Meio

Buscando conter o estrago causado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) ao dizer que havia pintado “um clima” com meninas venezuelanas de 14 anos durante um motociata, a primeira-dama Michelle Bolsonaro se encontrou em segredo, na tarde de ontem, com líderes do projeto social visitado pelo marido, revela Malu Gaspar. A reunião, da qual também participou a ex-ministra da Mulher e senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF), aconteceu na casa de um pastor evangélico no Lago Sul. Michelle insistia no encontro desde domingo, mas as venezuelanas responsáveis pelo projeto resistiam. A primeira-dama negou que Bolsonaro tivesse insinuado que as meninas se prostituíam ao dizer que elas estavam “arrumadas para ganhar a vida”. Mais cedo, agentes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) foram à casa onde funciona o projeto social para refugiados, na comunidade São Sebastião. Eles não explicaram o que estavam fazendo no local. (Globo)

Tão logo a crise estourou, Michelle partiu em defesa do marido afirmando que ele usa a expressão “pintou um clima”, geralmente associada a afinidade sexual ou romântica, com frequência e em diversas situações. Entretanto, nas 128 lives que realizou desde que assumiu o governo, sempre em tom informal, Bolsonaro jamais disse “pintou um clima” ou qualquer variação. (Estadão)

Joaquim Barbosa: “Dá pra ver que falta a essas duas senhoras o mínimo de pudor e de decência. Deveriam ter consciência do altíssimo grau de vulnerabilidade social dessas pessoas — em razão sobretudo da condição de imigrantes. Deveriam entender que o simples fato de abordá-las (com o tacape da Presidência da República e a condição de senadora eleita a sinalizarem alguma forma de poder particularmente temível por quem vive precariamente em outro país) pode ser-lhes assustador.” (Twitter)

Meio em vídeo. Vamos falar de pedofilia? De canibalismo? Vocês já se recuperaram da surra que foram essas últimas semanas? Tem algo de diferente acontecendo na maneira de fazer campanha eleitoral no Brasil. E pode ser bom. Confira a análise de Pedro Doria no Ponto de Partida. (YouTube)

A mais recente pesquisa do Ipec para o segundo turno, divulgada ontem, mostrou um quadro de estabilidade com variação dentro da margem de erro de dois pontos em favor do presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele passou de 42% para 43%, mas continua atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que recuou, também dentro da margem, de 51% para 50%. Contando somente os votos válidos, como faz o TSE, Lula tem 54%, contra 46% de Bolsonaro. Entre os entrevistados, 93% disseram já estar com o voto decidido. O presidente continua sendo o mais rejeitado, mas o percentual de eleitores que não votaria nele sob hipótese alguma caiu de 48% na última pesquisa para 46%, no limite da margem de erro. A rejeição a Lula recuou um ponto, de 42% para 41%. (g1)

Thomas Traumann: “Nas duas últimas semanas, o presidente Jair Bolsonaro foi atacado na propaganda da TV como preguiçoso, incompetente, corrupto, satanista e pedófilo. O novo Ipec mostra, no entanto, que a propaganda negativa de Lula não só não está dando efeito, como revela a resiliência do adversário.” (Globo)

Primeiro colocado na votação do dia 2 e líder nas pesquisas eleitorais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliou ontem que o “bolsonarismo está criado” e que isso será um problema para seu eventual governo. “Depois [das eleições] nós temos que conscientizar a sociedade para que ela não crie no bolsonarismo uma política definitiva no Brasil, que é o que a extrema direita está tentando fazer aqui e em outros países”, afirmou. Ontem, Lula participou de um encontro com cerca de 200 religiosos, em sua maioria padres e freiras católicos e criticou o “clima de ódio” no país. “Tenho lido notícias de padres que são atacados durante a missa porque estão falando da fome, da pobreza, da democracia”, destacou. (Folha)

E o ex-jogador Raí aproveitou ontem a premiação da Bola de Ouro, em Paris, para reafirmar seu apoio a Lula. Ao apresentar o Prêmio Sócrates, uma homenagem a seu irmão e ídolo do Corinthians, Raí lembrou o compromisso do craque, que morreu em 2011, com a democracia, afirmou que o Brasil “terá uma decisão importante” nos próximos dias e fez com a mão o L. (Poder360)

Cantores sertanejos, incluindo nomes consagrados de diferentes gerações, como Gusttavo Lima, Zezé de Camargo e Chitãozinho, estiveram ontem no Palácio da Alvorada para reforçar o apoio a Jair Bolsonaro, com o qual são alinhados desde o início do governo. Presente ao encontro e na live que o presidente fez com alguns dos sertanejos, o ministro da Economia, Paulo Guedes, pediu empenho aos artistas, afirmando que eleição se ganha “com emoção”. (Poder360)

Enquanto isso... Um dos destaques nos bastidores do debate presidencial de domingo foi a presença do ex-ministro e senador eleito Sérgio Moro (UB-PR) auxiliando Bolsonaro, com quem estava rompido desde deixar o governo. Segundo Guilherme Amado, a adesão não é desinteressada. Auxiliares do ex-juiz dizem que ele acredita na vitória de Lula no dia 30 e se movimenta para herdar o comando da extrema direita no país e viabilizar a própria candidatura ao Planalto em 2026. Falta combinar, por exemplo, com os filhos do presidente. (Metrópoles)

Tiros interromperam ontem uma atividade de campanha do ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato ao governo de São Paulo. Ele e sua comitiva estavam na comunidade de Paraisópolis, zona sul da capital, quando aconteceram cerca de 25 disparos. Um suspeito morreu. Inicialmente, Tarcísio afirmou que os tiros eram um “ataque e uma tentativa de intimidação” por parte do crime organizado, mas PMs da região negaram que o candidato e sua comitiva fossem os alvos, avaliação compartilhada pelo comando da corporação. Tarcísio passou então a dizer que os tiros não tinham “conotação eleitoral” nem foram “um atentado”. (UOL)

Independentemente da versão do ex-ministro, as redes bolsonaristas no Telegram foram tomadas por teorias da conspiração em torno do incidente. Em menos de seis horas, 284 mensagens relatavam um “atentado” contra Tarcísio. O coordenador de comunicação da campanha de Jair Bolsonaro (PL) à reeleição, Fábio Wajngarten, foi um dos que publicaram mensagens com essa ideia. (Núcleo Jornalismo)

Meio em vídeo. Em que pese a eleição de nomes ultraconservadores para o Congresso, a próxima Legislatura contará com parlamentares representando grupos que ficam à margem dos olhos oficiais, incluindo duas mulheres trans. No #MesadoMeio desta semana, Mariliz Pereira Jorge, Pedro Doria e Christian Lynch recebem uma delas, a deputada eleita Erika Hilton (PSOL-SP). A entrevista ao vivo acontece às 19h. Logo após, no segmento exclusivo para assinantes premium, nosso trio vai responder às perguntas do público. Ainda não é premium? Assine! (YouTube)