À beira do colapso, STF manda União reabrir UTIs
A ministra do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber atendeu a um pedido de São Paulo, Maranhão e Bahia e determinou que o governo federal reative leitos de UTI fechados nos três estados em janeiro e fevereiro. Segundo ela, não é “cientificamente defensável” que o governo federal feche leitos num momento de alta nos casos da doença. Já o Ministério da Saúde considerou a ação dos estados “injusta e desnecessária”. (G1)
Não é para menos. Em mais da metade dos estados brasileiros a ocupação de leitos de UTI já supera 80%, o que indica a iminência de um colapso com o aumento dos números de casos provocados por novas variantes.
A situação segue grave em todo o país. Pelo segundo dia seguido foi quebrado o recorde de maior média móvel de mortes em uma semana desde o início da pandemia, 1.208, com 755 óbitos ontem. Já são 255.018 mortos em um ano da doença. Doze estados e o Distrito Federal estão com alta nas mortes: PR, RS, SC, DF, MT, PA, TO, BA, CE, MA, PB, PI, RN. (G1)
Apesar de tudo isso, o presidente Jair Bolsonaro voltou a minimizar a situação, em especial a falta de leitos. “A saúde no Brasil sempre teve seus problemas”, disse ele no Facebook. Mais grave, na avaliação de Bolsonaro, é o fechamento do comércio com “desemprego em massa com consequências desastrosas para todo o Brasil”. (Globo)
Painel: “Governadores e secretários de Saúde têm pedido ao ministro Eduardo Pazuello uma medida única para o país para frear o avanço da Covid-19. A resposta, porém, foi negativa. Representantes do Ministério da Saúde admitiram, em conversas privadas, que até veriam necessidade. Auxiliares do ministro, porém, já disseram que será impossível. Jair Bolsonaro não deixa.” (Folha)
Na avaliação de especialistas, a postura de Bolsonaro ao longo de toda a pandemia se reflete na desarticulação do Ministério da Saúde e, ao mesmo tempo, no esgarçamento do pacto federativo, levando estados e municípios a buscarem formas descoordenadas de combater a Covid-19. (Estadão)
Com os atrasos e confusões do Ministério da Saúde, que chegou a trocar lotes de vacinas para estados, entidades como a Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) se organizam para formar um consórcio destinado a comprar vacinas diretamente dos laboratórios. (Poder360)
Já o Instituto Butantan informou que vai entregar mais 20 milhões de doses da CoronaVac ao Ministério da Saúde até o fim de março. Neste domingo, a instituição já havia fornecido 600 mil novas doses, que devem ser distribuídas a partir de hoje. (UOL)
Um dos epicentros da doença, Araraquara (SP) tem 100% de ocupação nas UTIs e vê as mortes dispararem. Foram 113 óbitos em janeiro e fevereiro deste ano, contra 92 de março a dezembro do ano passado. (Folha)
Mas a gravidade da Covid-19 parece não entrar na cabeça das pessoas. A fiscalização em São Paulo anda cortando um dobrado para combater aglomerações. Na sexta-feira, uma operação fechou pelo menos 46 bares e restaurantes que funcionavam fora do horário permitido, estourou uma festa com 500 pessoas sem máscaras numa casa noturna e, pasmem, descobriu um baile da terceira idade, justamente o maior grupo de risco, com 190 idosos. (Globo)
E o Reino Unido identificou seis casos da P.1, a variante do Sars-Cov-2 surgida no Brasil. Pelo menos dois pacientes têm histórico de viagens para cá. Os voos entre os dois países estão suspensos, mas um dos infectados, que partiu de São Paulo, teria chegado à Inglaterra no último dia 10 através da Suíça. É a primeira vez que a variante brasileira é identificada no país. (G1)
