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Prezados leitores, esta é uma edição extraordinária do Meio.

É hoje a eleição.

Praticamos jornalismo seguindo o preceito de Thomas Jefferson, quase três séculos atrás, quando democracia estava ainda sendo inventada: cidadãos informados são essenciais para o exercício da liberdade. Pois informamos tão bem quanto o conseguimos, atualizando para o século 21, digital como ele é, esta prática centenária. Vivemos em democracia, no Brasil, faz 30 anos. Desde que a Constituição de 1988 foi promulgada.

Temos, como disse Ulysses Guimarães ao promulgá-la, uma Constituição imperfeita. Mas passível de transformação pelo voto.

O Meio nasceu durante a eleição municipal de 2016. O Meio estará aqui na eleição municipal de 2020. E, não importa o que digam hoje as urnas, seguirá informando na eleição presidencial de 2022.

Desejamos a todos bons votos.

— Os Editores.

Extra: Ibope e Datafolha indicam segundo turno; Prezados leitores, bom voto!

De acordo com a pesquisa Ibope encomendada por TV Globo e Estadão, divulgada ontem à noite, Jair Bolsonaro tinha 41% dos votos válidos, três mais do que na pesquisa anterior. Fernando Haddad oscilou três abaixo para 25% e, Ciro Gomes, um acima para 13%. Para ser eleito em primeiro turno, qualquer candidato precisa de 50% mais um dos votos. Pela pesquisa, é um resultado distante. (Estadão)

Bolsonaro segue com a maior rejeição — 43%. Haddad tem 36%. Ciro venceria o líder do primeiro turno com facilidade: 56% dos votos válidos contra 44%. Haddad perderia por 48% contra 52%.

O Ibope entrevistou 3.010 eleitores entre os dias 5 e 6 de outubro. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Também foi divulgada, ontem, a última pesquisa Datafolha. Nela, Jair Bolsonaro tem 40% dos votos válidos, Haddad 25% e, Ciro, 15%. Bolsonaro oscilou um acima, Haddad se manteve estável, Ciro galgou dois pontos. (Folha)

A rejeição do militar está em 44% contra 41% do petista. Num segundo turno, Bolsonaro venceria com 45% contra 43%. Perderia, porém, para Ciro. 47% a 43%.

Foram entrevistadas 19.552 pesssoas, na sexta e no sábado. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Ambas as pesquisas revelam, em essência, o mesmo cenário: apontam para um segundo turno entre Bolsonaro e Haddad. Um pleito que será disputadíssimo.

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No podcast Foro de Teresina, o editor da Piauí, Fernando de Barros e Silva, chamou a entrevista de Bolsonaro transmitida sexta na TV aberta de ‘momento edição do debate Collor x Lula da TV Record’. Ele se referia à edição, no Jornal Nacional, que às vésperas da eleição fez parecer que Collor havia tido uma vitória no debate bem maior do que a real. Na noite desta última quinta, a Record concedeu a um candidato imenso espaço, roubando audiência do debate em que os outros estavam, e não concedendo nada nem de perto equivalente aos adversários.

Não foi uma crítica isolada.

Míriam Leitão: “O debate da TV Globo teve embates isolados e uma grande anomalia, que o petista Luiz Dulci definiu numa rápida conversa comigo, ‘é uma polarização com um dos polos ausente’. Era isso, mas pior. O anormal da eleição ficou ainda maior porque Jair Bolsonaro, o líder das pesquisas, tem feito o que quer. A violência que ele sofreu não revogou as leis eleitorais, mas o TSE tem se mantido numa inquietante aquiescência. É preciso dar, principalmente na televisão, espaços equânimes aos candidatos. É o que diz a lei. Bolsonaro está acima da lei falando com quem bem entende, sem que certos veículos estendam aos outros candidatos o mesmo espaço.” (Globo)

Mas... Segundo o Painel da Folha, pelo menos alguns analistas avaliam, com base em trackings, que pegou mal Bolsonaro dar a entrevista, mas não ir ao debate. Ficou parecendo aos eleitores que podia ter ido e fugiu.

