PSDB vai sair do governo

O governador paulista Geraldo Alckmin, que será aclamado presidente do PSDB no dia 9, anunciou que a legenda deixará o governo. “O partido manterá apoio para todas as reformas que sejam de interesse do Brasil”, disse. “Sempre fui contra participar do governo. Não tinha a menor razão para o PSDB estar indicando ministros.” O presidente Michel Temer já sinalizou que deseja conversar com Alckmin para organizar a saída. Sua maior preocupação é com o ministro Antonio Imbassahy, que cuida da articulação do Executivo com o Congresso, e que já teve a saída desastrosamente anunciada e logo cancelada, na última semana. “Não tem mais sentido esperar a convenção do partido para tirar os ministros”, disse um auxiliar de Temer. (Globo)

O PSDB impôs três condições para votar a Reforma da Previdência. Que o benefício por incapacidade permanente siga integral. Que seja permitido o acúmulo de pensão e aposentadoria até o teto do INSS, de R$ 5.531. E que funcionários públicos possam manter seu salário integral, desde que paguem um pedágio sobre a idade que falta para se aposentar pelas regras atuais. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse que vai estudar. Sem os votos tucanos, porém, a reforma não passa. (Folha)

Míriam Leitão: “O partido que defendia a responsabilidade fiscal apresenta agora uma pauta demagógica. Deputados tucanos decidiram atacar pontos fundamentais da reforma da Previdência. A atitude atrapalha a tentativa de equilibrar as contas públicas, o que pautava o discurso dos tucanos até aqui. Querem uma regra especial de transição para funcionários públicos. A intenção é garantir aos servidores que entraram no sistema antes de 2003 a integralidade (o salário final da ativa) e a paridade (os mesmo reajustes do funcionalismo) sem a obrigação de cumprir a idade mínima de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres. O partido sabe exatamente o tamanho da desigualdade dentro do sistema de aposentadorias do país. A regra da paridade inibe inclusive a concessão de aumentos aos que estão na ativa. O PSDB está perdendo a identificação com as ideias que defendia.” (Globo)

Elena Landau, economista, sobre o programa do PSDB: “Quando cheguei na frase ‘nem estado mínimo, nem máximo, estado musculoso’, quase parei ali. Não é possível um documento dessa responsabilidade como uma frase dessa. Não acreditei. É cheio de platitudes, um discurso velho. Como pode um partido cuja a marca é a qualidade dos seus quadros técnicos e economistas apresentar um trabalho tão fraco como esse? Esse documento é uma coisa atrasada. Falta ousadia em tudo. Essa questão de ‘estado que queremos’ está ultrapassada. É o estado que podemos.” (Estadão)

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Por 2 votos a 1, a segunda turma do Supremo negou ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha sua liberdade. Votou por ele Gilmar Mendes e, contra, Dias Toffoli e o relator Edson Fachin. (Folha)

O presidente do PR, Antônio Carlos Rodrigues, se entregou à Polícia Federal — estava foragido faz uma semana. O ex-senador teve a prisão decretada na Operação Caixa D’Água, que investiga propinas pagas para a campanha do ex-governador fluminense Anthony Garotinho. (Estadão)

E... O exame de corpo de delito afirma que Garotinho sofreu lesões quando preso na Cadeia Pública de Benfica. Só não confirma a versão do ex-governador, de que foi misteriosamente agredido. (Globo)

A BBC foi conhecer o Aeroporto Internacional de Nacala, em Moçambique. Erguido pela Odebrecht a um custo de R$ 404 milhões pagos pelo BNDES, tem capacidade para 500 mil passageiros por ano. Recebe 20 mil. A empreiteira reconheceu ter pago propinas para garantir o contrato. E o país africano deu calote na dívida.

Nos feriados, o número de homicídios aumenta, no Brasil.

Para ouvir com calma: O jornalista Robert Wright acaba de lançar o livro Why Buddhism is True (Amazon), uma comparação entre o budismo, as técnicas de meditação de atenção plena — mindfulness — e o que conhecemos sobre ciência cognitiva. Numa entrevista em inglês, de quase meia hora, ele fala sobre como nossos cérebros acirram a polarização política.

Robert Wright: “Imagine que você está na fila para pagar e o sujeito à frente é grosseiro com o caixa. Você pensa: que pessoa mal-educada. Mas você não sabe se ele acabou de descobrir que sua mulher tem câncer. Não tem como saber. Somos tendenciosos a respeito de atribuição. Se é alguém da nossa tribo, aquela é uma pessoa boa. Se ela faz algo ruim, atribuímos isto às circunstâncias em que está. Estava sob pressão, algo assim. Mas se é alguém da tribo inimiga, então dizemos que é da sua natureza. Se um apoiador de Trump se comporta mal, é típico. E é este reflexo que nos mantém em conflito. Há dois tipos de empatia. Uma é aquela emocional. ‘Sinto sua dor.’ Há também empatia cognitiva, que é compreender como é ser aquela pessoa. Por que faz o que ela faz. Voltemos aos eleitores de Trump. Eles não são todos racistas. Não são todos burros. São pessoas diferentes que têm preocupações diversas entre eles próprios. Algumas de suas preocupações são legítimas. Para impedir que alguém como Trump se eleja novamente, é preciso antes compreender como ele se elegeu. E a maneira como nossas mentes funcionam dificulta esta compreensão por conta de como vemos a outra tribo.”

