleitores do presidente Lula aos locais de votação no segundo turno do pleito de 2022. (Globo)

Réu em 34 acusações de fraude, o ex-presidente dos EUA Donald Trump já tem “agendada” sua próxima dor de cabeça. Promotores da Georgia devem apresentar na próxima semana acusações contra ele por tentar adulterar o resultado das eleições no estado em 2020. Em um telefonema gravado, Trump cobrou do secretário de estado local, Brad Raffensperger, que conseguisse “12 mil votos” para ultrapassar Joe Biden. Um júri popular local já recomendou o indiciamento de várias pessoas, mais ainda não se sabe se o ex-presidente está entre elas. (Estadão)

Cultura

No dia 4 de abril de 1963, o adolescente John Bloomfield resolveu testar seu novo gravador registrando a apresentação de um grupinho de rock em sua escola, o internato Stowe, no condado de Buckinghamshire. Ele não imaginava estar fazendo o primeiro registro de um show completo dos Beatles, que, apenas duas semanas antes, haviam lançado Please Please Me (Spotify), seu disco de estreia. A gravação foi revelada no programa Front Row, da rádio BBC 4 (ouça o programa). (Globo)

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Um prêmio só para elas. O Ministério da Cultura publicou no Diário Oficial o edital (íntegra) do novo Prêmio Carolina Maria de Jesus de Literatura Produzida por Mulheres 2023, que vai agraciar 40 obras inéditas com R$ 50 mil para cada uma. As inscrições online gratuitas estarão abertas de 12 de abril a 10 de junho. Haverá reserva para mulheres negras, indígenas, quilombolas, ciganas e portadora de deficiência. O nome do prêmio é uma homenagem à autora de Quarto de Despejo. (Estadão)

Hoje é dia de Mario. Que Mario? O Super Mario, clássico personagem de jogos da Nintendo, que ganha uma animação, Super Mario Bros. - O Filme (trailer) para fazer a alegria da garotada e dos gamers em geral no feriadão. Quem prefere algo mais sério tem o coreano Broker – Uma Nova Chance (trailer), sobre dois homens que traficam bebês para adoção e uma mãe arrependida. Há ainda o drama polonês Desejo Proibido (trailer), onde uma mulher se envolve com um homem 15 anos mais novo sem saber que ele também se relaciona com a filha dela.

Confira a programação completa na sua cidade. (AdoroCinema)

Cotidiano Digital

A carta que pede pausa por seis meses no desenvolvimento de inteligência artificial (IA) já conta com 10 mil assinaturas e conquistou o apoio de parte da comunidade de especialistas nessa tecnologia. Porém, os ganhadores do Prêmio Turing de 2018, os pesquisadores de IA Yann LeCun, Geoffrey Hinton e Yoshua Bengio mantiveram posições bem distintas sobre a iniciativa. Bengio, professor da Universidade de Montreal, no Canadá, apoia integralmente o movimento e argumenta que “o desenvolvimento de ferramentas cada vez mais avançadas aumenta o risco de concentração de poder". Já LeCun, professor na Universidade de Nova York e responsável pelas pesquisas em IA do Facebook, acredita que o tom da iniciativa gera terror e pouco entendimento da tecnologia. Entenda o que dizem os “pais da inteligência artificial” que discordam dos perigos da ferramenta. (Estadão)

E o Tribunal de Justiça do Distrito Federal condenou a Meta a indenizar em R$ 1,5 mil um usuário que teve o WhatsApp fraudado para aplicação de golpes. Com a identidade da vítima, os criminosos mandaram mensagens falsas em massa para números de todo o Brasil, oferecendo cartões de crédito. Na avaliação da Justiça, houve falha na prestação de serviço, já que ficou “constatada a fragilidade da segurança da empresa”. (g1)

A Meta lançou ontem um novo modelo de inteligência artificial (IA) que consegue identificar objetos individuais em imagens e vídeos. O Segment Anything Model (SAM) identifica quais pixels da imagem pertencem a determinado objeto, como um poderoso filtro refinado. A ferramenta também consegue separar um mesmo objeto por camadas ou destacá-las no formato 3D. A tecnologia é baseada no tipo de IA generativa popularizada pelo ChatGPT, segundo a big tech. Internamente, a empresa já utiliza esse tipo de recurso para marcação de fotos, moderação de conteúdo e recomendações de postagens para usuários do Facebook e do Instagram. (Olhar Digital)

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