STF derruba escravidão de Temer (e governo agradece)
Na manhã de ontem, a ministra Rosa Weber, do Supremo, suspendeu com uma assinatura a portaria do Ministério do Trabalho que relaxava os critérios para definir o que é trabalho escravo. “Não se ajusta à lei”, escreveu a ministra, “ao direito internacional e nem à jurisprudência.” Pois era exatamente o que o governo queria. “Mexer na portaria”, explicou no Twiter a repórter Andréia Sadi, “custaria votos na bancada ruralista.” A denúncia contra o presidente Michel Temer, afinal, será votada hoje. A mudança atingia muito a imagem do Planalto. Ao sustá-la, o STF resolve-lhe o problema sem parecer que foi o governo quem o quis.
Mas nada é tão simples, lembra no Buzzfeed o repórter Severino Motta. Afinal, os 200 votos aproximados da bancada ruralista têm peso. E, agora, os deputados pressionam Temer para que substitua a portaria por um projeto de lei. E ameaçam. Podem não votar contra o presidente. Mas têm uma alternativa se quiserem demonstrar de forma muito clara sua insatisfação: juntar-se à oposição e não aparecer, hoje, em plenário. Atrasar em mais um dia a decisão que Temer precisa.
Ainda assim... A conta é do ministro Eliseu Padilha: o governo espera ter entre 260 e 270 votos, hoje, quando a Câmara se reunir para decidir se aceita ou não a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer. Para que ele fosse denunciado no Supremo, no mínimo 342 dos 513 parlamentares teriam de votar a favor. Ninguém acha que possa acontecer.
Um placar mais ou menos folgado pode indicar a força do governo. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, trabalha para que a vitória de Temer seja apertada. (Folha)
Vera Magalhães: “As avaliações quanto ao placar pelo qual a Câmara vai arquivar a segunda denúncia contra Michel Temer oscilam como a cotação da Bolsa, a depender da variação do preço das commodities da vez, a saber, os deputados. O que é constante, no entanto, é que o presidente dependerá sempre e cada vez mais do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para levar a cabo alguma agenda, por mínima que seja, após ser salvo pela segunda vez.” (Estadão)
Até ontem, a oposição ainda tentava conseguir, no Supremo, o fatiamento da denúncia. Temer não é o único acusado pelo Ministério Público. O caso também envolve o próprio Padilha, assim como seu colega de Palácio, Moreira Franco. Separando as votações para cada um individualmente, alguns deputados tinham a esperança de, mesmo não conseguindo denunciar o presidente, talvez pegar um de seus lugares-tenentes. O ministro Marco Aurélio Mello, porém, afirmou que a decisão de fatiar cabe apenas à Câmara. (Estadão)
O ministro de Minas e Energia Fernando Coelho Filho e outros quatro deputados se desfiliaram do PSB. Eles seriam expulsos, até o fim da semana, por terem votado a favor da reforma trabalhista. Devem se juntar ao DEM. (Estadão)
Após muita reflexão, o senador João Alberto, presidente da Comissão de Ética do Senado Federal, achou por bem arquivar a representação do PT contra seu par, Aécio Neves.
O PSDB voltou a se reunir para decidir o destino do tucano mineiro. Encerrou o encontro sem definição.
E o tweet do dia... O ano, 2055. Morre, aos 95, o senador Aécio Neves. O resto, lá.
O mercado espera para hoje uma nova redução na taxa básica de juros, a Selic. A expectativa é de que o Copom faça um corte de 0,75 ponto percentual e a Selic recue para 7,50% ao ano. O corte deve ser menor que o dos últimos meses devido às incertezas sobre a capacidade de Temer de conseguir a aprovação da reforma da Previdência. (Folha)
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) elevou a cobrança máxima da bandeira tarifária de R$ 3,50 para R$ 5 a cada 100 kWh. O reajuste de 42,8% da bandeira vermelha 2 já valerá para o mês de novembro. A proposta da Aneel, porém, passará por consulta pública e pode ser alterada.
Davos no deserto? Nos próximos dias, o centro do poder financeiro mundial não será Nova York ou Londres. É que o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, de 32 anos, convocou a nata do empresariado e da economia internacional para participar de uma série de reuniões, conversas e painéis. Entre os participantes estão Stephen A. Schwarzman, co-fundador do grupo Blackstone; Masayoshi Son, fundador do SoftBank do Japão; e o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin. Os sauditas tentam abrir seu país para além do petróleo.
No primeiro dia de evento, o príncipe herdeiro anunciou um plano de investimento de US$ 500 bilhões para construção de NEOM, uma zona comercial e industrial de 26.500 quilômetros quadrados, alimentada totalmente por energia renovável, que tem a ambição de tornar-se uma das futuras capitais científicas e econômicas do mundo.
Cultura
Para ler com calma: certa vez, o diretor e roteirista James Toback deu seu telefone para a jornalista Gillian Brockell, do Washington Post. Ela tinha 23 anos, trabalhava como garçonete recém-chegada a Nova York. E queria escrever. Brockell nunca ligou. Já tinha uma experiência ruim com um pintor famoso que, de um convite para posar, partiu para cima. Nunca ligou — mas sempre se arrependeu. Agora, Toback é mais um acusado por dezenas de mulheres de assédio após abordá-las na rua. “Esses homens sabem que são a porta de entrada para uma boa carreira”, ela escreve. “Pode acontecer em qualquer indústria, mas é particularmente problemático na indústria criativa, pois não há um caminho de carreira formal como em Direito ou Medicina.” Muitas pessoas foram mesmo descobertas, ela segue, mas a dúvida sobre as reais intenções dos descobridores é um pesadelo permanente. “A ideia da ‘grande chance’ é uma mentira. Todas temos centenas de pequenas oportunidades que juntas formam algo grande. Não precisamos nos submeter a homens perigosos para encontra-las.”
