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Prezadas leitoras, caros leitores –

Há pouco mais de 80 anos, o austríaco Stefan Zweig publicava, surpreendentemente entusiasmado com um país pobre, rural e analfabeto, o livro Brasil, o País do Futuro. O aposto ufanista alimentou, desde então, a ilusão de uns e a demagogia de outros. Mas manteve o futuro do país perene no horizonte.

Parece que não mais. Em 2022, o futuro está ausente. Versões de presente e passado estão em confronto. As pesquisas eleitorais apontam, cada vez mais claramente, o caminho bipolar da corrida presidencial já no primeiro turno, em 2 de outubro. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) vêm concentrando cerca de 70% das intenções de votos, com o atual presidente crescendo consistentemente.

Bolsonaro e Lula já acenaram com alguns motes de suas campanhas até aqui. Um busca se eximir das responsabilidades do que deu terrivelmente errado e apelar à agenda conservadora como disfarce. Outro recorre à memória de tempos de geladeira cheia e prestígio internacional, tentando enterrar as lembranças de denúncias de corrupção. Ambos falam de passado e presente sem pintar uma ideia de que Brasil imaginam à frente.

Com o antipetismo e a reprovação ao governo atual em índices sólidos, sobra pouco eleitor para conquistar. Um desses públicos é o jovem na casa dos vinte e poucos anos, que era criança quando o governo Lula acabou, viveu a crise dos últimos anos e, agora, não se vê contemplado justamente com uma agenda prospectiva.

O Meio de Sábado vai esmiuçar essa ausência de conversa sobre o futuro na campanha presidencial de 2022. De um lado, ouvimos estudiosos do comportamento eleitoral e da ciência política. De outro, as repórteres Giullia Chechia e Tay Oliveira, uma de São Paulo, outra do Rio, testemunham sobre o que é ser uma jovem brasileira e ter sua formação política construída dos anos 10 em diante, com as jornadas de junho, o impeachment de Dilma Rousseff e uma pandemia no repertório — e como isso antagoniza com os discursos dos presidenciáveis.

Numa viagem entre passado, presente e futuro da cultura musical, vamos trazer ainda relatos de colecionadores apaixonados por discos de vinil para entender suas preferências por essa mídia física antiga na era do streaming.

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– Os Editores

Bolsonaro perdoa Silveira e parte para a guerra contra STF

O presidente Jair Bolsonaro (PL) abriu ontem sua mais grave crise com o Supremo Tribunal Federal (STF) ao anunciar a graça presidencial, um indulto individual, ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). Na véspera, a Corte havia condenado o parlamentar a oito anos e nove meses de prisão por atentar contra a democracia, defendendo a volta do AI-5 e incitando agressões aos ministros do Supremo. Em sua live semanal, Bolsonaro justificou a decisão dizendo que “a liberdade de expressão é pilar essencial da sociedade em todas as suas manifestações” e que havia uma “legítima comoção” na sociedade com a sentença. Silveira foi condenado por 10 votos a 1. Somente o revisor, ministro Nunes Marques, indicado por Bolsonaro, votou pela absolvição. (CNN Brasil)

É a primeira vez na Nova República que um presidente lança mão de um indulto individual. A praxe é de indultos gerais, para todos os condenados que atendam determinadas características. (Folha)

Ministros do STF não se manifestaram publicamente, mas, nos bastidores, afirmam que o decreto de Bolsonaro é inconstitucional. Como conta Guilherme Amado, eles explicam que o julgamento ainda não foi formalmente concluído; faltam a publicação do acórdão e os eventuais embargos da defesa. Na atual fase, a graça a Silveira implicaria a extinção do processo, o que está fora das atribuições do presidente. (Metrópoles)

Coluna do Estadão: “Apesar de Bolsonaro ter mirado o STF, a primeira instância a reagir deverá ser a Justiça eleitoral. É pacífico entre juristas, inclusive bolsonaristas, que o decreto não livra Silveira da perda do direito de tentar a reeleição. Com isso, ministros de tribunais superiores não acreditam que haja motivos para o STF entrar numa briga contra Bolsonaro neste momento. A decisão do presidente, por outro lado, está estimulando a criação de uma rede de defesa da legalidade, com magistrados de diferentes tribunais, de políticos e da OAB.” (Estadão)

Aliados e opositores do presidente foram às redes para elogiar e criticar a decisão. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) anunciou que vai entrar com uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) no Supremo contra o decreto. A OAB instituiu uma comissão para avaliar a constitucionalidade do ato, mas diz que o descumprimento de ordens judiciais é “extremamente grave”. (Poder360)

O anúncio fez ressurgir um tuíte publicado por Bolsonaro em dezembro de 2018 criticando indultos concedidos pelo presidente Michel Temer, conta Natuza Nery. “Se houver indulto para criminosos neste ano, certamente será o último”, escreveu Bolsonaro, recém-eleito. Não foi. (g1)