Monica de Bolle: “Há a perspectiva de que vamos sair da pandemia aguda para entrar na pandemia crônica. Ou seja, vamos ter debates sobre atualização de vacinas, fluxo de novas cepas. E haverá a preocupação do surgimento de novos vírus. E aí entra a questão do meio ambiente. Quanto mais a gente entra nos habitats naturais, onde estão os repositórios naturais destes vírus, mais a humanidade fica exposta, de modo geral, ao contato de novos vírus. As atenções, em relação ao Brasil, vão estar cada vez mais voltadas ao desmatamento na Amazônia. Não se trata apenas de uma questão climática, tem a questão pandêmica. Está cheio de repositório viral na Amazônia. O Brasil será visto não apenas como um país que não conseguiu controlar sua pandemia, atrasou na vacinação, mas como um país que está colocando o resto da Humanidade em risco, se continuar com as atuais políticas ambientais.” (Globo)
Foi um sucesso o lançamento do Amazônia 1, o primeiro satélite inteiramente desenvolvido no Brasil. Ele vai monitorar desmatamento e coletar dados sobre reservatórios de água e produção agrícola. O satélite foi lançado no Centro Espacial de Satish Dhawan, na Índia. (Poder360)
Fique no Verde
Empresas que até então não tinham braços financeiros próprios têm caminhado cada vez mais nessa direção. A tendência é conhecida como embedded finance (finanças embutidas, em livre tradução), segundo Filipe Pires, coordenador dos MBAs em Finanças do Ibmec/RJ. Une as operações financeiras às plataformas de outros segmentos de negócios. Um exemplo é a Starbucks, que já é o sistema de pagamento móvel mais popular dos EUA, com 23,5 milhões de usuários. “Ao ampliar o portfólio de serviços disponíveis em suas plataformas, muitos gestores buscam não só aproveitar o cenário favorável às fintechs em meio às restrições causadas pela pandemia, mas também diluir o risco de sua operação principal, a qual pode estar sendo impactada por esse mesmo cenário”, escreve Pires. (Valor)
Pois é… Em 2020, ao menos 40 instituições financeiras iniciaram suas atividades, segundo o Banco Central. O movimento no sistema financeiro é contrário ao observado entre 2013 e 2018, quando houve redução de quase 10% na quantidade de instituições no país. (Folha)
Em três meses, a negociação de BDRs bateu recorde. De setembro a dezembro de 2020, saltou oito vezes, de 60 mil para 500 mil, a quantidade mensal de negócios na bolsa brasileira com papéis que representam ações de empresas estrangeiras como Amazon, Google, Tesla, etc. A alta não é por menos: em setembro, o BC liberou a compra de BDRs para qualquer investidor - antes disponível apenas aos qualificados com certificação ou mais de R$ 1 milhão. As mais procuradas foram, nessa ordem, as ações da Tesla, Mercado Livre e Apple.
Aliás… A PagSeguro se tornou a primeira empresa brasileira com capital aberto nos EUA a também ser negociada no Brasil. (Folha)
Para entender melhor… As grandes empresas que procuram repagar um empréstimo ou realizar um investimento podem emitir um debênture, que é um título de crédito privado negociável, como forma de financiamento. Esse tipo de investimento é menos arriscado do que investir em ações. Porém o investidor deve ter alguns cuidados, como se atentar à rentabilidade, que varia, podendo ter taxas fixas, híbridas ou atrelada ao CDI. Também é importante ficar de olho nas características da empresa para identificar se ela tem caixa suficiente para honrar seus empréstimos. Entenda e saiba como investir.
