A Câmara é Temer

Foi, como costuma ser, um teatro de segunda: por 263 votos contra 227, a Câmara dos Deputados mandou arquivar a denúncia por corrupção passiva contra o presidente da República, Michel Temer. Houve dinheiro falso jogado pelos ares, bonecos de Lula presidiário e um discurso generalizado de que o faziam pela ‘estabilidade’, seja política, seja econômica. Ficaram o dia todo ao vivo na televisão: das 9h20, quando foi aberta a ordem do dia, até aproximadamente 22h, quando se manifestou o último parlamentar. A vitória do Planalto, porém, já estava garantida às 20h42. O preço da estabilidade foi cobrado em cargos e verbas que obrigaram o governo a aumentar impostos. O placar apertado teve preço, e a conta chegou rápido. São mais do que os 172 votos dos quais precisava Temer, mas apenas seis além da metade dos deputados. É base insuficiente para aprovar a Reforma da Previdência, que exige dois terços da Casa.

Sem responder a perguntas de jornalistas, imediatamente após o encerramento da sessão, Temer apareceu no Planalto para um discurso breve. “A decisão soberana do Parlamento não é uma vitória pessoal de quem quer que seja”, afirmou. “É uma conquista do Estado democrático, da força das Instituições e da própria Constituição.” Ele garantiu que espera, nos próximos meses, pacificar o país, acabar com o rancor e derrubar “os muros que nos separam”.

As contas da política ficaram difíceis. A maioria dos deputados tucanos votou a favor da denúncia. Por isso, informa Andréia Sadi, as bancadas do Centrão que garantiram a vitória do presidente pleiteiam alguns dos quatro ministérios do PSDB. Não é tão simples: na Folha, Bruno Boghossian lembra que para conseguir maioria e aprovar reformas, Temer terá de contar com os tucanos. O Planalto precisa de ambos os grupos, mas a gestão das expectativas será difícil.

A oposição poderia ter postergado o voto, aumentando o grau de tensão do governo. Bastava não registrar presença em plenário, impedindo quórum. O PT, ao qual interessa a manutenção de um governo fraco até o fim, garantiu presença de sua bancada.

Em seu discurso, Temer afirmou que o desemprego está caindo. Ao comparar o segundo trimestre deste ano com o de 2016, o desemprego cresceu 16,4%. Disse que o Brasil bateu recorde de exportações — não bateu. A turma do Aos Fatos checou as afirmações do presidente e dos deputados.

Os parlamentares do Centro Oeste foram os mais fiéis a Temer; do Sudeste, os menos. Os com pendências perante a Justiça se puseram em peso ao lado do presidente. O Nexo mostra, em 16 gráficos, a distribuição dos votos de ontem.

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José Roberto de Toledo: “A líder do PSB orientando voto contra mas avisando que votaria a favor de Temer sintetiza o que foi ontem a apreciação da denúncia: os partidos valem nada. Ao menos como representação política. Tanto que o grosso da barganha feita pelo Planalto não foi com lideranças partidárias, mas com bancadas temáticas: ruralistas, sindicalistas, sonegadores.” (Estadão)

João Domingos: “A vitória de Michel Temer na votação da Câmara que arquivou a denúncia contra o presidente salvou-lhe o mandato. Mas foi incompleta. Porque se tira de Temer a pressão do dia a dia da denúncia, o torna de vez refém do Congresso.” (Estadão)

Bernardo Mello Franco: “A instantes da votação, o governo ainda barganhava verbas e nomeações. O ministro Antonio Imbassahy circulava com uma lista de emendas e cobrava a fatura de quem ameaçava votar contra o presidente. O clima de feira livre fazia par com a avacalhação no plenário. O presidente Rodrigo Maia alimentou o circo ao dizer que queria encerrar a votação cedo para assistir a uma partida de futebol na TV.” (Folha)

Míriam Leitão: “Temer não hesitou em tomar decisões como a de perdoar parte das dívidas do setor rural com a Previdência. Justamente a Previdência que seu governo disse, desde o primeiro momento, que era a reforma mais importante para equilibrar a médio o longo prazo os gastos públicos. Esse perdão aos ruralistas conflita totalmente com a reforma que o governo propôs.” (Globo)

Os economistas Elena Landau, Edmar Bacha, Gustavo Franco e Luiz Roberto Cunha escreveram carta aberta ao presidente interino do PSDB, Tasso Jereissati. É um ultimato: querem a saída do PSDB do governo.

Porém… Tasso pretende devolver a presidência do partido a Aécio. (Folha)

A Polícia Federal deu início agora pela manhã a uma nova fase da Lava Jato, cuja mira é a gestão de Eduardo Paes no Rio. A operação vai investigar se o esquema de propinas atribuído ao ex-governador Sérgio Cabral se estendeu a outras esferas do poder lideradas pelo PMDB no Estado. Já foram emitidos dez mandados de prisão. O alvo principal é o ex-secretário municipal de Obras Alexandre Pinto. Na pasta desde 2009, ele esteve à frente de licitações para grandes obras executadas no pacote das Olimpíadas.  (Folha)

Não bastasse... De acordo com o ministro Luiz Fux a delação premiada do ex-governador mato-grossense Silval Barbosa “é monstruosa”. Preso em setembro de 2015, Silval ganhou prisão domiciliar em junho. “Depois da Lava Jato, é a maior operação”, afirmou Fux. Ainda não há detalhes, mas trata de um esquema de propinas em troca de incentivos fiscais.

