Alckmin abre espaço em direção ao Planalto

Perante a possibilidade que se abria de Tasso Jereissati perder a presidência do PSDB e dado o racha que se instalava no partido por conta de sua disputa com o governador goiano Marconi Perillo, decidiu-se por um terceiro. O provável candidato à presidência da República, Geraldo Alckmin, deve suceder a Aécio Neves no comando da legenda. A solução não agradou ninguém, no Planalto — aecistas e o governo contavam vencer com Perillo, assumindo o tucanato.

O PSDB vai publicar hoje o documento Gente em primeiro lugar: o Brasil que queremos. É seu manifesto para a eleição de 2018. Segundo Igor Gielow, o tom é liberal temperado com ponderações sociais, inclinando-se à centro-esquerda. Propõe avançar com as reformas, cortar ministérios, instituir avaliação do funcionalismo público, diminuir privilégios, defende privatizações e concessões. Considera que a pauta da sustentabilidade é a fonte de poder externo para o Brasil e cobra uma reforma tributária que siga princípios de justiça fiscal. “O livre mercado por si não é capaz de assegurar a distribuição mais equânime das riquezas produzidas e, assim, superar as desigualdades e a pobreza”, afirma o documento de 14 páginas. (Folha)

Flávio Freire: “Primeiro, o governador paulista se viu diante de um afilhado político que parecia disputar o cobiçado posto de presidenciável. Mas o prefeito João Doria parece não figurar mais como obstáculo. Ao anunciar que não pretende disputar a sucessão, o apresentador Luciano Huck ajuda a pavimentar um caminho menos esburacado para Alckmin, que precisará de apoio na fatia do eleitorado mais centrista. Com Doria e Huck aparentemente fora do páreo, ele parecia não precisar de mais nada, até que a cúpula do PSDB passa a enxergar nele o nome ideal para tentar acabar com a cizânia que se estabeleceu no partido. Alckmin ganha palanque importante e estratégico em período pré-eleitoral. Terá à sua disposição tempo e recursos que seus eventuais adversários não dispõem. Ele, de fato, é obcecado com a ideia de disputar o Palácio do Planalto. Resta saber até quando o vento soprará a seu favor uma vez que seu nome aparece em investigação no STJ a partir de delações da Odebrecht. Alckmin nega envolvimento no esquema da empreiteira. Mas terá, lá na frente, que convencer no mínimo 40 milhões de eleitores de que é mais do que alguém apenas empurrado pela maré.” (Globo)

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Luis Roberto Barroso: “Vamos bem nas garantias fundamentais e na proteção das regras do jogo, mas competências criminais o Supremo não exerce bem. O maior problema do STF é essa competência que ele não deveria ter, de ser o juiz criminal de primeira instância de autoridades encrencadas. O país está em crise. Temos uma crise econômica, uma crise política e uma crise ética. O Supremo foi arremetido a essa crise para arbitrar decisões.” (Veja)

Gilmar Mendes: “A questão do foro é muito delicada. Tirar do Supremo não significa que nós vamos ter um modelo funcional lá embaixo. A Justiça Criminal, no Brasil como um todo, não do Supremo, funciona mal. Pouco mais de 8% dos homicídios são desvendados. Isso signifca que vamos para os Estados passar para as pessoas julgar esses parlamentares. Será que nós não vamos ter uma grande influência política lá? Coisa que não ocorre, ou pelo menos não ocorre de maneira visível, no Supremo Tribunal Federal?” (Estadão)

Enquanto isso... A tramitação de processos criminais no TRF-4, segunda instância da Lava Jato, tem sido mais rápida. Entre janeiro e outubro, as ações duravam em média 14 meses e meio. Em novembro, caiu para sete meses. É esta a corte que julgará o ex-presidente Lula podendo, caso o condene, tirá-lo da briga pelo Planalto. (Folha)

