Aberto o balcão para negociar denúncia contra Temer
Hoje, no final da manhã, os deputados governistas tentarão ler, pela terceira vez, a denúncia contra o presidente Michel Temer no plenário da Câmara. É preciso que estejam presentes ao menos 51 parlamentares, o que não ocorreu nem na sexta, tampouco ontem. Só depois da leitura o Palácio do Planalto poderá ser notificado para que, no prazo de até dez sessões, apresente sua defesa. A falta de pressa tem motivo tático: o governo não buscou mobilizar a base para não demonstrar preocupação. Aumentaria o custo de negociar apoio.
Porque a conta já está sendo apresentada. O PR quer cargos no segundo e terceiro escalões do Ministério do Transporte. O foco é na valiosa secretaria de Portos, hoje nas mãos do senador Jader Barbalho. Critérios da gestão pública federal.
Também entra na conta dinheiro do qual o governo abrirá mão. Contra desejo da equipe econômica, o governo vai flexibilizar o Refis — negociação de dívidas atrasadas das empresas —, diminuindo arrecadação. (Globo)
Por decisão do presidente da Casa, Rodrigo Maia, a denúncia será avaliada no conjunto, como deseja o Planalto. Ou seja, o caso de Temer não será descolado do de seus ministros, Eliseu Padilha e Moreira Franco. A Comissão de Constituição e Justiça analisará os três como se fossem uma só. A defesa do Planalto deve ser apresentada até sexta-feira.
Parte da denúncia se baseia na delação do doleiro Lúcio Funaro. Há uma nova ofensiva governista se ensaiando. O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, que não conseguiu firmar um acordo de delação no período em que Rodrigo Janot comandava o Ministério Público, quer desqualificar as declarações de Funaro. “Desafio a provar as supostas referências sobre terceiros a mim atribuídas, incluindo ao presidente Michel Temer, onde tudo que ele atribui declara que ouviu dizer de mim, o que é uma absoluta mentira”, escreveu Cunha. (Jota)
PCdoB toda vida, o ex-ministro Aldo Rebelo se filia hoje ao PSB. E, entre tucanos, há quem o veja como bom nome para quebrar o conservadorismo e a impressão de paulista demais de Geraldo Alckmin. Há uma conversa sobre vice-presidência, segundo Cristiana Lôbo.
A Primeira Turma do Supremo avalia, hoje, novo pedido de prisão do senador Aécio Neves. A defesa do tucano pede que o caso seja levado ao plenário da corte, e esta será a primeira avaliação que os ministros precisarão fazer, antes de decidir a situação final do ex-governador mineiro. (Estadão)
A defesa do ex-presidente Lula apresentou recibos datados de agosto de 2011 a dezembro de 2015 que comprovariam o pagamento de aluguel do apartamento vizinho ao seu, em São Bernardo, onde dormem seus seguranças. Segundo a delação da Odebrecht, o imóvel foi dado ao ex-presidente como propina.
A Odebrecht, por sua vez, entregou recibos e planilhas mostrando que os R$ 4 milhões doados oficialmente ao Instituto Lula saíram do departamento interno que controlava as contas da propina e, portanto, do dinheiro reservado ao ex-presidente do bolo. (Estadão)
Perante a possibilidade de o decreto presidencial que extinguia a Renca ser sustado pelo Senado, Michel Temer voltou atrás e o revogou. A área rica em cobre e preservada, entre o Pará e o Amapá, não será mais explorada. Além do confronto com senadores, livra-se também da briga com os tucanos da Câmara, que se organizavam contra a decisão. (Folha)
Uma parceria entre G1, o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública tenta explicar o alto número de mortes violentas no Brasil: são 60 mil homicídios por ano, um a cada 8 minutos. Algumas das conclusões surpreendem — mas nem todas.
Não há correlação entre tráfico e assassinatos. São Paulo é o principal mercado de drogas e tem a menor taxa de homicídios do país. Há relação entre mortes e disputa pelo mercado de drogas, porém — muito comum no Norte e Nordeste. 71% dos mortos são negros e os bairros mais pobres são os mais violentos. Mulheres morrem muito menos do que homens por violência — mas, quando acontece, costuma ser por violência doméstica. Metade das mortes delas são causadas por familiares. E a polícia brasileira é a mais violenta do mundo, de acordo com dados oficiais. Em 2015, foi responsável por 3.320 mortes. A pior é a do Amapá, seguida da polícia do Rio e da de Alagoas. Mas, proporcionalmente ao número de homicídios, a polícia paulista é a pior de todas. 20% das mortes no estado ocorreram por suas mãos.
E o mais importante: a impunidade do crime de homicídio contribui fortemente para os altos números.
Viver
O Brasil: seis homens concentram a mesma riqueza que a metade mais pobre da população do país, segundo estudo da Oxfam. Jorge Paulo Lemann (AB Inbev), Joseph Safra (Banco Safra), Marcel Hermmann Telles (AB Inbev), Carlos Alberto Sicupira (AB Inbev), Eduardo Saverin (fundador do Facebook) e Ermirio Pereira de Moraes (Votorantim) — os mais ricos do país — têm, juntos, a mesma riqueza que a soma das fortunas de cem milhões de brasileiros.
Em tempo: Segundo a mesma pesquisa, se for mantida a tendência dos últimos 20 anos, mulheres ganharão o mesmo que homens em 2047. E negros, o mesmo que brancos, em 2089.