Trackings, sempre os trackings. Como eles circularam pelas redes entre sexta e sábado. Em alguns, Ciro parece crescer muito. Muitos dos trackings batendo no WhatsApp não têm qualquer corroboração. Fake news — ou, ao menos, os partidos que deveriam tê-los contratado os renegam. Só que a tensão nas redes pedetistas está à flor da pele. Porque, ao menos noutra contagem, o crescimento do candidato é real. Ele vem ultrapassando Fernando Haddad em menções nas redes sociais. Não é um fenômeno apenas das bolhas — é geral em toda internet. Assim foi medido pelo do DAPP da Fundação Getúlio Vargas, tanto no Twitter quanto no Facebook. E a hashtag #ViraViraCiro vem dominado os trending topics do Twitter.

Em São Paulo, João Doria e Paulo Skaf devem disputar o segundo turno. No Datafolha, Doria tem 33% e, Skaf, 26%. Marcio França alcançou 20%. O Ibope indica um cenário mais apertado: 32% a 30%, com Doria à frente. França tem 18%.

O Ibope ouviu que Eduardo Suplicy deve se eleger senador com 20% dos votos. Major Olimpio e Mara Grabilli, empatados em 14%, disputam a segunda vaga.

No Rio, o cenário tampouco está claro. Segundo o Ibope, Eduardo Paes tem 27%, Romário 20% e, empatados em terceiro, aparecem Índio da Costa e Wilson Witzel, com 12%. Já o Datafolha enxergou Paes com 32% e, empatados em segundo, Romário e Witzel com 17%.

Segundo o Ibope, Flávio Bolsonaro deve se eleger para o Senado com 21% e, praticamente empatado, também deve entrar Cesar Maia, com 20%. O terceiro colocado é Lindbergh Farias, com 14%.

Antonio Anastasia lidera com folga em Minas Gerais. Tem 42% de acordo com o Ibope. Empatados tecnicamente em segundo estão o atual governador Fernando Pimentel, com 25%, e Romeu Zema, do Novo, com 23%. Já de acordo com o Datafolha, Anastasia tem 40%, Pimentel 29% e, Zema, 24%.

A ex-presidente Dilma Rousseff tem 26% dos votos para o Senado, conforme ouviu o Ibope. Carlos Viana tem 19%; Rodrigo Pacheco, 18%; e Dinis Pinheiro, 16%.

Leia também as pesquisas para o Distrito Federal, Pernambuco, Bahia, Paraná e Rio Grande do Sul.

Pois é. Vamos todos, hoje, às urnas lidar com esta nossa democracia imperfeita. Pinçamos dois últimos comentários para reflexão.

Roberto DaMatta: “A classe média foi afastada da política. Não é questão de não querer, mas os políticos nos afastaram. Somos uma sociedade que transitou para uma República sem compreender o que é uma República. Reproduzimos na administração pública o sistema monárquico, mas a democracia é um regime que tem contabilidade e as pessoas são cobradas pelo que fazem. No Brasil, temos o lado pessoal que canibaliza o que deveria funcionar na base do mérito, sem raiva, favores e preconceitos. Não podemos deixar de ter numa sociedade moderna a regra da lei. E isso exige uma visão de mundo mais sofisticada do que a visão vigente por aqui. A sociedade não se emancipou de sua mentalidade escravocrata, de ter sempre alguém que faça algo por você, de responsabilizar alguém pelos erros que cometeu. Em todas as situações e setores da vida.” (Estadão)

Alon Feuerwerker: “Ao contrário das frequentes teses a respeito, a divisão entre direita e esquerda não acabou. Se houver segundo turno, a partição ficará ainda mais nítida. Metade do país vota com a esquerda contra a direita e a outra metade com a direita contra a esquerda. Vai ganhar a eleição, agora ou daqui a três semanas, quem for mais capaz de fazer sua base votar.”

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