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Edição de Sábado

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Edição de Sábado: Dois presidentes contra um

O aniversário é nosso, mas quem ganha o presente é você. Não, não é uma promoção de lojas de departamento, supermercado ou coisa que o valha. Não se trata do velho golpe de marketing que indica que toda mercadoria estará pela metade do preço e o cliente desavisado vai se animar em gastar o dobro pela pechincha. A frase se aplica a um sentimento predominante em Brasília nesta semana.

Milei, a aposta arriscada da Argentina

Os argentinos costumam ser muito criativos quando inventam gritos de guerra e cânticos políticos ou futebolísticos, nos quais os dois temas quase sempre se misturam. Há quase um ano, na Copa do Mundo que a Argentina acabou vencendo, tivemos “Muchachos — Ahora Nos Volvimos a Ilusionar”, a música que soou incansavelmente por dias, semanas, meses. E ela mencionava já na primeira estrofe uma vingança pelos “garotos das Malvinas”, referindo-se aos soldados mortos no conflito em que a Argentina foi derrotada em 1982 pelos britânicos.

Edição de Sábado: De quem é Jerusalém?

Para mais de 4,3 bilhões de pessoas – a soma de cristãos, muçulmanos e judeus no mundo – Jerusalém é sagrada. O Muro das Lamentações, último vestígio do Templo de Herodes, a Igreja do Santo Sepulcro e a Esplanada das Mesquitas são retratos em pedra dessa importância. Em 125 km2 estão milhares de anos de uma história em que fé e sangue tantas vezes correram juntos e que está no coração do atual conflito no Oriente Médio. Mas o que é essa cidade? Qual seu passado e como ele se desdobra sobre o presente? Vamos descobrir.

Edição de Sábado: Garota cancelada

“Descobri quando Elza nasceu”, dizia o título do e-mail. O remetente, chamado J., era um desconhecido. Naquela manhã, eu planejava dar só uma olhada rápida no computador, o e-mail que acumulasse: era meu aniversário. Mas o que fazer diante de uma proclamação como aquela? “Descobri quando Elza nasceu.” Anexada, a cópia de uma certidão de nascimento muito antiga (os documentos citados nesta reportagem estão aqui). Uma certidão que trazia a data de 1º de outubro de 1921. Uma data que dava vertigem.

Edição de Sábado: Barroso, o iluminista

O alívio inconfesso no plenário lotado do Supremo Tribunal Federal (STF) veio quando a nominata com mais 300 nomes deixou de ser lida. A insuportável lista de autoridades, com certeza, quebraria o encantamento da canção Todo o Sentimento, de Chico Buarque, que havia acabado de ser entoada por Maria Bethânia, acompanhada pelas cordas de João Camarero. O recém-empossado presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, nem teria muita condição de cumprir a formalidade. Ao anunciar a dispensa da leitura dos nomes, quebrando a tradição, ainda enxugava as lágrimas.

Edição de Sábado: As voltas que o mundo de Lula dá

Em Nova York, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava especialmente bem-humorado na noite de terça-feira. Voltou para o hotel e, ao passar pelo saguão, aproximou-se, sorridente, de um bloco de jornalistas que insistia por uma entrevista. Já chegou se justificando. Dando batidinhas no relógio de pulso, ponderou que já era tarde e prometeu dar atenção aos repórteres no dia seguinte. Houve reclamações — afinal, Lula não havia, em momento algum da viagem, atendido a imprensa. Antes de pegar o elevador, Lula fez uma provocação. “Eu quero saber se vocês gostaram do discurso.” Repórter costuma só replicar com perguntas: “O senhor gostou? Como foi a recepção?”. E Lula, orgulhoso: “Eu gostei. Fui eu que fiz”, ele riu.

Edição de Sábado: Alexandre e a Lava Jato

A vistosa caneta dourada ficou sobre a mesa. Ela serviu apenas para a primeira assinatura, de Rosa Weber, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). A pouca tinta produziu um traço claro, falho e travou. Foi insuficiente para que Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), deixasse sua rubrica no ofício de criação do Prêmio Nacional de Jornalismo do Poder Judiciário. Alexandre, rapidamente, sacou do bolso interno do paletó outra caneta, preta e igualmente suntuosa. A caneta passou de mão em mão. Antes de voltar para o bolso de Alexandre, foi usada por Maria Thereza de Assis Moura, presidente do Superior Tribunal de Justiça; por Francisco Joseli Parente Camelo, presidente do Superior Tribunal Militar; e por Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, representante do Tribunal Superior do Trabalho. “Só a caneta do Xandão tem tinta”, sugeriu alguém na plateia. A abstração sobre o superpoderoso ministro arrancou risos de alguns.

Edição de Sábado: O peso do Brasil no golpe do Chile

Imaginar que um estádio de futebol possa ser usado como prisão e campo de tortura a céu aberto, com execuções sumárias e corpos se amontoando, pode ser difícil para quem nunca viveu os horrores de uma ditadura. Mas é memória fresca e indelével para os chilenos que testemunharam o sanguinário golpe no dia 11 de setembro de 1973 e suas consequências nefastas. Depois da tomada do La Moneda e do suicídio de Salvador Allende, os militares, coordenados pelo general Augusto Pinochet, não se esconderam em porões para esfolar seus adversários. Fizeram isso no Estádio Nacional, lotado com mais de 40 mil presos políticos. E contaram com a ajuda inestimável do Brasil.

Edição de Sábado: Como Haddad entende a economia

Num discurso na última segunda-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estava se explicando, de novo, sobre a decisão do governo de buscar receitas na taxação de rendimentos de capital no exterior (offshore) e dos chamados fundos exclusivos – coisa de ricos e super-ricos. Ele rechaçava a comparação com o herói fora-da-lei inglês. “Eu vejo muitas vezes, na imprensa, ser tratado como uma espécie de ‘ação Robin Hood’, uma revanche”, reclamou o ministro. “Não é, absolutamente, nada disso.”

Edição de Sábado: O Exército visto por dentro

Numa caixa preta, de fechos e dobraduras douradas, revestida de vermelho, jazia um coqueiro de ouro. Ao menos naquele comecinho de janeiro, achava-se que era ouro. Na dúvida, melhor mandar avaliar. Na era digital, antes de qualquer exame físico, faz-se uma troca de fotos. Por WhatsApp. No reflexo da caixa preta, está a imagem de um homem calvo, idoso, sério, concentrado. Numa missão. É o general da reserva Mauro Lourena Cid. É uma prova num inquérito da Polícia Federal. É um registro difícil de negar, sequer minimizar. O Exército estava envolvido de forma incontornável na venda privada de um bem público. Era hora, nas palavras de um interlocutor da Força, de começar a "entregar as cabeças na tentativa de fazer o Exército parar de sangrar”.

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