O indulto a Silveira jogou para escanteio outra polêmica do julgamento, o voto do ministro André Mendonça, que condenou o deputado, mas ficou vencido ao propor uma pena menor. O pastor Silas Malafaia, conselheiro de Bolsonaro, disse que Mendonça “envergonhou o povo evangélico”. O ministro foi às redes sociais se defender, dizendo que, como cristão não pode “endossar comportamentos que incitam atos de violência contra pessoas”. (Congresso em Foco)

Vera Magalhães: “Sim, o indulto pessoal, ou graça, é uma previsão constitucional. Não, Bolsonaro não está pensando nisso, e sim em insultar, desta vez de forma frontal, o Judiciário. Está conclamando seus seguidores à guerra, e a batalha final todos sabem qual é: a eleição. Se os representantes das instituições anuírem ao indulto, qual o limite para a escalada de Bolsonaro em usar prerrogativas do cargo para desrespeitar os demais Poderes? É necessário que a resposta do Supremo seja tão célere quanto a canetada de Bolsonaro.” (Globo)

Meio em vídeo. Ontem, dia de Tiradentes, o presidente Jair Bolsonaro declarou guerra ao Supremo Tribunal Federal. Ao perdoar os crimes do deputado Daniel Silveira, Bolsonaro está possivelmente rompendo a Constituição. Entenda no Ponto de Partida. (YouTube)

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Em meio a críticas à comunicação da pré-campanha do ex-presidente Lula, o PT anunciou ontem a saída do marqueteiro Augusto Fonseca e de sua empresa, a MPB. O partido alegou “razões administrativas e financeiras”, mas há nos bastidores um movimento para tirar do comando da comunicação o ex-ministro Franklin Martins, responsável pela contratação. Petistas reclamam de falta de coordenação entre a campanha e o partido, do conteúdo das inserções para a TV e da estratégia em redes sociais. (Folha)

“Lula é responsável por ter levado a corrupção para o centro do poder no país”, disparou o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), segundo pré-candidato a participar da sabatinas Folha/UOL. Ele, porém, ainda acha o presidente Jair Bolsonaro (PL) pior: “É um grande corrupto, um grande incompetente, é um fascista.” Ciro confirmou que está em negociação com PSD e União Brasil e disse que uma aliança da chamada terceira via não pode ser um “conchavo despolitizado”. (Folha)

Após ver barradas suas candidaturas à presidência e ao Senado, o ex-ministro Sérgio Moro (União Brasil) disse que pode não concorrer a qualquer cargo em outubro. Tal situação frustraria os planos do partido, que filiou Moro na expectativa de que o ex-juiz da Lava-Jato seja um “puxador de votos” para a Câmara. (CNN Brasil)

A Rússia anunciou ontem ter tomado Mariupol, após dois meses de combates que reduziram a escombros a cidade portuária. Combatentes ucranianos e civis continuam abrigados na siderúrgica Azovstal, separada da cidade pelo Rio Kal’mius. A ordem do presidente russo Vladimir Putin é para que suas forças não ataquem, e sim façam um bloqueio pelo qual “nem uma mosca passe”. Segundo analistas, Putin precisa das forças que estão em Mariupol para a conquista da região de Donbas. (BBC)

“Putin aposta que vamos perder o interesse (em defender a Ucrânia). Mais uma vez vamos mostrar que ele está errado.” Com essa frase o presidente americano Joe Biden anunciou ontem mais U$ 800 milhões em ajuda militar à Ucrânia. Ao todo, os EUA já enviaram U$ 3,4 bilhões para o governo de Kiev desde a invasão russa. (CNN)

Neste domingo os franceses voltam às urnas para o segundo turno da eleição presidencial e, segundo pesquisa Ipsos divulgada ontem, devem reeleger o centrista Emmanuel Macron. O presidente aparece com 15 pontos de vantagem sobre a ultradireitista Marine Le Pen. O resultado mostra a recuperação de Macron, que liderou o primeiro turno com diferença de apenas 4,7 pontos em relação à adversária. (Poder360)

Não dá corda

Spacca

meio forca 560

Cultura

Nas últimas cinco décadas Angeli fez o Brasil rir, se chocar um pouco e, principalmente, pensar por meio de charges e quadrinhos de personagens como Bob Cuspe, Rê Bordosa, Meiaoito e tantos outros. Com 65 anos, ele não se deixou dobrar pela ditadura nem por todas as crises que vieram depois, mas acabou vergado pela saúde. O artista anunciou o fim de sua carreira por conta da afasia, a mesma condição neurológica que provocou a aposentadoria precoce do ator Bruce Willis. A Folha informou que tem material inédito de Angeli para publicação até 2023, um magro consolo para fãs de seu traço e sua ironia. (Folha)

André Boucinhas: “Angeli havia se proposto (ao criar a revista Chiclete com Banana, em 1985) testar os limites daquele fim de ditadura, mas no caminho descobriu um tipo de humor paulistano. Como diz o chavão, ao desenvolver um estilo próprio, com raízes bem definidas, acertou algo muito maior: redefiniu a cultura da sua geração. E, num momento como o que vivemos, em que tudo parece se politizar novamente, seus desenhos e sua visão de mundo vão fazer muita falta.” (Folha)

