Prezadas leitoras, caros leitores —

Foi rápida a tomada de poder pelo Talibã, no Afeganistão. Após quase duas décadas de domínio americano, é como se nada tivesse acontecido. O fracasso dos EUA é evidente. Quatro ocupantes da Casa Branca tiveram a oportunidade de fazer algo. Fracassaram. Retumbantemente.

E, ainda assim, não há nada de surpreendente.

O Afeganistão é um canto único do planeta. Em termos estritos, no local onde está, é a passagem do Oriente para o Ocidente. De um lado as culturas das religiões do Livro — Judaísmo, Cristianismo, Islamismo —, dos alfabetos fonéticos, que enxergam a história linearmente. Do outro, as culturas da história circular, das religiões baseadas em kharma, em geral religiões sem Deus que apostam no encontro da pessoa com seu arredor. Tem também um relevo agressivo, o Afeganistão, marcado por cordilheiras altas e escarpadas.

Um lugar que inúmeros impérios viram como estratégico para barrar o avanço de outros, para dominar rotas comerciais. E, no entanto, quem tentou conquistar, não importa o portento militar, sempre fracassou. Alexandre, o Grande. O Império Britânico. A União Soviética. Os Estados Unidos.

Os britânicos chamaram a geopolítica ali de o Grande Jogo. Do tempo dos Persas vem o apelido de Cemitério dos Impérios. Mas por quê?

Por que o Afeganistão é impossível? Esta é a resposta que daremos na edição deste sábado do Meio.

Mas o Afeganistão não é só História. São pessoas que vivem hoje momentos de terror à espera do pior. Meio conversou com exclusividade com uma delas. Uma jornalista afegã, mãe de uma filha pequena, um alvo duplo para os fundamentalistas do Talibã. E vamos contar amanhã também esse drama.

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Bolsonaro vai ao STF contra o STF

Irritado com investigações contra ele mesmo e auxiliares, o presidente Jair Bolsonaro recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF), por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), contra um artigo do regimento da Corte que permite a abertura de ações de ofício, sem o aval da Procuradoria-Geral da República (PGR). É o caso da investigação sobre propagação de notícias falsas, aberta pelo Ministro Alexandre de Moraes contornando o procurador-geral Augusto Aras, tido como omisso em ações do interesse do Executivo. O caso atinge diretamente apoiadores e até mesmo os filhos de Bolsonaro. (Globo)

Aliás... Na mesma reunião em que foi decidida essa ação, a AGU voltou a insistir com o presidente para que desista da ideia de pedir o impeachment dos ministros Moraes e Luís Roberto Barroso, mas Bolsonaro está irredutível. Segundo auxiliares, a insistência é política. Num momento em que as pesquisas lhe são desfavoráveis, o recuo poderia ser visto como um sinal de fraqueza pelos militantes bolsonaristas. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a quem caberia tocar os processos, já deu todos os sinais, porém, de que o destino deles será a gaveta. (Globo)

Os dois movimentos de Bolsonaro vêm justo num momento em que representantes do Legislativo, do Judiciário e até do Executivo têm trabalhado para restabelecer as pontes. Pacheco e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, foram ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, pedir que ele retome a iniciativa de uma reunião com os líderes dos Três Poderes para estabelecimento de um diálogo civilizado. O temor é que todo esse trabalho volte à estaca zero. (Folha)

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Num sinal de paz para Bolsonaro, Rodrigo Pacheco deu andamento aos processos de recondução de Augusto Aras à Procuradoria-Geral da República e de nomeação de André Mendonça para uma vaga no STF. Em ato de ofício, ele pulou a leitura das indicações no Plenário e as encaminhou diretamente para a Comissão de Constituição e Justiça. Boa notícia para Aras, cuja sabatina foi marcada para o próximo dia 24. Não tão boa para Mendonça. O presidente da CCJ do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), é um dos que mais resistem à nomeação do ex-advogado-geral da União terrivelmente evangélico ao Supremo. A sabatina de Mendonça não tem data para acontecer.  (Folha)

Em sua campanha para permanecer na PGR, Augusto Aras, fez uma visita surpresa e uma proposta ainda mais surpreendente à cúpula da CPI da Pandemia. Segundo Malu Gaspar, ele deu a entender que um relatório indiciando o presidente Jair Bolsonaro teria mais chances de ser analisado “com isenção” e se transformar num inquérito ou denúncia se fosse enviado após sua recondução. Os senadores ficaram ressabiados. Temem que mesmo reconduzido, Aras continue afagando Bolsonaro à espera de uma vaga no STF. (Globo)

