“Dilma sabia da dimensão da nossa doação”, afirmou Marcelo Odebrecht ao TSE. O depoimento, conseguido com exclusividade pelo site Antagonista, ontem, foi posteriormente confirmado pelos principais jornais. E, de acordo com Gerson Camarotti, a avaliação interna dentro do PT é de que seu teor dificulta muito a defesa da ex-presidente. A ex-presidente jamais havia sido citada de forma tão clara nas delações. “Ela sabia que a gente era responsável por muitos pagamentos para o João Santana.” O empreiteiro foi além. “A campanha presidencial de 2014 foi inventada primeiro por mim”, afirmou. “Os valores foram definidos por mim.” De acordo com o depoimento de Odebrecht, as conversas diretas ocorriam entre ele e o ex-ministro Guido Mantega. Foi Mantega quem trouxe a orientação de Dilma no início da campanha. “Todos os recursos de vocês vão para a campanha dela, você não vai mais doar para o PT.” E, a partir deste ponto, os recursos passaram a ser encaminhados diretamente para o tesoureiro Edinho Silva ou para o publicitário João Santana.
O procurador-geral da República Rodrigo Janot respondeu ontem à acusação, feita pelo ministro Gilmar Mendes, de que a PGR vaza depoimentos para a imprensa. “É uma mentira, uma irresponsabilidade”, disse Janot. “Procuramos nos distanciar dos banquetes palacianos, fugimos dos cortejos de comensais que cortejam desavergonhadamente o poder político. Alguns tentam nivelar todos à sua decrepitude moral.” Um procurador batendo assim num ministro do Supremo não se vê todo dia.