Punks, hippies velhos, gurus picaretas, guerrilheiros nostálgicos, praticamente toda a fauna urbana — inclusive ele mesmo — de São Paulo se transformou em personagem de Angeli. (g1)

O advogado de Alec Baldwin informou ontem que a polícia do Novo México inocentou o ator de 64 anos no caso do tiro acidental que matou a diretora de fotografia Halyna Hutchins no set do filme Rust, em outubro do ano passado. Baldwin disparou uma arma que deveria ter balas de festim, mas estava carregada com munição de verdade. Segundo o advogado, a investigação concluiu que Baldwin não tinha responsabilidade pelo material cenográfico, incluindo a arma. Já a produtora de Rust foi multada em US$ 137 mil (R$ 637 mil) por negligência. (CNN Brasil)

Uma semana após estrear em 188 cinemas no país, Medida Provisória (trailer), de Lázaro Ramos, deu um salto e já está em exibição em 330 salas, feito comemorado no Instagram pelo cineasta. A expansão se deve tanto ao sucesso do filme, visto por mais de cem mil pessoas nos primeiros sete dias, quanto por um movimento capitaneado por Thaís Araújo, mulher de Ramos e estrela da produção. Na trama, um governo autoritário decreta, via MP, o banimento para a África de todos os afrodescendentes no Brasil. (Globo)

Viver

O carnaval fora de época no Rio começou marcado por uma tragédia. A menina Raquel Antunes da Silva, de 11 anos, teve a perna amputada ao ser imprensada contra um poste por um carro alegórico da escola Em Cima da Hora que saída do Sambódromo na noite de quarta-feira. Ela teve ainda traumatismo no tórax e uma parada cardíaca e segue internada em estado grave. Segundo o Ministério Público estadual, o desfila das escolas da Série Ouro violou as normas de segurança estabelecidas pela Justiça. Não havia esquema de segurança para impedir o acesso de curiosos, especialmente crianças, aos carros alegóricos na dispersão. (Globo)

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O Ministério Público de São Paulo informou que vai continuar investigando as práticas da operadora de saúde Prevent Senior durante a pandemia de covid-19. A decisão foi tomada após a Polícia Civil isentar a empresa de crimes no tratamento de seus pacientes. Médicos e clientes acusaram a Prevent Senior de impor tratamentos ineficazes, como o chamado “kit-covid”. A empresa anunciou que vai usar o relatório da polícia para processar seus acusadores. (UOL)

A cruzada ultraconservadora na Flórida atingiu até a Disney, cujos parques temáticos são os maiores empregadores no estado americano. O Legislativo estadual aprovou – e o governador republicano Ron DeSantis deve sancionar – o fim dos regimes tributários especiais que beneficiam a empresa. O motivo foi a posição da Disney contra uma lei que proibiu o debate sobre temas de gênero nas escolas públicas do estado. DeSantis, que sonha disputar a presidência dos EUA em 2024, disse que não vai deixar “uma empresa engajada com sede na Califórnia” ditar a política da Flórida. (New York Times)

Cotidiano Digital

Apenas um mês após seu lançamento, o serviço de streaming por assinatura CNN+, do canal americano de notícias CNN, anunciou ontem que encerrará as operações a partir de 30 de abril. Com foco em programas de notícias e documentários originais, a CNN+ foi lançada em 29 de março, pouco antes dos novos donos, a Warner Bros. Discovery, assumirem o comando da empresa de mídia após fusão. O projeto foi considerado arriscado e mal concebido pelos novos controladores, que tentaram adiar sua estreia, mas sem sucesso. Com planos de US$ 5,99 por mês, a CNN+ teve apenas 10 mil espectadores diários nas primeiras semanas. Em comunicado, a CNN afirmou que parte da programação e funcionários da CNN+ serão absorvidos pela rede de televisão e pelo site.  (TechCrunch)

Falando em streaming, os resultados decepcionantes da Netflix repercutiram mal entre os investidores. Um dia após a empresa anunciar a perda de 200 mil assinantes no primeiro trimestre deste ano, o bilionário Bill Ackman se desfez de sua participação acionária na Netflix streaming, levando um prejuízo de mais de US$ 400 milhões. (Exame)

A Apple foi condenada a pagar uma multa de R$ 5 mil a uma consumidora pela venda de um iPhone sem carregador. A decisão foi da Justiça de Goiás, que alegou violação do Código Brasileiro de Defesa do Consumidor e condenou a empresa por danos morais. Em 2020, a gigante de tecnologia parou de fornecer gratuitamente o carregador de tomada na venda de novos celulares, justificando que a medida tinha caráter “ecológico”. Por conta disso, a empresa já chegou a ser multada em R$ 10 milhões. (Estadão)

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