Governo britânico: Invasão da Ucrânia começou
O presidente russo Vladimir Putin ordenou ontem a entrada de suas tropas nos estados ucranianos de Donetsk e Luhansk. Quando esta edição do Meio fechava, a imprensa britânica publicou que a invasão já havia começado, de acordo com fontes no governo Boris Johnson. São, de acordo com Moscou, tropas em missão de paz. Durante a tarde da segunda, após uma longa reunião com seu Conselho Nacional de Segurança, o presidente russo tomou a decisão de reconhecer a independência das duas províncias, que considera ‘etnicamente russas’. “Nosso objetivo sempre foi resolver conflitos de forma pacífica”, ele afirmou em pronunciamento na TV. “Ainda assim, o governo em Kiev conduziu duas operações punitivas nestes territórios e parece que estamos assistindo a uma escalada de agressões.” Na semana passada, após o ataque com morteiros a inúmeros prédios naquelas duas províncias, o presidente americano Joe Biden havia alertado que a Rússia estava armando uma operação de bandeira falsa — forjando um incidente militar para fingir que o governo ucraniano estava atacando separatistas e, assim, falsificar as razões para uma invasão. (Independent)
Uma testemunha ouvida pela jornalista Polina Nikolskaya afirmou ter visto, na madrugada desta terça-feira, colunas de tanques na periferia de Donetsk, a capital de uma das províncias que Putin declarou considerar independentes. (Reuters)
Outra testemunha confirmou a mesma informação para Paul Ronzheimer, correspondente do Bild. O jornal alemão também publicou fotografias dos tanques. (Bild)
Então… A reunião transmitida pela TV do conselho de segurança russo, no pomposo Salão da Ordem de Santa Catarina, no Kremlin, teve um momento típicamente Putin. O chefe da inteligência, Sergei Naryshkin, não sabia o que falar. “Pretendo apoiar a decisão”, ele ia dizendo, quando o presidente o interrompeu. “Pretende apoiar ou apoia? Fale com clareza, Sergei.” O homem começou a gaguejar. “Apoio a anexação das províncias”, ele tentou novamente. “Não estamos falando disso”, corrigiu Putin. “Estamos falando em reconhecer sua independência.” (Financial Times)
A um ponto, a câmera mostra o relógio do ministro da Defesa Sergei Shoigu. Indicava cinco horas antes da transmissão, que estava sendo anunciada como ao vivo. (Axios)
O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy também foi à TV. “Estamos nos dedicando à diplomacia para resolver esta questão”, ele disse. “Não estamos reagindo a nenhuma provocação. Mas esta é nossa escolha. Esta é nossa terra. Não temos medo de ninguém ou mesmo de todos. Não devemos nada a ninguém e não daremos nada a ninguém.” De acordo com ele, a decisão de Putin configura uma violação da soberania e da identidade territorial da Ucrânia. “Agora, precisaremos descobrir quem são realmente nossos amigos”, ele continuou, “e quem apenas acusa a Rússia com palavras.” Zelenskyy ainda sugeriu que algo como ocorreu em 2014, quando a Rússia anexou o estado da Crimeia, não se repetirá. “Não estamos em fevereiro de 2014, estamos em fevereiro de 2022. Este é um país diferente com um Exército diferente.” (CNBC)
Shaun Walker, autor de Long Hangover, Putin’s New Russia and the Ghosts of the Past: “O presidente russo fez na TV uma palestra raivosa e enrolada sobre a Ucrânia, um país que sob seu ponto de vista se tornou ‘um regime colonial’ e que não tem direito histórico à existência. Putin parecia sentir uma raiva genuína. Ultimamente, ele vem recebendo políticos, inclusive seus próprios ministros, em mesas ostensivamente longas. Parece prevenção de Covid. Mas no encontro do conselho, Putin se sentou sozinho, chamando um por um seus subordinados de uma distância absurda, enquanto eles se espremiam desajeitados em cadeiras à espera de serem questionados pelo chefe. Mesmo seus homens de confiança pareciam intimidados. Pode ser que Putin simplesmente reconheça as duas repúblicas ‘como são’. Após meses de previsões apocalípticas, possivelmente seria um cenário aceitável para a Ucrânia e o Ocidente. Mas parece que Putin tem mais em mente. Suas palavras finais, de que Kiev não parou com a violência e será responsabilizada pelo ‘derrame de sangue’ que virá, pareciam, de forma clara, uma declaração de guerra.” (Guardian)