Enquanto isso... Títulos importantes da moda — Vogue, Vanity Fair e GQ — decidiram que não trabalharão mais com o fotógrafo Terry Richardson. As casas Valentino e Bulgari também não. Seu histórico de assédio é conhecido há décadas. A decisão é nova.
O secretário de Cultura paulistano André Sturm bateu de frente com o prefeito João Doria. “Arte tem de ser livre”, disse. “Temos de tomar cuidado em como é apresentada. É importante haver classificação indicativa, que não tem caráter de censura, mas de informação.” O prefeito havia criticado a performance do artista nu cujo pé foi mexido por uma criança, no MAM-SP. “Tudo tem limite”, afirmou. (Folha)
Em seu novo romance, Zero K, Don DeLillo conta a história de Jeffrey Lockhart, que segue pensativo para um laboratório de criogenia chamado Convergência, fincado entre Cazaquistão, Quirguistão e Uzbequistão. A empresa pertence a seu pai, um bilionário, e Jeffrey acompanha a madrasta que pretende se congelar até um futuro em que a ciência lhe permita sobreviver para sempre: um mergulho no misticismo nascido da alta tecnologia e uma reflexão sobre como sentimos a passagem do tempo
Viver
Às vésperas da COP23, a Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, o exclusivo clube de países que seguem fora do Acordo de Paris perdeu um membro. Isso porque a Nicarágua anunciou que aderiu ao acordo. “É o único instrumento que que permite a unidade de intenções e esforços para enfrentar as mudanças climáticas e as catástrofes naturais", disse a vice-presidente do país, Rosario Murillo. Só dois países se recusam a fazer parte do acordo. EUA e Síria. A Síria está no meio de uma guerra civil brutal. Os EUA de Trump acham que o acordo lhes impõe desvantagens para beneficiar outros.
Enquanto isso... 54 mil hectares, ou 22% do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, já foram atingidos pelo incêndio no Cerrado. Há 14 dias, a região é atingida por uma sequência de focos — o mais grave começou na última quarta-feira. Em reportagem, a BBC conta como 200 brigadistas com poucos recursos lutam contra o fogo que já tomou proporções históricas.
Poucos conhecem, mas muitos acreditam. Um levantamento da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica mediu o conhecimento do brasileiro sobre o câncer. Apenas 26% dizem entender profundamente o tema das terapias alternativas à doença, mas dois terços dos brasileiros, 67%, acreditam que as terapias alternativas são importantes para curar a doença. 26% dos entrevistados acreditam que o uso de terapias de transferência de energia com as mãos, como o reiki, aumenta as chances de cura. Especialistas se dividem: combater a fé é pouco produtivo, mas o fortalecimento da ciência é essencial.
Cotidiano Digital
Começaram a circular online os possíveis preços dos novos iPhones no Brasil. Segundo uma fonte ligada ao varejo do site MacMagazine, o iPhone 8 custará R$ 3.999 ou R$ 4.799, de acordo com a versão de 64Gb ou 256 Gb. O 8 Plus sairá por R$ 4.599 ou R$ 5.399. Estes aparelhos estarão à venda a partir de 3 de novembro. O X vai demorar mais e, por isso mesmo, o preço pode estar incorreto. No sistema aparecem R$ 5.999 ou R$ 6.999.
Aliás... No mesmo 3 de novembro chega às lojas americanas o iPhone X. Segundo informações colhidas junto a fornecedores, a Apple só conseguiu produzir metade do número de aparelhos que pretendia ter à venda. Mas pode ser tática. O iPhone 8 vendeu muito mal. Encalhe do novo topo de linha seria um desastre. Estocar menos aparelhos para gerar a impressão de que há mais demanda que oferta é um recurso comum.
A Nubank, que já oferece um cartão de crédito controlado por aplicativo, vai lançar um novo modelo de conta corrente no Brasil. Qualquer um poderá abrir sem análise de crédito, não será cobrada taxa para transferência e o dinheiro depositado vai render de acordo com a taxa Selic. O projeto da principal startup brasileira é de uma conta 100% digital. Não haverá cartão de débito ou saques de dinheiro. Todas as operações serão online. (Estadão)
A Uber diminuiu no mercado americano de transporte para negócios. Tinha 55% no segundo trimestre, caiu para 54%. É pouco, mas a empresa nunca encarou uma queda, antes. Sua principal concorrente nos EUA, a Lyft, saiu de 8% para 11%.
O Rio de Janeiro e outros 18 municípios teriam o sinal analógico de TV cortado hoje. A Anatel desistiu. A meta de 93% dos domicílios preparados para o digital não foi atingida. Novo prazo: 22 de novembro.
A Nextel anunciou que encerrará o serviço de rádio no país. A partir de 31 de março, as estações serão desligadas.
Parece incrível: 6,5 milhões de britânicos não carregam algum equipamento digital consigo toda hora. É o caso de 25% daqueles com mais de 65. De um em cada dez dos que estão na faixa 46 a 54. E de 1% dos entre 18 e 24. Talvez mais impressionante, nesta faixa mais jovem, é que 20% deles gostariam que seus aparelhos tivessem alguma ferramenta que impedisse uso por horas demais.