Falando nisso... Para muitos na PGR, o curioso parecer da subprocuradora-geral Lindôra Araújo segundo o qual Bolsonaro não cometeu crime ao andar sem máscara porque a eficácia destas não estaria comprovada não foi gratuito. Segundo Bela Megale, Araújo acenou ao Planalto de olho na cadeira de Aras, caso ele venha a ser indicado ao STF. (Globo)

A reprovação do governo de Jair Bolsonaro saltou de 58% há duas semanas para 64%, segundo pesquisa divulgada ontem pelo PoderData. A aprovação caiu de 34% para 31%. A avaliação pessoal do presidente ficou dentro da margem de erro. Para 56% o trabalho de Bolsonaro é ruim ou péssimo, contra 55% da pesquisa anterior. Ele é ótimo ou bom para 28%, ante 29% anteriores. (Poder360)

Meio em vídeo. Tantos generais-ministros ameaçando golpes, sugerindo ditaduras. Esta é uma tática conhecida em política. O governo Bolsonaro está criando a normalização de ditaduras. É hora de chamar de volta o doutor Ulysses. Confira o Ponto de Partida no YouTube.

A CPI da Pandemia voltou a esquentar ontem, com as quebras de sigilos do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), de Frederick Wassef, advogado do presidente Jair Bolsonaro, e do blogueiro bolsonarista Allan do Santos. Barros recorreu imediatamente ao STF, e a ministra Cármen Lúcia deu 24 horas para que a CPI justifique a quebra dos sigilos. (G1)

Outro momento tenso da quinta-feira na comissão foi o depoimento de Francisco Maximiano, diretor da Precisa Medicamentos. Para começar, ele se recusou a jurar dizer a verdade e não respondeu a perguntas sobre a frustrada compra da Covaxin, intermediada pela empresa. Depois, foi flagrado mentindo em pelo menos duas situações. Sua prisão chegou a ser pedida por senadores, mas ele se retratou. (UOL)

O Afeganistão voltou oficialmente ontem a ser um Emirado Islâmico, mesmo nome adotado na primeira vez em que o grupo fundamentalista Talibã ocupou o poder, entre 1996 e 2001. Nesta quinta-feira, aniversário da independência do país, os extremistas reprimiram com violência protestos na capital Cabul e em outras cidades. (UOL)

Lembram-se da imagem horrível de um homem caindo de um avião em voo na tentativa de fugir de Cabul? Ele era o jogador de futebol Zaki Anwari, que chegou a integrar a seleção de base do Afeganistão. (G1)

Aliás... Khalida Popal, ex-capitã da seleção afegã de futebol feminino, pediu ontem que as mulheres que praticam o esporte no país apaguem suas fotos de mídias sociais e queimem seus uniformes e equipamentos. Federações de outros esportes fizeram recomendações parecidas. Sob o Talibã, uma mulher esportista é séria candidata ao apedrejamento. (Guardian)

Já passa de 2.100 o número de mortos no Haiti em decorrência de um terremoto de 7,2 pontos no último fim de semana, seguido de um ciclone tropical que provocou inundações e deslizamentos. Ah, e um novo tremor, agora mais fraco, 4,9, atingiu o país, o mais pobre das Américas, na noite de quarta-feira. Entenda as muitas crises que acontecem ao mesmo tempo no Haiti. (G1)

Fumaça Forte e Fogo Amigo

Tony de Marco

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Cultura

Ancelmo Gois: “A ideia do ministro Paulo Guedes de vender o Palácio Gustavo Capanema está morta, devendo apenas oficializar a hora do enterro. Na quarta, o governador Claúdio Castro e o presidente da Alerj, André Ceciliano, já receberam sinais de Brasília de que tudo não passou de um palpite infeliz.” (Globo)

Enquanto isso... A Funarte interditou um de seus prédios no Rio onde fica o Centro de Documentação e Pesquisa (Cedoc). O motivo, segundo a instituição, foi que “condições físicas e estruturais” colocavam em risco a equipe e o acervo. Ou seja, o lugar está caindo aos pedaços e não há condições de fazer obras de reparo agora. A Funarte estuda transferir seu acervo para o Museu da Casa da Moeda do Brasil, também no Centro do Rio, que tem espaço e estrutura para recebê-lo. (Estadão)

Nur e Rawiya têm histórias paralelas. Ambas são jovens e nasceram em outros lugares, EUA e Marrocos, mas o destino as leva à Síria. Só que com quase um milênio de diferença. Essa é a história do livro O Mapa de Sal e Estrelas, do sírio-americano Zeyn Joukhadar. Nur no século 21 e Rawiya no 12 vivem mundos em ebulição num mesmo cenário. O autor consegue sensibilizar o leitor para o drama dos refugiados e ao mesmo tempo fascinar com a antiguidade e a cultura do Oriente Médio. (Folha)

Xerém está em festa e o resto do Brasil também. Após cinco dias internado com sintomas leves da Covid-19, o sambista Zeca Pagodinho teve alta ontem. Ao deixar o hospital, ele incentivou as pessoas a se vacinarem e brincou: “Levei 10 em tudo, 10 no pulmão, 10 no fígado.” Sobre este último, respeitosamente, nós vamos pedir o VAR.