O MP instaurou inquérito para averiguar por que a ex-primeira-dama do Rio Adriana Ancelmo e a ex-governadora Rosinha Garotinho eram as únicas presas fora da escala da faxina na Cadeia Pública de Benfica. Adriana era, também, a única com colchão alto. (Estadão)

O Meio torna pública, hoje, uma de nossas ferramentas internas: o Painel das Bolhas. Esquerda e direita, no Brasil, não discordam apenas sobre interpretações — discordam, até, a respeito de quais são os fatos essenciais. Seria normal que propusessem soluções distintas para a realidade; mas veem realidades diferentes. O painel reúne, em duas colunas, os links mais retuitados de 100 perfis influentes de direita e outros 100 equivalentes, de esquerda. A lista foi montada pela equipe do Meio e pelo grupo de leitores Pioneiros. Para nós, o painel é uma constante lembrança de como dois dos grupos mais politicamente ativos no Brasil se desgrudaram de uma ideia única de país. E, em termos práticos, é um reflexo dos dois Brasis que veem diariamente. Não raro, um corte de temas bem diferentes dos escolhidos por nós para cada edição.

Gao Xingjian, Nobel de Literatura em 2000: “Estamos presos sob o jugo das ideologias do século 20. Essas ideologias viram dogmas que não resolvem os problemas. Tomemos como exemplo o comunismo, que se tornou um pesadelo. Ou o fascismo e o nacionalismo, que têm efeitos brutais, como já vimos. Infelizmente, são essas ideias populistas as que triunfam hoje em dia. E podemos falar de extremismos de ambos os lados.”

O príncipe britânico Harry, caçula do futuro rei Charles, anunciou que se casará com a atriz americana Meghan Markle, estrela das séries Suites e Fringe. Veja uma cena.

Cultura

Para assistir com calma: Em entrevista ao Nexo, Francisco Bosco fala de seu novo livro, A Vítima tem Sempre Razão? (Amazon), uma crítica ao radicalismo dos movimentos identitários — principalmente feminista, negro e LGBT — no Brasil de hoje. “A sociedade brasileira deixou de ser passiva e passou a querer lavar a roupa suja acumulada em cinco séculos de perversidade em questão de segundos”, diz. Em vídeo. via Pioneiros

A Netflix divulgou os vídeos promocionais de dois episódios da quarta temporada da série Black Mirror. Arkangel e Crocodilo serão dirigidos por Jodie Foster e John Hillcoat. A nova temporada, com seis episódios, ainda não tem data de estreia definida.

E Anitta tornou-se a primeira artista brasileira a entrar no top 50 mundial do Spotify. O feito é da música Downtown, lançada em parceria com o colombiano J. Balvin há apenas uma semana. (Estadão)

A música no Spotify, e o clipe, no Youtube.

Viver

O valor dos terrenos de 80 favelas atingidas por incêndios em São Paulo entre 2008 e 2012 era 76% maior que o valor médio comercial de outras favelas da cidade. É o que mostra um levantamento do Guardian e da Agência Pública. Eles também verificaram que os incêndios são mais freqüentes nas áreas mais ricas: ao longo dos últimos cinco anos, 23 incêndios — 29% dos analisados — ocorreram nos 15 distritos com os maiores valores imobiliários da cidade.

O especial também compara a especulação imobiliária e a gentrificação de São Paulo com o cenário de Nova York, na década de 1980, e Berlim, na década de 1990. O jornal britânico faz um retrato do problema de moradia na capital paulistana. No centro do debate, as ocupações de prédios abandonados no centro da cidade.

E mais: o uso aberto de drogas como se vê na Cracolândia não ocorre em qualquer outra cidade do mundo.

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É o contrário da Black Friday: Giving Tuesday. Hoje é dia de doar. E uma turma boa pôs de pé a lista das 55 ongs atuantes no Brasil com mais de 100 mil curtidas no Facebook. É só escolher.

