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Guilherme Werneck

Editor-executivo do Meio. Jornalista e roteirista, foi publisher da Bravo!, diretor de estratégia digital na Abril e na MTV, diretor de redação da revista Trip, além de ter sido editor na Folha de S. Paulo e no Estado de S.Paulo. Tem um olho para tecnologia, para comportamento e para cultura, e uma paixão especial por música.

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Oitenta vezes Torquato

"Existirmos, a que será que se destina?". Os versos que abrem a linda Cajuína, de Caetano Veloso, foram escritos para contar um encontro com o pai de Torquato Neto em Teresina, algum tempo após o seu suicídio* em 1972. Se a matéria vida era tão fina naquele momento em que o poeta piauiense — autor de algumas das canções mais emblemáticas do tropicalismo, como Geléia Geral, Margináia II e Mamãe Coragem decidiu que, aos 28 anos, parecia impossível viver sob a ditadura militar em um dos seus momentos mais sanguinários, os ecos de sua produção não só de letrista e poeta mas de multiartista parecem ter ganho uma dimensão que atravessa o tempo.

Uma noite sobre a Terra

O músico gaúcho Érico Moura. Foto: Raul Krebs/Divulgação

É sempre 19h horas em algum lugar do mundo. Sim, imagino que você tenha pensando já no seu drink preferido. Mas não é nada disso. Preserve seu fígado neste dezembro por que hoje acontece um festival diferente. Batizado de 24:1900, acontece online e reúne 24 artistas independentes em 24 fusos horários do planeta, propondo 24 horas ininterruptas de música.

Uma estrutura ousada para ‘A Construção’, de Kafka

Um dos últimos textos escritos pelo mestre checo Franz Kafka,  A Construção vai receber nova uma edição surpreendente não só no conteúdo quanto na forma, feita pela editora Ubu.  O Meio teve acesso ao livro que chega nos próximos dias para assinantes do Circuito Ubu e deve estar disponível para compra nas livrarias a partir no dia 16.

Eu sou o Rio

Caxtrinho (Foto: Rafael Meliga/Divulgação)

Festival mais importante de música experimental e arte sonora do Rio de Janeiro, o Novas Frequências chega à sua 14ª edição no próximo sábado (dia 7), e ocupa diversos locais da cidade até o domingo seguinte (dia 15).  Em mais um ano desafiador para a captação de recursos, o festival se volta mais uma vez majoritariamente para a produção brasileira. Depois de algumas edições temáticas, como a última que explorava o Carnaval, nesta edição o tema se desenhou nas entrelinhas a partir do montagem do line-up: Eu Sou o Rio, em homenagem ao som clássico do Black Future, de 1988.

Sobre pânicos, traumas e surpresas

Nada me apavora mais do que ter de dar de cara com a decrepitude daquela banda ou artista que já amei muito um dia. Uma decadência que pode ser manifestar de formas muito distintas. Pode passar pela incapacidade de executar uma canção com o vigor e o rigor necessários, pode ser que a voz já não alcance mais as mesmas notas ou que a performance seja uma coisa que já não dialoga mais com o tempo presente.

Arthur Moreira Lima em dez momentos

Foto: reprodução YouTube

O pianista carioca Arthur Moreira Lima morreu aos 84 anos, na última quarta-feira (30) em Florianópolis, onde vivia desde 1993, em decorrência de um câncer de intestino. Além de sua técnica impecável, marcada pela velocidade e pela precisão, seu maior legado foi o de romper as barreiras entre os universos do erudito e do popular.

Gui Amabis lança seu ‘Contrapangeia’ com orquestra no Sesc Pompeia

Contrapangeia, quinto disco de estúdio do compositor paulistano Gui Amabis, lançado no primeiro semestre, é uma coleção de nove canções densas, que, criadas a partir do violão, ganham bastante em drama com os arranjos de cordas, algo que consegue aludir tanto às criações de Van Dyke Parks quanto às de Tom Jobim. Pela primeira vez, o disco chega ao público como foi imaginado, nesta quinta-feira, no Sesc Pompeia, em São Paulo, com um orquestra de câmara de 18 músicos, além dos parceiros Régis Damasceno no violão e Zé Ruivo Neto nos teclados.

Agora em livro, o Projeto Querino vê a história do Brasil pela ótica negra

Foto: Lipe Borges

Agosto de 2022. Entra no ar o Projeto Querino. Emprestava seu nome do intelectual Manuel Raimundo Querino (1851-1923), jornalista, professor e abolicionista que, em 1918, publicou “O colono preto como fator da civilização brasileira”, obra primeiro coloca os africanos e os afrodescendentes como protagonistas para a formação do Brasil. O projeto era inspirado no 1619 Project, criado pela jornalista norte-americana Nikole Hannah-Jones e lançado em agosto de 2019 pela New York Times Magazine, do New York Times, 400 anos depois que os primeiros 20 escravizados aportaram na Virgínia, dando início ao período escravista da colônia britânica.

Maria Beraldo estica a corda do pop em seu segundo álbum

Foto: Ivi Maiga Bugrimenko

Talvez você ainda não tenha ouvido falar em Maria Beraldo. No jogo da música de algoritmos, em que o novo compete sempre com o que já é conhecido e está amplamente disponível, o melhor da produção nacional não raro existe em um universo para iniciados, a despeito da qualidade e da disposição para um diálogo mais aberto. Mas talvez você tenha ouvido Maria Beraldo e não saiba. Em trilhas de filmes nacionais como Regra 34 e Levante, nas últimas peças de Felipe Hirsch com o coletivo Ultralíricos, nos excepcionais discos de sua banda Quartabê, em que fez releituras sofisticadas de Moacir Santos e Dorival Caymmi.

O triste fim de Maria Callas na pele de Angelina Jolie

A 48ª Mostra Internacional de Cinema começou ontem com uma sessão de Maria, filme de Pablo Larraín, na Sala São Paulo, em tese o lugar ideal para abrigar a maior diva do canto lírico de todos os tempos, Maria Callas. Seria perfeito não fosse um pequeno detalhe: a escolha da atriz principal.

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