Uma fotografia deu a um filho uma mãe. Gabriel não era o perfil que Joseline buscava para adoção, duas crianças de até seis anos. Ele, não. Pela imagem, Gabriel aparentava menos de um ano e via-se que tinha microcefalia. “A foto nem era bonita, ele estava com a boquinha aberta, chorando. Mas bateu no meu coração”, diz Joseline à Folha. A proposta de o Cadastro Nacional de Adoção usar fotos ganha fundamento em histórias como a dela — e figura entre as sugestões coletadas por juízes, promotores e técnicos de infância pelo país para alterá-lo. Fotos, vídeos e até desenhos feitos pelas crianças poderão integrar o cadastro, sugerem os profissionais em documento sob análise do Conselho Nacional de Justiça. Para Rodrigo Medina, coordenador da infância do MP-RJ, as mudanças ajudam a dar visibilidade a crianças à espera de adoção que, no modelo atual, não são notadas pelos candidatos. “Às vezes o pretendente se cadastra para adotar uma criança de 5 anos, vê no sistema a foto de duas meninas de 9 anos e decide mudar. É uma questão de empatia”, ele defende.
Um homem há 15 anos em estado vegetativo ‘despertou’ depois de estímulos no nervo vago, um dos principais nas conexões entre corpo e cérebro. Ele passou um mês recebendo choques elétricos na região do nervo, por meio de um implante no pescoço, e recobrou traços superficiais da consciência — abriu os olhos e mantém-se desperto quando lhe lêem uma história, por exemplo. O grande trunfo do novo estudo, porém, está em outro feito, para além do paciente: o de desafiar a ideia disseminada de que a perda de consciência seria irreversível após 12 meses. Talvez não seja.
O Nobel, mais importante prêmio internacional, vai aumentar em 12% os valores que paga. Assim, os ganhadores de cada uma das seis categorias passarão a receber \9 milhões de coroas suecas, ou cerca de US$ 1,1 milhão. (Estadão)
Cultura
O filme sobre a Lava Jato superou a marca de um milhão de espectadores. Só no fim de semana passado, o longa foi visto por 133 mil pessoas. Polícia Federal — A Lei É Para Todos chegou ao circuito com 737 cópias, número alto para os padrões do cinema brasileiro. Mesmo assim, no ranking dos filmes nacionais mais vistos do ano, ainda perde para Minha Mãe É uma Peça 2, que estreou em 2016 e segue em cartaz, somando até agora 9,3 milhões de espectadores. (Valor)
A propósito: a Agência Lupa verificou verdades, mentiras e exageros do filme a partir dos dados reais da Lava Jato. Por exemplo: no longa, Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, chega à prisão em meio ao jogo do 7 a 1, a lavada que o Brasil levou da Alemanha na Copa de 2014. Costa foi preso bem antes.
Completam-se agora 40 anos da morte de Clarice Lispector, a escritora brasileira mais traduzida e aclamada internacionalmente, como define o El País. Sua vasta obra, porém, sofre com memes e frases soltas na internet (nem sempre de sua autoria). A fama na rede acabou por confundir sua complexa produção com autoajuda. “Clarice vive hoje um culto de sua imagem, mais do que de sua literatura”, afirma Yudith Rosenbaum, professora da USP e autora de dois livros sobre a escritora.
Por US$ 90, ou cerca de R$ 280, será possível ter aulas com Martin Scorsese via internet. O curso, previsto para 2018, é feito de 20 vídeos nos quais o diretor analisa a própria filmografia e, claro, dá lições sobre, por exemplo, montagem e direção de atores. O projeto é da startup MasterClass, que, a propósito, já ofereceu cursos de cinema online com outros nomes da área, como os atores Kevin Spacey e Dustin Hoffman.
Uma incrível coleção de modelos, exemplos e guias para compreender dados visualmente: o DataVizProject. Todo designer vai querer ver. E todo o resto, também. via Pioneiros
Galeria: pôsteres de eventos lendários de Nova York, como os dos shows de The Clash em 1981 e de Elvis Costello em 1977, ganham exposição pop-up, com duração de um mês, na Poster House, o museu do pôster, em NY.
Cotidiano Digital
O Economic Innovation Group, think tank financiado pelo Vale do Silício para compreender a economia real, publicou o Índice das Comunidades em Agonia, que mapeia onde há decadência econômica acelerada nos EUA. O resultado aponta maior concentração de riqueza e renda. As comunidades prósperas estão, cada vez mais, nos arredores de grandes centros urbanos — principalmente na Costa Oeste, de onde vem a indústria da tecnologia. A aceleração da decadência se espalha em regiões do Nordeste e Meio Oeste, cuja economia se baseava na velha indústria, o que inclui antigos centros ricos como Cleveland e Detroit. Alto número de jovens numa região é um indicador de maior riqueza. Maior infraestrutura de tráfego de dados — 4G e banda larga fixa —, idem.
Não era sabido: ao final de uma entrevista à TV americana, no domingo, Bill Gates revelou que seu celular pessoal é um Android. Cheio de software Microsoft, naturalmente.
Está à disposição dos usuários de Macintosh a nova versão do sistema operacional, macOS High Sierra. O download gratuito se dá pela App Store do computador. Ele é recomendado para os computadores lançados de 2010 para cá e não traz mudanças estéticas na interface. Boa parte da atualização é nas entranhas técnicas. A principal transformação é do file system, o núcleo responsável pela alocação e endereçamento dos dados no disco físico, que foi inteiramente reescrito para ser mais ágil com HDs modernos. Por conta de mexer em pontos delicados da máquina, é um upgrade complexo. Bom ter um becape antes de fazê-lo. As mudanças apontam todas para trabalhar memória de forma mais ágil e acelerar a capacidade gráfica, ampliando a performance das máquinas futuras, que terão de lidar com realidades aumentada e virtual. O ArsTechnica tem uma longa análise.
