Paradise Papers mostram o mapa da fuga de impostos

Um novo patacão de documentos vazado anonimamente e analisado pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) detalha o uso de offshores por políticos e grandes corporações para driblar os impostos de seus países. Em alguns casos, os chamados Paradise Papers revelam também ligações que os envolvidos preferiam ver escondidas. O secretário do Comércio americano, Wilbur Ross, é um dos proprietários duma empresa que, em 2014, recebeu US$ 68 milhões da Sibur, petroquímica russa de propriedade do genro do presidente Vladimir Putin e de magnatas que sofrem sanções oficiais do governo americano. Um dos principais investidores do Vale do Silício, com participações importantes em Twitter e Facebook, o bilionário Yuri Milner usa dinheiro que vem do Kremlin. No Canadá, o responsável pelas finanças do Partido Liberal do premiê Justin Trudeau, Stephen Bronfman, fez um lobby pesado para impedir a regulamentação para uso de offshores. E Trudeau foi eleito com uma plataforma que pregava taxação dos mais ricos. No Brasil, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tem um trust, devidamente declarado à Receita Federal, nas Bermudas. E o da Agricultura, Blairo Maggi, é sócio de uma offshore nas Ilhas Cayman para driblar impostos no comércio internacional de commodities.

Nenhuma das transações é ilegal. Os Paradise Papers são um acervo recebido pelo diário alemão Süddeutsche Zeitung que compreende 13,4 milhões de arquivos que se originaram em duas empresas especializadas em abrir offshores: Appleby e Asiaciti Trust, além do banco de dados de 19 paraísos fiscais que incluem Ilhas Cayman, Antígua & Barbuda, Líbano e Malta. Pelo seu tamanho, assim como havia sido feito com os Panama Papers, os 1,5TB foram distribuídos pelo ICIJ a 382 repórteres que atuam em 96 veículos de 67 países. No Brasil, o trabalho foi centralizado pelo site Poder360, editado por Fernando Rodrigues. A razão mais comum para ter empresa ou trust num paraíso fiscal é pagar menos impostos — e só os muito ricos têm acesso a este instrumento. Em muitos casos, todo o processo é estritamente legal. Se trata, porém, de um bug das democracias. A rigor, em nações democráticas todos estão sujeitos às mesmas leis que lhes concedem direitos e deveres. Num mundo cada vez mais global, alguns têm o poder de extrapolar fronteiras. E o privilégio facilita a concentração de renda, pois permite a quem tem muito fugir dos impostos que a maioria é obrigada a pagar. É por esta razão que o ICIJ considera o acervo de interesse público. Ao mostrar como o instrumento é utilizado, levanta o debate.

Ainda: O ICIJ pôs de pé um infográfico interativo para vasculhar as ligações de 40 políticos de todo o mundo com empresas offshore.

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Luiz Fux: “A Constituição estabelece que, quando o presidente tem contra si uma denúncia recebida, ele tem que ser afastado do cargo. Ora, se o presidente é afastado, não tem muito sentido que um candidato que já tem uma denúncia concorra ao cargo. Ele se elege, assume e depois é afastado? E pode um candidato denunciado ser eleito, à luz dos valores republicanos previstos na Constituição? Eu não estou concluindo. Mas são perguntas que vão se colocar.” Fux presidirá o TSE no primeiro semestre de 2018, ano eleitoral. (Folha)

Outra nota pescada da mesma edição dominical da Folha... “O PT está convencido de que, mesmo condenado em segunda instância, o ex-presidente Lula disputará ao menos a metade do primeiro turno da eleição de 2018. O partido vai empunhar tese segundo a qual nem um veredito desfavorável seria impeditivo para o registro da candidatura. Se o Ministério Público quiser tirá-lo do páreo, dizem aliados, terá que fazer uma caçada pública. O foco do petista é permanecer na dianteira das pesquisas para dramatizar ainda mais o movimento.”

Alon Feuerwerker: “A ideia de que as pesquisas trazem uma polarização entre extremos tem pouca aderência à realidade. Elas mostram Lula com 40%. Tem sido o patamar dele ou do candidato dele desde 2002. Tem clara liderança sobre a esquerda. Do outro lado, há uma dispersão, também natural, por causa de um certo vácuo de liderança. A direita hoje se divide entre conservadores radicais, liberais de vários tons e outsiders sobrevoando a batalha à espera da hora de pousar para devorar os cadáveres. É razoável supor também aqui certa convergência futura. O centro mais viável é o ajuntamento de gente de direita e de esquerda por ganhos táticos, com uma disputa mortal já contratada para depois da chegada ao poder. A única pré-candidatura hoje com esses traços é Marina.”

Lula com discurso radical. Um outsider da política tradicional. Um apresentador da TV popular. Um militar à espreita. Um bando de impopulares. À moda de Stranger Things, sugere a Folha, as eleições de 2018 também serão um remake dos anos 1980.

Os políticos que estiveram no comando do Rio na última década participaram, todos, diretamente da negociação de caixa dois. É o que revela o publicitário Renato Pereira, em sua delação premiada que corre em sigilo no gabinete do ministro Ricardo Lewandowski. Os nomes citados incluem o ex-governador Sérgio Cabral e o atual, Luiz Fernando Pezão, além do ex-prefeito Eduardo Paes e o deputado federal Pedro Paulo. (Globo)

Um homem que vestia preto e colete a prova de balas abriu fogo em uma Igreja Batista na mínima cidade de Sutherland Springs, menos de 500 habitantes, no Texas. Pelo menos 26 morreram, incluindo uma mulher grávida e crianças. O assassino, Devin Kelley, de 26 anos, saiu vivo da igrejinha e levou um tiro de uma pessoa que partiu em socorro. Largou seu rifle no impacto e fugiu. Foi encontrado morto por um tiro, após seu carro bater. (New York Times)

Viver

Às vezes pode parecer que sim, mas os EUA não são o principal alvo de ataques terroristas. Mona Chalabi, editora de dados do Guardian, mostra que, apesar do horror de ataques como o ocorrido em Nova York com um caminhão, os números mostram que os países ocidentais permanecem muito seguros quando comparados a outras partes do mundo.