Política
Candidata em todas as eleições presidenciais desde 2010, a ex-ministra e ex-senadora Marinha Silva (Rede) diz que está fora da disputa no ano que vem e defende a formação de uma frente em torno de Ciro Gomes (PDT) como forma de quebrar a polarização entre o PT e Bolsonaro. No momento, porém, a grande preocupação dela, que teve apenas 1% dos votos em 2018, é evitar que a Rede caia na cláusula de barreira. (UOL)
Então... Ciro se movimenta. “Nesse quadro de hiperfragmentação, quem for contra o Bolsonaro no segundo turno tem tendência de ganhar a eleição”, ele afirmou em entrevista na qual voltou a criticar o PT e Lula. “O menos capaz disso é o PT. Por isso, a minha tarefa é necessariamente derrotar o PT no primeiro turno. Converso muito com os petistas. Lá dentro, tem um grupo que acha que o Lula, com sua loucura e caudilhismo, está passando de qualquer limite. Faz as coisas sem consultar ninguém, joga só, é o Pelé.” Ele se propõe a conversar com a direita, incluindo DEM e PSD, na formação de uma chapa. (Folha)
Elio Gaspari: “Nas próximas semanas, o ministro Gilmar Mendes levará para a mesa da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal o julgamento da suspeição do ex-juiz Sergio Moro no processo da Lava-Jato. O ministro deu uma pista do que vem por aí ao lembrar que irá além do que chama de ‘questão Lula’: será algo ‘muito maior’. Gilmar tem assessores passando o pente-fino nas mensagens trocadas em Curitiba. Desde junho de 2019, elas têm aparecido de forma explosiva, porém desordenada. Colocadas em ordem cronológica e contextualizadas, revelam a extensão das malfeitorias blindadas pela mística da Operação Lava-Jato.” (Globo e Folha)
Coluna do Estadão: “Demorou, mas o ministro Edson Fachin demonstra preocupação com o legado da Lava-Jato. O relator da operação no STF tem dito, segundo seus interlocutores, ser importante mostrar para a população a abrangência das ações de combate à corrupção para além de Curitiba, onde o pessoal de Deltan Dallagnol e Sérgio Moro atuava diretamente. No horizonte de Fachin, o temor é um só: uma eventual derrota de Moro no caso da suspeição do ex-juiz, pedida pela defesa de Lula, pode contaminar a operação de cima a baixo. A defesa de Lula pede a suspeição de Moro no caso do triplex do Guarujá. Fachin tem dito que qualquer decisão deve se reduzir única e exclusivamente a esse caso.” (Estadão)
Meio em vídeo. Direita e esquerda não dividem mais o debate político. A disputa é entre nacionalistas e cosmopolitas. No YouTube.
Donald Trump fez ontem, durante um evento de conservadores, seu primeiro discurso desde que deixou a Casa Branca. Classificou como “desastroso” o primeiro mês do governo Biden, insistiu no discurso de fraudes eleitorais e disse que pode disputar a presidência novamente em 2024. (UOL)
Cultura
Uma festa remota, fria e marcada por polêmicas. Este foi o saldo do Globo de Ouro deste ano, cuja premiação aconteceu no fim da noite de ontem. Até a grande homenageada, Jane Fonda, criticou a falta de diversidade na Associação da Imprensa Estrangeira em Hollywood (HFPA), responsável pela escolha dos vencedores – entre seus 87 integrantes, nenhum é negro. O que não impediu que pelo menos três atores negros fossem premiados: Andra Day, Daniel Kaluuya e John Boyega. Houve ainda uma homenagem póstuma a Chadwick Boseman, o Pantera-Negra. (Globo)
Quem fez história foi Chloé Zhao, primeira mulher a vencer o prêmio de Melhor Direção desde 1984 por Nomadland, que também recebeu o troféu de Melhor filme Dramático. (New York Times)
A Netflix nadou de braçada entre as premiações para a TV. The Crown levou quatro estatuetas na categoria Série Dramática, e O Gambito da Rainha ficou com as duas principais de Série Limitada. A lista completa das premiações. (G1)
O formato remoto tirou muito do brilho do Globo de Ouro, mas houve, claro, um tapete vermelho virtual, com os astros exibindo seus modelitos direto de suas casas. A galeria dos melhores e piores looks – o que era aquela fantasia de embrulho de presente de Audrey Grace Marshall? (Folha)
Cotidiano Digital
O conceito de usuários pagando por conteúdo exclusivo tem se tornado cada vez mais popular. O Twitter é o mais recente a se aventurar nesse mercado. Anunciou o Super Follows, uma funcionalidade que permitirá que os usuários paguem aos criadores para ter acesso a conteúdos exclusivos, incluindo anúncios e newsletters.
Quem acha que não haveria interessados está enganado. Antes dominado por conteúdo adulto, o OnlyFans também foi inundado por novos usuários e até celebridades. Por meio de vídeos e fotos de bastidores, por exemplo, artistas e influenciadores têm se conectado com os fãs e ainda ganhado um novo fluxo de receita enquanto a pandemia paralisou vários serviços. (Bloomberg)