A Casa Branca mandou proibir quaisquer investimentos americanos nas duas províncias. São sanções modestas perante o arsenal que EUA e Europa têm à disposição, o que parece sugerir que ainda se aposta numa saída diplomática. (New York Times)
As forças de segurança de Minas Gerais entraram em greve e pedem recomposição salarial de 24%. A paralisação começou nesta terça-feira. O plano é manter pelo menos 30% do efetivo trabalhando mas, de acordo com a Constituição Federal, policiais e bombeiros militares não têm direito a greve. Policiais civis também perderam este direito em 2017, por decisão do STF. O governador mineiro Romeu Zema havia feito um acordo concedendo aumento de 13% em 2020, 12% em 2021 e 12% em 2022. O primeiro reajuste foi efetivado, mas os outros dois, não. (O Tempo)
Marcelo Godoy: “Zema pode dizer que, ao fazer a promessa que lhe cobram, o coronavírus ainda não havia desembarcado no país, nem Bolsonaro congelado os aumentos do funcionalismo. Mas já naquele tempo, a decisão de Zema não dizia respeito somente aos mineiros. Ela espalhou pelo país o temor de que policiais se amotinassem para extrair o mesmo de seus governadores, em movimentos como o do Ceará, onde lideranças bolsonaristas promoveram comícios em quartéis e estimularam desordens para pôr os cofres públicos à disposição de colegas mascarados que deixaram a população à mercê do crime. Agora, especialistas em segurança voltam a temer que o movimento em Minas reacenda a onda de motins no País, com os apoios de sempre.” (Estadão)
Enquanto isso… Bolsonaro convocou ao palco, ontem, dezenas de policiais rodoviários federais. “Nós temos que valorizar esses profissionais”, afirmou. “Espero que a sociedade entenda que isso deva ser feito. Espero a compreensão das demais categorias, dos demais servidores do Brasil.” O presidente não se comprometeu claramente com aumento, mas o sugeriu. (Globo)
Meio em vídeo. Fascismo. Comunismo. Golpe de Estado. Censura. Quatro palavras e expressões que temos usado muito, às vezes forçando seus significados. O que querem realmente dizer? E por que é importante respeitarmos o que de fato dizem? No YouTube.
Viver
A tragédia de Petrópolis da semana passada é a maior da história da cidade, superando a de 1988, quando 171 pessoas morreram. Desta vez, são 181 mortos e 104 desaparecidos até o fechamento desta edição. As buscas continuam. Os pais de Gabriel, que foi visto em cima de um ônibus durante o temporal, encontraram o tênis que ele usava perto de onde veio a enxurrada que o levou. Para ajudar na identificação dos corpos encontrados, mas não identificados, a Polícia Civil iniciou um mutirão para coletar o DNA das vítimas. O processo todo, de coleta e análise, deve levar entre 45 e 60 dias. (g1)
Em 2007, a Prefeitura de Petrópolis desenvolveu um estudo que caracterizava o Morro da Oficina, um dos principais pontos da tragédia, como área de alto risco para deslizamento de terra. A gestão municipal pretendia fazer a regularização fundiária da região, mas o plano não foi para frente. Na época, o local era ocupado por famílias há, ao menos, 30 anos. (CNN)
O Brasil registrou 333 mortes por covid-19 e mais de 133 mil novos casos em 24 horas. O dado é menor às segundas, devido aos atrasos de notificação nas secretarias de saúde. A média móvel de óbitos segue estável, em 826 por dia, e a de casos está em queda em 38% em relação há duas semanas. (UOL)
Quando a ômicron se espalhava em dezembro e janeiro, capitais brasileiras decidiram cancelar o Carnaval. Algumas, como Recife, Cuiabá e Natal, proibiram todos os eventos. Outras, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Belo Horizonte, autorizaram somente festas privadas. Para pular Carnaval nelas, portanto, só com ingresso, que chegam a custar R$ 700. (Folha)
Enquanto isso… O Reino Unido vai acabar com as principais medidas contra a pandemia do coronavírus, entre elas a obrigação de isolamento para quem testar positivo para covid-19 e a distribuição gratuita de testes. O primeiro-ministro Boris Johnson apresentou o plano, chamado de "Living with Covid“ (”Vivendo com a Covid"), nesta segunda. (BBC Brasil)
O atraso para tomar a terceira dose pode atrapalhar o programa vacinal no Brasil, diz Gonzalo Vecina Neto. (UOL)
Ao menos 32,9 milhões de brasileiros ainda não apareceram nos postos de aplicação para receber a vacina pela terceira vez. (O Globo)
