Há 128 anos hoje, um marechal Deodoro da Fonseca adoentado, convencido de que seria preso, fez-se acompanhar por umas centenas de soldados e proclamou a República. Nela estamos desde então — para bem, para mal. Por conta do feriado, o Meio sai hoje um quê menor. Voltamos amanhã em plena forma.

— os Editores

No Rio, R$ 260 milhões em propina

Entre 2010 e 2016, as empresas de ônibus do estado do Rio destinaram R$ 260 milhões em propinas a políticos em troca de benefícios. A afirmação é de Álvaro José Novis, doleiro responsável pela contabilidade paralela do grupo, em delação premiada. O dinheiro era levado em carros fortes. Na Assembleia Legislativa, segundo os repórteres Chico Otávio e Daniel Biasetto, o presidente Jorge Picciani recebia os valores para distribuição entre seus pares. Ele se encarregava também de fazer repasses aos conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, que têm por obrigação conferir os gastos do governo. Esta informação vem de um segundo delator, Jonas Lopes de Carvalho, ex-presidente do próprio TCE. E as denúncias são confirmadas por um terceiro, o empresário de ônibus Marcelo Traça Gonçalves. Picciani, que presidiu a Alerj entre 2003 e 2011, voltou ao cargo em 2015. No intervalo, a Casa foi comandada pelo também peemedebista Paulo Melo, que recebeu e manteve o mesmo esquema. Ambos foram auxiliados por assessores e pelo também deputado Edson Albertassi. (Globo)

Pelas contas dos investigadores, o estado do Rio concedeu aos empresários de ônibus incentivos fiscais que lhes economizaram R$ 138 bilhões.

A apuração é da Agência Lupa: em 1994, Jorge Picciani declarou ao TRE que possuía R$ 1,24 milhões em bens, corrigidos pelo IPCA. Em 2014, também corrigidos, R$ 12,28 milhões. Um aumento de 893% do patrimônio. Números declarados. Segundo os procuradores, nos últimos anos o presidente recebeu R$ 83 milhões.

Ao todo, a Polícia Federal fez seis prisões preventivas, que não têm prazo, e quatro temporárias, além de buscas e apreensões nos endereços de 14 pessoas físicas e sete jurídicas. Trata-se da Operação Cadeia Velha — o prédio da Assembleia foi erguido no local onde funcionava a antiga cadeia do Rio, aquela mesma onde esteve preso Tiradentes. Segundo os procuradores responsáveis por este desdobramento da Lava Jato, Executivo, Legislativo e TCE fluminenses entraram em conluio durante os governos de Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão. Com o argumento de que o tráfego de propinas continua, os procuradores pedem à Justiça autorização para prender Picciani, Melo e Albertassi. O TRF-2 fará uma sessão extraordinária amanhã para decidir. Felipe Picciani, o único filho do deputado que não é político, fica preso por cinco dias prorrogáveis.

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O ministro Ricardo Lewandowski devolveu à Procuradoria-Geral da República a delação premiada de Renato Pereira, marqueteiro no Rio de Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão. O acordo fixava o tempo de pena, coisa que incomodou o juiz. Tempo de reclusão, ele disse, é o Judiciário que decide.

Não é só no Rio. O ex-governador sul-mato-grossense André Puccinelli e seu filho, o advogado André Puccinelli Júnior, foram presos também ontem, acusados de desviar R$ 235 milhões em verbas públicas da União.

O presidente Michel Temer está encurralado. Precisa fazer a reforma ministerial para, redistribuindo poder na Esplanada, angariar apoio e conseguir aprovar no Congresso alguma reforma da Previdência. Inicialmente, acenou fazer as mudanças até 15 de dezembro. Mas a convenção do PSDB será no dia 9 — e os tucanos devem deixar o governo. O ideal para Temer é completar o desenho antes, informa Gerson Camarotti. Outro critério do presidente é dispensar quem sairá como candidato. Mas haverá uma exceção: Henrique Meirelles fica, segundo Valdo Cruz.

Não será simples. Vários ministros se articulam para continuar nos cargos e alertam. Temer pode acabar ruindo mais a base no Congresso do que agradando. Entre aqueles que brigam para permanecer está Gilberto Kassab. (Estadão)

Aliás... Diz Andréia Sadi que Temer marcou conversas com Delfim Netto e Nizan Guanaes. Com ambos, o assunto é o mesmo. Como aprovar as mudanças na Previdência.

Diga-se... Temer assinou uma medida provisória alterando pontos importantes da reforma trabalhista. A nova versão prevê, entre outras mudanças, uma quarentena de 18 meses para que um contrato migre do modelo atual para intermitente. O fato de o presidente ter decidido mudar as regras através de MP, e não projeto de lei, incomodou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. (Folha)

O argentino Alejandro Burzaco, que trabalhou para a empresa Torneos y Competencias, afirmou à Justiça americana ter pago propina a diversos executivos da Confederação Sul-Americana de Futebol — incluindo Ricardo Teixeira e José Maria Marin, ambos ex-presidentes da CBF. Burzaco também afirma ter intermediado suborno, em troca de contratos, da TV Globo, Media Pro (Espanha), Fox Sports (EUA) e Televisa (México). A TV Globo nega ter pago cartolas ilegalmente e afirma ter feito uma investigação interna. Garante que seguirá fazendo cobertura transparente do caso.

Um homem identificado como o major general S. B. Moyo, número dois do Exército do Zimbábue, apareceu no final da madrugada de hoje na televisão estatal. Anunciou que o presidente Robert Mugabe, 93 anos, está sob custódia das Forças Armadas e em segurança. Mugabe, o ditador mais longevo do mundo, é o único presidente que o país teve, desde sua independência, em 1980. O dia amanheceu aparentemente tranquilo em Harare mas as embaixadas estrangeiras recomendam a seus cidadãos que permaneçam em casa. (New York Times)

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