Começa hoje e vai até o dia 17 a 23ª Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP23. Os delegados de cerca de 200 países se reunirão em Bonn, antiga capital alemã, para debater as mudanças climáticas e avançar no desenho do livro de regras do Acordo de Paris. É a primeira conferência desde que os Estados Unidos se retiraram do acordo e também a primeira vez em que as negociações serão presididas por Fiji, um pequeno estado insular para o qual as mudanças climáticas representam uma grande ameaça.

Os protestos já começaram no fim de semana. No sábado último, milhares de manifestantes foram às ruas de Bonn pedir ao próximo governo alemão que encerre o uso de carvão e apoie energias renováveis. Índios de 14 países também fizeram protestos em Londres contra o desmatamento e a perseguição às comunidades indígenas.

E, apesar dos cortes orçamentários, o Ministério do Meio Ambiente brasileiro levará à COP23 uma equipe de 29 representantes. São nove pessoas a mais do que no ano passado, quando a conferência aconteceu em Marrakesh, e quase o triplo da equipe que fechou o Acordo de Paris, em 2015. (Estadão)

Observatório do Clima: “O Brasil chega à reunião com dupla personalidade: progressista do ponto de vista da negociação, com seus diplomatas dispostos a sair dela com um desenho do manual de implementação do acordo; mas tragicamente regressivo do ponto de vista da política interna, e com a maior alta em suas emissões em 13 anos.”

O tema da redação do Enem surpreendeu. Os estudantes tiveram que dissertar sobre “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”. Este ano, pela primeira vez, o exame teve videoprovas em Linguagem Brasileira de Sinais (Libras), recurso que facilita a realização do exame para quem tem alguma deficiência auditiva. Na internet, as opiniões se dividiram: muitos encararam o tema como difícil e esperavam um assunto mais presente no noticiário e nas salas de aula, como a homofobia; especialistas, no entanto, sugerem que o tema de inclusão dialoga com os cobrados nos últimos anos de prova, como violência contra as mulheres e intolerância religiosa.

Aliás... Um breve panorama histórico da educação de surdos no Brasil.

Cultura

Ann Hornaday, crítica de cinema do Washington Post: “Como podemos assistir Shakespeare Apaixonado — a comédia romântica pela qual Gwyneth Paltrow ganhou um Oscar em 1999 — sem imaginar a cena de Weinstein tentando lhe fazer uma massagem em um quarto de hotel alguns anos antes? Há anos os filmes têm avisos que asseguram o público de que nenhum animal foi ferido durante a filmagem. Talvez seja hora de elaborar um selo similar de aprovação para produções que trataram seus colaboradores humanos com dignidade e decoro profissional.”

A velocidade com que a Netflix reagiu no caso do ator Kevin Spacey, sobre quem aumenta a cada dia o número de acusações de assédio contra homens jovens, deve contar a favor da companhia. As ações estão em alta. Mas a empresa de streaming tem um problema nas mãos. Demitiu Spacey este fim de semana. E ainda não sabe o que fará com a que seria última temporada da série House of Cards. Que pode ser cancelada.

Diga-se: aumentou em 200% o número de buscas sobre o feminismo, na versão brasileira do Google, em dois anos. (Estadão)

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O cantor Jack Johnson se apresentou ontem no Rio de Janeiro e vai a São Paulo na próxima terça. Em seu álbum mais recente, All the Light Above It Too, o cantor critica o presidente americano, Donald Trump, e fala sobre a importância de defender a natureza no ano em que os EUA deixaram o Acordo de Paris, caso do clipe My mind is for sale. É um ‘ativismo calmo’, segundo ele. “Tem gente que quer ditar como uma canção de protesto deve ser. Mas eu só quero fazer do jeito mais contagiante, e as minhas são assim. Não tem que ter essas regras. Se as pessoas curtirem a levada e a mensagem, então funciona.”

Mais: O novo álbum, no Spotify.

Romero Britto recebeu com “grande tristeza” a notícia de que obras suas foram apreendidas na casa do ex-governador do Rio Sérgio Cabral. Ele defende a candidatura de João Doria, outro seu fã, ao Planalto. E afirma que, morando em Miami, não tem planos de voltar ao Brasil. “O mercado da arte não existe no Brasil. Eu tenho que me dedicar aos países em que a arte é mais consumida.”

E... Tem novo trailer de Star Wars, Os Últimos Jedi. Luke Skywalker está dentro da Millennium Falcon.

Cotidiano Digital

O funcionário que, ao ser desligado, tirou do ar a conta de Twitter do presidente americano Donald Trump era terceirizado. @realDonaldTrump esteve ausente da plataforma por apenas alguns minutos — mas revelou uma fragilidade do sistema. Centenas de pessoas dentro da empresa têm o poder de interferir com qualquer conta. (New York Times)

Está no ar Poly, o novo serviço de busca do Google, voltado para explorar uma biblioteca de objetos em 3D. Realidades aumentada e virtual se tornarão mais comuns nos celulares nos próximos anos. E, de agências de publicidade a criadores de apps, a necessidade de objetos em três dimensões aumentará.

Rosto sorrindo com lágrimas é o emoji mais utilizado nos EUA (PDF). Coração é o segundo.

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