Governo tenta a sorte votando reforma trabalhista
O plenário da Câmara vota hoje a reforma trabalhista. Perante a dificuldade de avançar com as mudanças na Previdência, a esperança do governo é de que ao menos nesta frente tenha alguma vitória. O projeto final, aprovado na comissão responsável, inclui previsão para que um trabalhador com carteira assinada demitido não possa ser recontratado nem como pessoa jurídica, nem como funcionário de empresa terceirizada, em menos de 18 meses. O objetivo é impedir que a terceirização provoque uma onda de demissões que precarizam o emprego. Nasce também o regime de jornada itinerante, que permite a contratação por alguns dias da semana, ou mesmo por poucas horas diárias, de acordo com a necessidade. (Globo)
A proposta mais polêmica, porém, é o fim da contribuição sindical obrigatória. Paga sindicato o trabalhador que assim o desejar. No Brasil, há 17.082 sindicatos contra 100, na Argentina. São todos sustentados pelo imposto obrigatório e a maioria não tem qualquer representatividade. É o ponto de vista do relator, o deputado tucano Rogério Marinho. Sindicalistas, por outro lado, questionam a medida. Dizem que vai enfraquecer a estrutura de defesa dos trabalhadores.
Até o fim, sindicatos e entidades patronais fizeram lobby pesado para incluir emendas no projeto. O trabalho de bastidores, que incluiu até uma loura com jeito de modelo dedicada a convencer deputados, é descrito pelo El País.
Kennedy Alencar: “O governo quer usar a votação da reforma trabalhista como forma de demonstrar força perante o mercado financeiro e o empresariado. De fato, existe no Congresso um grau maior de consenso em relação à reforma trabalhista na comparação com a proposta de mudanças na Previdência.”
A Segunda Turma do STF decidiu revogar as prisões de José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, e de João Cláudio Genu, ex-tesoureiro do PP. Ambos já foram condenados em primeira instância e aguardam a segunda. O relator Edson Fachin e o ministro Ricardo Lewandowski deram os votos derrotados. Gilmar Mendes, Dias Toffoli e o decano Celso de Mello decidiram pela concessão de liberdade. Nestas decisões, Mello será o pêndulo que definirá a vitória. A Turma ainda não avaliou o pedido de liberdade de José Dirceu. (Estadão)
Não longe, no TSE, o ministro Herman Benjamin desabafava. “Eu não queria dizer essa frase, mas vamos nos transformar na lavanderia mais sofisticada do Brasil. Nós chancelamos e está tudo bem, nos contentamos simplesmente com declarações.” Referia-se ao hábito do tribunal de aprovar sem grandes questionamentos as contas dos partidos políticos. (Globo)
Enquanto isso... o juiz Sérgio Moro acena com a possibilidade de rever a ordem para que Lula esteja presente para ouvir as audiências das 87 testemunhas de defesa que exigiu. A condição é que seus advogados diminuam a lista. (Estadão)
CUT, Força Sindical e outras centrais tentarão puxar, na sexta-feira, a primeira greve geral desde a ocorrida contra as privatizações, em 21 de junho de 1996. Por enquanto, o movimento contra as reformas do governo Temer tem a promessa de adesão mais forte no setor de transportes — rodoviários, metroviários e talvez até aeronautas. Mas também há acenos de funcionários dos Correios, bancários, metalúrgicos e professores de escolas públicas e particulares.
Em 1996, foi grande. 12 milhões de trabalhadores, ou 19% da população economicamente ativa, pararam contra o governo Fernando Henrique. Entre 14 e 15 de março de 1989, num país muito menos dividido do que hoje, foi ainda maior: 70% da população economicamente ativa cruzou os braços contra a hiperinflação e os programas econômicos do governo José Sarney.