A Black Friday foi lucrativa nos Estados Unidos. Os comerciantes faturaram US$ 7,9 bilhões, 17,9% mais que ano passado. Mas a sexta-feira negra não serviu apenas para os americanos comprarem celulares, televisões ou jogos. Serviu também para comprarem armas. O FBI informou que os pedidos de verificação de antecedentes para efetivar vendas dispararam e bateram recorde. Foram 203 mil pedidos, mas o número de vendas deve ser maior. Com um só requerimento podem ser vendidas várias unidades.

Enquanto isso... As marcas mais citadas nas redes brasileiras, na semana passada, foram, em primeiro, Burger King e, em segundo, McDonald’s. As Americanas vieram em terceiro — seguidas de outra lanchonete, o Subway. O levantamento da consultoria Torabit sugere, no entanto, que o evento não está consolidado no Brasil. Não é só porque o varejo perdeu para fast food na briga por menções. 90% dos comentários nas redes consistiam de piadas, lamentos pela falta de dinheiro, e a séria desconfiança de que, por aqui, a coisa está mais para Black Fraude. via Pioneiros

Semanas após a polêmica decisão que impediu candidatos do Enem de serem desclassificados por desrespeito aos direitos humanos na redação, o jornalista de dados Marcelo Soares traçou o perfil dos eliminados do exame em 2015 por este motivo. Naquele ano, o tema era violência contra a mulher. Pois, dos 9.935 que levaram zero, 60% eram mulheres, 80% estudaram em escolas públicas no ensino fundamental. E 62% vinham de famílias com renda de até R$ 1.182 mensais.

Para ler com calma: Na busca pela dieta perfeita, startups estão vendendo planejamentos alimentares com base no sequenciamento genético e microbioma. A premissa é simples: quem quer nutrir seu corpo e, por extensão, perder peso, deve seguir planos de alimentação personalizados com base em sua composição única. Antes do envio da dieta, é preciso enviar amostras de sangue ou de fezes. Não é sexy. Tampouco milagroso. Cientistas afirmam que não há provas de que o organismo de algumas pessoas responda melhor às dietas ricas em gordura, enquanto o de outras seja mais receptivas a dietas cheias de proteínas ou carboidratos complexos. Uma pena.

Cotidiano Digital

Em todas suas empresas, Elon Musk recebeu por volta de US$ 5 bilhões em dinheiro público — uma conta que inclui isenção de impostos, subsídios, contratos para agências governamentais. Sem contar com os anos de pesquisa em universidades por todos os EUA, baseadas em financiamento público, que permitiram o desenvolvimento de tecnologias usadas por suas empresas. Com base nos números, Dustin McKissen, escrevendo para a revista Governing, argumenta que sem o Estado não haveria um Vale do Silício. Nem nos EUA.

Entre 2009 e 2015, o número de pequenas livrarias aumentou em 35%, nos EUA. Livrarias mesmo: lojas de rua. Eram 1.651, chegaram a 2.227. Da mesma forma, a indústria suíça de relógios analógicos está de pé. Sólida. No caso das livrarias, há três características que as mantém. A primeira é a comunidade ao redor, que adota o local — uma loja de cadeia não consegue atrair esta empatia. A curadoria do livreiro é um segundo ponto. E, por fim, livrarias locais tornam-se lugares de encontro intelectual: promovem eventos — algumas mais de 500 por ano. O fenômeno está se repetindo em algumas indústrias e Ryan Raffaelli, professor de administração em Harvard, o chama de technology reemergence — renascimento tecnológico. via Pioneiros

Há alguns meses, a Samsung levou ao ar um comercial bem-humorado no qual o namorado ao longo dos anos foi correndo atrás de cada novo iPhone enquanto a namorada tinha sempre o último Galaxy. Este ano, enfim, o rapaz fez a escolha certa. Pelo prisma da Samsung. Bom humor entre concorrentes.

O que ninguém esperava é que a Motorola fosse correr por fora, contratando atores bem parecidos para um filme só seu. Essas namoradas. Sempre um passo à frente.

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