Bancadas da Bíblia, do Boi e da Bala desbancam o Brasil

Tony de Marco

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Cultura

Protagonizada por um homem que se revela transgênero para toda a família, a série Transparent divulgou o trailer de sua quarta temporada. Aproveitou para criticar Trump e sua decisão de vetar transgêneros nas Forças Armadas do país. A premiada produção da Amazon lançou o vídeo com uma nota sobre o assunto. Diz um trecho: “É doloroso compartilhar este trabalho em meio ao contínuo ataque do presidente Trump à comunidade trans. Toda a equipe está consternada. É um ato revolucionário para uma pessoa trans simplesmente sair de casa e caminhar pela rua”.

Depois de ser vítima de um ataque hacker, a HBO pediu ao Google que retire de seus resultados de busca os dados roubados. A emissora confirmou que lhe tomaram 1,5 terabytes de informações, entre relatórios, perfis de funcionários, episódios de várias séries — e até o roteiro do que pode ser o próximo capítulo de Game of Thrones, a ser exibido no domingo.

Sucesso no Brasil nos anos 1990, a animação Os Cavaleiros do Zodíaco vai ganhar série na Netflix. Serão 12 episódios, informou a empresa, sem divulgar detalhes nem data de estreia. via Pioneiros

Patti Smith se despediu de Sam Shepard com belo texto na New Yorker. Relembrou a amizade com o ator e dramaturgo, morto na última segunda-feira, os encontros e os telefonemas em madrugadas inesperadas, regadas a café e papos sobre literatura. Certa feita, conta a cantora e escritora, Shepard prometeu que lhe apresentaria o Sudoeste americano. Mas ficou doente antes de cumprir a promessa — e, um dia, do nada, disse a ela: “Sinto muito, não posso te levar lá”. “Eu apenas sorri. De alguma forma, ele já tinha feito exatamente aquilo.”

“Minha arte é só a de um artista chinês estúpido, são meus sentimentos, minha relação com essas coisas que acontecem. A arte em si não pode fazer nada.” Ai Weiwei soa cético na entrevista ao El País sobre sua nova exposição (em Buenos Aires) e sua nova causa — a dos refugiados. O célebre artista e ativista, que já foi preso na China e só recuperou o passaporte em 2015, conta que embarcou numa lancha com imigrantes para acompanhar sua saga. E parece ter saído da experiência mais pessimista. “A cada dia a humanidade está ficando mais covarde”, diz.

Vídeo: imagine uma religião em defesa do binge watching, o ato de assistir sem pausa a séries e afins via streaming. A seita imaginária é o mote da piada-propaganda de uma operadora de telefonia inglesa. A empresa promete não gastar o pacote de dados do cliente ‘viciado’ em streaming.

Viver

A simples presença do celular, mesmo que seu proprietário o tenha longe dos pensamentos, já demanda atenção de seu cérebro. Segundo a The Atlantic, um estudo revelou que, mesmo desligado ou perdido dentro da bolsa, o smartphone reduz nossa memória de trabalho e habilidades para solucionar problemas. Na pesquisa, 500 estudantes foram testados na presença do telefone e sem ele. No segundo caso, as cobaias tiveram desempenho melhor e até acharam mais fáceis as perguntas que lhes eram feitas.

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Shows de música pop e eletrônica, luzes de balada, confetes lançados no ar, telão e outros efeitos poderiam sugerir que se está num daqueles festivais de verão da Europa. Mas não. O cenário é da Hillsong Barcelona — uma igreja hipster, como define o El País — num de seus  cultos de domingo, liderado por 'pastor’ munido de MacBookPro e camiseta dos Ramones. Entre as ovelhas de seu rebanho cool, está, por exemplo, Justin Bieber. O jornal conta a história da igreja moderninha.

Galeria: sensacionais retratos de primatas, registrados com olhares e gestos demasiadamente humanos.

Vídeo: no Instagram, Messi se despede de Neymar em clipe um tanto emotivo, que reúne imagens dos dois craques lado a lado.

Cotidiano Digital

Pesquisadores americanos e britânicos chegaram à conclusão de que os motoristas do Uber fazem conluio para criar escassez de carros em determinadas áreas e, assim, puxar para cima o valor pago por quilômetro. Ao menos é assim em Nova York e Londres. A empresa nega — afirma que tem ferramentas que impedem a prática.

A plataforma de inteligência artificial Watson, da IBM, é capaz de intuir aspectos da personalidade de cada um a partir de um texto escrito pela pessoa com no mínimo 100 palavras. Sério. O cálculo da ferramenta Personality Insights é feito a partir de análises prévias de outros textos. E a turma do ShowMeTech explica como usar. via Pioneiros

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