Alon Feuerwerker, analista político da FSB, põe o dedo no dilema que atormenta a turma em Brasília: “Enquanto a opinião pública stricto sensu acena com algum alívio se os políticos apoiarem a agenda Temer, o assim chamado povão resiste bravamente a comprar o peixe das reformas. Isso atrapalha o ritmo das votações. Na política, entregar o prometido é a única coisa que conta. O governo tem feito a parte dele, entregando as verbas e os cargos. Mas não é suficiente. O PT e aliados têm conseguido consolidar a narrativa de que um governo ilegítimo tenta retirar direitos da população, especialmente dos trabalhadores. Na prática, o que se oferece aos políticos é que votem contra o sentimento popular e continuem sendo execrados, inclusive pelos que exigiram que votassem a favor das reformas. Pode dar certo, mas não é trivial.”
Auditores do TCU recomendam que se investiguem os empréstimos feitos pelo BNDES à JBS durante os governos Lula e Dilma. Acaso o parecer seja chancelado pelo Tribunal de Contas, um inquérito será aberto e a antiga diretoria do banco de fomento, responsabilizada. (Folha)
Quando os executivos do Banco do Brasil abriram os envelopes da licitação de agências publicitárias, na segunda-feira, pelo menos um grupo de jornalistas não se surpreendeu. Uma equipe da Folha de S. Paulo registrou em cartório o nome do vencedor na quinta-feira passada. Já tinha a informação. O contrato total, que pode chegar a R$ 2,5 bilhões, representa a maior concorrência realizada no governo Temer. E, em plena era da Lava Jato, é no mínimo suspeita. O Planalto suspendeu o processo e iniciou uma investigação.
Sem apoio no Congresso e incapaz de convencer o presidente do país vizinho a pagar pelo serviço, Donald Trump recuou e não começará este ano a erguer um muro na fronteira com o México. Os debates sobre o orçamento estavam travados por conta deste item. (Estadão)
Cultura
Puxada pelo poder do streaming, a indústria musical cresceu 5,9% no ano passado com relação a 2015. É o maior crescimento desde que a Federação Internacional da Indústria Fonográfica passou a contabilizar os dados do setor no mundo, em 1997. O faturamento com as vendas de música on demand ou por streaming aumentou 60,4% apenas em 2016. O motivo é público e notório: a popularidade de Spotify, Apple Music, Tidal, Deezer, entre outros.
A Apple Music, aliás, sem quaisquer explicações, adiou a estreia da série Carpool Karaoke, que estava prevista para este mês. Trata-se de uma adaptação de quadro homônimo do programa The Late Late Show with James Corden. No quadro, o apresentador dirige um carro, conduzindo celebridades — todos cantando a plenos pulmões. É sucesso de audiência nos Estados Unidos.
Os roteiristas de Hollywood aprovaram, enfim, a proposta de greve. O Sindicato dos Roteiristas dos EUA vinha debatendo o tema e, ontem, em votação, a paralisação ganhou 96% de adesão dos profissionais. Assim, se não houver acordo com os estúdios até o dia 1º de maio, eles vão parar. Na última greve, em 2008, a economia de Los Angeles perdeu US$ 2,5 bilhões. A Folha lista algumas demandas dos roteiristas e os possíveis impactos da paralisação.
De Madonna: “Ninguém sabe o que eu sei e o que eu vi. Só eu posso contar a minha história. Qualquer outra pessoa que tenta é um charlatão e um tolo, querendo atenção sem fazer o trabalho. Essa é uma doença na nossa sociedade.” A diva pop se enfureceu com o anúncio do projeto de sua cinebiografia, produção a ser tocada pela Universal. Ainda sem diretor e atriz escalados, o filme não prevê a participação de Madonna, embora pretenda abordar detalhes de sua vida privada. Sabe-se, por exemplo, que o longa vai tratar dos relacionamentos conturbados e dos casos de machismo de que a cantora foi vítima no início da carreira, nos anos 1980.
Ouro cravejado com nada menos que 167 diamantes. Trata-se do prêmio que o Festival de Cannes entregará ao vencedor da Palma de Ouro deste ano. É a primeira vez que diamantes compõem a láurea principal do festival. Por isso, a organização se explicou: a honraria com pedras preciosas é parte da comemoração dos 70 anos do evento. (Estadão)
Duas telas foram vandalizadas no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Justamente na área das genitais de figuras femininas, retratadas nuas nas pinturas. Foram perfuradas com caneta ou lápis, segundo a instituição. Uma das obras danificadas, como revelou a Folha, está entre as mais importantes do acervo do museu. Trata-se de pintura de autoria do uruguaio Joaquín Torres García.
