Edição de Sábado: O mundo transformado pelo coronavírus
As cidades sobreviverão ao futuro?
Na década de 1850, as cidades de Nova York, Paris e Londres reconstruíram seus sistemas de esgoto em resposta à pandemia global de cólera que matou mais de 1,5 milhão de pessoas. Em seguida veio uma nova era de saneamento urbano que se espalhou pelo mundo. A gripe espanhola de 1918 matou cerca de 50 milhões de pessoas e, no entanto, grandes cidades cresceram em sua esteira. De fato, a história mostra que as pessoas frequentemente se mudam para as cidades após pandemias por causa das melhores oportunidades de emprego e dos salários mais altos com a crise econômica. Mas e agora? As cidades sobreviverão ao coronavírus? Para Maimunah Mohd Sharif, diretor executivo do Programa de Assentamentos Humanos das Nações Unidas, podemos, inclusive, criar um futuro melhor. A revista Foreign Policy publicou um conjunto de análises de urbanistas sobre o futuro. Pode ser uma nova era.
A estratégia do Softbank em meio a pandemia
Há 10 anos, Masayoshi Son apresentou aos investidores um plano de 300 anos. A ideia do CEO do Softbank era se preparar para um futuro no qual os computadores iriam gerenciar o planeta de forma mais inteligente do que os humanos. Em um dos slides, o plano já contava com um “vírus desconhecido”. Mesmo assim, em março deste ano, Son quebrou seu silêncio de três anos nas redes sociais e tuitou. Está preocupado com o novo coronavírus.
Não é a toa. 40% do portfólio do seu Vision Fund de US$ 100 bilhões, o carro-chefe do plano e um dos maiores fundos de investimentos do mundo em startups de tecnologia, são em negócios de transporte e imobiliário — alguns dos setores mais afetados pelas quarentenas.
Os efeitos já começaram a aparecer: entre as startups apoiadas pelo Softbank, pelo menos seis já adiaram os planos de abertura de capital para 2021. E o Softbank teve um prejuízo de US$ 12,7 bilhões no primeiro trimestre deste ano — o seu pior resultado já registrado. A queda na receita foi causada principalmente pelas perdas significativas no Vision Fund, que reportou prejuízo de US$ 17,7 bilhões no último ano fiscal.
O problema vem antes do vírus. Em novembro, o SoftBank já indicou que cerca de 15 das 88 das empresas do fundo provavelmente iriam à falência. Ainda 50 delas tiveram um corte na avaliação durante os 12 meses encerrados em 31 de março. Entre elas estão o WeWork e o Uber. A startup de coworking chegou a ser avaliada em US$ 47 bilhões, mas hoje está em US$ 2,9 bilhões. O mesmo com o Uber, que caiu em mais de US$ 10 bilhões no ano passado.
Esses problemas vêm da própria estratégia agressiva que tornou o Softbank reconhecido. As startups recebem grandes quantidades de dinheiro e sem necessariamente serem lucrativas, crescem em rápida escala com base em trabalhadores independentes.
A estratégia agressiva liderada por Son vem dando sinais de que chegou ao fim ou pelo menos está desacelerando. O Softbank diminuiu a meta de US$ 108 bilhões do seu segundo Vision Fund, que por enquanto tem US$ 38 bilhões do próprio grupo. A empresa também anunciou um plano para recomprar US$ 41 bilhões de suas ações. Ainda abandonou um acordo de US$ 3 bilhões para comprar ações de investidores da WeWork, que era um plano para a reestruturar a startup depois de seu fracasso no IPO. O diretor financeiro do SoftBank, Yoshimitsu Goto, disse que a empresa será muito mais conservadora.
A nova abordagem não tem agradado o mercado. A agência de classificação de risco, Moody’s elevou ainda mais o crédito da empresa ao status de junk, citando sua “estratégia financeira agressiva” para continuar coletando capital para o Vision Fund.
Já outros são mais otimistas. Essa não é a primeira vez que Son passa por uma crise. O CEO perdeu 99% de seu patrimônio nos anos 2000 com o estouro da bolha do mercado americano. Naquela época, grande parte dos investimentos do Softbank eram em empresas de internet. Mesmo assim, no mesmo ano, ele investiu US$ 20 milhões em um e-commerce que, 14 anos depois, se tornaria o gigante Alibaba — hoje avaliado em mais de US$ 100 bilhões. Para Oliver Matthew, do grupo de investimento CLSA, o vírus pode ajudar a acelerar a mudança global que Son já vinha se preparando.
Divulgada uma terceira foto de Robert Johnson
Diz a lenda, que Robert Johnson encontrou o diabo numa encruzilhada e vendeu sua alma em troca de sucesso. Mas a verdade é que muito pouco se sabe da vida real de Robert Johnson, nem mesmo sua certidão de nascimento, se é que teve uma, jamais foi encontrada. Johnson nasceu em 1911, sua mãe era filha de escravos no Mississippi. Viveu como músico errante. Pulando de cidade em cidade. Gravou apenas 29 músicas, em duas sessões de gravação em novembro de 1935. Morreu de forma até hoje pouco explicada em 1938, com 27 anos. Nunca conheceu sucesso em vida. Foi só na segunda metade do século 20, com a explosão do Rock and Roll, que Johnson passou a ser reconhecido com um dos grandes mestres do Blues. Sua música influenciou gerações de músicos e foram gravadas por, entre outros: Rolling Stones, Eric Clapton e Led Zeppelin.
Até recentemente apenas duas fotos dele eram conhecidas. Uma, tirada para a capa do disco, no estúdio do Mississippi em que fez suas gravações. Mostra o músico em um elegante terno de risca de giz, chapéu de feltro e seu inseparável violão. E outra, de, em torno de 1930, com Johnson em uma cabine fotográfica, camisa branca, gola, aberta. Um cigarro pendendo da boca, e seu violão à mão.
Surgiu essa semana uma terceira. Estava guardada desde a década de 30 com Annye Anderson, meio-irmã de Johnson, que estava com ele quando tirou essa foto. Também em uma cabine, mais ou menos na mesma época da outra. Johnson aparece com suspensórios, e claro, seu violão. A foto é a capa do livro que Anderson está lançando. Irmão Robert, em que conta suas lembranças de infância, como caçula de Johnson, que morreu quando ela tinha apenas 12 anos.
Ouça: As gravações completas de Robert Johnson. (Spotify)
Veja: O diabo na encruzilhada. Documentário da Netflix sobre a história de Robert Johnson.
E como há de ser, as mais clicadas da semana:
1. Twitter: Mais uma capa magistral da New Yorker.
2. Spotify: Playlist feita por Gilberto Gil para curtir em casa.
3. Panelinha: Receitas que impressionam.
4. Google: O Doodle em homenagem a Israel Kamakawiwo'ole, mestre do ukelele.
5. Galileu: Exercícios ao ar livre: quais são as recomendações?