Meio

O ideal para o Planalto seria que Câmara e Senado se debruçassem sobre a reforma da Previdência. Não vai acontecer. O Congresso quer se dedicar à reforma Política. Se não for aprovada nos próximos 60 dias, não vale para a eleição de 2018. E os Parlamentares, no ambiente pós-Lava Jato, temem ficar sem dinheiro para campanha. Querem financiamento público na casa de R$ 3,5 bilhões. Devem aprovar, também, o fim das coligações entre partidos, uma cláusula de barreira para dificultar a criação de novas siglas, além de diminuir o período em que políticos podem mudar de legenda sem o risco de perder o mandato. Eles querem, também, implementar o distritão, que impõe voto direto para eleição de deputados. Assim como acontece com candidatos ao Executivo e ao Senado, serão eleitos os que tiverem mais votos, sem o complexo cálculo da proporcionalidade. (Estadão)

Aliás... Josias de Souza apelida a reforma de Bolsa Eleição.

Enquanto isso... O CNPq está prestes a cortar 100 mil bolsas de cientistas. (Globo)

Horas antes da votação que salvou Temer, o presidente da Câmara Rodrigo Maia chorou perante seus colegas de partido. Disse que poderia ter trabalhado para assumir o Planalto — não o fez por “caráter”. Pode não ter chegado lá, mas está assumindo o partido, que deve mudar de nome. Sai DEM, entra MUDE — Movimento de Unidade Democrática. (Folha)

Segundo Lydia Medeiros, acolhendo parlamentares que deixam PSB e PSDB — pode incluir o ministro Antonio Imbassahy — a bancada deve sair de 31 para 50 deputados. (Globo)

Já o PSDB sai menor e fragmentado. 22 tucanos votaram a favor de Temer, 21 contra e quatro não apareceram.

A briga tinha dois lados: Tasso Jereissati queria deixar o governo e, Aécio, manter-se. Tasso seguirá como presidente interino da sigla até a convenção, mas é prêmio de consolação. Os tucanos seguem com Temer. E, durante uma conversa telefônica com o governador paulista Geraldo Alckmin após a votação, Aécio fez um aceno importante. Deu apoio à ideia de definir o candidato à presidência até dezembro. É ruim para o prefeito João Doria. (Folha)

José Casado: “Há mais de uma dúzia de meses não se ouve o ronco das ruas. Desde a deposição de Dilma Rousseff, prevalece o silêncio no espaço público. As pesquisas de opinião sugerem que a sociedade sabe exatamente o que quer e precisa. E, por isso mesmo, se recusa a reconhecer um lado no embate quase sempre retórico dos gladiadores nos plenários do Congresso.” (Globo)

Idelber Avelar: “Uma estratosférica taxa de rejeição não é suficiente para derrubar um chefe de Executivo. É preciso raiva e disposição, afetos que não andam abundantes por aí. Existe raiva, mas ela está por demais temperada pela impotência, cuja melhor expressão são os patéticos gritos que lemos hoje pela milésima vez: ‘cadê os paneleiros? cadê as camisas da CBF?’ A resposta ulula de tão óbvia: os paneleiros estão em casa porque já derrubaram o governo que queriam derrubar. Não estão satisfeitos com este, claro, ninguém está. Mas deste eles não têm a raiva visceral que tinham do outro. E os vermelhos que perguntam, onde estão? Também estão em casa, porque seus líderes mal conseguem disfarçar o fato de que não querem derrubar governo nenhum.”

Tales Faria: “Onde estavam o MST e a CUT? Tomaram as ruas? Programaram uma grande manifestação na frente ao Congresso Nacional para o dia da votação? Nada. As duas entidades são ligadas ao PT. E o partido não estava interessado em afastar o presidente Michel Temer do cargo.”

Os ministros do Supremo não se entendem. Para Gilmar Mendes, a decisão da Câmara de arquivar a denúncia contra Temer trará estabilidade ao país. Marco Aurélio Mello concorda. Luís Roberto Barroso, não. “A operação abafa é uma realidade visível e ostensiva no Brasil de hoje”, afirmou.

Na sala ao lado... Ricardo Lewandowski por muito pouco não cancelou as eleições extraordinárias marcadas no domingo para escolha de novo governador do Amazonas. O presidente da Assembleia Legislativa, que ocupa o cargo interinamente, não se queixa. David Almeida deseja eleição indireta para se manter até o fim de 2018. José Melo (PROS) e Henrique Oliveira (Solidariedade), eleitos em 2014, questionam na Justiça a perda de mandato. Foram acusados de comprar votos. A chapa eleita domingo só assume após decisão do TSE. (Estadão)

Essa privacidade do celular (1)... O plenário de um Parlamento é público e o que se passa nele é, ao menos em teoria, de interesse público. O deputado paraense Wladimir Costa — da tatuagem Temer — foi flagrado pelo fotógrafo Lula Marques pedindo nudes de uma moça via WhatsApp. Durante a votação da denúncia do presidente. (Estadão)