Ação da PF contra golpistas põe Moraes em choque com Aras

A Polícia Federal cumpriu ontem mandados de busca e apreensão em endereços de oito empresários bolsonaristas que, como revelou Guilherme Amado no Metrópoles, defendiam em um grupo de WhatsApp um golpe de Estado no caso de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de outubro. Entre eles estão Luciano Hang, da Havan, José Koury, do Barra World Shopping e Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu. A ação foi autorizada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, dentro do inquérito das milícias digitais. Ele determinou ainda a quebra dos sigilos bancário e telemáticos dos investigados e o bloqueio de suas contas em redes sociais. Enquanto isso não acontece, Luciano Hang usou o Instagram para reclamar da apreensão de seu celular. “Hoje, fui tratado novamente como um bandido! Nunca falei sobre golpe!”, escreveu. (UOL)

A ação da PF irritou o procurador-geral da República, Augusto Aras. Em nota, ele disse que só ontem tomou conhecimento dos mandados assinados por Moraes e que a notificação havia sido entregue na segunda-feira a uma funcionária de seu gabinete, o que chamou de procedimento “não usual”. A assessoria do ministro, por sua vez, disse que a intimação seguiu os trâmites normais. (Poder360)

Aras terá, aparentemente, mais motivos para se irritar, contam os repórteres Felipe Recondo e Flávia Maia. Segundo fontes da PF e do Ministério Público Federal, os celulares apreendidos hoje contêm mensagens trocadas entre o PGR e os investigados com críticas a Moraes e comentários sobre a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL). Aras, por força de lei, é também procurador-geral Eleitoral. (Jota)

Bolsonaro, claro, também se irritou. Como conta Mônica Bergamo, ele aproveitou um almoço com empresários para criticar Moraes. “Vocês acham que é proporcional bloquear as contas bancárias dessas pessoas?”, indagou, embora as contas bloqueadas tenham sido as de redes sociais, não as bancárias. (Folha)

Enquanto isso... O grupo de WhatsApp golpista perdeu mais de 50 integrantes desde a divulgação dos diálogos, mostra Guilherme Amado. Os que ficaram se alternam entre ironia com a ação da PF e medo de serem presos. (Metrópoles)

Bruno Boghossian: “A afinidade de Bolsonaro com a ideia de uma ruptura democrática não é nenhuma novidade. Mas é interessante observar como o presidente emite um tipo de salvo-conduto e estimula o golpismo entre seus seguidores mesmo quando ele próprio age estrategicamente para reduzir o volume dessas bravatas. O presidente só consegue sustentar esse risco graças à boa vontade de instituições como o Congresso e a Procuradoria-Geral da República.” (Folha)

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O ex-ministro Ciro Gomes, candidato do PDT ao Planalto, disse ontem no Jornal Nacional que pode repensar sua estratégia de ataques aos adversários e que a prioridade é “reconciliar o Brasil”. Entretanto, disse ser preciso apontar os nomes que levaram à “polarização odienta” entre o bolsonarismo e o petismo. Ele foi o segundo entrevistado de Renata Vasconcellos e William Bonner na série de entrevistas com os candidatos. Ciro defendeu a adoção de plebiscitos nos modelos europeu e americano para liberar o governo da necessidade de compor com o Centrão e fim da reeleição. Na economia prometeu adotar um programa de renda mínima de R$ 1 mil para famílias carentes, financiado por um imposto sobre grandes fortunas. (g1)

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou ontem por unanimidade o mandato do deputado Neri Geller (PP-MT) por abuso de poder econômico nas eleições de 2018. Com a ajuda do filho, Marcelo Geller, ele fez uma triangulação de contas para abastecer campanhas de deputados estaduais com R$ 1,3 milhão, além do limite permitido para campanhas e fora do prazo legal. Geller, que concorre ao Senado, ficará inelegível por oito anos, mas pode recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão do TSE atinge em cheio a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que havia escolhido o deputado como seu interlocutor junto ao agronegócio, a ponto de preterir a candidata do PSB ao Senado, Natasha Slhessarenko, em favor dele. Geller é produtor rural e foi ministro da Agricultura no governo Dilma. (Globo)

No mesmo dia em que irritou o Planalto no STF, Alexandre de Moraes abriu uma linha de diálogo entre os militares e o TSE, o qual é presidente. Ele se reuniu ontem com o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, e, segundo fontes no ministério, mostrou-se aberto às propostas das Forças Armadas sobre a segurança das urnas eletrônicas. Nogueira relatou a seus subordinados que o encontro foi cordial, mas ainda não há uma data para a reunião que os militares querem com técnicos do tribunal. (CNN Brasil)

No Meio Político de hoje, a historiadora mineira Heloisa Starling, autora de Ser Republicano no Brasil Colônia (Companhia das Letras), examina o que significa ser republicano no Brasil de hoje e por que recuperar esses valores pode ser fundamental para a sobrevivência da nossa democracia. O primeiro passo é retomar a capacidade de ocupar espaços públicos para neles imaginarmos juntos o que queremos ser. E, a partir disso, buscar um consenso de como chegar lá. É um desafio tão gigante quanto o próprio Brasil. O Meio Político chega aos assinantes premium a partir das 11h toda quarta. Assine!

