Caro leitor, Prezada leitora —

Tivemos de tomar uma decisão editorial particularmente difícil no Meio de hoje. Um julgamento que pertencerá aos livros de história ocorre no TSE. Ao mesmo tempo, uma descoberta científica acachapante deu cem mil anos mais a nossa espécie. Um terço mais. Optamos por uma manchete que consideramos conservadora — o TSE no topo. Foi difícil. Da forma como compreendemos o Meio, quase nada em Política justificaria não dar manchete a uma revolução deste naipe. Mas o presidente da República pode ser cassado. E, assim, fomos.

— Os editores.

Gilmar e Benjamin entram em conflito no TSE

O clima foi de animosidade entre o relator Herman Benjamin e o presidente do TSE, Gilmar Mendes, durante boa parte da manhã de quarta-feira. No foco da discussão, o debate sobre considerar ou não as provas obtidas a partir das delações da Odebrecht no processo. Benjamin quer usá-las e, para sustentar seu argumento, utilizou-se de um voto dado por Gilmar, em 2015, no mesmo processo. Naquele momento, Dilma era presidente e ao ministro interessava perturbá-la. “A cada nova operação da PF, há fatos conexos aqui no TSE”, repetiu Benjamin citando um antigo Gilmar. “Puxa-se uma pena e vem uma galinha na Lava Jato.” O presidente da Corte foi irônico mais de uma vez. “Vossa excelência está brilhando na TV”, sugeriu, provocando Benjamin por sua vaidade. Na manhã de hoje, quando recomeçar o julgamento, os ministros decidirão se os fatos apurados pela Lava Jato poderão ser levados em consideração.

O julgamento recomeça às 9h e deverá durar o dia inteiro. Gilmar Mendes marcou sessões extras do TSE para sexta-feira e sábado. A análise é de que sua pressa indica contar com uma vitória de Temer.

Idelber Avelar: “O que está acontecendo hoje no TSE é surreal e espetacular.“ A nenhum dos partidos políticos interessa a saída de Temer. “Ninguém quer a cassação, com a exceção de um ou outro pequeno partido, e o povo, esse detalhe. Mas aí aparece um Herman Benjamin. E começa a detalhar, ponto por ponto, todo o edifício de podridão que sustenta a República. E o constrangimento é geral.”

José Roberto de Toledo: “Se as togas murmurantes e falantes estiverem certas, e Michel Temer for absolvido pelo TSE, a tropa-de-choque temerária vai sair da defesa para o ataque, mirando aqueles que considera algozes do presidente: Janot e Fachin. É a tentativa, talvez derradeira, de a Turma do Pudim escapar das cordas e, com sorte, da cadeia.” (Estadão)

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O presidente Michel Temer reconheceu ter usado um jatinho de Joesley Batista para viajar com a família. Inicialmente, o Planalto havia negado o uso, afirmando que a nave pertencia à FAB. Temer diz apenas que não sabia quem era o dono. (Globo)

Mas... segundo depoimento de Joesley, o presidente chegou até a ligar para a mãe do empresário agradecendo pelas flores que decoravam o avião. (Globo)

O PSDB segue indeciso a respeito da permanência no governo. Mas já há convicção nas bancadas de que o mandato não chegará ao fim. “Há uma unanimidade, ou são quase todos, que acham que o Michel Temer não consegue terminar o governo”, afirmou à Folha o líder do partido na Câmara.

E... O Poder360 traz apuração semelhante: a maioria dos parlamentares tucanos quer deixar o governo.

Aliás... uma moça foi contida e atendida, no Planalto, aos berros de “te amo, Temer”. Comentário do senador Randolfe Rodrigues no Twitter: “Importante observar se há furos no pescoço.”

O ministro da Fazenda Henrique Meirelles entrou no Twitter.

Para assistir com calma: o Conversa com Bial de terça-feira trouxe ao palco Clarice e Ivo Herzog, Míriam e Matheus Leitão, que lembraram um Brasil que passou.

Os britânicos vão às urnas hoje votar para a nova composição da Câmara dos Comuns. O partido que tiver maioria forma gabinete e leva o cargo de primeiro-ministro. Não é certo que a conservadora Theresa May seja reencaminhada. As pesquisas apertaram desde o início do mês e os trabalhistas liderados por Jeremy Corbyn, embora atrás, têm chances. A BBC World fará a cobertura ao longo do dia. Na internet, é possível assistir à ITV via Facebook ou YouTube ou a conservadora Sky News, através do site. A primeira boca de urna sairá às 18h de Brasília.

O Senado americano tornou público o documento (PDF) encaminhado oficialmente pelo ex-diretor do FBI James Comey. Ele testemunhará hoje perante os parlamentares, mas adiantou sua declaração de abertura. Comey conta que o presidente Donald Trump cobrou dele um juramento de lealdade, ameaçou-o de demissão e pediu o fim de uma investigação sobre seu ex-assessor de segurança nacional. Trump ainda pediu que o ex-diretor fizesse um anúncio para desfazer a impressão de que era investigado. O Senado pode vir a abrir uma investigação se considerar que o presidente tentou obstrução da Justiça.