Cultura

Em 2002, perguntaram ao rapper Jay-Z por que ele boicotava todos os anos a cerimônia de premiação do Grammy. Sua resposta: “eles não dão o devido respeito ao hip-hop”. Pois o jogo virou. Na manhã de ontem, a Recording Academy anunciou que o cantor de 47 anos foi indicado a oito Grammys, incluindo os principais, melhor gravação e música do ano. Mas não é só isso. Outro rapper americano lidera as indicações junto a Jay-Z: Kendrick Lamar foi lembrado em sete categorias. Parece que a academia está tentando corrigir o curso da premiação que foi bastante criticada quando, em 2016, deu o prêmio de melhor álbum a Taylor Swift e não a Lamar e, em 2017, desbancou Lemonade de Beyoncé e premiou 25, de Adele.

Aliás... É a primeira vez na história do Grammy que um homem branco não é indicado para o álbum do ano.

Bernardo de Mello Paz renunciou, por prazo indeterminado, à presidência do conselho do Museu Inhotim. O empresário foi condenado a nove anos e três meses de prisão por lavagem de dinheiro. O afastamento é uma tentativa de desatrelar sua imagem da atuação no museu. Assume o comando o economista Ricardo Gazel, que foi diretor executivo do Inhotim entre setembro de 2012 e setembro de 2013. (Folha)

Os tempos são digitais, mas Dungeons & Dragons, o jogo de mesa com complexas regras através das quais cada jogador vive um personagem num ambiente medieval fantasioso, está de volta. E com força. O primeiro RPG, que hoje pertence à multinacional de brinquedos Hasbro, está sendo descoberto por uma nova geração, assim como reencontrado por quem o jogava nos anos 1980 e 90. Mas o mundo é diferente. Uma partida de D&D exige histórias complexas, previamente planejadas pelo game master. Adultos, embrenhados entre carreira e família, raramente têm o tempo para se dedicar ao longo preparo que a construção do roteiro exige. Por isso mesmo, esta nova onda de D&D traz game masters profissionais — gente que constrói as narrativas e encaminha o jogo de role playing com carisma. Por um dinheiro. A Wired apresenta a figura Timm Woods, PhD em Educação e profissional de RPG. Enquanto isso, a New Yorker conta a história da decadência do jogo pós-internet e de seu renascimento, de 2014 para cá.

Aliás... O ano é 1988. E Steve acaba de ganhar um Nintendo. Das preciosidades do YouTube.

Para assistir com calma: Happiness, um curta-curta metragem de Steve Cutts. Para lembrar da Black Friday.

Viver

Rebeca Mendes Silva Leite, que aos 30, com dois filhos, salário em emprego temporário de R$ 1.250 e aluguel de R$ 600, pediu permissão ao Supremo para abortar com seis semanas ouviu um não. A ministra Rosa Weber negou-lhe o pedido. (Globo)

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Um em cada 10 remédios em países pobres é falso. São, em sua maioria, medicamentos para tratar doenças como a malária e pneumonia e, possivelmente, responsáveis pela morte de dezenas de milhares de crianças. Esses países gastam cerca de US$ 30 bilhões com a falsificação. Números da Organização Mundial de Saúde.

A OMS também alertou para o crescimento alarmante do HIV na Europa. O número de pessoas recém-diagnosticadas com o vírus atingiu, em 2016, o nível mais elevado desde que os registros foram iniciados no continente: 160 mil pessoas contraíram o vírus que causa Aids em 53 países.

E os resultados preliminares de uma pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde mostram que cerca de 54,6% dos jovens brasileiros entre 16 e 25 anos têm infecção pelo HPV. 38,4% são de tipos de alto risco para o desenvolvimento de câncer.

Sabe aquela história de que os robôs e a inteligência artificial vão arruinar a civilização como a conhecemos? A exposição Robotanica, no Instituto Transnatural holandês, sugere que não é bem assim. São 11 projetos que usam robótica e tecnologia como ferramentas para reparar ou diminuir o dano que a humanidade está fazendo na Terra. “Realmente queremos nos afastas da discussão sobre o relacionamento humano-robô e ver como a tecnologia pode fortalecer e enriquecer a resiliência da nossa ecologia em vez de simplesmente degradá-la”, diz Joanette van der Veer, curadora-adjunta da exposição. Tem até um pica-pau robô, que trabalha como o pássaro em extinção para evitar a ruptura do ecossistema ao qual pertence.

Aliás... O aeroporto de Alberta, no Canadá, começou a experimentar com um drone de asas na forma de falcão. O objetivo é afastar pássaros da área de pouso e decolagem, evitando acidentes. Se acreditam que há um predador na área, ficarão longe.

E... Conheça Hannah, um ônibus escolar autônomo que busca as crianças na porta casa, reconhece pelo rosto seus passageiros e altera a rota com base no trânsito.

E o astronauta saiu para passear no espaço com uma câmera GoPro.

Cotidiano Digital

Três quartos dos apps para Android carregam ao menos uma ferramenta de terceiros para acompanhar o comportamento dos usuários. Entre elas, Tinder, Spotify, Uber, que usam um sistema do próprio Google para detectar problemas no aplicativo, mas também permitem descobrir o que o usuário faz ao celular. O levantamento é do Laboratório de Privacidade da Universidade de Yale, que cobra do Google mais transparência a respeito do que fazem os aplicativos. E não quer dizer que os apps de iPhone sejam melhores. Apenas não foram investigados.

Para quem é de Civilization: o primeiro pacote de extensão da versão VI do jogo sai no dia 8 de fevereiro. Rise and Fall terá nove líderes novos, e fases históricas que incluem a Idade das Trevas. Piora: cidades poderão entrar em revolta. Tem trailer no ar.

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