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Viver

Um relatório publicado nesta terça-feira pelo Observatório Europeu da Seca, órgão vinculado à União Europeia, aponta que a Europa passa pela pior seca em pelo menos 500 anos. Dois terços do continente estão em estado de alerta, com dados mostrando a redução da produção de eletricidade, da safra de alguns alimentos e dificuldades no transporte fluvial por causa das condições climáticas. Segundo o documento, a região mediterrânea ainda enfrentará condições mais quentes e secas que o normal até novembro. Em que pesem as chuvas de agosto terem aliviado o clima em diversas regiões no mês de agosto, as tempestades acabaram causando ainda mais danos às plantações. (g1)

Na Califórnia, o ar quente e seco, ao se unir com ventos fortes em um incêndio, produziu um fenômeno chamado “demônio de fogo”. Nas imagens, é possível ver as chamas agitadas formando um redemoinho, em uma espécie de “tornado de fogo”. Veja o vídeo. (g1)

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo firmou convênio de cooperação científica em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para estudar o impacto do uso de câmeras em fardas de policiais militares no estado. O projeto contará com R$ 18,6 milhões em recursos financiados pela Fapesp e FGV para o desenvolvimento de ferramentas com inteligência artificial visando aprimorar a prevenção e controle do crime e da violência. Os pesquisadores vão coletar, tratar e organizar bases de dados sobre ocorrências criminais e atuação policial, além de conduzir programas de segurança pública. (Folha)

Cultura

Lançado ao estrelato pela boy-band One Direction, o cantor e ator inglês Harry Styles, de 28 anos, está sofrendo uma onda ataques de parte da comunidade LGBTQIA+, acusado de queerbaiting, quando a pessoa assume posturas desse grupo somente para fins de marketing. Nos palcos e fora deles, Styles usa roupas e acessórios de gênero fluido, emulando David Bowie nos anos 1970, e já disse em entrevistas que a necessidade de definir a sexualidade de alguém é fora de moda. Em seu mais novo filme, My Policeman (trailer), ele vive um policial dos anos 1950 que se descobre bissexual, numa época em que isso era crime no Reino Unido. Seus detratores, porém, ressaltam que Styles só aparece em público com mulheres e está em um relacionamento com a atriz e diretora americana Olivia Wilde, a 13 de House. (NBC)

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Para ler com espanto. Os fãs de música erudita que assistiram à última apresentação do grupo Ensemble Signal, em Nova York, foram brindados com dois solos. Um, de flauta, pela consagrada flautista Nicole Mitchell, ou outro, de piano, por Voyager, um programa de computador. Criado em 1987 pelo músico e programador George Lewis, o software “ouve” uma melodia em tempo real e responde com variações improvisadas. Em sua versão mais recente, ele controla um piano acústico, tocando como uma pessoa. A música apresentada foi Tales of the Traveller, de Lewis, cuja partitura não inclui os solos, ficando ao gosto dos solistas, tanto a humana quanto o digital. (New York Times)

Meio em vídeo. A estreia na semana passada de Mulher-Hulk: Defensora de Heróis, na Disney+, trouxe à baila um conceito que acompanha, ou melhor, assombra jogos, filmes e séries apoiados fortemente em imagens geradas por computador (CGI, em inglês): o “vale da estranheza”. Foi um dos fatores que levaram ao fracasso o longa Final Fantasy, de 2001, e está presente em produções do universo de Star Wars, como Rogue One e Mandalorian. Cora Rónai não conhecia o conceito, mas Pedro Doria explica direitinho. (YouTube)

Cotidiano Digital

O ex-chefe de segurança do Twitter, Peiter ‘Mudge’ Zatko, acusou a rede social de mentir aos acionistas e reguladores dos Estados Unidos sobre seus mecanismos de defesa contra ataques cibernéticos e contas falsas. A denúncia, feita no mês passado e divulgada ontem pelo 'Washington Post', afirma que o Twitter fez “declarações falsas e enganosas” sobre segurança e privacidade da plataforma. Além disso, o documento aponta que a rede social priorizou o crescimento de usuários em detrimento da redução de contas spam. Os perfis falsos estão no centro de uma batalha legal entre o Twitter e o Elon Musk envolvendo a aquisição da rede social. (Washington Post)

O Ministério da Justiça e Segurança Pública condenou o Facebook a pagar R$ 6,6 milhões pelo vazamento de dados de usuários brasileiros em 2018. A condenação da rede social envolve o compartilhamento ilegal de informações para a empresa Cambridge Analytica, consultoria britânica de marketing político que foi utilizada por Donald Trump nas eleições presidenciais. Mais de 87 milhões de pessoas em todo o mundo tiveram seus dados vazados, incluindo 443 mil brasileiros, por meio de um teste de personalidade chamado “This is Your Digital Life”. (Olhar Digital)

Mais de uma semana após um ataque hacker nos sistemas da prefeitura do Rio de Janeiro, o Nota Carioca, serviço para emissão de notas fiscais eletrônicas, voltou a funcionar nesta terça-feira. O site do Diário Oficial e os sistemas de pagamento da Secretaria de Fazenda também já podem ser acessados. O retorno total do funcionamento do Portal da Prefeitura, assim como todas as páginas de serviços ainda inoperantes, no entanto, segue sem previsão. (Veja Rio)

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