Meio

Ao fim de uma reunião interminável, o PSDB decidiu que permanecerá na base aliada do governo Michel Temer. O argumento é que um desembarque poderia prejudicar a aprovação das reformas da Previdência e Trabalhista. “É um governo que tocou adiante compromissos que assumiu conosco”, disse o senador José Serra. “Isso é visto como algo positivo.” O voto de permanência foi puxado pelo governador Geraldo Alckmin e pelo prefeito paulistano, João Doria. A eleição do substituto definitivo do senador Aécio Neves na presidência do partido foi adiada — fica para maio do ano que vem. Na avaliação do PSDB, mesmo que fraca, uma presidência Temer abre caminho para uma candidatura de Alckmin ou de Doria. No cenário de eleição indireta e de um governo Rodrigo Maia, o imponderável pode acontecer. A decisão tucana é, enfim, definitiva. Até que tudo mude. (Estadão)

É só coincidência, claro... o Supremo deu ordem para que Aécio fosse afastado em 18 de maio. O Senado, dominado pelo PMDB, ainda não cumpriu a ordem. “Enquanto não alterada a decisão judicial”, reclamou ontem o ministro Marco Aurélio, “ela tem que ser cumprida”. E aí alfinetou. “Mas, como parece que nessa quadra é comum deixar-se de cumprir decisão judicial...” A quadra é a Praça dos Três Poderes, em Brasília. (Folha)

Tasso Jereissati: “Com certeza é uma incoerência nossa, mas uma incoerência que a História nos colocou. Esse não é o meu governo.” (Globo)

Bernardo Mello Franco: “O PSDB tirou o Dia dos Namorados para discutir a relação com o governo. Não se trata exatamente de amor. O que mantém os tucanos unidos a Michel Temer é uma questão de conveniência. O casamento atende aos interesses pessoais de Geraldo Alckmin e Aécio Neves.” (Folha)

Merval Pereira: “O PSDB comete um erro brutal de estratégia. O que se vê na sociedade é a busca de um canal que expresse mudança e o PSDB poderia ser isto, desde que se livrasse de seu passado e ficasse à frente dessa campanha. Mas na tentativa de se equilibrar junto do governo Temer e em preservar seu presidente afastado, acaba se perdendo nessa barafunda partidária brasileira.” (Globo)

E... o ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior pediu a desfiliação do PSDB.

Michel Temer foi à internet para falar pela primeira vez após o fim do julgamento do TSE. “Não interfiro nem permito a interferência indevida de um poder sobre o outro”, afirmou. “No momento em que saímos da mais grave crise econômica de nossa história”, seguiu o presidente, “assacam contra meu governo um conjunto de denúncias artificiais e montadas.” Em vídeo.

A presidente do Supremo, Cármen Lúcia, mordeu, agora assopra. Depois da dura nota por conta da notícia de que Temer ordenara à Abin que investigasse o relator da Lava Jato, Edson Fachin, a ministra soltou comunicado mais brando. “O presidente da República garantiu não ter ordenado qualquer medida naquele sentido. Não há o que questionar quanto à palavra do presidente da República.” Não custa lembrar: Temer já havia dado as mesmas garantias quando a presidente soltou sua nota inicial.

E... Em depoimento a procuradores da República, o empresário Henrique Constantino, fundador da Gol, afirmou ter feito doação ilegal de R$ 10 milhões ao PMDB, em 2012, a pedido de Eduardo Cunha e com o aval de Temer. (Globo)

A Procuradoria-Geral da República encontrou grampo em um de seus telefones, informa Eliane Cantanhêde. (Estadão)

A Rede protocolou no Supremo um pedido para anulação do julgamento que absolveu Dilma e Temer no TSE. O partido pede ao STF que obrigue a corte eleitoral a levar em consideração todas as provas conhecidas — incluindo testemunhos e documentos ligados à Odebrecht.

O PSDB (ele mesmo) também vai recorrer ao Supremo contra a decisão do TSE. (Globo)

Luiz Fux, ministro do STF e do TSE: “Eu, eu particularmente, não consegui me curvar à ideia de que se estava discutindo uma questão de fundo seríssima e se estava utilizando um artifício dizendo ‘não, não, isso não estava na ação’. Como sou juiz desde os 27 anos, isso sai no meu exame de sangue.” (Folha)

Marco Aurélio Mello, ministro do STF: “Admirei muito o trabalho do relator, ministro Herman Benjamin.”

Enquanto isso... Gilmar Mendes iniciou um movimento para se reaproximar de seus pares no Supremo, informa Jorge Bastos Moreno. (Globo)

Míriam Leitão: “— Terrorista, terrorista, gritaram alguns. Pensei na ironia. Foi ‘terrorista’ a palavra com que fui recebida em um quartel do Exército, aos 19 anos, durante minha prisão na ditadura. Tantas décadas depois, em plena democracia, a mesma palavra era lançada contra mim. Uma comissária, a única mulher na tripulação, veio, abaixou-se e falou: — O comandante te convida a sentar na frente. Respondi: Diga ao comandante que eu comprei a 15C e é aqui que eu vou ficar.” (Globo)

Se a tendência da eleição de domingo se confirmar no segundo turno, o partido Em Marcha de Emmanuel Macron fará algo entre 390 e 430 cadeiras no Parlamento de 577 deputados. Maioria deste tamanho, na história francesa do pós-Guerra, só foi conseguida uma única vez, e por Charles de Gaulle. Mais do que um fenômeno político francês, aponta o Quartz, é mostra de como um partido novo pode simplesmente substituir quase toda classe política de um país num único pleito. Entre os novos deputados há um corte da sociedade que inclui estudantes, aposentados, empresários, funcionários públicos — além de uma toureira, um documentarista, um matemático excêntrico e um ambientalista famoso.

Aliás... o documentário Emmanuel Macron, Nos Bastidores da Vitória acaba de estrear no Netflix.