Confira os destaques da agenda cultural.

Os poemas de João Cabral de Melo Neto musicados pela cantora, compositora e percussionista Helô Ribeiro podem ser ouvidos hoje em show do disco A Paisagem Zero, com transmissão pelo Itaú Cultural. A artista será acompanhada por Pipo Pegoraro e Meno Del Picchia.

Ainda hoje, o cantor Ney Matogrosso e o jornalista Julio Maria conversam com Adriana Couto na live de lançamento do livro Ney Matogrosso: A Biografia. O evento será transmitido pelo Sesc Pinheiros e pela Companhia das Letras.

O Centro Cultural Banco do Brasil lançou nessa semana o site Patrimônio e Memória, onde é possível fazer visitas virtuais às sedes do CCBB em Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo.

Para ver a agenda completa, clique aqui.

Viver

Sabe a imunidade de rebanho, a ideia de que uma doença se espalhe para que mais pessoas se tornem resistentes, mesmo que morram alguns milhares de velhinhos no processo? Pois é. Além de não ter funcionado na Suécia e no Brasil, ela foi jogada do lixo pela variante delta, segundo pesquisas de diferentes instituições em todo o mundo. Por ser mais contagiosa, ela continua circulando mesmo com a ampla infecção. A solução é só a vacina. (Folha)

Por essas e outras o Ministério da Saúde avalia começar já em setembro a aplicação de uma terceira dose em idosos. Ainda não se sabe qual imunizante será usado, mas o fato é que a imunidade desse grupo baixa perigosamente após seis meses. (Globo)

A tendência é confirmada pelo Observatório Covid-19, da Fiocruz. De cada dez mortos pela doença atualmente, sete são idosos. Ainda segundo o documento, as internações e mortes no país vêm caindo, com exceção do Rio de Janeiro, principal foco da delta. (Estadão)

Tudo bem que o ideal é ter 70% completamente vacinados, mas não deixa de ser um alento saber que 24,24% da população brasileira já foi imunizada com duas doses ou dose única da vacina contra a Covid-19. (G1)

Nesta quinta-feira foram registradas 1.030 mortes por Covid-19 no país, totalizando 572.733 desde o início da pandemia. Em sete dias a média móvel foi de 821. (UOL)

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O ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro, segue em sua cruzada contra a educação inclusiva de criança portadoras de deficiência. Ontem, ele declarou que 12% dos estudantes nessa situação têm um grau de deficiência “que torna impossível a convivência”, sem explicar de onde veio esse número. A fala de Ribeiro provocou revolta em especialistas e parlamentares que atuam na área de educação inclusiva. (G1)

Segundo dados do Monitor da Violência, o número de assassinatos no Brasil caiu 8% no primeiro semestre. Nos seis primeiros meses deste ano, foram registradas 21.042 mortes violentas, contra 22.838 no primeiro semestre de 2020. Apenas seis estados tiveram alta no número de homicídios: Roraima, Amazonas, Maranhão, Piauí, Paraíba e Bahia.

Cotidiano Digital

Ontem, um ataque de ransomware na Renner derrubou os sistemas e o site oficial da rede. Os criminosos cobravam um resgate em torno de US$ 1 bilhão (R$ 5,24 bilhões) para liberar os sistemas criptografados da empresa. De acordo com a rede varejista, a maior parte das operações foram restabelecidas e o banco de dados foi preservado. (Canaltech)

E parece que a era 18+ do OnlyFans está cada vez mais próxima do fim. O site vai banir conteúdo “sexualmente explícito” a partir do dia 1º de outubro, mas nudez pode ser liberada. A plataforma, que também lançou um aplicativo sem conteúdo adulto, adotou novas políticas de uso do serviço sob pressão de parceiros financeiros da empresa. (G1)

Pois é… A pornografia tem sido um problema para o OnlyFans. Com 2 milhões de usuários e 20% de todo o dinheiro arrecadado na plataforma, a empresa não consegue atrair investidores. Entenda o dilema do OnlyFans em números (Axios)

A Microsoft anunciou que vai aumentar em até 20% os preços do pacote Office 365 e Microsoft 365, que inclui aplicativos como Teams e Outlook. O reajuste afetará os clientes comerciais e deve entrar em vigor dentro dos próximos seis meses. (Tilt UOL)

E o Spotify lançou uma nova ferramenta no Brasil que une música e comentários falados, o ‘Música + Papo’. (Olhar Digital)

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