Viver

Foi tornada pública, ontem, uma descoberta que revoluciona a história da humanidade. O Homo sapiens, nossa espécie, tem entre 281 e 349 mil anos. Data, portanto, da Idade da Pedra Média. São cem mil mais do que a datação anterior — 195 mil. O impacto da descoberta, que sai do estudo publicado na Nature por onze cientistas de EUA, Europa e Marrocos, vai para muito além da data. Os dois grupos fósseis mais antigos que conhecíamos, da subespécie Homo sapiens idaltu, vinham da Etiópia, sugerindo que evoluímos a ponto de aparecer no mundo num período curto de tempo e numa mesma região. A teoria cai por terra. Esta nova subespécie do Homo sapiens, ainda não batizada, vem da região de Jebel Irhoud, no Marrocos. Pela estrutura do crânio, seria alguém que reconheceríamos como igual a nós caso cruzasse a rua. Dentro da caixa craniana, porém, estava um cérebro mais alongado e achatado, com as regiões dos lobos parietais e do cerebelo consideravelmente menores. São áreas ligadas ao tato, percepção do espaço e precisão dos movimentos. A evolução até chegarmos a quem somos, portanto, foi bem mais lenta e longa, além de ter ocorrido numa região maior da África. O homem de Jebel Irhoud usava lanças com pontas de pedra e cozinhava carnes na fogueira. A edição da Nature com os dois artigos que detalham o achado chega hoje às bancas britânicas.

Só que... É mais complicado do que isso. Alguns cientistas consideram que uma das características definidoras do Homo sapiens é seu cérebro. Por este critério, o homem de Jebel Irhoud seria a espécie humana mais próxima da nossa — mas não uma subespécie da nossa. Não um Homo sapiens. Tampouco é possível afirmar que ele é um ancestral direto. Pode pertencer a outra linhagem que se tornou extinta. Não seríamos seus filhos e, sim, sobrinhos. Mas não há dúvidas: um bicho com a nossa cara andava na Terra cem mil anos antes do que desconfiávamos. A história foi reescrita.

A Nasa está engrossando seu time. Anunciou ontem a contratação de 12 astronautas, cinco mulheres e sete homens. Foram selecionados a partir de um número recorde de inscritos para os postos. Foram, ao todo, 18.300 candidatos.

Galeria: imagens da vida vivida em cubículos, do tamanho de caixões. Na China — onde mais?

Cultura

Para os que são de poesia, faça-se saber que ontem foram encontrados dois poemas inéditos de Sylvia Plath, uma das grandes poetas americanas. Estavam dentro de um dos muito cadernos da escritora. Datam do ano de 1956, portanto, foram escritos no início do conturbado relacionamento dela com o poeta britânico Ted Hughes. Um deles se chama Depressão e abarca acontecimentos estranhos, como aranhas numa xícara ou ataques de corujas. (Folha)

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Lista: já que os Beatles voltaram à parada da Billboard nesta semana, vale lembrar que a Vulture se deu ao trabalho de enumerar as 213 músicas da banda — e classificá-las da pior (Good Day Sunshine) para a melhor (A Day in the Life).

A unanimidade é impossível. Noutra lista, da RollingStone, Good Day Sunshine aparece entre as 100 melhores dos quatro de Liberpool — em 89.

À moda Netflix, o Globo Play lança hoje todos os 12 episódios da série Carcereiros, inspirada em livro de Drauzio Varella. A estreia online, segundo a Globo, é parte de uma estratégia para acompanhar os “novos hábitos de consumo” do público.

A Apple estreou na terça-feira sua primeira série original, Planet of the Apps. Trata-se de um reality show em torno de desenvolvedores de aplicativos. Eles, os BBB’s em questão, têm 60 segundos para apresentar seus projetos a mentores de prestígio na área da tecnologia. Detalhe: a apresentação se dá numa escada rolante. (Globo)

Lista 2: Darwin, Cervantes e Freud (que time, aliás) estão entre os autores dos dez livros que mudaram o mundo, segundo o Estadão.

Cotidiano Digital

Diretor de Inovação da Visa, Jim McCarthy trata Amazon e Uber como o início do desaparecimento dos cartões de crédito. Sua missão é fazer com que o cartão físico suma, substituído por uma conta virtual. O usuário preenche um mesmo número de cartão, mas cada loja virtual ou aparelho celular terá seu código distinto. Assim, se um ‘cartão’ virtual for clonado, os outros permanecem seguros. Em seu mundo ideal, será possível entrar no supermercado, pegar um produto e simplesmente sair sem passar no caixa.

Galeria: num período entre finais dos anos 1980 e início dos 90, a Apple lançou uma linha de roupas voltadas para seus fãs. São a cara daquele tempo.

Aliás... um par de tênis da época irá a leilão. Preço inicial, US$ 15 mil.

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