Viver
São poucas as chances de um bebê extremamente prematuro sobreviver — cerca de 70% dos que nascem muito antes da hora morrem. Um útero artificial poderia aumentar suas chances de vida. Pois cientistas criaram-no. Segundo estudo publicado ontem na Nature, eles desenvolveram, nos EUA, uma bolsa preenchida com fluido que simula o ambiente uterino e as funções da placenta. Lá dentro, viveram cordeiros prematuros — seis deles, durante 28 dias. Os bichos cresceram; seus órgãos vitais e sua lã, também. Agora, os cientistas buscam aprovação para testar o invento com humanos. (Folha)
Crianças que não tiveram horários regulares para dormir na fase de pré-escola têm maior propensão à obesidade na adolescência. A conclusão do estudo não garante que há relação de causa e efeito, mas confirma pelo menos outros dois papers recentes.
A bióloga Fernanda de Pinho Werneck passou anos ouvindo clichês sexistas. Mulheres, afinal, ainda são aves raras na ciência. Agora, aos 35, ela ganhou o Rising Talents, importante prêmio científico internacional dado a 15 jovens cientistas pelo mundo. A BBC narra a trajetória da pesquisadora de Goiânia.
Portugal é o novo destino de brasileiros em fuga da crise, certo? Errado. É apenas impressão — ou uma realidade restrita aos endinheirados. As estatísticas não confirmam a propagandeada onda de imigração para Portugal.
or outro lado, pipocam na imprensa exemplos de pessoas que trocaram o Brasil pela terrinha. Eliane Trindade, na Folha, ouve alguns “exilados” para concluir, ao menos, que Portugal parece estar na moda.
Galeria: Ontem, celebrou-se o solene Dia Mundial do Pinguim, este bastião do carisma (e do fraque) no reino animal. Para celebrar, o Guardian reuniu dez fotos e fatos sobre o pinguim-imperador, o maior da espécie.
Conhecida como a “doutora morte”, alcunha que ganhou quatro anos atrás, a médica Virgínia Soares de Souza vive reclusa e trabalha como telemarketing para uma empresa de radiologia. Na semana passada, foi inocentada da acusação de ter matado pacientes, de 2011 a 2013, na UTI do Hospital Evangélico em Curitiba, chefiada por ela à época. Em telefonemas interceptados pela Justiça, a médica falava sobre a necessidade de “desentulhar a UTI”. Hoje, ela concede entrevista à Folha e afirma não se arrepender de suas escolhas como médica: “Não seria diferente, não agiria diferente. Porque fiz exatamente aquilo que tinha vocação e amor”.
Cotidiano Digital
“O jornalismo está falido e nós vamos descobrir como salvá-lo.” Autor da afirmação, o fundador da Wikipedia,Jimmy Wales, apresentou ontem sua solução para o problema: o Wikitribune, plataforma de notícias, que será gratuita e financiada pelos leitores. Em vídeo, ele diz apostar na publicação de conteúdo jornalístico confiável, sem paywall ou publicidade. A plataforma deve entrar no ar em menos de um mês.
Enquanto isso... Segue a batalha do Google contra as notícias falsas. A empresa anunciou ontem mudanças no algoritmo de busca com o objetivo de dar destaque a “páginas com mais autoridade” e rebaixar “conteúdo de pouca qualidade”. É a terceira ação do Google nos últimos seis meses na tentativa de controlar a proliferação das notícias falsas. (Folha)
O Spotify dá sinais de que quer apostar em hardware. Quer produzir um aparelho que defina uma nova categoria de produto. Publicou anúncio de emprego em seu site, no qual cita, inclusive, Pebble Watch, Amazon Echo e Snap Spectacles, como exemplos. Também prometeu investir em controle de voz. O plano é que todos os dispositivos a serem desenvolvidos sejam conectados diretamente ao Spotify.
