Edição de Sábado: Nísia na mira
Entre tantas emergências, o assunto era o mais crítico para a pasta na última quarta-feira: a epidemia de dengue. O país estava prestes a ultrapassar 2 milhões de casos prováveis da doença em 2024. Desde o início da série histórica, em 2000, a marca representa um recorde de contágios em apenas três meses, segundo o Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde. Com sua equipe de cientistas, a ministra Nísia Trindade desembarcou do elevador no primeiro andar do prédio do Ministério da Saúde para a entrevista com quase uma hora de atraso. “Estavam finalizando os dados”, justificou um dos assessores que a aguardavam. Ela se encaminhava para a mesa e conversava, sorridente, com a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, e com o pesquisador da Fiocruz Rivaldo Venâncio, autoridade em matéria de dengue.
Edição de Sábado: A mão forte de Lula
No aniversário de 132 anos do Porto de Santos, ao discursar ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, bolsonarista cada vez mais convicto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se dedicou especialmente a mostrar que faz política de um jeito bem diferente de seu antecessor. Queria reforçar a Tarcísio e a quem de direito que, acima de qualquer coisa, está sua convicção de que o Estado brasileiro deve estar sempre pronto a investir em qualquer ente da federação. E que, quanto mais investimento, melhor.
Edição de Sábado: O negócio da cannabis
As frases pausadas do ministro André Mendonça pareciam ter a intenção de alertar que algo muito grave estava prestes a acontecer. No julgamento sobre a quantidade de maconha que uma pessoa pode portar sem configurar crime, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) se esmerou em passar uma receita baseada no fundamento de que um grama de maconha dá para fazer “3.4 cigarros”. E seguiu na progressão geométrica: “10 gramas, 34”, disse Mendonça, até concluir que, em um mês, seria possível obter 6.200 cigarros com uma só planta de Cannabis sativa. Mendonça fez questão de citar a suposta produção mensal olhando bem nos olhos de seus pares. Depois de um longo silêncio dramático, proferiu: “Por tudo isso, eu entendo, em síntese, que a questão da descriminalização (...) é uma tarefa do Legislativo”.
Edição de Sábado: A fritura de Lira
No café anexo ao plenário da Câmara dos Deputados, um dos parlamentares mais próximos de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Casa, cochicha para um colega do Centrão: “Produção legislativa totalmente irresponsável!”. E ouve de volta: “Totalmente!”. Indignados, os dois deputados combinam de conversar mais tarde e o aliado do alagoano sai apressado. É claro que unanimidade não existe em lugar algum. Mas a condenação partia de um dos nomes mais identificados com Lira, de um deputado conhecido como amigo, homem de confiança, que já se prestou a exercer funções legislativas sob a sombra do poderoso presidente da Câmara. Após risadas nervosas de ambas as partes, o interlocutor percebeu o flagrante e pediu sigilo. “Você viu? Não coloca isso não, mas se ele está reclamando, imagina o resto dos deputados.”
Edição de Sábado: O ruído que Lula cria
Se um observador de todo isento, sem lado no debate ideológico brasileiro, desembarcasse no último domingo em Adis Adeba, na Etiópia, para ouvir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sairia espantado. Por um lado, Lula demonstrou extrema cautela em fazer qualquer especulação a respeito da morte de Alexei Navalny, o principal líder da oposição russa. Com 47 anos, em boa forma e saúde quando foi preso em 2021, Navalny morreu no sábado em sua cela. “Para que a pressa em acusar?”, disparou contra os jornalistas que lhe faziam perguntas. Não houve a mesma cautela para tratar de Israel. Pelo contrário — o presidente foi tão hiperbólico quanto é possível num debate político. Foi direto na ofensa máxima que pode se fazer contra um Estado nacional. “O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico”, afirmou. E aí completou. “Aliás, existiu. Quando Hitler resolveu matar os judeus.” O problema das duas afirmações é que elas não guardam coerência entre si. Não demonstram um mesmo conjunto de critérios para observar o mundo. Não bastasse, geram ruído, insatisfação, desconforto.
Edição de Sábado: Primavera cripto?
Nesta semana o preço do Bitcoin voltou a ultrapassar o marco dos US$ 50 mil. Há um frenesi no ar, mas é fundamental conhecermos a origem de todos os hypes. A do Bitcoin foi em janeiro de 2009, quando um usuário anônimo divulgou um software para download em um fórum online. Satoshi Nakamoto propôs uma tecnologia disruptiva. Um algoritmo criptográfico que podia manter, de maneira descentralizada, o registro de todas as trocas de uma moeda digital, ou criptomoeda. A cada 10 minutos, um novo bloco com o registro de todas as transações feitas é processado. Algumas novas criptomoedas são criadas e distribuídas para aqueles que realizaram o trabalho de manter a rede ativa por mais um bloco. Uma sequência infindável de blocos, ou blockchain.
Edição de Sábado: O enredo do golpe
“As coisas têm que ser feitas antes das eleições. E vai chegar um ponto que nós não vamos poder mais falar. Nós vamos ter que agir. Agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas. Isso, para mim, é muito claro."
Edição de Sábado: Meninas usam rosa
“Nós estamos treinando o maior exército de mulheres conservadoras da América Latina.” Com esse brado, a senadora Damares Alves marcou o 1º Encontro Nacional de Mulheres Republicanas, ocorrido entre 11 e 13 de dezembro no Complexo Brasil 21, em Brasília. Na plateia, cerca de 450 mulheres — entre deputadas federais e estaduais, secretárias estaduais, prefeitas, vereadoras, coordenadoras, primeiras-damas e potenciais pré-candidatas às eleições municipais de 2024 pelo partido Republicanos — empunhavam bairristicamente as bandeiras de seus Estados. “Ó, Minas Gerais”, “Oh, meu Rio Grande”, “Salve, Salvador”.
Edição de Sábado: Trump 2.0
No dia seguinte ao Natal, Donald J. Trump compartilhou em sua conta na rede Truth Social uma nuvem de palavras. Ela era fruto de uma pesquisa do Daily Mail, que havia perguntado a potenciais eleitores americanos o que os prováveis presidenciáveis, Trump e Joe Biden, querem de um eventual segundo mandato. (Tanta condicional é porque o voto é facultativo, indireto e ambos ainda precisam ganhar suas respectivas primárias no Partido Republicano e no Democrata.) Bem no centro, ampliada e em vermelho, estava a palavra “revenge”. “Power” aparece adjacente, quase do mesmo tamanho, em laranja-Trump. “Dictatorship” e “dictator” também estão por ali. O post não tem legenda, mas o ex-presidente não é de publicar nada de que não se orgulhe. Ele estava se gabando.
Edição de Sábado: A IA é o novo OS?
A essa altura do campeonato você já deve estar convencido de que a Inteligência Artificial, apesar do nome equivocado, é a nova revolução tecnológica capaz de provocar mudanças maiores que o advento da internet, do celular e até mesmo do computador pessoal. Acredite, IA não é uma moda passageira.