Mary Hellen, 21, está presa na Tailândia sob suspeita de tráfico de drogas e pode ser condenada a morte. Ela e mais dois homens, de 24 e 27 anos, foram presos no aeroporto de Bangkok, capital do país asiático, com 15,5 quilos de cocaína. A família da jovem só soube da prisão quando recebeu um áudio dela falando que fora detida e pedindo ajuda. Moradora de Pouso Alegre, Minas Gerais, ela havia dito a irmã, Mariana Coelho, que iria viajar para Curitiba (PR). (g1)
A Colômbia descriminalizou o aborto até a 24ª semana de gestação. A decisão foi tomada pela Corte Constitucional do país em votação apertada: cinco votos a favor e quatro contra. Até então, o aborto constava como delito no Código Penal colombiano. Cerca de 400 mulheres ao ano eram condenadas a prisão pela interrupção da gravidez. Com a decisão, a Colômbia junta-se a México e Argentina como a terceira grande nação da América Latina a descriminalizar o procedimento. O aborto é permitido também na Guiana, no Uruguai e em Cuba. Ativistas foram às ruas de Bogotá para celebrar a decisão. (Folha)
Passou perto… Um Boeing 737 da Gol arremeteu a tempo e evitou colisão com um jatinho que cruzava sem autorização a pista do aeroporto de Guarulhos (SP). O avião estava próximo do solo quando a controladora de voo pediu ao piloto que arremetesse. O momento foi registrado em vídeo. (Folha)
Cultura
O primeiro lugar entre os filmes mais vistos nos cinemas brasileiros mudou, mas o ator Tom Holland permanece por lá. Ele está no papel principal de Uncharted - Fora do Mapa, que tomou a liderança de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, também protagonizado pelo inglês. (Veja)
A estreia de Fausto Silva na Band aconteceu em 17 de janeiro, com a maior audiência da emissora desde 2015. De lá para cá, o Ibope diminuiu, e a repercussão, também. Tony Goes especula se seria um acidente de percurso ou falta de fôlego para ser um programa diário. (Folha)
Ed Motta costuma fazer lives no Instagram tomando vinho. Em uma delas, que viralizou em janeiro, ele compara — e imita — paulistas e cariocas. Em uma mais recente, da última sexta (18), o músico chamou Raul Seixas, entre outras coisas, de “desqualificado de tudo” por ter trabalhado “a favor do sistema” em gravadoras. (Metro1)
A Miss Alemanha 2022 nasceu no bairro Linha do Tiro, periferia de Recife. Trata-se de Domitila Barros, 37 anos, que foi a vencedora do evento que ocorreu no sábado (19). Essa foi a primeira edição desde a reformulação da cerimônia após críticas sobre a objetificação das mulheres. Domitila mora em Berlim de 2006 e é empreendedora social, modelo e atriz. (g1)
Britney Spears assinou contrato de US$ 15 milhões com a editora Simon & Schuster para escrever sua autobiografia, ainda sem previsão de publicação. A cantora americana ficou sob tutela judicial do pai entre 2008, quando foi internada em uma clínica de reabilitação, até setembro do ano passado. (Omelete)
Cotidiano Digital
O TikTok estuda adotar formatos de vídeos mais longos na plataforma. Mas uma pesquisa interna feita pelo aplicativo mostra que quase 50% dos usuários da rede dizem que os vídeos com mais de um minuto eram estressantes. Drew Kirchhoff, gerente de produto do TikTok nos Estados Unidos, anunciou que o aplicativo aumentaria a duração máxima dos vídeos de um para três minutos. Atualmente, o usuário médio do TikTok gasta uma hora e 25 minutos todos os dias e abre o aplicativo para assistir a vídeos 17 vezes por dia. A plataforma já teria realizado testes do novo formato no aplicativo entre agosto de 2021 e fevereiro deste ano. (Wired)
A OpenSea, plataforma de negociação de NFTs, está investigando um ataque de phishing que aconteceu no último sábado. O episódio deixou sem acesso aos ativos digitais dezenas de usuários. Segundo o serviço, o invasor obteve 254 tokens, causando um prejuízo estimado em 641 Ethereum, ou cerca de US$ 1,7 milhão (R$ 8,5 milhões). A OpenSea planejava revisar seu contrato inteligente (o código que rege a plataforma de negociação) lançando um novo contrato na última sexta-feira. O contrato atualizado pretendia garantir que as listagens antigas e inativas na plataforma expirassem. Segundo a empresa, o link malicioso pode ter sido disparado em massa durante esse processo. (InfoMoney)